A Technos é conhecida por ter entrado na história dos videogames como a empresa que criou o beat'm up na forma como concebemos o genero hoje, com seus dois jogos ultra populares Double Dragon e River City Ramsom. Inclusive essa semana a Arc System Works (que tinha comprado os direitos da série depois que a Technos bateu as botas) lançou um spin-off da franquia, River City Girls
O que pouca gente sabe, entretanto, é como a Techos saiu da história. Acontece que após o sucesso de Double Dragon e a franquia Kunyo-kun (Renegade e River City Ramsom), meninos maiores do que ela entraram nessa brincadeira. BEM maiores. Como a Konami e a Capcom, por exemplo.
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| Alien vs Predador, da Capcom |
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| Tartarugas Ninja, da Konami |
Embora fazer jogos em 1990 não fosse tão caro quanto é hoje, ainda sim a Technos era uma empresa de fundo de quintal comparada com gigantes da videogamagem como a Capcom e a Konami. Em outras palavras, eles não tinham mais cacife para descer para o play e brincar com os meninos maiores.
Mas isso não quer dizer que a Technos tenha desistido sem tentar, o que nos leva a última grande tentativa da Technos em ser grande novamente: COMBATRIBOS!
... e o fato de ninguém ter ouvido falar da Technos novamente já dá spoilers de como essa empreitada se saiu.
GRÁFICOS: A Technos é uma empresa dos anos 80 que sabe fazer arcades dos anos 80, e só. Isso fica bem claro nesse jogo, onde dá pra ver o quanto eles não manjam mais dessas modernidades de pixel art e animação e cutscenes, rotação de zoom e o diaboa4 que os jovens dos anos 90 estavam curtindo. Combatribes parece um jogo feito 1985 porque tudo que a Technos sabia fazer eram jogos de 1985!
Combatribes parece um cartoon ruim dos anos 80, e isso não é um elogio!
NINGUÉM ACHOU QUE TENHA SIDO UM ELOGIO!
Caham, prosseguindo...
CONTROLES: Boy, oh boy...
Se na questão de aparencia o jogo parece datado para sua época, no gameplay Combatribes é o equivalente a sua mãe mexendo em um PC: provavelmente eles terminaram esse jogo com 47 abas abertas e 298 virus instalados, além de todas as propagandas de pornografia concebidas pelo homem.
Seu personagem se move mais devagar que um tritão com escoliose, embora a lerdeza de personagem se aplique apenas ao jogador: todos os inimigos se movem mais rápido do que você. TODOS.
Os métodos de ataque regressaram horrores se comparados a Double Dragon. Ao contrário dos jogos anteriores, aqui não temos nenhuma variedade, você só pode dar soco e chute, e não existe realmente diferença entre eles. E é isso o jogo. Digo, isso é TUDO que você faz durente o jogo!
Se o seu oponente estiver em "posição de atordoamento" (o jogo decide o que é isso meio que aleatoriamente, terminei o jogo sem conseguir identificar um padrão) você automaticamente agarra e joga o seu oponente... o que causa menos dano do que se você só continuasse batendo nele.
Adicionalmente, muitos dos inimigos são programados para contraatacar automaticamente se forem agarrados, então o que acontece na prática é que as vezes seu personagem para de atacar para dar esse "agarrão especial" que causa menos dano do que seus socos, e em quase metade das vezes você começa a apanhar por causa disso.
Você também tem ataque de corrida (toque sua alavanca duas vezes na direção desejada) mas isso o torna incrivelmente vulnerável. Como você não pode derrotar seus oponentes apenas correndo, ele não tem utilidade, exceto ser atingido por seu oponente de propósito.
Quando o oponente está caído você pode chuta-los e bater sua cabeça no chão, o que é bem legal e violento ... PORÉM os ataques em pé têm prioridade do que os ataques em oponentes caídos, então quando existem oponentes em pé ao redor de um abatido, você praticamente não pode fazer nada. O que é apenas quase o tempo todo. Uau, esse jogo tem UMA coisa legal e vocês ainda estragaram ela? Parabens a todos os envolvidos...
DIFICULDADE: Eita preula!
Arcades são conhecidos por serem máquinas de engolir fichas sem o menor respeito pelo jogador (os "bons e velhos tempos" que as pessoas tanto falam), mas Combatribes é mais do que apenas sem vergonha, a Technos errou a mão feio na programação desse jogo.
