A Armenia pode não ser exatamente o sonho turístico de ninguém, e provavelmente é mais conhecida como "ah, é, um daqueles países que faziam parte da União Soviética, né?". Verdade seja dita, eu nunca fiz uma faculdade de humanas então eu não tenho formação academica sobre como o comunismo foi a melhor coisa já criada pela humanidade e cada um dos seus países-fantoches do Kremlin era o paraíso na Terra.
Mas com todos seus problemas ou maravilhas inenarraveis, dependendo de para quem você pergunta, a Armenia tem uma qualidade que poucos países no mundo tem. Na verdade, até onde me consta, é uma coisa exclusiva desse lugar: seu presidente já criou um jogo de Super Nintendo. E por criar eu não quero dizer que ele deu uma canetada para alguém fazer uma peça de propaganda do seu governo, e sim que nos anos 90 ele era programador, sentou na frente de um computador e digitou com seus dedinhos o código do jogo que ele e seus amigos criaram.
Eu não faço ideia (ou poderia me importar menos) de como Armen Sarkissian é como político, mas ser o único presidente de um país (eleito agora em 2018) que criou um jogo de SNES é algo que eu posso respeitar.
Em 1991, Armen Sarkissian junto com seus brothers Sergei Utkin e Vyacheslav Tsoy estavam fazendo o que todo cidadão soviético fazia em 1991: tentando não morrer de fome e esperando o governo comunista entregar os tacos. Para passar o tempo, eles criaram um joguinho para IBM-PC que posteriormente veio a ser portado para Game Boy e Super Nintendo. Mais especificamente, eles se perguntaram o que aconteceria se você juntasse Scrabble e Tetris?
Agora, eu entendo que Scrabble era um jogo notoriamente dificil de ser encontrado na União Soviética aquela altura: não apenas ele teria que ser adaptado e sua pontuação rebalanceada para o alfabeto cirílico, como as pecinhas de plástico branco provavelmente já haviam sido comidas como bolachas a este ponto. Então fazer um jogo disso não era realmente a pior das ideias, mas... como exatamente você transforma Scrabble em um videogame misturando com a maior instituição soviética de todos os tempos, Tetris?
Eis como:
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| Como background, a triste imagem de uma jovem soviética desnutrida tendo que comer carvão flamejante - o mais perto que você vai conseguir chegar de ter uma refeição quente no comunismo |
Uma letra de cada vez, as pecinhas vão caindo - como em Tetris. Seu objetivo é formar palavras, e quanto maior a palavra, maior a pontuação - sendo que existe uma palavra especial no alto da tela que dá pontuação extra se for formada.
Só que difente de Tetris, as pecinhas não se acumulam no fundo da tela. Elas param nessa divisória entre a tela grena e a preta, sendo que novas letras empurram as letras da linha para baixo. Isso faz com que você tenha por mais tempo uma linha não irregular para formar palavras, tornando o jogo menos impossível do que seria se fosse apenas identico ao Tetris.
E é isso. Quer dizer, é Tetris com Scrabble, não tem muito mais o que dizer a respeito. Talvez que a tela seja meio pequena e no modo dois jogadores um fica bloqueando o outro passar, mas considerando que foi um jogo programado por caras que para ir no banheiro precisavam pedir autorização do governo em três vias autenticadas no formulário que só era emitido uma vez por mês, não tem muito do que reclamar realmente.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 031
