No topo do sucesso metabolico dos jRPGs no ocidente, especialmente com o fenomeno cultural que foi FINAL FANTASY 7, a Squaresoft a este ponto da história tinha mais dinheiro do que sabia o que fazer com ele realmente. E o que você faz quando tem dinheiro infinito? Ora, corre atrás de mais dinheiro infinito, obviamente.
E como você faz isso exactamente, alguem poderia perguntar? Ora, usando seu dinheiro infinito para tentar cravar as presas em outros generos, mais especialmente nos jogos de luta que eram o grande filão de popularidade do ocidente nessa época. Assim, a Squaresoft contratou a Dream Factory, lhes deu ninguem menos que o fodendo Akira Toryiama como character designer e os mandou ir a luta. O resultado desse projeto é conhecido como TOBAL No 1 e insistiram na coisa com TOBAL 2. O fato de você ter que coçar a cabeça para lembrar desses jogos (se é que conseguiu lembrar) já diz tudo que vc precisa saber sobre o assunto.
Mas tá, muito que bem, a Square obviamente não estava a mais pilhada do mundo nessa ideia de fazer um Tobal 3 pq, bem, a definição de insanidade é repetir as mesmas ações e esperar ter resultados diferentes, como já dizia o filosofo moderno. E isso seria isso, é família parece que não deu certo a ideia da Square de emplacar nos jogos de luta... até que um estagiário servindo café no canto da sala disse na manhazinha: "olha, pq a gente apenas não coloca os personagens de FINAL FANTASY 7 no jogo de luta? Eles não são tipo... nossos e a gente não pode fazer o que quiser com eles sem pagar nada pra ninguém? As pessoas não vão comprar qualquer porcaria que tenha a minima relação com o fenomeno que foi FINAL FANTASY 7 não importa o quão mequetrefe seja?"
Silencio absoluto na sala de reuniões. Pelo menos quatro executivos da Squaresoft cometeram sabaku pela desonra de simplesmente não ter pensado nisso antes. E nascia assim "Ehrgeiz: Deus Abençoe Esse Ringue Maravilhoso que Sai Tabelando, Tocando".
Mas tá, que jogo é esse tal de Ergão, exatamente? Quero dizer, alem de ser essencialmente Tobal 3 só que com personagens do jRPG mais popular de todos os tempos que eu acabei de descrever? Então, imagine se puder que você pega um jogo de luta medíocre, coloca um Action RPG medíocre nele, dá uma boa dose de minijogos que induzem à raiva e o lança ao público. Ehrgeiz: God Bless the Ring.
Mas vamos começar do começo: Ehrgeiz é uma palavra alemã que aparentemente se traduz em "ambição", e suponho este jogo tenha um pouco demais. É um jogo que tenta fazer várias coisas ao mesmo tempo, não é excelente em nenhuma e de bonus ri da ideia de ter uma história minimamente sensata: uma espada lendária capaz de destruir o mundo foi encontrada nas ruínas de um castelo na Alemanha, e para utiliza-la vc precisa de uma pedra mágica chamada Ehrgeiz... que foi colocada como premio de um torneio de luta pela corporação Red Scorpion. O que atrai todo tipo de biruta com as motivações mais insanas de todos os tempos, tipo por exemplo, uma nuvem de fumaça comeu a perna de um cara e agora ele quer vencer um torneio de luta. Entra pro torneio aí, campeão!
... e tambem tem os personagens de FINAL FANTASY 7 que estão ali por motivo nenhum que senão alavancar as vendas do jogo, nem história tem. Pq foda-se, é assim que nóis rola!
Verdade seja dito, o elenco de Ehrgeiz é esquisito o suficiente sem os personagens de Final Fantasy VII, mas definitivamente ficou melhor com a inclusão deles. Quero dizer, que outro jogo de luta uma das personagens é uma policial que usa um ioiô como arma? Apenas... pq? Que processo mental levou a criação desse conceito? Jamais saberemos. Ou então pq o chefe final do jogo é o primo cracudo do Red XIII de FINAL FANTASY 7? Quer dizer, eu sei que é pq FINAL FANTASY 7, mas dentro do jogo qual é a lógica de um tigre cracudo ser o chefão do torneio? Ehrgasmo, senhoras e senhores.
E eu tenho que admitir que, no fim do dia, a Squaresoft e a Dream Factory foram brilhantes por explorar essa ideia pq todo mundo lembra desse jogo apenas por ser o jogo de luta com os personagens de FINAL FANTASY 7. O jogo teria vendido tantas cópias sem elas? Certamente que não, mas então não é como se Ehrgeiz tivesse vendido tantas cópias em geral.