Você simplesmente não tem tempo suficiente para lutar contra o enxame de inimigos de um lado, enquanto do outro lado inimigos se empilham para dar biabadas na sua bunda. Nos jogos anteriores, você tinha maneiras de compensar isso (em Double Dragon você tinha um ataque giratório, por exemplo, para dar uma limpada ao seu redor e te permitir respirar). Não neste aqui.
E esse simples fato fez deste jogo ]rosca de padaria. Porque, embora seus personagens não tenham herdado generosas habilidades de combate dos jogos da Technos anteriors, seus inimigos certamente o fizeram. Eles vão se mover mais rápido do que você (como sempre), estão sempre convenientemente fora do seu eixo de ataque (como sempre), o alcance do ataque é sempre maior que o seu (como sempre), eles não caem a menos que você possa acertar três ou mais ataques consecutivos (como sempre), e eles vão drenar sua vida na porrada com imensa facilidade (como sempre). Ah, e os inimigos tem um batalhão de armas que aumentam ainda mais o seu alcance e dano... e que você não pode pegar elas quando são dropadas - diferente de qualquer outro beat'm up.
E como coup'de grace, o jogo ainda não tem fases. Sim, isso mesmo. O cenário é apenas uma única tela que não avança, como em um jogo de luta. Porque, claro, pra que dar ao jogador um pouco de variedade, obstáculos ambientais e formas diferentes de eliminar os inimigos se você pode não fazer isso, né?
HISTÓRIA: Então... não tem uma realmente. Você apenas vai em lugares da cidade e espanca gangues de variados sabores, o que eu suponho que seja uma referencia ao filme que inspirou o genero beat'm up, The Warriors
Isso sendo dito, então como, eu rogo, termina este jogo? Bem, na luta final você luta contra todos os chefes do jogo (caso suas fichas não tenham acabado) e segue o... o... honestamente eu não sei quem esse cara deveria ser, uma referencia ao Rei do Crime que é empresário de dia e chefe da bocada a noite? Eu sei lá...
Bem, suponho que esse é o clássico momento que o cara sem nome rasga seu terno e mostra a que veio. Aham, eu já joguei Fatal Fury: The King of Fighters, sei como essa coisa de Geese Howard funciona.
Ok, mandaver então...
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Ok, eis uma pequena dica de escrita, caras: se você quer fazer o plot twist na sua história funcionar... TENHA UMA HISTÓRIA PRIMEIRO! Ok, eu entendo, estamos nos anos 90 e enfrentar um chefe com magumbos não é algo que vemos todo dia - usualmente mulheres são relegadas ao personagem rápido que não causa muito dano - mas ainda sim... você troca um chefe que você não sabe nada a respeito por outro! Como isso pode fazer sentido?
O legal é que brotam do carro um numero de loiras igual ao numero de jogadores. O que significa que jogando de dois são gemeas, e jogando de três (o limite de jogadores no arcade) são trigemeas. Honestamente, o que estava acontecendo dentro da limosine parece ser mais interessante do que todo jogo até aqui... não que seja muito dificil...
Enfim, derrotando a loirosa super sayajin (e suas 15 barras de life), o jogo termina e a este ponto eu não faço ideia do que esperar...
Nossos heróis apenas largam o cadaver para trás e partem em direções diferentes sem trocar uma palavra. Sabe, eu realmente tenho a grande sensação que eles sequer se conheciam. Ou talvez eles agora compartilhem do silencio cumplice que acomete os homens culpados de homicidio... não que eu saiba como é... caham...
Mas eu realmente gostaria de comentar que enquanto é dito que ninguém sabe para onde eles foram... NINGUÉM SABE SEQUER QUEM ELES SÃO! Esse jogo não tem história, do que vocês estão falando seus abilolados?
Na época de criação desse jogo a Technos estava passando por sérias dificuldades financeiras (não em pouca monta devido ao fiasco de investir no filme pavoroso de Double Dragon), e decidiram que a forma de sair disso era tentar criar uma nova franquia usando uma nova engine gráfica - que, enquanto mais moderna, obviamente eles não dominavam a tecnologia para programar para isso. Colocando dessa forma, eu não diria que é realmente surpreendente que ninguém tenha nunca mais ouvido falar dessa empresa...
