Bafo de Fogo 4 é o THE KING OF FIGHTERS 99: Millenium Battle dos jRPGs. E essa foi a review de hoje, até a próxima gente boa!
VOCÊ SABE, ESSA "PIADA"... VAMOS COLOCAR ASSIM... JÁ NÃO ERA ENGRAÇADA NA PRIMEIRA VEZ QUE TU FEZ ISSO A UNS SEIS ANOS ATRÁS. NÃO FICOU MAIS DIVERTIDA DE LÁ PRA CÁ.
Vamos a isso então: Breath of Fire, a tentativa da Capcom de entrar no mundo dos RPGs japoneses, é uma franquia com quem eu tenho uma relação... complicada, para dizer o mínimo. O primeiro BREATH OF FIRE é injogável dado que a sua tradução empalideceria o poderoso Bing AltaVista Translator, simples assim. BREATH OF FIRE 2... por todos os deuses antigos e pelos novos... eu nunca achei que fosse tão fisicamente possível um RPG japonês errar tanto quanto BREATH OF FIRE 2 erra.
Ainda hoje eu as vezes eu fecho meus olhos para dormir e sou assaltado com visões dos combates aleatórios a cada 4 passos, o grinding de 80 lutas para comprar equipamento em uma cidade e muitas, muitas coisas terríveis mais. Embora recentemente ele tenha ganho a pesada concorrencia de SHADOW MADNESS, BREATH OF FIRE 2 ainda é meu padrão ouro de tudo que um RPG japonês pode fazer de errado e desprezível nessa vida.
Então temos BREATH OF FIRE 3 que, acredite ou não, é o COMPLETO OPOSTO de BREATH OF FIRE 2. Quero dizer, é um jRPG tão bom, mas TÃO BOM, não ironicamente BREATH OF FIRE 3 é uma aula em como você faz exploração de mundo em jRPG usando as mecanicas de combates aleatórios para estabelecer seu worldbuilding, o tema discutido, entre várias coisas mais. No mínimo, todo o primeiro ato do jogo e como ele o impulsiona para o próximo arco da história é, honestamente, uma coisa que deveria ser ensinada nas aulas de narrativas em videogames. Puta la mierda, como eu amo BREATH OF FIRE 3.
... mas 3 não está no número do título aqui, é?
Corta agora para três anos depois, e em abril de 2000 a Capcom estava com exatamente o mesmo problema que a SNK teve após o sucesso gigamastonomico de THE KING OF FIGHTERS 98: Dream Match Never Ends. Quero dizer, você atingiu o ápice do seu potencial na iteração anterior, seu ultimo jogo foi tudo que todo mundo poderia possivelmente sonhar e muito mais, um jogo que estabeleceu padrões e será lembrado para sempre com carinho.
Então... como você continua daí? O que, exatamente, você pode fazer depois de ter acertado tanto na sua tentativa anterior? Esse, como eu disse no texto de THE KING OF FIGHTERS 99: Millenium Battle é um problema que a Marvel não soube exatamente resolver depois de atingir o CINEMA ABSOLUTO com Vingadores Ultimato, é um problema que a SNK também não tinha muita certeza de como resolver em THE KING OF FIGHTERS 98: Dream Match Never Ends... e é o problema que a Capcom tinha em mãos com Bafo de Fogo 4 aqui.
Então a pergunta de um milhão de cybermaidcatlolis para uso doméstico é... eles conseguiram?
Existem, de fato, coisas genuinamente boas na quarta Baforada Fogarenta da Capcom no mundo dos RPGs. Com efeito, eu seria capaz de descrever Breath of Fire 4, sem usar uma única mentira, de uma forma que provavelmente faria com que qualquer um que leia/ouça essas opiniões se sinta como “nossa, parece incrível, preciso jogar isso!”
Na verdade, vamos fazer isso agora e vamos começar tirando o elefante pixelado do meio da sala: BoF 4 é um dos jRPGs mais bonitos que eu já vi na vida. Ponto. Se eu tivesse que fazer um TOP 5 dos jRPGs que eu bato o olho e grito PUTAQUEOPAREIO MENINO ATREIO QUE JOGO LINDO DA PORRA, do topo da minha cabeça assim eu poderia citar o remake de STAR OCEAN: The Second Story, Octopath Traveler, LEGEND OF MANA e BoF4. Porque esse jogo é bonito desse jeito.
