Então chegamos a 2025, chupa essa manga Astecas!
MAS OS ASTECAS NUNCA DISSERAM QUE NÓS NÃO CHEGARIAMOS A 2025...
E nem os maias disseram que não chegariamos a 2012, mas isso nunca impediu ninguém de ter superstições e um filme horrível. Seja como for, primeira review do ano e uma daquelas que eu queria muito chegar nela, saiba você! Isso porque na metade de 1999, Pokémon era a febre do ouro não apenas para o mundo inteiro, mas especialmente para mim.
BOM VER QUE O ANO MUDOU, MAS NÃO SUAS PRIORIDADES...
Ano novo, vida velha, é como eles dizem!
"ELES" NÃO DIZE... EU HONESTAMENTE NÃO SEI PQ EU TENTO AINDA...
Seja como for, eu já contei a história de Pokémon e minha relação com a franquia no post sobre POKEMON STADIUM, o que eu quero falar hoje é sobre um spin-off que eu queria muito, muito mesmo jogar na época porém nunca tive acesso a um Nintendo 64 para realiza-lo.
O que acontece é que antes do advento do Nintendo Switch, muitos e muitos anos a frente de 1999 onde estamos agora, nunca houve um título de RPG de Pokémon para console. E as pessoas salivavam por um desses!
UÉ, E A NINTENDO NÃO SABIA DISSO? ELES NÃO GANHARIAM MUITOS DINHEIROS ATENDENDO ESSA DEMANDA?
Então, sim... e não. Por um lado, sim, provavelmente um jRPG de Pokémon para o Nintendo 64 ou para o Gamecube seria a coisa mais vendida desde a invenção do pãozinho quente em 1379. Por outro lado, a Nintendo ganhava MAIS dinheiro não lançando Pokémon para seus videogames. Como isso? Muito simples, manter Pokémon exclusivo dos portáteis obrigava as pessoas a comprar portateis, simples assim.
E claro que uma pessoa que comprava um Game Boy para jogar Pokémon não comprava apenas Pokémon e sim tinha acesso a toda bibliteca do aparelho. Então Pokémon era o system seller chefe para introduzir os portateis na vida de milhões de pessoas, lançar o jogo para consoles domésticos mataria toda esse modelo de negócios - que não apenas era um sucesso absurdo, como foi o que manteve a Nintendo confortável durante os anos das vacas magras que viriam com o Gamecube diante do PS2calipse dos videojogos.
Dos 5 videeogames mais vendidos de todos os tempos, 2 (e meio, se considerar o Switch) são portateis da Nintendo. Em gigantesca parte isso graças a Pokémon |
Agora que você entende pq não era negócio para a Nintendo lançar um Pokémon principal para os videogames domésticos, bem, isso não quer dizer que eles não ordenhariam essa vaca de ALGUMA forma. Então aqui e ali saiam jogos que levavam a marca Pokémon para tirar um lucrinho em cima da sede que as pessoas estava pela franquia na época. Jogos como o próprio POKEMON STADIUM, o futuro Pokémon Puzzle League (que ainda viremos a falar) e, é claro, todo o ponto do jogo de hoje, Pokémon Snap.
Agora, se alguma coisa, eu tenho que deixar claro que eu não sou fã de Rail Shooters - tanto que eu nem falo desses jogos nesse blog. Porém Pokémon Snap é um caso diferente, esse foi um Rail Shooter que eu sempre quis jogar porque o conceito dele é tudo que um fã de Pokémon ardentemente queria em 1999.
Como as coisas funcionam aqui: você está em uma ilha e vai passeando por ela em um veículo automatizado. O quente aqui é que a ilha é um safari e você pode ver os Pokémons em seus habitats naturais! Agora, isso não é o sonho molhado de um nerdinho de 1999 ou o que?
Porque vamos ser honestos: um jRPG, especialmente um de Game Boy, é muito mais um jogo de imaginação do que qualquer outra coisa. Claro, hoje você tem RPGs que mostram os poros dos personagens com ray tracing em 8k a 120 fps, mas em 1999 nós tinhamos... isso:
Então imagine minha reação ao ser proposto um jogo onde vc podia ver bandos de Charmanders em seu habitat natural inteiramente renderizado em 3D, Poliwags coachando na beira do lago, as manadas de Tauros pastando e Pidgeys cruzando o céu.
Muito disso vem pq as minhas partes favoritas dos filmes de Pokémon são as cenas de créditos, que geralmente mostram apenas as pessoas vivendo suas vidas normalmente em um mundo onde pokémons existem, ou apenas a natureza sendo... a natureza em um mundo de Pokémon
Sabe, uma das coisas que mais me atrai no universo de Pokémon é o quão pacífico é o seu mundo. Muito pouco conflito, consciência ambiental (tirando a parte rinhas de Pokémon, eu suponho) de , um pouco mais avançado tecnologicamente, um mundo de aventura e mistério, onde até mesmo uma criança, se assim o desejar, pode sair em uma grande aventura com segurança e cercado de amigos para a vida toda.
