Essa semana mesmo eu assisti um filme que tenta ser um grande final épico que ninguém pediu para uma franquia que ninguém se importa: "Venom: The Last Dance". Depois de dois filmes que variaram entre “meh” e “o que foi isso?”, chega Venom: The Last Dance – a tentativa derradeira de transformar Eddie Brock e seu simbionte em algo maior do que um meme ambulante. Spoiler: falha miseravelmente.
Tá, mas pq eu estou falando de Venom 3 nesse post? Ora, pq hoje é dia da review do jogo que é o equivalente videogamístico disso: o último jogo da franquia Toshinden, a épica conclusão que ninguém pediu para uma franquia que ninguém se importa. Vamos a isso então.
Ah, BATTLE ARENA TOSHINDEN... Por um breve e fugaz momento em 1995, você foi o hit do verão, o brinquedo novo e brilhante no playground dos jogos de luta 3D. Como um dos títulos de lançamento do PS1, você tinha tudo: combate chamativo, personagens poligonais girando em gloriosa baixa resolução e uma chance de mostrar ao VIRTUA FIGHTER original quem é que mandava. Claro, seus controles eram rígidos e a mecânica era desajeitada, mas, ei, era 1995 e a gente celebrava a Celebrimbor apenas por se mexer em três dimensões.
Infelizmente, a lua de mel acabou assim que os verdadeiros pesos pesados (TEKKEN, VIRTUA FIGHTER 2, SOUL EDGE) apareceram em cena e mostraram seus músculos poligonais. O pobre Toshinden desapareceu na obscuridade mais rápido do que você poderia dizer: "RING OUT!"
Mas de alguma forma — e nem Arceus sabe como — essa série conseguiu chegar a uma quarta parte. Meu palpite é lavagem de dinheiro da Yakuza, mas qualquer que seja a razão, o fato é que Toshiden 4 existe... mesmo que ninguém se importe.
A história de Toshinden 4 segue a próxima geração de lutadores, um elenco de novatos completamente esquecíveis, além de dois personagens que retornam: Eiji, o garoto-propaganda que é tão genérico como sempre, e Vermillion, que parece ter vindo de uma convenção de cosplays de Final Fantasy. O restante do elenco é composto por descendentes e protegidos dos personagens originais. Você sabe, provavelmente porque foi o que TEKKEN 3 fez ou algo assim. O enredo envolve algumas bobagens vagas sobre equipes de três lutando por motivos que ninguém se importa, com cada equipe parecendo ter sido criada por três pessoas diferentes que nunca conversaram entre si.
Quero dizer, saca só a quimica desse time:
O jogo tenta vender seu drama de anime, mas a grande verdade é que não tem como ter muito impacto quando os personagens gritam falas melodramáticas como: “Vingarei meu pai!” e a sua única reação assistindo é coçar a cabeça e se perguntar: “Espera... quem era teu pai mesmo?”
Vendo os gifs que eu estou postando do jogo, você pode achar que a velocidade lenta é culpa do GIF... só que não é. Esse ritmo lento de caracol no melaço é a velocidade real do jogo. Cada batalha parece que você está lutando debaixo d'água, e os controles são tão insensíveis que você pode muito bem estar dando comandos via pombo-correio.
A grande novidade é o formato de equipe, onde você escolhe três lutadores para representar seu esquadrão. Parece legal, certo? Exceto que apenas um lutador entra no ringue por vez, o que torna o aspecto de "equipe" puramente decorativo. É como chamar uma fila única de “atividade de grupo”, e muito na cara que eles apenas fizeram pq era o que os jovens estavam achando legal com os King of Fighters e Marvel VS populares na época.
Para um jogo lançado em 1999, os gráficos são... pobres. Enquanto outros títulos da época (SOULCALIBUR, SAMURAI SHODOWN 64: Warrior's Rage) estavam puxando os limites do que o PS1 e o Dreamcast podiam fazer, Toshinden 4 parece estar em hibernação desde a metade dos anos 90. Os personagens são atarracados e até meio gordinhos, com rostos que parecem como se alguém tivesse colado uma máscara de papel em um manequim. As texturas variam de “passável” a “o que é que isto é suposto ser?”
Os cenários não são muito melhores, um jogo de 1999 que as lutas acontecem no limbo vazio? O que é isso, as lutas estão acontecendo no manga de Cavaleiros do Zodíaco?
A música é tão esquecível que você poderia substituí-la por músicas de elevador, e ninguém notaria. Claro, as vozes de voz são decentes, e a cena de abertura do anime é bem legal, mas nada disso importa quando o resto do jogo é um uma sopa de nada tão espetacular. Longos tempos de carregamento interrompem ainda mais a ação — ou melhor, a falta dela — fazendo você se perguntar se ainda mais pra que, exatamente, esse jogo existe. Não, sério, pra que existe um Toshinden 4?
O mais desconcertante sobre Toshinden 4 é que você pode dizer que os desenvolvedores tentaram. Eles realmente tentam isso. Há um esforço para criar golpes especiais legais, personagens interessantes, uma história dramática e visuais chamativos. Mas nada disso importa quando a jogabilidade principal é tão desatualizada, desajeitada e lenta. O seu melhor esforço não ajuda muito quando vc é apenas medíocre.
Em 1999, o que funcionou para Toshinden em 1995 — controles medíocres, animações rígidas e 3D inovador — não era mais aceitável. O gênero evoluiu, e Toshinden simplesmente não acompanhou. Havia dezenas de jogos de luta melhores disponíveis, tanto em 2D quanto em 3D, deixando Toshinden 4 parecendo uma triste relíquia do passado.
Toshinden 4 é o equivalente em videogame de uma sequência lançada diretamente em vídeo que ninguém pediu. É lento, desajeitado e facilmente superado por várias outras coisas no mercado. Embora possa ter algum encanto nostálgico para os fãs verdadeiramente dedicados da série (todos os cinco), para todos os outros, é um lembrete frustrante de quão longe o gênero chegou — e o quão longe Toshinden ficou para trás. Tamsoft, eu reconheço o esforço, mas está mais do que claro que isso não vai a lugar nenhum, como de fato não foi.
Descanse em paz, Toshinden. Ou não, tanto faz. Ninguém esta realmente se importando.
MATÉRIA NA GAMERS