O grande truque aqui é a escolha do estilo de arte que a Capcom usou, ele lembra muito o estilo de arte de aquarela de ART OF FIGHTING 3: The Path of the Warrior, mas aqui eu acho mais bonito. Eu quero dizer, sério, vão se ferrar Capcom, vocês NÃO TINHAM O DIREITO de fazer um jogo de PS1 ser tão bonito desse jeito:
Ah para véi, que jogo bonitaço da porra, não tem como.
E narrativamente, BoF 4 não é de nada desprezível também... até a segunda página. Mas para você entender o meu ponto, eu preciso explicar sobre o que é esse jogo realmente. Breath of Fire 4 é sobre dragões. Bem, sim, dã, é meio que por isso que essa franquia é chamada de BAFORADA DE FOGO para começar, só que em Breath of Fire 4 os dragões são realmente MUITO interessantes.
Dragões, aqui, são deuses. Eu quero dizer literalmente, Thor style, Zeus full power... mas com menos pimbadas em camponesas. Nesse mundo, Dragões são convocados através de um antigo ritual que os imbuem de um objetivo ou desejo. Este desejo torna-se uma força motriz para o dragão em questão que literalmente muda a história e até mesmo a geografia desse mundo.
Assim, Dragões podem ser convocados para literalmente salvar o mundo de uma força maligna, ou então para se tornar a própria força maligna em questão - eles não são bons ou maus per se, depende de para que o deus-dragão foi invocado para o plano material. Nosso herói aqui, Ryu, é um dragão… bem, mais precisamente, ele é metade de um dragão.
Bem, não esse DRAGON HALF, mas então essa é a única chance que eu vou ter de fazer referencia a esse anime na história desse blog, MIM DEIXA!
Muitos séculos atrás, o mundo estava assolado por guerras entre as diversas nações que o compunham. Algumas pessoas então invocaram um deus-dragão com o desejo de acabar com o derramamento de sangue... mas a invocação não saiu exatamente certa e, como tal, acabaram invocando METADE de um dragão. Apenas parte de sua essência conseguiu passar para esse mundo. Este dragão era Fou-Lu, e mesmo com apenas metade da sua essencia ele conseguiu realizar esse desejo unificando todas as nações sob o jugo de um império que abrangeria o mundo inteiro. Unidos sob uma nação, estes povos não teriam necessidade de travar uma guerra, ou ao menos a ideia era essa.
Enquanto Fou-Lu foi o imperador, a coisa funcionou, houve paz e o Império ia muito bem. Só que como sua invocação tinha sido feita nas coxas e ele era apenas metade da essencia do deus-dragão, ele começou a ficar sem poder mágico. Então ele deu o seu melhor e mandou construir um mausoléu onde hibernaria até que o resto de sua essência chegasse ao mundo e/ou sua magia se recuperasse para que ele pudesse continuar o trabalho. E depois de nomear um novo imperador para cuidar das coisas por enquanto, ele foi dormir.
Muitos séculos depois, quando sua outra metade finalmente chegou ao mundo (demorou um pouco, a encomnda deve ter ficado presa em Curitiba) - este seria nosso protagonista Ryu - Fou-Lu acorda, mas... tem um pequeno probleminha.
Primeiro que ele e Ryu nem estão no mesmo continente para começar, segundo que o atual imperador não é tão fã assim da ideia de renunciar e devolver a Fou-Lu o trono. Na verdade, ele decide matar Fou-Lu e Ryu para que ninguém viesse ameaçar a sua mamata de ser o Imperador... pq, como já deu pra imaginar, a coisa meio que deu uma corrompida nesses séculos que Fou-Lu foi dormir e o Império, que deveria ser a solução para os problemas do mundo, acabou se tornando o maior desses problemas
No jogo, isso é contado através de você jogando os dois lados da história. Embora você jogue principalmente com Ryu, de vez em quando a história muda e você joga o que quer que esteja acontecendo com Fou-Lu naquele momento. Desta forma, você poderá vivenciar a jornada de ambos, bem como a diferença entre como toda a situação atual se apresenta tanto dentro do Império, onde está Fou-lu, quanto nos reinos do continente onde Ryu acorda.
Tanto Fou-Lu quanto Ryu também se sentem atraídos um pelo outro ... não, não atraídos desse jeito, seu yaoizero safado, eu quero dizer que eles sentem que estão fadados a se unirem novamente e se tornarem um dragão inteiro. Então o jogo vai construindo rumo a esse confronto - sim, confronto, dado que a disparidade em seus caminhos acaba fazendo com que tanto Ryu quanto Fou-Lu se tornem pessoas fundamentalmente opostas e suas discrepâncias filosóficas sejam o verdadeiro cerne, o tema central em Breath of Fire 4.