Agora, embora eu chame Ehrgulho de "jogo de luta", suponho que seja mais justo chamar ele de "beat'm up 1x1", não muito diferente de um DESTREGA d vida. Aqui você pode correr 360 graus e pular em diferentes plataformas enquanto luta contra o inimigo. Você pode realmente usar o terreno a seu favor para macetar o inimigo e até mesmo esmagar pessoas com caixas.
Dá pra dizer que esse jogo levou os jogos de luta a outro nível... entenderam, outro nível, pq tem plataformas e planos altos e... tá, eu vou me retirar depois de terminar esse texto. Mas enfim, como mais um beat'm up do que um jogo de luta per se, não espere ter algo muito equilibrado aqui já que o ponto é mais dedo no cu e gritaria do que tecnicidade. Mesmo se você investir em aprender as habilidades e combos, ainda poderia ser derrotado por um iniciante que está apertando botões desesperadamente e é assim que Ehronomia rola
Então a luta em si não é a grande atração do jogo, e sim explorar seu carro chefe: os personagens de FF7. Por essa razão, Ehrgeiz esta cheio de pequenos desbloqueáveis, como ganhar personagens extras (de FF7, obvaimente), mas também podia obter uma segunda e terceira roupa para eles - como desbloquear Vincent Valentine com sua roupa de Turks, que é algo que eu totalmente mataria para ver em um jogo em 1998. Adicionalmente, você tem que satisfazer alguns requisitos bem aleatórios para obter personagens extras, roupas e mais, o que eu vou dizer que dá um feel de achievments decada antes disso realmente acontecer. Considerando que o combate em si é meio meme, ao menos isso dá algo para fazer no jogo pelo menos.
Porém isso é apenas metade de Ehrgulho, pq além de ser um jogo de luta medíocre ele tb é um action RPG medíocre: o modo de é um action RPG onde vc desce trinta andares de uma dungeon gerada aleatoriamente, inimigos dropam itens, vc equipa magias... enfim, se você jogar no Google "gerador de dungeon crawl generico, muito provavelmente o que você teria é isso. Sem tirar nem por, espadada, dungeon gerada aleatoriamente, tudo de acordo com o protocolo.
Tá, pra não dizer que o jogo não faz nada NADA de diferente, existe sim uma mecanica que faz o jogador comer para obter um equilíbrio de proteínas, lipídios, carboidratos, minerais e vitaminas. Com base nesse equilíbrio, você ganha stats maiores quando sobe de nível - não muito diferente dos EV de Pokémon. Mas na prática mesmo, você apenas upa seu personagem, pega a arma mais forte que der e foi bom - se você nunca mais lembrar que essa mecanica existe, muda nada na sua vida para abrir caminho até o fim.
Então a base desse modo de jogo é entrar no calabouço, descer nível por nível, lutar contra monstros e derrotar os chefes. É algo bem padrão, e não tem como não admitir que a parte principal do dungeon crawler é bem superficial. Assim como a parte de luta do jogo, o modo quest meio que funciona - ele não é quebrado nem nada, apenas não tem nada mesmo de especial
E assim como no modo de luta, o grande atrativo desse jogo são as referencias a FF7: muitas das armas e armaduras do jogo estão aqui, como a famosa Buster Sword, Masamune, Ragnarok, Venus Gospel e muitas outras. Tá, vou admitir qeu era sim maneiro empunhar a Masamune do Sephiroth e abrir caminho através dos mobs.
E, por fim, o jogo ainda tem uns minigames meio paia na tentativa de ser o irmão que não deu certo na vida de TEKKEN 3. Basicamente alguns minigames de macetar botões, não muito diferente do que você já fazia em um TRACK AND FIELD II da vida.
Mas enfim, no fim do dia Ehrgeiz tenta fazer muitas coisas ao mesmo tempo - minigames, Action RPG e luta, e simplesmente não executa nenhuma das tarefas em uma forma particularmente notável. Porém não faz nada particularmente terrível, e suponho que se vc está muito seco por um dungeon crawler e não tem acesso a um CHOCOBO MYSTERY DUNGEON, é uma maneira justa o suficiente de passar uma tarde chuvosa em vez de reorganizar suas bugigangas ou polir sua coleção de bonecas em resina de waifus em poses casualmente sensuais
... ESSA FOI UMA IMAGEM ESTRANHAMENTE ESPECÍFICA
Uma que você sabe do que eu estou falando, então cuidado para onde aponta esses dedos Jorge. Seja como for, o meu ponto é que Ehrizipela é um jogo de luta okay-ish, um dungeon crawler que funciona e minigames de corrida de 100 metros rasos com barreira na areia fofa da praia por razão nenhuma que Deus a muito nos abandonou.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 131 (Setembro de 1998)
EDIÇÃO 137 (Março de 1999)
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 043 (Outubro de 1997)
EDIÇÃO 045 (Dezembro de 1997)