quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

[#1381][Dez/1999] VALKYRIE PROFILE

Era uma noite gelada nos bosques que cercam a miserável vila de Coriander, o tipo de frio que faz o ar gelado da madrugada queimar seus pulmões e cortar seus lábios ao ponto que o simples ato respirar não é uma atitude que deva ser tomada levianamente. Ainda sim, duas crianças corriam por suas vidas, sem olhar para trás.

Um menino e uma menina, nenhum dos dois com mais de dez anos de idade, atravessam o véu da noite desabaladamente em direção a... nem eles sabem realmente. A única coisa que eles sabem é que não podem voltar a Coriander sob hipotese alguma.


Naquela tarde, homens estranhos vestidos de preto andaram pela vila. Lucian, o menino, já tinha visto eles algumas vezes antes: eles aparecem, se houve o barulho de algumas moedas, e então no dia seguinte alguém da vila não estavam mais lá. Traficantes de pessoas. E naquela noite em particular ele havia visto esses homens indo para a casa da sua amiga Platina.

Ele conseguiu entrar pela janela e tirar ela de lá instantes antes que os homens de preto a levassem, mas era só até aí que seu plano ia. Pouco atrás dele, Platina estava tão exausta quanto assustada. Ela podia ser apenas uma criança, mas sabia perfeitamente bem qual seria o seu destino se uma garota bonitinha como ela fosse vendida como escrava.


Após abrir uma distancia segura da vila, Lucian acha que eles podem parar para respirar um pouco - não que seus pequenos corpos de criança conseguiriam de outra forma. Platina está exausta. Não apenas da fuga, mas de sua vida toda. Das surras. Da fome. Do frio. Do medo. Da perspectivida de uma vida inteira miserável assim. Ser vendida como escrava por sua mãe por uma dúzia de moedas foi a palha que quebrou as costas do seu camelo, era a última, ela não aguentava mais.

E de fato seu corpo não aguenta mais. Seus joelhos cedem, ela cai no chão. Mas por causa dos seus sentimentos internos, mas pq Lucian não reparou que eles tinham ido parar em um campo de Lírios Lamuriosos, uma planta muito bonita mas altamente venenosa.


Lucian corre e a toma nos braços, mas Platina está sem mais forças para lutar contra o veneno, para lutar por sua vida miserável. Talvez seria melhor ela apenas fechar os olhos e aceitar o doce abraço do descanso eterno. Ela pode apenas desejar que talvez um dia ela e Lucian renasçam juntos, em uma vida melhor, em um mundo melhor. Desejando apenas esquecer todas as terríveis memórias de sua curta vida, Platina fecha os olhos pela última vez nesse mundo. O menino chama por ela desconsolado, mas é tarde demais.

Ao som de seus gritos do mais puro desespero, a camera vai se afastando e a tela fechando. Esse é o trágico fim da história dessa menina, mas apenas o começo de uma outra muito maior.

"Perfil de Valquíria", letras sóbrias informam na escuridão da tela. O jogo vai começar.


Valyrie Profile é um "daqueles" jogos que eu estava esperando a muito tempo para entrar nesse projeto porque é um jogo que eu nunca joguei e tinha apenas uma vaga ideia de como o jogo era mecanicamente - eu joguei Valkyrie Profile 2 no PS2, mas aquele é um jogo inteiramente diferente. O que eu sabia, no entanto, era o conceito do jogo e essa era a parte que mais me interessava.

Você joga como Lenneth, uma Valquíria literal, encarregada de recrutar almas – Einherjar, se quisermos usar termos chiques – para lutar no Ragnarok, o apocalipse Viking. “Legal”, pensei. “É como Pokémon, mas com gente mortas.” E eu estava certo, mas também incrivelmente errado.

POR QUE VOCÊ ESTAVA TÃO ANIMADO COM O RECRUTAMENTO DE GUERREIROS MORTOS? É APENAS MAIS UM RPG DE PARTY BUILDING, NÃO É EXAMENTE A MESMA COISA QUE VOCÊ CRITICOU EM  CHRONO CROSS?

Meio que sim, mas não realmente, Jorge. Não. Sente-se e deixe-me contar uma história de glória, desespero e planilhas. Recrutar Einherjars não é como entrar em uma taverna e dizer: “Ei, você! Junte-se a mim!".É sobre conhecer pessoas em seus momentos finais mais trágicos - observar suas vidas se transformarem em desespero antes de Lenneth chegar como um Uber da morte para Valhalla. Pense nos contos comoventes de Lost Odyssey, mas, você sabe, aqui todo mundo necessariamente morre no final.