O que acontece aqui é que após acordar, Fou-Lu é traído pelas pessoas que ele deseja desesperadamente salvar. Eles o atacam e o caçam implacavelmente. As pessoas que simpatizam com ele ou o ajudam são vistas como traidoras e como ferramentas potenciais para feri-lo. O imperador e seus homens não pouparão esforços em sua busca para matar Fou-Lu e ter que abrir mão do carguinho.
Ao longo de Breath of Fire 4, você acompanha a descida de Fou-Lu ao desespero e à tristeza, já que ele não conhece outra coisa que senão o pior que existe no ser humano. Isso o magoa tanto que no momento em que você o alcança para o confronto final entre os dois protagonistas, não resta nada nele além de dor e ressentimento. Fou-Lu, que conheceu apenas a ruindade do ser humano, entende que a forma de livrar o mundo da guerra é livrar o mundo das pessoas. Enquanto os humanos estiverem por aí, causarão dor. Ele vai eliminar esse mal pela raiz.
Ryu, por outro lado, é o contraponto a esta história e ponto de vista. Quando Ryu acordou, ele foi resgatado por dois viajantes - Nina e Cray - que estavam em uma quest para resolver seus próprios BOs. Como ele não tinha nada melhor para fazer - ele literalmente tinha acabado de nascer, afinal - ele passa a andar com os dois em suas aventuras, vai fazendo novos amigos, ajudando a galere por onde passa. Ao contrário de Fou-Lu, Ryu conhece o MELHOR do ser humano, a amizade, o altruísmo de ajudar um desconhecido sem pedir nada em troca, a capacidade de trazer esperança onde não existe nenhuma. Ryu aprende que vale a pena acreditar nas pessoas. Para cada momento de dor, cada escolha onde se pode escolher causar a tristeza e a desgraça, existe também bondade, confiança e amor.
ESSE embate é o cerne de Breath of Fire 4. A história constrói os dois lados dessa discussão através de cada um de seus protagonistas e, no final, eles ficam frente a frente, ambos querendo se unir, se completar, mas também ambos querendo para que seu próprio ponto de vista seja o que eles representam como um deus. Um final que busca trazer uma resposta para uma questão da qual o jogo passa a totalidade construindo os dois lados.
Agora... se isso não é uma SEM ORA DE UMA POUTA HISTÓRIA A SER CONTADA então meu nome é Epivaldo Adalberto Fagundão. Com efeito, quando você pensa sobre esse isso, esse conceito não é novo na ficção e esse é o core da temática dos quadrinhos de Frank Miller - O Cavaleiro das Trevas.
De um lado o Super Homem representa a esperança naquilo que temos de melhor, a fé inabalavel que a humanidade pode mais, que a algo fundalmente bom dentro de nós e que precisa apenas de uma pequena ajuda para ser trago a tona, o que é o verdadeiro papel dele muito mais do que socar monstros. Não é por acaso que o azulão é conhecido como "o Homem do Amanhã", porque mais do que sobre força ou poderes, o Super Homem é sobre esperança.
Do outro lado, o Batman é o exato oposto disso. Ele não acredita em absolutamente nada nas pessoas e sabe que basta apenas um estalo para que as pessoas se tornem psicopatas amorais - o que, de certa forma, é um ponto que ele e o Coringa concordam a respeito. O Batman conhece apenas o pior das pessoas, e tudo que ele pode fazer é descontar a sua dor em vagabundos piores que ele - um psicopata de cada vez.
Agora, como eu disse, essa é um grande conceito para uma história ou o que? Quer dizer, é um conceito tão bom que eu não vejo como alguém possivelmente poderia estragar isso!
VOCÊ QUER DIZER, COMO O ZACK SNYDER EFETIVAMENTE ESTRAGOU ISSO EM "BATMAN V. SUPERMAN" AO NÃO TER A MAIS REMOTA IDEIA DE SOBRE O QUE O SUPER-HOMEM REALMENTE É A RESPEITO... E FAZER UM FILME CHATÃO PRA PORRA DO BATMAN CONTRA UM TIPO MAIS SEM GRAÇA DE BATMAN?
Hmm, tá, suponho que dê sim pra estragar essa ideia. Na verdade, tanto dá que efetivamente Breath of Fire 4 tropica nelas de boca no chão, mas é um tombo de mão no bolso, meu irmão! BoF4 faz algumas coisas muito erradas na forma com que conta sua história, e é sobre isso que eu falarei a seguir.