Esse é o sonho, irmão.
E A PARTE QUE VOCÊ SEQUESTRA ANIMAIS DA NATUREZA E FORÇA ELES EM RINHAS, É PARTE DO SONHO TAMBÉM?
Não seja essa pessoa, Jorge. Apenas não.
Então, isso sendo posto, suponho que vocês agora entendem pq eu queria tanto conhecer Pokemon Snap. Mas e aí, o jogo é esse idílico documentário da vida selvagem mostrando a natureza do mundo de Pokémon enquanto vc tira fotos?
E a resposta é não, claro que não. Pokémon Snap não é um Abzu ou as florestas de Metal Gear Solid 3, obviamente. Porém, considerando as limitações do Nintendo 64... olha, eu vou dizer que eles fizeram o que dava pra fazer.
Vamos a isso então: Pokémon Snap é um rail shooter, ou seja a camera anda sozinha sobre trilhos e você atira no que está na tela. Só que aqui ao invés de meter pipoco com o trezoitão nos pokesafados (Palworld ainda levaria varias decadas para existir), você tira fotos dos Pokémons.
Tirar fotos não é realmente mais complicado do que atirar em qualquer Rail Shooter, você usa um botão para aumentar o zoom e um botão para tirar a foto. Você tem 60 fotos por fase, mas isso não significa que não possa tirar várias fotos da mesma coisa. Quando a fase termina, você é levado a uma tela onde escolhe suas melhores fotos apresentar para o Professor Carvalho.
Você então recebe uma pontuação baseada em alguns quesitos como tamanho e pose do Pokémon, pontos extras por capturar Pokémon no centro do quadro, capturá-los em poses interessantes (como usando golpes ou utilizando o cenário em seu ambiente) ou até mesmo capturar vários do mesmo Pokémon de uma só vez. Quando você atingir o requisito minimo de pontos, você pode avançar para a próxima fase.
Tá, mas até aí parece um Rail Shooter padrão: as coisas aparem na tela, vc atira nelas (ou tira fotos, nesse caso, mas dá mais ou menos no mesmo). O que é que Pokémon Snap faz de diferente para tornar esse genero mais interessante? Ora, a diferença aqui é que ao contrário dos outros jogos do genero, PS efetivamente exige que você interfira com o cenário para fazer os Pokemons fazerem poses maneiras, atrair pokemons timídos ou fazer pokemons serelepes pararem quietos!
À medida que sua pontuação aumenta, você desbloqueia várias ferramentas para ajudá-lo a capturar ainda mais Pokémon em fotos melhores! Essas ferramentas consistem em uma maçã para atrair pokemons, nas Pester Balls - que basicamente é uma pedra, mas o jogo não queria dizer que você dá um tijolaço na fuça do pokemon para apagar o desgraçado - e na Pokémon Flute que acorda Pokémons ou faz alguns dançarem - o que dá mais pontos, obviamente. Tem mais alguns outros itens, mas você pegou a ideia da coisa.
Isso nos leva ao que Pokémon Snap tem de realmente especial: segredos. Embora a maior parte do conteúdo do jogo possa ser desbloqueada apenas obtendo uma pontuação normal, há algumas áreas do jogo em que você realmente precisa usar seu cérebro. Existem níveis com rotas alternativas que só podem ser desbloqueadas utilizando suas várias ferramentas certas na hora certa, existem Pokémon secretos que só aparecem após certas condições serem atendidas e,por fim, existem os símbolos secretos no jogo que você precisa tirar fotos de cada um deles para desbloquear a última área!
Usando suas ferramentas você consegue então não apenas pokemons que normalmente apareceriam, mas também pokemons ocm poses especiais - como o Pikachu surfista que é uma refencia ao surf Pikachu de Pokémon Yellow. Portanto, para um jogo tão curto existem algumas horas de conteúdo para fuçar e descobrir como fazer novas coisas acontecerem.
Eu estou ciente que eu não sou exatamente imparcial no que tange a Pokémon, mas olhando de um ponto de vista objetivo realmente na época, o jogo era realmente impressionante. Na época, ver Pokémons em 3D "na natureza" era algo que por si só venderia o jogo e a HAL Laboratory poderia se dar por satisfeita com apenas isso
Mas eles foram um passo além do necessário e encheram o jogo de segredos, colecionaveis, toda aquela coisa que na época era divertido ir para a escola, conversar com meus amigos e compartilhar segredos sobre como conseguimos que certos Pokémon evoluíssem ou aparecessem. Pura magia dos anos 90.
Pokémon Snap pode não ser o idílico National Geographic Simulator que eu esperava, mas até onde Rail Shooters vão, ele tem quatro vezes mais esforço em conteúdo extra do que qualquer outra coisa do seu genero na época. E novamente, em uma época que realmente não precisava esforço nenhum porque qualuqer porcaria com o logo de Pokémon já venderia. O que, honestamente, não mudou tanto assim também...
Sopa de Milho de Pikachu, just because |
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 064 (Julho de 1999)