segunda-feira, 2 de março de 2020

[AÇÃO GAMES 027] BATMAN RETURNS (SNES e Mega Drive, 1993) [#327]



Eu tenho muito em comum com o herói do jogo de hoje, saiba você. Nós dois tendemos a evitar relacionamentos pessoais exceto se for com pessoas clinicamente insanas, ficamos melhor vestidos de preto, possuimos mentes afiadas e analíticas e somos frequentemente assediados por palhaços do mal. Infelizmente, enquanto eu me encontro sozinho e não amado, Batman é um dos personagens de ficção mais famosos do planeta.

Parece injusto no começo, a principio, mas então temos que considerar os pontos positivos: eu não vi meus pais mortos na minha frente e nunca fui interpretado por George Clooney em Batman & Robin. Na verdade nunca tive nenhum envolvimento com Batman e Robin. Pequenas graças, eu suponho. Enfim, o jogo de hoje é o Batman - O Retorno de 1993 da Konami.


Se você está lendo isso, as chances de você não saber quem é o Batman são aproximadamente zero e, portanto, vou pular as apresentações. Batman provavelmente é mais famoso agora do que jamais foi e tem aparecido em videogames de qualidade variada desde meados dos anos oitenta, então as chances são de que você tenha jogado um jogo do Batman em algum momento.

Batman Returns é baseado especificamente no filme dirigido por Tim Burton, com o mesmo nome. Não aquele com o Coringa, o outro. Michael Keaton interpreta Batman (superpoderes: vasta fortuna, traumas emocionais, bom de briga) enquanto luta contra o Pinguim (superpoderes: bafo de peixe, mordida no nariz) e a Mulher-Gato (superpoderes: sex appeal, fazer bico de dominatrix com um chicote). Ah, e tem um empresário malvado chamado Max Shreck (superpoderes: ser o Christopher Walken, que eu sempre confundo com o Christopher Waltz).


Fora dessa imagem: Christopher Walken. Decepcionante, eu sei.

Como este é um jogo de 16 bits baseado em uma franquia de quadrinhos, as leis estabelecidas pela polícia do videogame ditam que ele deve ser um jogo de plataforma ou um beat-em-up. Então, o que a Konami decidiu que melhor se adequaria à sua visão única de um homem de meia idade de meia-calça socando as pessoas? Na verdade, eles meio que foram com os dois.

Batman Returns começa como um clone padrão de Final Fight. Apesar de seu domínio de centenas de artes marciais, desde o karatê até luta de travesseiros full-contact, o Batman vem equipado com a habitual variedade de ataques padrão dos beat-em-up. Pressionar o botão de ataque dá socos. Você pode pular e atacar, assim como agarrar inimigos e acertá-los ou jogá-los no cenário (você pode quebrar o cenário atirando os inimigos na parede, o que é bem legal na verdade). 



Pressionar o ataque e pulo faz Batman girar sua capa como uma modelo na passarela, fazendo com que os inimigos se tornem tão sobrecarregados por sua graça e estilo que recebem dano. Chocantemente, também machuca o próprio Batman. Ele deveria ter usado suas habilidades de detetive para detectar a si mesmo uma capa leve o suficiente para dar uma giradinha volta sem causar danos severos a sua coluna, mas o que eu sei sobre ser o Batman?

Batman também é conhecido por seus gadgets, e enquanto ele falha em trazer seu bat-spray repelente de palhaços, ele pode pelo menos jogar batarangs infinitos nos bandidos, atordoando-os momentaneamente. Há também um gancho que permite que você execute um chute balançando, mas já chego nisso.

 
Cada fase é composta por três estágios e um deles sempre será um jogo bastante diferente desse que eu acabei de descrever. Batman Returns vira um jogo de plataforma e agora o Cavaleiro das Trevas apenas disparas batarangues com o botão de tiro.

Para ser o terror que voa na noite, Batman é lento e pesado - não é realmente um problema nas partes de beat'm up porque você pode desviar dos inimigos apenas subindo ou descendo na tela, mas rapidamente se torna um problema nas partes de plataforma. Combine isso com o tamanho grande dos sprites e se torna muito mais difícil evitar inimigos e armadilhas do que deveria ser e você começa desejando que estivesse controlando alguém mais manobrável, como Alfred ou mesmo a Oráculo.

Se fosse lançado hoje, certamente esse jogo teria um DLC para jogar com a Oráculo. Certeza.
Um palhaço segura uma mulher com uma arma, para surpresa de absolutamente ninguém. Entre bandos furiosos de gente de circo e ataques semanais de Coringa, o povo de Gotham City deve ver palhaços da mesma forma que nós veríamos uma força invasora de pedófilos nazistas.



