segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

[#1037][Fev/97] DINASTY WARRIORS (ou "Sangoku Musou" no Japão)


Hoje é dia de falar de uma daquelas franquias ultra consagradas mas que eu nunca realmente tinha pego pra jogar realmente ainda, e que é uma das atrações desse projeto para mim afinal - jogar algumas coisas que eu sempre ouvi falar dentro do contexto e com calma. E dificilmente você pode ser mais consagrado do que a série Dinasty Warriors: além de 9 jogos da série principal, uma cacetozila de spin-offs (desde jogos mobile a jogos de estratégia) que no total somam mais de 45 jogos.

Mais importante que isso, no entanto, é que DW é uma franquia que gerou o seu próprio genero: o Musou (em referencia ao nome japones do jogo, "Sangoku Musou"). Musou é um descendente do beat'm up só que a diferença é que você enfrenta hordas de inimigos ao mesmo tempo. E eu não estou exagerando, são fucking HORDAS mesmo!


Sem exagero, você luta contra dezenas de inimigos ao mesmo tempo, as vezes centenas dependendo da capacidade do console que está rodando o jogo. Não existe realmente muita estratégia aqui, é mais sobre passar o rodo em geral e a sensação de satisfação que isso causa.

Hoje existem vários tipos de Musou, inclusive uma franquia de Musou de One Piece, de Gundam e até mesmo uma série de Zelda Musou, pq é claro que teria, como não, não é verdade?


Bem, agora que estamos todos apresentados com essa curiosa vertente dos vidjagueimz, vamos ver então como tudo começou no primeiro Dinasty Warriors para PS1!


Espera... o que? Dinasty Warriors para o PS1 é um jogo de luta na verdade? Bem, okay, faz sentido, eu sempre me perguntei como caralhas o PS1 aguentaria dezenas de bonequinhos na tela ao mesmo tempo, mas ainda sim... não era o que eu esperava.

Então, o que acontece é que o Dinasty Warriors musou, que é o que todo mundo conhece, na verdade é um spin-off. Quando os desenvolvedores estavam pensando em fazer uma continuação desse jogo o PlayStation 2, em 2002, eles perceberam que havia uma saturação de jogos de luta no mercado. 


Para se destacar, eles imaginaram um cenário de campo de batalha e se concentraram na perspectiva do jogador trabalhando com um equipe para lutar contra vários oponentes ao mesmo tempo - só que como isso era muito complicado de fazer com a capacidade do PS2, eles decidiram optar pelo caminho do exército de um homem só que é como esse genero nasceu. 

Tanto que nesse segundo jogo, ele se chama "Shin Sangoku Musou" (Novo), e a Koei considera a data de lançamento dessa continuação como a data de aniversário da série, qualquer evento comemorativo que celebre os X anos sempre é baseado na data de lançamento do Dynasty Warriors 2.


Então, resumo da história, o jogo que todo mundo imagina é um spin-off... de um spin-off! Isso pq mesmo esse primeiro Dinasty Warriors não é uma franquia 100% original, ele é o spin-off de luta para os jogos de estratégia Romance of Three Kingdoms - que de alguma forma é mais popular ainda que Dinasty Warriors no oriente, dado que a série principal lançou o Romance of Three Kingdoms 14 em 2020.

E bem, não é como se faltasse material para isso, pq o Romance dos Três Reinos é um dos maiores - se não for O maior - livro do mundo. Tendo mais de 800 mil palavras, mais de mil personagens (a maior parte figuras históricas reais) em 120 capítulos, esse livro do século 14 conta a história da formação da China através do ponto de vista das pessoas, nobres e plebeus, e suas vidas pessoais, paixões e lutas. 

Enfim, é apenas o livro mais popular do país mais populoso e com uma das culturas mais antigas do mundo - considerado um dos quatro grandes romances clássicos da literatura chinesa, sendo que um dos outros é "A Margem da Agua" que eu falei a respeito na review de SUIKO EMBU: Outlaws of Lost Dynasty.


Agora falando do jogo em si... hãaaaaaaa... 


Enquanto não se pode afirmar que os jogos de luta PS1 de baixo orçamento não tem lá seu charme nostalgico, não tem como não reconhecer que a luta em si é... desajeitada. É realmente difícil fazer qualquer combo particularmente sofisticado, os ataques especiais só saem aleatoriamente mesmo depois de ver a lista de movimentos, e as arenas em si são beeeeem pobres mesmo para o PS1.

Apesar disso, o que foi feito aqui não é terrível. O jogo essencialmente um 
SOUL EDGE
 do homem pobre - eu digo isso pq o jogo também é um jogo de luta 3D baseado em armas como o sucesso da Namco, só que aqui tudo é feito de uma forma bem mais dura, rudimentar e desinteressante. O jogo até tenta algo diferente criando um sistema mais baseado em aparar o golpe do que defender.


Isso quer dizer que se dois ataques na mesma altura se chocarem, eles se repelem com zero perda de energia (ao invés da defesa de apenas segurar para trás, que você perde energia). A ideia é legal, mas infelizmente os controles são muito duros para você poder reagir a tempo, de modo que essa mecanica é essencialmente uma questão de sorte.

Além disso os personagens tem estilos de luta diferentes, baseado nas armas como em 
SOUL EDGE
, porém os designs dos personagens não são muito interessantes para quem não é nerd de cultura chinesa ou fã da série musou que foi lançada depois e curte a ideia de um spin-off de luta com personagens que vc já conhece (embora esse seja o jogo original, mas vc entendeu).

Fãs da série, por exemplo, ficarão surpresos ao saber que a Diao Chan de Dinasty Warriors 8...

... teve origens bem mais modestas.

Lançado na mesma época que jogos de luta como o já citado 
SOUL EDGE
 ou Tekken 3, Dinasty Warriors era um jogo de luta fraco para a época e transforma-lo no que viria a ser o genero musou foi a melhor ideia que a Koei já teve na vida. Isso e transformar os jogos de luta Dead or Alive um jogo de volei de praia de cocotinhas.

Video Games funcionam de formas misteriosas.


MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 116 (Junho de 1997)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 038 (Maio de 1997)

MATÉRIA NA GAMERS
Edição 019 (Junho de 1997)