Pra começar... nosso primeiro problema é que toda essa divisão filosófica acontece entre um personagem que passa por um arco de história intenso e bem desenvolvido... e um tijolo que apenas está lá assistindo as coisas, mas a história tenta te dizer que ele é o garoto mais especial
O problema aqui é que, como era comum naquela época, Ryu é um protagonista que não fala, ele apenas está lá parado enquanto a história aconteceu. Sua natureza de dragão deveria fazer ele ser sobre ele experimentar e vivenciar o mundo, mas seu arco narrativo na verdade é sobre Nina e Cray procurando pela irmã de Nina enquanto Ryu... vai junto pq ele não tem nada melhor pra fazer realmente - com efeito, é literalmente justificado dessa maneira - e Ryu participa tanto da história quanto uma cadeira. Ele nunca FAZ nada sozinho, nunca expressa qualquer opinião... ele apenas fica parado ali.
Olha, eu não sou o maior fã do mundo de protagonistas silenciosos e eu acho isso de "você consegue se projetar no personagem” uma bullshit que não funciona porque a maneira de fazer ISSO corretamente é justamente fazer com que você se expresse através do seu personagem. Joguei MUITAS horas de Baldur's Gate 3 e aquele protagonista NÃO é silencioso, vc fica escolhendo dialogos o tempo todo que influenciam a história, isso sim é ser um protagonista que você mesmo constrói. Ryu simplesmente é um não-personagem
Isso não é um problema algo exclusivo de Breath of Fire, onde todos protagonistas são silencioso - em Breath of the Wild, por exemplo, as cenas seriam muito melhores se você apenas removesse o Link da cena e deixasse os personagens reais conduzirem a história
Mas não é como se ter um protagonista silencioso fosse impossível contar uma boa história, por mais que eu geralmente não goste deles. No próprio BREATH OF FIRE 3 mesmo, o Ryu daquele jogo é igualmente silencioso mas ele é bem mais expressivo, ele está o tempo todo FAZENDO coisas, ele tem os SEUS objetivos, ele QUER coisas, ele REAGE as coisas que acontecem. Ele não é apenas parte do cenário que está lá pq ele não tem nada melhor pra fazer, sabe?
Em Breath of Fire 4, entretanto, isso se torna particularmente problemático pq o jogo quer fazer desse não-personagem a chave de um debate filosófico profundo sobre o valor ou a falta dele da humanidade. O debate acaba se resumindo a um argumentador eloquente de um lado e um tijolo do outro e o "debate" do final do jogo acaba sendo tão ridiculo quanto a imagem mental que essa descrição evoca.
BoF4 apenas quer que o jogador finja que há um personagem e uma discussão onde não existe nenhuma, o que não apenas é preguiçoso como torna algo que poderia ser uma excelente narrativa em uma grande tolice. E se alguma coisa, você não quer que a sua narrativa de 40 horas sobre a profunda dualidade da existencia humana seja resumida como "isto é uma grande tolice", suponho que eu não precise explicar isso.
O resultado disso é que no fim do jogo eu, o jogador, senti que Fou-Lu estava obviamente errado. O ser humano não é uma abominação abjeta cuja única solução é a extinção... só que o jogo em si, simplesmente não me dá um contraponto para isso. Eu não saberia apontar o que, EXATAMENTE, na história de Ryu deveria ser a base para essa discordância... exceto que seus amigos serem pessoas razoavelmente legais. Se tirar a minha visão pessoal de mundo, o jogo em si não te dá nada sólido para que realmente discordemos de Fou-Lu e não apenas sigamos com o bad ending.
ESPERA, MAS ESSE JOGO TEM TIPO UMAS 40 HORAS E AS PARTES DO FOU-LU DURAM NO MÁXIMO, NO MÁXIMO UMAS 2 HORAS SE CHEGAR A TANTO. O QUE É QUE VOCÊ FICA FAZENDO NAS OUTRAS 38 HORAS COM RYU E SUA TURMA, ENTÃO?
Majoritariamente, enchendo linguiça. E esse, ao meu ver, é o real principal problema de Bafo de Fogo 4: o que Ryu e sua galerinha muito louca ficam fazendo é 90% filler. A ideia da coisa é que Nina e Cray estão procurando a irmã da Nina, mas nunca realmente vai muito além disso.
E por isso eu quero dizer muito seriamente que esse jogo é sobre matar tempo e só, é isso o jogo. Tipo nossos heróis chegam numa cidade e querem ir para a próxima, mas precisa de um barco. O Lord local não permite você seguir viagem por qualquer razão que seja. Então uma das crianças do orfanato da cidade diz que sabe de uma forma de convencer o manda-chuva da cidade... se você brincar de pega-pega com ela. E então brincar de esconde-esconde achando seis crianças na cidade. Aí você consegue um meio de falar com o Lord local e ele diz que vc pode viajar no barco dele... se você for em outro lugar e recuperar uma coisa pra ele em uma dungeon. E depois for em outra cidade trabalhar empilhando caixas pra ele (virou SHENMUE essa porra agora).
