domingo, 8 de março de 2020

[AÇÃO GAMES 027] CONTRA FORCE (Nintendinho, 1993) [#331]

 
 

Em 1991, a Konami do Japão estava trabalhando em uma nova franquia chamada de "Arc Hound" para ser lançada no Nintendinho naquele ano. O jogo chegou a ser anunciado nas revistas da época e tudo mais.



Entretanto, conforme o ano de 92 foi passando, a Konami do Japão não conseguia avanços e o jogo estava, bem, uma merda completa. Consertar o jogo levaria mais tempo e recursos do que valeria a pena investir em um console que estava sendo aposentado como o Nintendinho.

Como resultado, o jogo ainda em desenvolvimento foi para a lixeira e segue a vida...

... exceto que a Konami da América viu isso como uma oportunidade. O lixo de uns é a tralha que você vai empurrar para ganhar uns trocos faceis, como diz o ditado. Então a Konami pegou o jogo semiacabado, tacou a sua marca famosa "Contra" nele e correu para o abraço. Nascia assim "Contra Force".



Nossa história começa em Neocity, no ano de 1992. Fox, o menino jovial acima recebe uma ligação do seu parça Burn. Ou está ligando para ele, é dificil dizer e isso será uma constante nesse jogo. Enfim, o ponto aqui é que o chefe da inteligencia (era pra ser CIA?) está numa alhada, e assim ele tem que ir até o armazem para ajuda-lo.


Oh não, era uma bilada, Cino! Armaram para o Burns!

... ou alguma coisa assim, esse tema jamais será tocado novamente nesse jogo. Sério.


Originalmente, Arc Hound tinha algumas ideias bastante originais. Seriam quatro personagens disponíveis, sendo que os dois que não fossem escolhidos seriam controlados pelo computador. Em essencia, o que eles estavam pensando foi o que acabou sendo executado muitos anos depois como BROFORCE, onde até quatro bros destroem o cenário enquanto avançam em um jogo de plataforma.


Como o jogo nunca foi terminado, isso não rolou.

Outra característica que eles pensaram para este jogo foi o sistema de arma. Como dá para ver na seleção de personagem, cada personagem tem três armas que deveriam ser usadas em um sistema de power ups parecido com Gradius: você tem uma barra de upgrade e vai acumulando pontos aí você pode escolher gastar os pontos a qualquer hora, você pode ficar com a arma básica e economizar para ficar com um super upgrade ou vai atualizando aos poucos.

Novamente, como o jogo não foi terminado, os power ups não foram devidamente implementados então não existem itens suficientes para fazer esse sistema funcionar.


Como estamos falando de um jogo não acabado, o game tem sérios problemas de perfomance também toda vez que tem mais de dois personagens na tela. O resultado é que jogando de dois o jogo é permanentemetne travando, mas mesmo jogando sozinho é muito frequente a sensação que seu personagem parece estar correndo embaixo d'água o tempo todo.


 Outro problema (sim, mais um) é que o Nintendinho tem um limite de dados com que ele consegue trabalhar em cada linha da tela. Como esse jogo é mais mal otimizado que aplicativo da Apple antes de você pagar U$99,99 por um patch, metade do temo você não vai ver metade do que acontece na tela.

Ao terminar de lutar com o primeiro chefe, a fase encerra e o seguinte dialogo entre o cara laranja (que eu não sei quem é) e o cara azul (que eu sei menos ainda) rola:

CARA LARANJA: Bem, parece que resolvemos esse assunto. Cade aquele líder que o Fox estava falando a respeito? Oh não, eles estão estão fugindo de navio!
CARA AZUL: Burns, eu estou te avisando: se a vida do seu chefe te importa, é melhor não sair!

E aí o cara azul (supostamente) termina com um:


What? Apenas... que? Mas heim?


A segunda fase tem essa visão de cima, como em algumas fases do CONTRA III: The Alien Wars e honestamente funciona bem melhor aqui. Como desse jeito tem menos coisas em cada linha da tela ao mesmo tempo, dá pra ouvir o Nintendinho respirando aliviado. Acho que se o jogo fosse todo nessa visão seria um jogo bem melhor.

Agora, nessa fase você invade o que eu suponho ser um cais, passa por vários navios e tudo bem. Ok. Agora, alguém, qualquer um, poderia por favor me explicar o que exatamente esse caminhão está fazendo?

 Pois é, foi o que eu pensei.

O chefe dessa fase é um gigante que tem duas pistolas, mas eu reparei que varios inimigos dessa fase são gigantes na verdade. É esse o resultado de experiências genéticas ilegais, estamos invadindo uma base na Noruega ou nossos heróis são anões?



As respostas... jamais virão. Seja como for, fim de fase é hora de mais dialogo

CL: Cara, como você pode destruir um navio tão grande?
CA: (que pelo gorrinho, pode ou não ser o chefe que acabamos de lutar) Estamos mantendo a familia dele. Se você quer ajuda-los, vá ao prédio Mati

Ok, podemos apreciar o fato de que estas pessoas estão falando frases desconexas ignorando totalmente um o que o outro disse? Contra Force previu os chats de livestream quase trinta anos antes.