Adicione a essa perspectiva essa abertura absolutamente memorável que eu narrei, e Valkyrie Profile tava com a bola quicando na pequena area pra meter pro fundo da rede e sair pro abraço. Se tem um jogo com potencial para desbancar FINAL FANTASY TACTICS como melhor jogo do Playstation até agora, Perfil da Valquíria do RH estava com a faca e o queijo na mão.

MAS E AÍ? O JOGO ENTREGA? É REALMENTE O MELHOR JOGO DO PS1?

Então... antes de falar sobre isso, suponho que eu precise explicar o que É Valkyrie Profile enquanto jogo. O que é você faz, exatamente, o que acontece quando vc aperta os botõezinhos coloridos do controle do PS1?


Vamos colocar assim: não existe nenhum jogo vagamente parecido com a estrutura de Valkyrie Profilme no Playstation 1. Ou na quinta geração. Ou na história dos videogames, até onde eu sei. Suponho que se eu precisasse classificar alguma de coisa, provavelmente eu diria que VP é um tipo de dungeon crawler: esse jogo é 100% sobre dungeons, não existem cidades (alias até tem, mas não praticamente nada pra fazer nelas). O jogo é basicamente sobre Lenneth e sua gangue de Einherjars indo até uma dungeon, limpando ela e indo pra próxima.

Seria bem simples, não fosse esse um jogo da Tri-Ace. E nada da Tri-Ace é simples, nunca foi e nunca será.

O NOME NÃO ME É ESTRANHO, EU DEVERIA CONHECER ELES?

São os caras por trás de alguns jRPGs que eu já comentei aqui, como TALES OF PHANTASIASTAR OCEAN e STAR OCEAN: The Second Story. E se tem uma coisa que eles fazem REALMENTE questão, é que seus sistemas de jogo tenha sistemas dentro de sistemas ao ponto do rídiculo.

VOCÊ NÃO ESTÁ EXAGERANDO UM POUCO?

Estaria, não fosse o fato que STAR OCEAN: The Second Story, por exemplo, tem nada mais, nada menos, do que 46 skills diferentes. QUARENTA E SEIS. E isso é apenas a ponta do Iceberg, pq algumas skills não tem efeito direto, elas servem para aumentar ranks que por sua vez desbloqueiam... bem, essa toca de coelho vai fundo. Tipo beeeem fundo pq é assim que a Tri-Ace rola.

E puta que o pareo no cavalo manco, aqui eles rolam nisso para uma senhora caralha, mas põe rolada nisso. Se não vejamos: você começa com Lenneth voando pelo mundo do jogo (sim, voa - ela é uma Valquíria, não uma reles plebe andando a pé). Usando seus sentidos divinos (vulgo "apertando START no controle), ela localiza humanos que estão prestes a fazer entrevista de emprego no Valhallaóbito, já entro em detalhes sobre a narrativa em si, mas por hora segure essa ideia. Nessa fase de "recrutamento" você só assiste as cutscenes.

Depois que você adquiriu novos presuntinhos, é hora de ir para a dungeon fazer o que você veio fazer: você segue para as dungeons, que são apresentadas como labirintos 2D de rolagem lateral cheios de quebra-cabeças, plataformas e uma porção razoável de encontros aleatórios. Tem uma vibe Metroidvania-Lite e funciona. O combate, porém, é onde a verdadeira magia acontece.

ENTÃO, É APENAS UM DUNGEON CRAWLER COM MAIS PERSONAGENS? O QUE É QUE ISSO TEM DE ESPECIAL?

Que bom que você perguntou, Jorge. Em combate, cada membro do grupo é ativado com um botão no controle do PS1, e as batalhas envolvem timing e combos. Ativando cada personagem no momento certo você está emendando ataques para gerar números de combos incríveis e liberar super especiais devastadores. É estranhamente rítmico e, quando você pega o jeito, é um dos sistemas de combate mais satisfatórios que eu já vi em um RPG.


HÃ... É SÓ ISSO? QUERO DIZER, ESSE SISTEMA DE COMBATE É DIFERENTE, MAS ENTÃO EU ESPERAVA BEM PIOR DE UM JOGO DA TRI-ACE. ASSISTIR UMA CUTSCENE PRA RECRUTAR, FAZER DUNGEON... PARECE ESTRANHAMENTE NORMAL!