Eu não estou inventando ou hiperbolizando nada disso, isso é literalmente o que você precisa fazer para passar por UMA cidade. Você faz um bando de tolices apenas para encher linguiça, a história avançada zero, vai pra próxima cidade e você precisa fazer mais tolices aleatórias por nenhum grande motivo que senão matar tempo. Enxague e repita pelas próximas TRINTA E TANTAS HORAS, apenas porque sim.
Sério, quem foi que escreveu esse jogo, o Tio do Jackie-Chan?
BoF4 in a nutshell |
E eu vou te dizer que a experiencia de passar 35 horas fazendo filler de anime genérico sem muito proposito se torna pior ainda por como a coisa é executada. A câmera e os controles de Breath of Fire IV são tão terrivelmente ruins que eu não tenho muita certeza de por onde começar.
Apesar de eu refrisar que PUTA MERDA COMO ESSE JOGO É BONITO PRA PORRA, nada, e eu não quero dizer nada, vai ficar mais na sua memória de seu tempo com Breath of Fire 4 do que a maneira como você vê e se move ao redor do mundo.
Quero dizer, mas que porra é essa? Quem aprovou isso? Em que ponto os designers viram esse sistema funcionando e pensaram: “Belê, tá bom assim”. O que os testadores estavam bebendo quando jogaram isso e não sinalizaram imediatamente isso como um problema?
Deixa eu tentar explicar o problema aqui: em Breath of Fire IV você pode se mover em 4 direçõs. Esquerda, direita, cima e baixo, nada incomum até aí. O problema é que a camera é inclinada num angulo de 45 graus, então seu personagem só se move nas direções cardeais... mas o jogo é INTEIRO desenhado de forma diagonal. E vc não anda nas diagonais. G-ZuZ, sério, como a mera descrição dessa última frase não soou um problema para a Capcom?
Eu acho que eles tentaram fazer uma coisa tipo a camera de XENOGEARS, só que lá você pode girar a camera a vontade. Aqui vc só pode rodar de um angulo de 45 graus para outro angulo de 45 graus. Adicione a isso masmorras superapertadas e cidades onde você literalmente não consegue ver qualquer coisa, ou puzzles baseados em tempo que dependem especificamente de controles e câmeras ruins para seu desafio.
Sério, mais de uma vez eu tive que lutar TRÊS encontros aleatórios pq eu não conseguia subir uma escada PQ A PORRA DO BONECO NÃO ANDA NA DIAGONAL E A CAMERA É TODA NA DESGRAÇA DA DIAGONAL CACETA. E NÃO FOI UMA NEM DUAS VEZES ISSO, CACETE DE AGULHA!
Enfim, eu não gosto da camera desse jogo, acho que deu pra notar. Mas tá, respira, calma, passou...
Apesar de tudo isso, Breath of Fire 4 é um RPG okay com um elenco de personagens interessante que são razoavelmente bem escritos (nos dialogos, pq dos seis membros da party pelo menos 4 estão ali literalmente só pq "ah, não tinha nada melhor pra fazer mesmo"), um sistema de batalha simples mas eficaz (o sistema de Mestres do jogo anterior foi inteiramente simplificado ao ponto de ser irrelevante), e um mundos com uma intenção narrativa bastante ambiciosa. Só que no fim do dia, ele é puxado pra baixo pelo fato que a Capcom não sabia como preencher TRINTA HORAS DE JOGO senão com fillers ou como ilustrar a história que eles queriam contar.
Eu não tenho palavras para descrever o quão ruim é achar qualquer coisa nas cidades e nas dungeons com essa camera |
Mas então, eu estou mais desapontado com BoF4 do que irritado com ele por ser um jogo ruim, até pq ele não é. E por mais que eu abomine esse sistema de "vilazinha da semana" onde vc tem mais um bando de fetch quests que não levam a lugar nenhum, e por mais que BoF4 seja umas 35 horas só disso no mínimo... eu não detestei o jogo tanto quanto a descrição acima poderia me fazer desgostar dele.
Talvez seja uma compreensão crescente de como apreciar os jogos dentro do seu contexto, em vez de esperar que sejam algo mais moderno. Nah, é por causa a sprite art mesmo. Puta jogo lindo da caralha.