A terceira fase é baseada em scroll vertical, e onde a falta de framerate torna a missão praticamente impossível. Para piorar, o jogo lida muito mal com dois jogadores: a tela avança muito mal se os dois não estiverem juntinhos na subida e a possibilidade de alguém "ficar preso" ao errar um pulo é muito grande. Para adicionar sal a ferida, o sistema de respawn é aleatório - para dizer o minimo.

Depois de lutar contra um avião como chefe da fase, temos mais desenrolar do plot... ou alguma coisa como isso...

CL: Responda, por favor, responda? Aqui é o grupo azul. Responda... responda... Burns, sou eu!
NOVO CARA AZUL: Você sobreviveu! Parabens! Mas lembre-se: seu destino se dará nesta cidade! Ha Ha Ha! Eu sei onde você está, você terá o mesmo destino que as pessoas dormindo naquele prédio!


A quarta fase se passa... andando nas asas de aviões em pleno voo. Pelo que eu pude entender está tendo algum tipo de apresentação da Esquadrilha da Fumaça e vários aviões estão voando juntinhos, e nossos heróis estão saltando de asa para asa.


Ok, isso levanta várias perguntas. Porque nossos heróis estão andando pelas asas de aviões? Se eles queriam invadir um avião especifico em pleno ar, não era melhor ter saltado do helicoptero direto no objetivo?

Mesmo que isso não fosse possível por qualquer motivo, não vejo como descer na asa de um avião qualquer e ir andando de asa em asa é um plano que soe plausível. Mas, mais importante que isso, me impressiona muito mais o quanto os inimigos estão preparados para isso! Meu deus, tem um exército inteiro te esperando do lado de fora das asas! Porque?

Quer dizer, com que frequencia isso acontece para eles estacionarem um batalhão inteiro do lado de fora em pleno voo?


A fase termina com o chefe sendo um péssimo perdedor e explodindo uma granada no avião para derrubar a gente tudo. Igual as 58 granadas que foram usadas no combate até então, mas talvez essa seja especial. A essa altura eu não arrisco mais nada.


CL: Mas como você veio a adquirir um item forte como o plutonio?
OUTRO CARA AZUL (presumivelmente o último chefe): Hey caras, parabens por seu retorno em segurança. Mas o fim está chegando. O próximo oponente será eu, o líder desse plano. Esperem por mim!

Obviamente que eu já desisti de entender a este ponto, mas não posso deixar de me admirar que alguém escreveu que existe um plano. Eu não teria a cara de pau.


Ultima fase e o chefe chega chegando. Suponho que na versão completa do jogo, com dialogos coerentes, ele deveria ser bem badass. Aqui, entrando pela janela, caindo como um sapo e saindo correndo em desespero, parece meio lame na verdade...

Lembra que lá no começo eu disse que Broforce é mais ou menos onde os criadores queriam chegar mas pararam pela metade? (não que houvesse tecnologia na época para tal, muito menos em um Nintendinho). Então, uma das features que deveria ser o diferencial desse jogo é a possibilidade de destruir o cenário e usar isso para abrir seu caminho. Qualquer um que jogou Broforce entende como isso pode funcionar muito bem, mas a verdade é que aqui isso não funciona da forma que viria a funcionar no futuro.

Nessa fase em especial temos o problema que seus tiros destroem as escadas, então você tem que voltar para "rebobinar a fase" e tentar avançar sem errar nenhum tiro porque os inimigos continuam vindo e o risco de destruir o seu caminho é bem grande - o que torna a fase meio sacal. Isso de ter que ficar voltando pra "rebobinar a fase" já aconteceu antes (usar os elevadores da fase 3 é um parto de ponta cabeça com dois jogadores), mas aqui a coisa ultrapassa o ridiculo.



Enfim, nossa tragica balada de amor e traição termina da única forma que um épico pode terminar: dois bros sem camisa e um helicoptero, lutando besuntados em suor pela honra e glória de... de... ok, não é como se alguém soubesse sobre o que esse jogo é realmente, mas pela HONRA E GLÓRIA!


Terminado o jogo, o que resta senão um texto concluindo a história que não existe até este ponto?


... WAIT FOR IT...



Eu sinceramente acredito que a Konami da América lançou esse jogo apenas para fazer essa piada infame. Sério. Enfim, depois dessa PRASSODIADA MESTRA, o jogo finalmente termina. Não sem uma cena homoerótica de nossos heróis marombados, porque é assim que nós rolamos.


Mas não sei, tem alguma coisa que pode deixar essa cena melhor,não sei bem o que é.... ah, sim, já sei!


Agora sim dá pra encerrar o jogo!


AÇÃO GAMES 028