Ha. Não. Isso é só o básico do básico, é AGORA que Jörmungandr torce o rabo. No começo de cada capítulo, Freya vai te pedir para mandar para o Valhalla uma alma com pre-requisitos especificos. O que quer dizer que uma vez que você tem uma alma, você não simplesmente a jogar no colo de Odin e dar o dia por encerrado. Não, você tem que primeiro ver quais almas podem aprender as skills que Freya pediu, e então treina-las para eles ganharem pontos para você comprar as skills. 

No capítulo 5, por exemplo, você precisa mandar um herói com hero value no mínimo 90 e as skills Ágil, Nadador, Marcha, Ataque Pow, Resistir Dano e Defender - sendo que "Hero Value" é uma coisa completamente separada das skills, você gasta pontos de evolução para aumentar qualidades ou diminuir defeitos dos presuntos. Isso não tem influencia nenhuma no combate (ao contrário das skills), mas é da onde vc aumenta o valor do herói para enviar ele para o Pai de Todos.


O seu einherjar Arngrim, por exemplo, tem algumas qualidades que podem ser aumentadas com CP (que são os pontos que vc ganha subindo de nível) como Valente, Flexível e Realista, e defeitos que podem ser diminuidos com esses pontos como Egoísta ou Imprudente.

As skills mesma coisa, vc gasta CPs para comprar ranks, só que ao menos aqui elas são uteis em alguma coisa no combate: 

Nesse exemplo, a skill "Trick" aumenta 2 de inteligencia para cada ponto de skill comprada

OK, AGORA ESTÁ COMEÇANDO A PARECER UM JOGO DA TRI-ACE...

Além disso cada personagem tem duas skills defensivas para equipar, uma skill de suporte e uma skill de ataque - sendo que nem todos personagens aprendem todas as skills. 


Nesse caso, por exemplo, Nanami tem as skills defensivas Auto Item (chance de usar um item automaticamente ao tomar dano ou sofrer status) e Adept Illusion (chance de fazer um clone das sombras tomar o golpe por você), de suporte Concentration (diminui em 1 a recarga das magias ao ativar o ataque especial) e a de ataque Wait Reaction (que permite você dar um ataque mesmo enquanto suas magias recarregam).

Ah sim, ataques especiais, porque ao dar um combo de 100 pontos você ativa um ataque único de cada personagem e...

TÁ, OKAY, JÁ ME CONVENCEU, PODE PARAR. ESTOU PERFEITAMENTE CONVENCIDO QUE ESSE É UM JOGO DA TRI-ACE, NÃO PRECISA IR MAIS FUNDO

E olha que eu nem falei da criação de itens (não existem lojas no jogo, você ganha pontos de Odin para materializar itens em uma lista), que existem DOIS sistemas de avaliação dos einherjar que você manda para Odin (um na tela do menu principal chamado Evaluation e outra no menu de personagem da Lenneth chamado Seal Rating), que existe um sistema de compartilhamento de EXP, que cada personagem tem DEZ slots de itens e as armas tem que levar em consideração não apenas o poder delas mas o numero de hits e efeitos passivos, além dos artefatos únicos no fim das dungeons mas que vc perde pontos de Evaluation se não mandar para Odin...


PELO AMOR DE THOR, EU JÁ ENTENDI, ESSE JOGO TEM SISTEMAS EM CIMA DE SISTEMAS EM CIMA DE SISTEMAS PORQUE É UM JOGO DA TRI-ACE!!!

Acho que eu não falei nem da metade das mecanicas de jogo realmente. Até porque as magias são uma coisa completamente a parte e...


Bem, acho que deu pra pegar a ideia, Tri-Ace em seu Tri-Acismo MÁSCIMO. Mas quer saber? Embora possa parecer que não, na verdade jogar VP é bastante gostoso e isso pq a Tri-Ace evita dois erros crassos que mataram dois jogos igualmente ambiciosos, OGRE BATTLE: The March of the Black Queen e VAGRANT STORY

Primeiro pq embora o jogo tenha, de facto, 24 personagens jogaveis ao longo do jogo todo, e cada um tem suas próprias customizações de equipamento, atributos, armas, skills, magias, skills de reação, traits... bem, todo o infindo rugaloo tri-aceriano, você não precisa realmente ficar mexendo nisso o tempo todo se você não quiser.