Este bobo da corte em particular é o primeiro chefe, e se eu não tivesse descoberto que você pode bloquear segurando os botões de cima, ele teria sido um teste muito mais dificil do que acabou por ser. Eu sei que é inútil tentar decifrar a mente misteriosa de um palhaço do mal, mas não posso deixar de imaginar o que o fez pensar que a melhor maneira - talvez a única maneira - de derrotar o Batman era enrolar-se como uma bola e rolar para ele. Eu posso ver claramente o Charada assistindo a luta se desdobrar no noticiário da noite e pensando "Porra, por que eu não pensei nisso!?", Bane incorporando a ginástica rítmica em seu regime de treinamento. Pura arte.





E esse foi o primeiro estágio. Dois estilos de jogo, um mais divertido que o outro devido aos movimentos indevidamente inadequados de Batman. Acostume-se a isso, porque esse é o padrão para (a maioria) o resto do jogo.

Entre as fases, você tem algumas pequenas cenas recontando o enredo do filme, embora eu tenha que discordar deles descrevendo Max Shreck como "o empresário mais poderoso de Gotham City". O que é Bruce Wayne, dono de um food truck sem licença? Eu gosto de Christopher Walken e tudo mais, mas ele não tem um bat-repelente de mulheres-vilãs em seu cinto, e se essa não é a melhor maneira de julgar o poder de um homem, então eu não sei o que é. 





O segundo estágio é mais do mesmo - palhaços precisam ser machucados e o Batman é o homem certo para o trabalho. Batman Returns usa a ideia de os nomes dos inimigos são o que o personagem nomeia quando ele os vê pela primeira vez - Batman dá a eles todos os títulos muito utilitários como "Thin Clown" e "Fat Clown". ". Ele não é o combatente do crime mais imaginativo de todos os tempos.

Mas então, ao mesmo tempo, Batman é o cara que anda com antidoto para picada de abelhas assassinas africanas em seu cinto - e elas nem são venenosas. A mente deste homem é um completo mistério para mim.


Tem uma seção de plataforma curta através de um prédio em chamas, principalmente porque você precisa usar o gancho para ultrapassar obstáculos, e então volta ao beat'm up para a luta habitual do chefe. De toda imensa galeria de vilões do Batman, o chefe dessa fase é...



... apenas um homem forte genérico. Um homem forte que precisa começar a ser honesto sobre seu peso e comprar roupas no tamanho apropriado: essa jaqueta claramente não fecha nesse cara. O cara forte genérico é uma batalha muito mais agradável (e muito mais fácil) do que o primeiro chefe, simplesmente porque você pode se movimentar com mais liberdade. Certo, hora do terceiro estágio. O que vem a seguir?





Ser um furrie nos anos 90 deve ter sido dificil, se isso é que eles tinham para trabalhar. Não que eu saiba em primeira mão, claro, caham...





Tem uma fase do elevador. É claro que tem uma fase do elevador, todo beat'm up é obrigado por lei a ter uma fase do elevador. Só que essa tem palhaços. A chefe da fase é a Mulher Gato, e ela faz o papel duplo como parte da história do jogo e como o inimigo dominatrix quase obrigatório de beat-em-up. Mulheres vestidas de vinil com chicotes perdem apenas para os punks de rua dos anos 80 no vasto mar de inimigos beat-em-up, apesar de caras gordos que rolam e cospem fogo não estarem muito atrás.

A tensão sexual entre o Gato e o Morcego, que é tão comum nos quadrinhos e filmes do Batman, é completamente eliminada aqui, o que é uma pena, porque eu gostaria de ter visto como a Konami teria abordado isso. Talvez depois de cada combinação de socos, eles pudessem parar por um segundo e dar um ao outro um olhar significativo enquanto um sprite de coração animado pulsa acima de suas cabeças. Ou talvez possa haver um medidor de "tensão sexual" que enche mais rápido quanto mais perto você estiver da Mulher-Gato. Uma vez completo, o Batman fica momentaneamente paralisado, porque não há muito espaço dentro da bat-roupa para uma tumescência inesperada no meio da batalha.


O estágio quatro começa, e a primeira coisa a notar é esse efeito de iluminação bastante legal. Os sprites dos personagens ficam mais claros e mais escuros à medida que se movem para dentro e para fora dos feixes de luz que entram no nível, e é um efeito tão bem feito e tão Batman que eu gostaria que eles o usassem mais.

