segunda-feira, 19 de agosto de 2024

[#1284][Nov/98] LUCKY LUKE


Vou te dizer que essa demorou mais pra vir do que eu esperava. Isso porque junto com Tintin e ASTERIX, Lucky Luke compõe a tríade das três grandes obras dos quadrinhos europeus, ao menos no que tange a popularidade - e o que eu menos sabia a respeito, para ser bem sincero. 

Bem, então chegou o dia de aprender sobre o nosso amigo Luquinhas Sortudinho... ao que eu já adiando pra vocês que não tem taaaanta coisa assim pra descobrir realmente. Mas vamos, como de costume, começar do começo...

Lucky Luke, um nome clássico, um visual clássico, mesmo que nunca tenha lido um, uma imagem clássica que vem a sua mente. Lucky Luke, o homem que atira mais rápido que sua própria sombra!


Lucky Luke, que é frequentemente descrito como o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra, é um dos grande títulos dos quadrinhos europeus, mas... pq? Bem, o personagem foi criado em 1946 por , quando o cartunista belga criou tirinhas desse solitário do velho oeste. 

Primeira aparição em 1946

Porém, até então ele era apenas mais uma tirinha europeia: o sucesso mesmo veio só em vem  em 1955 quando ninguém menos do que René Goscinny assume como roteirista dos quadrinhos. E isso é uma grande coisa, pq sabe quem foi René Goscinny? Ora, ninguém menos do que o criador de ASTERIX. Ou seja, alguém que sabia de cor e salteado como o humor europeu funcionava, e a partir da sua chegada os quadrinhos abraçaram bem mais as gags visuais e o humor, o que definitivamente conquistou as Oropa de vez.

Publicada nas maiores revistas de quadrinhos europeias (pense na "Spirou" como a Shonen Jump da Europa) Luke não só ganhou fama, mas também se tornou um patrimonio cultural europeu, graças as suas histórias de seu herói sempre cool e estiloso, e repleta de gags visuais e sátiras até que refinadas.

A grande contribuição de René Goscinny nesse sentido foi a adição dos patetas irmãos Dalton como vilões recorrentes, o cavalo Jolly Jumper com QI de Einstein e o cão Rantanplan, que é "o cachorro mais burro do oeste". Esses coadjuvantes são a cereja do bolo que faltava para cimentar as peripécias pistoleicas de Luke.

Tendo estabelecido como um pilar recorrente dos quadrinhos europeus, ele recebeu todo tipo de adaptação em desenho animado, quadrinhos, filmes, séries de TV, e até mesmo um gritty reboot que desenvolve os personagens psicologicamente em uma forma mais elaborada


Diferente das obras americanas, entretanto, LL raramente glamuriza muito os vilões. Por mais que Morris amasse a cultura americana e tivesse crescido idealizando o estilo de vida de cowboy, ele não acreditava na romantização dos mitos do Velho Oeste. Se a cultura popular tinha uma visão simpática de bandidos como Jesse James e Billy the Kid (enquanto demonizava o xerife Pat Garrett), Lucky Luke sempre se focou em ridicularizá-los — e Morris encontrou em Goscinny alguém que compartilhava sua iconoclastia. Billy the Kid, por exemplo, foi apresentado como um kid de verdade (muito rápido com a arma, mas, no fim das contas, infantil e pirracento.


Claro, tem que ser observado que esse personagem é um cowboy criado nos anos 40, então uma certa dose de sensibilidades modernas tem que ser compreendidas... especialmente na relação com nativos americanos, negros e mulheres nas suas histórias. Até o seu iconico cigarro é meio que questionável hoje em dia, o que explica muito do porque esse personagem é menos marketeavel hoje do que seus outros pares europeus de mesmo tamanho.

Mas bem, agora que todos estamos bem inteirados do que é Luquinhas Sortudinho conceitualmente, suponho que é hora de falar do jogo licenciado dele lançado pela... ai meu deus isso não acaba nunca... Ocean. Sim, pq se tem um jogo licenciado europeu, é claro que vai ter o dedo nefasto da LJN europeia catiçando tudo... mas tá, vamo lá...

Lucky Luke é um jogo estranho de se jogar: Luke anda tão devagar que você é obrigado a segurar o botão de correr o tempo todo apenas para andar. Sim, eu entendo que combina com o jeitão "yep..." do personagem, mas ele se mover na tela mais lento que LESTER THE UNLIKELY tambem é de foder com o palhaço.

Mas tá, aceitando que vc tem que segurar o botão de corrida O TEMPO TODO,  o que é uma merda, o jogo é todo meio esquisito no sentido que certos bandidos são derrotados por tiros, outros vc precisa ricochetear os tiros pra acertar eles. O problema não é esse, na verdade é uma coisa muito legal usar o cenário para acertar os inimigos... o problema, o unico e pequeno problema é que esse é um jogo de tiro que vc mal consegue ver as balas


Sim, é um jogo de tiro que você não vê os tiros. Eu vou te dar um tempo para refletir sobre essas palavras. Pois é, Ocean masterclass. 

O primeiro chefe é simplesmente um show de Oceanice a parte. Um cara gordo está jogando toras em você e você precisa revidar com... uma frigideira... por algum motivo... que acontece de ter a pior detecção de colisão que eu lembro nos ultimos mil jogos pelo menos. Derrotar o chefe dá a você a oportunidade de comprar um password ou vida extra. Espere, o quê? O jogo cobra por uma maldita password? Quem programou esse jogo, Steve Jobs?

Beu. Teus. To tendo flashbacks do Vietnã com BACK TO THE FUTURE, PART III tudo de novo! DE NOVO NÃAAAAAAAAOOOOOO!!!!!

A segunda fase coloca você em um cavalo correndo, o que deveria ser divertido, mas é horrível apenas pelo fato que o ângulo lateral não dá noção nenhuma de profundidade. Pq claro, colocar uma camera lateral em um cenário 3D onde vc já não ve os tiros é a melhor decisão que alguem poderia tomar, claro! Ah, depois dessa fase, adivinhe quanto dinheiro eu tinha? US$ 98 - sendo que o password custa 100! Maravilhoso. Apenas maravilhoso!

A terceira fase acontece em um trem, culminando com uma batalha de chefe contra dois caras em uma pilha de barris. Você tem que desviar dos tiros até eles jogarem uma bomba em você, aí vc atira na bomba pra rolar ela de volta. Olha, não é que eu bata o pé pelos mais altos padrões de realismo do mundo em jogos, mas... atirar em bombas pra empurrar elas?Caralho mano, por isso que te chamam de Luqinhas Sortudinho mesmo, heim... Bem, diz muita coisa que esse jogo foi lançado por 20 dolares ao invés do preço habitual de 50 na época. E quando você joga Lucky Luke, não é muito difícil entender o pq foi feito isso.

Como eu odeio essas escadas, nem a hit detection disso acertaram...

Um jogo de plataforma que vc não pode largar o botão de correr, um jogo de tiro que vc não vê os tiros... pelo menos eles tiveram a decencia de cobrar menos da metade do preço por isso - e só por isso eu deixo passar de não tomar um 'The Worst of". Por 20 pila em 1999, tá, vai, é um jogo aceitável da bandeja do "para tias darem de presente" e até que nesse caso passa.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 136 (Fevereiro de 1999)