Nos primeiros capítulos vc pode ter 3 personagens fixos e o quarto sendo o Einherjar que você vai mandar para Odin, depois da metade nem isso vc precisa pq vc pode treinar o Einherjar de Odin inteiramente com o EXP compartilhado. Então sua party é tão complicada de gerenciar quanto vc quiser realmente, nem perto do pesadelo que OGRE BATTLE: The March of the Black Queen é.

Apesar de toda a sua complexidade, Valkyrie Profile consegue ser divertido porque não força você a microgerenciar, a menos que você queira. Quer min-max cada Einherjar? Vá em frente. Quer peassar por aqui com Lenneth e alguns favoritos? Tudo bem também. É um jogo que respeita o seu tempo – ou pelo menos tanto quanto um jogo com 12 camadas de sistemas pode respeitar o seu tempo.

No outro espectro da coisa, Valkyrie Profile não chega a virar um VAGRANT STORY da vida pq embora o jogo tenha 4875 sistemas dentro de sistemas... ele é razoavelmente gerenciavel de entender, em muito graças ao quão boa é a sua UI. Diferente de VAGRANT STORY que você chora e dá cabeçadas na tela não entendendo pq vc está causando zero de dano, aqui os menus fazem um bom trabalho em explicar o que as coisas fazem.


Veja, eu não estou dizendo que é um jogo acessível a principiantes, mas como experiencia premium para jogadores de RPG hardcore ele te dá muito no que afundar os dentes e tudo sem vc precisar estudar 84 páginas de FAQ... pra ainda não entender pq não está dando certo né, VAGRANT STORY?

Sabe aqueles jogos de luta que são feitos para pro-players que contam quadros de animação nos golpes e não para jogadores casuais, tipo VIRTUA FIGHTER 3 TB? Então, imagine que Valkyrie Profile é o equivalente disso para o jogador de RPG ultra hardcore. Para o nerdão do RPG que quer experiencia premium definitiva de 2500 sisteminhas, combos e mecanicas sem ter um ANEURISMA no processo gerenciando tudo, VP entrega tudo isso numa interface que um ser humano consegue efetivamente gerenciar e esse é um ponto que eu não posso estressar o suficiente o quanto é bom.


O resultado dessa brincadeira é que auando você pega o loop do jogo, você tem um dos RPGs mais gostosos de jogar que eu já vi no sentido dungeon crawler. Você recruta uns caras, faz uma dungeon bem desenhada, upgradea sua party, ganha uns artefatos que são bem acima da média (mas que você não pode ficar com todos, vc toma game over se o seu Evaluation com Odin ficar muito baixo e ele definitivamente não gosta que você embolse os artefatos que são deles). Até onde RPGs de PS1 vão, não tem como ficar muito melhor combativamente do que isso não.

Isso por si só já garante um The Best of para um jogo tão diferente e que consegue ser tão gostoso de jogar. Agora a pergunta que precisa ser respondida, e não é uma pergunta pequena é... e aí, esse jogo entrega tudo que a premissa e a cena inicial prometem? É este o concorrente que finalmente vai desbancar FINAL FANTASY TACTICS como melhor jogo de PS1? Que ele é um jogo muito bom eu já sei, mas ele é o MELHOR?

Então, sobre isso...


Ah, bem... como eu vou colocar isso gentilmente? Vamos dizer assim: escrever nunca foi o forte da Tri-Ace. TALES OF PHANTASIA criou a franquia mais feijão com arroz básico da história dos RPGs, STAR OCEAN desperdiça uma premissa absurdamente interessante de choque cultural e viagens no tempo em um grande RPG genérico e STAR OCEAN: The Second Story não faz muito melhor que isso realmente. Pra alguém que ama tanto RPGs, é impressionante como a Tri-Ace não consegue escrever uma história top tier nem que aliens armados com raios desintegradores estejam apontando para sua coleção de garage kits de waifus.

E me dói muito dizer que Valkyrie Profile não é exceção.

Esse é um raro RPG japonês que não usa ilustrações estilo anime, e sim um arte mais estilo barroco. Não dá pra negar que chama atenção por ser diferente

Isso quer dizer que todo o cerne do jogo é sobre recrutar os Einherjars como valquíria e isso é o queijo e a goiabada para escrever histórias trágicas sobre os últimos momentos dramáticos dos seus guerreiros em vida. Só que como a Tri-Ace nunca soube escrever grandes textos num RPG, e não é agora que eles aprenderam, a imensa maioria das histórias dos seus recrutaveis é bem "eh, whatever". Algumas poucas, bem poucas, são nível "quase interessante" e nunca passa disso realmente.