Na verdade, eu diria que a apresentação é o recurso mais forte de Batman Returns. Os gráficos são excelentes, particularmente o sprite de Batman e os cenários de fase - a Konami conseguiu capturar a atmosfera do filme muito bem. A paleta de cores suaves, normalmente algo que você associaria à Konami, é muito eficaz para fazer os palcos parecerem Gotham City.


Catwoman retorna para outra batalha de chefe, mas agora estamos lutando no escuro - meu Bat-Sonar deveria tornar essa luta fácil. Não é como gatos podem ver no escuro ou qualquer coisa assim.

A pessoa amarrada ao fundo não é, como eu pensava ao vê-la pela primeira vez, algum tipo de hibrido aterrorizante ao estilo da Ilha do Dr. Moreau com o corpo de uma mulher e a cabeça de leão. É assim que os cabelos eram no início dos anos noventa. Ela é na verdade a Princesa do Gelo, e se você viu o filme, sabe que as coisas não acabam bem para ela. 


No final do estágio, Batman finalmente alcança o Pinguim. Enlouquecida pela pressão de seu título real fictício, a Princesa do Gelo se moveu de sua cadeira confortável para assumir uma posição precária em uma borda coberta de neve. É outra luta de chefes estilo 2D, e o Penguin tem a vantagem porque ele pode usar seu guarda-chuva para voar sobre o lugar como uma Mary Poppins demente. Um punhado de batarangs faz o pinguim cair, mas a princesa do gelo cai se inspira nele e cai para a morte, e Batman leva a culpa. Ops Oh, bem, hora de ir socar mais alguns palhaços, eu acho.


Mas oi?


Sim, há uma seção de direção ao estilo OutRun, embora ao contrário do clássico arcade da Sega, você pode disparar o que parecem ser tigelas de metal pela frente do seu carro. Se Batman Returns fosse um sorvete napolitano, então o estágio do Batmovel seria a baunilha: não é ruim como o chocolate (plataforma), mas também não funciona bem como o morango (beat'm up).





O próximo estágio volta ao padrão de socos, e não há muito a dizer sobre isso, realmente. Você está no topo de um trem de circo por um tempo, e então você tem que lutar contra um realejo. Eu gostaria de enfatizar isso porque eu tive muito esforço para lembrar dessa palavra em português, e gostaria de algum crédito por isso. Adicionalmente, provavelmente é a única vez que eu usarei a palavra realejo nesse blog. Realejo, taí.


A etapa final acontece no covil gelado do Pinguim, e você recebe outro efeito gráfico legal na forma de um exército de pingüins vigilantes que dispara foguetes contra você. Esses foguetes não discriminam entre campeões da noite e palhaços psicóticos, então você pode usá-los para sua vantagem - mas ainda assim ter todo o crédito. Nada vai manchar a sua reputação de super-herói mais rápido do que admitir que não foi você que acabou com aquele armazém repleto de capangas, foi um bando de pássaros aquáticos com mísseis.


Mais profundamente no covil vamos nós, e há um pato gigante de borracha esperando por nós. Não estou surpreso. Na lista de "coisas estranhas que o Batman lutou", um enorme brinquedo de banho está a alguma distância do topo. Quer dizer, Batman às vezes luta com uma mulher que se transforma em uma baleia assassina, então o Pinguim realmente precisa intensificar seu jogo se ele quiser fazer o Batman repensar suas escolhas de vida.


Após lembrar gratuitamente da menina-orca com magumbos cetáceos, resta apenas enfrentar o Danny Devitto como chefão final. O que felizmente não acontece em um cenário 2D, então a luta é aceitável.


E esse foi Batman Returns - um jogo de licenciado dos anos 90 que não é uma completa draga! Tão chocante quanto qualquer um dos contos do Batman, mas é verdade. Na verdade, é um jogo muito bom, que infelizmente sofre de tentar coisas demais. Os estágios de beat'm up são de longe os melhores - eles controlam bem, Batman tem uma boa seleção de movimentos e esmagar capangas no cenário é muito satisfatório - e se eles tivessem ficado com eles durante todo o jogo, teria sido ótimo. Eu não sou o maior fã do mundo de beat'm ups, muito menos os de um jogador, mas então eu tenho que julgar o jogo pelo que ele é e pelo que ele se propõe a fazer, não o que eu gostaria que fosse.

 
 

Embora os estágios 2D não sejam terríveis, eles não são tão divertidos de se jogar. Ainda assim, Batman Returns tem muito a seu favor: os gráficos e a música são ótimos, e no geral parece um jogo do Batman. Até as imagens digitalizadas são boas, algo que não era muito comum nos 16 bits (como jogar Home Alone provou). No fim das contas, é um bom jogo, especialmente se você é um fã de morcego. Eu certamente não me arrependo de jogá-lo.



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