Em outras palavras, se você quer uma antologia de feelings e momentos de partir o coração... não é aqui que você vai encontrar, a escrita da Tri-Ace é mais seca que coração de ex, com a dublagem americana podendo na melhor hipotese ser chamada de "constrangedora". Se alguém ali leu as falas sem uma arma apontada para o seu Tamagotchi, eu sou um Uno Mille Fire com escada no teto.

TÁ, MAS SE AS COLEÇÕES DE HISTÓRIAS DOS EINHERJARS NÃO SÃO TÃO INTERESSANTES ASSIM... AO MENOS A HISTÓRIA PRINCIPAL DO JOGO É BOA? A INTRODUÇÃO CERTAMENTE É!

Então... é... essa é a hora que eu digo "calma que piora", né? Porque enquanto VP tem de fato uma "história principal" de como a menina Platina se tornou a valquíria Lenneth (isso não é segredo, está literalmente na cena de abertura) e qual seu papel no Ragnarok... tem duas coisas que eu preciso dizer a respeito disso.


Primeiro que você só vai ver a história da Lenneth se fizer o "final bom" do jogo, e para fazer isso os pré-requisitos são a coisa mais Tri-Ace da história do Tri-Acismo que jamais Tri-Acou. O que quer dizer que puta merda, que negócio complicado e nada intuitivo.

Sério, pra fazer o final bom você precisa ter um Seal Rating especifico em um capítulo especifico, visitar lugares específicos em momentos específios, enviar um Einherjar específico em um de dois capítulos específicos, visitar uma dungeon fora do que o sentido de valquíria te diz (ou seja, ela não aparece apertando START para saber onde ir a seguir) e nessa dungeon escolher NÃO lutar contra o chefe, tem lugares que você não pode ir antes de um momento específico também... e nada, absolutamente NADA disso você faz a remota ideia que precisa fazer. Não é nem como se o jogo te desse uma deixa nem nada, você precisa tirar todas essas decisões muito especificas do puro fundo do seu bumbumzinho específico.

Ou seja, não tem um único ser humano na história do planeta Terra em 25 anos que esse jogo existe que conseguiu ver a verdadeira história desse jogo sem seguir um guia te dizendo o que fazer e quando fazer. Absolutamente zero pessoas, e eu estou sendo muito literal aqui.


E mesmo quando você segue um detonado te dizendo como fazer, isso não muda o fato que esse ainda é um jogo da Tri-Ace. Ou seja, a história do jogo não é realmente muito espetacular, ela é bem "eh, okay...". A história da Lenneth não é nem a melhor história dentro jogo, e olha que eu já disse que as histórias dos Einherjars são o puro suco de potencial desperdiçado, Tri-Ace triassando.

O tema da história é profundamente interessante, a ideia é que enquanto deusa, Lenneth assiste os humanos em suas mini-histórias de amor, perda e arrependimento... mas não os entende realmente, e suponho que a questão aqui deveria ser a pergunta "O que é ser humano?". Nas mãos de uma narrativa bem escrita essa seria fácil top histórias já contadas em um videogame, mas então... é a Tri-Ace escrevendo que estamos falando aqui, não espere que o jogo vá a muitos lugares com isso.

O que acaba sendo genuinamente uma pena. Valkyrie Profile tinha tudo na mão, as condições estavam armadas para ser um dos maiores jogos de todos os tempos cantado em verso e prosa até os dias de hoje... mas como é característico da falta de habilidade da Tri-Ace em saber escrever, o jogo se resume apenas as suas mecanicas realmente. Se eu fiquei desapontado em como STAR OCEAN jogava pelo ralo uma premissa com um potencial narrativo infinito, isso não é nada diante do potencial desperdiçado que VP é.


Não me entenda errado, VP ainda é um dos melhores RPGs do PS1 na parte do "G" (a parte do "RP" fica devendo) é um jogo fantástico para nerdões que amam sisteminhas e combos como eu. É realmente um dos melhores RPGs no que ele realmente se propõe a fazer, apenas não tem como ver o que Valkyrie Profile é sem deixar de pensar no que ele PODERIA ter sido. 

Em um jogo que é sobre tragédias, a maior de todas elas certamente é o seu verdadeiro potencial desperdiçado.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 153 (Julho de 2000)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 067 (Outubro de 1999)


EDIÇÃO 075 (Junho de 2000)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 043 (Agosto de 1999)


EDIÇÃO 059 (Abril de 2000 - Semana 1)