quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

[#1026][Jul/96] DIE HARD ARCADE (ou "Dynamite Deka" no Japão)

No inicio de 2022, o famoso ator Bruce Willis - que mudou para sempre os filmes de ação, como eu comentei em DIE HARD TRILOGY - se aposentou após ter diagnosticado um quadro de afasia, que é uma degeneração cerebral que torna dificil se expressar e/ou compreender qualquer forma de comunicação. Definitivamente não é uma coisa legal, isso não precisa ser dito.

Porém antes de se aposentar, Brução da Massa fez um rushadão para fazer um pé de meia para sua aposentadoria e para deixar para  família Willis. E eu não estou exagerando aqui: entre 2021 e 2022 ele participou de nada menos que DEZENONVE filme. DEZ e NOVE em menos de dois anos. O que, como você pode supor, quer dizer que ele participou de qualquer porcaria que pagasse mesmo que fossem coisas do nível mais genérico possível - quer dizer, quando o filme se chama "Conspiração Explosiva" vc não realmente pode esperar muita coisa.

Curiosamente, o port de Saturn desse jogo tem um minigame de Destroyer do Atari que pode ser jogado antes de começar o jogo para ganhar continues, te dando uma nova "ficha" a cada 200 pontos. Cool.

Não que eu condene, pelo contrário, no lugar dele eu faria a mesmissima coisa pq cada um sabe os boletos que tem. Porém se vamos falar de granas faceis que o Bruce Willis levou, poucos casos são realmente mais estranhos do que o OUTRO jogo de Die Hard - este lançado pela Sega para, como o próprio nome já diz, arcades.

O que isso tem de tão estranho é que o jogo usa a licença de Die Hard... mas meio que só no nome. Quer dizer, o jogo se passa em um prédio, okay, mas até aí ele poderia ser mais um spin-off de ELEVATOR ACTION. Quer dizer, sério, olha essa tela de título e me diz se esse cara é o Bruce Willis!

Verdade seja dita, na capa japonesa do jogo o cara parece mais com o Bruce Willis, deveriam ter usado essa arte no Press Start

Aparentemente  John Mclain virou um jogador genérico da Alemanha do WINNING ELEVEN e o player 2 é... o John Connor? Agora se o chefe final do jogo não for o T1000 eu ficarei seriamente desapontado, olha esse crossover dando mole, Sega!


Quando eu digo que o jogo não tem nada haver... a ver? eu nunca entendo esse idioma idiota... com Die Hard, não é zoeira. Nosso herói aqui é algum tipo de... policial que pula de helicopteros ... eu ia dizer que ele é algum tipo de equipe especial tipo SWAT mas ele tá usando camisa e jaqueta, o que definitivamente não é o uniforme padrão... e Bruce Willis e John Connor entram no prédio metendo bala em todos bandidos.

Alias pq eles estão metendo bala nos bandidos, tirando o fato de ser anos 90 e não realmente precisar de um motivo? Pq Shang Tsung sequestrou a filha do presidente, é claro!


O jogo tem tão pouco haver com Die Hard que a Sega do Japão não tinha os direitos da marca Die Hard sequer se deu ao trabalho de correr atrás. Assim eles lançaram o jogo no Japão como uma nova IP, o DETETIVE DINAMITE! Não, sério, é esse o nome do jogo em japonês, Detetive Dinamite aprontando altas confusões indo atrás destes bastardos antes que os tiras os peguem!

Tá, mas chega de bobagem, vamos então falar do jogo em si... o que, como dá pra esperar, é incrivelmente bom. Se tem algo que eu digo e repito constantemente nesse blog é que a Sega, apesar de todos os inúmeros muitos e quase infindáveis defeitos, totalmente sabia o que estava fazendo nos fliperamas, e esse caso aqui não é exceção.


Quer dizer, é um jogo em que você dispara misseis a queima roupa usando uma boombox e por algum motivo lutadores de sumô estão no golpe para sequestrar a filha do presidente, o que há para não amar aqui?

DHA é o primeiro beat'm up 3D da Sega, e claramente eles usaram a engine de VIRTUA FIGHTER 2 aqui... só que de um jeito realmente estúpido. E eu quero dizer o tipo bom de estúpido, saiba você. Como por exemplo esse agarrão que totalmente saiu de um jogo de luta, mas que funciona especialmente bem um beat'm up:


É particularmente satisfatório como ele pega impulso para arremessar o inimigo 3 metros para cima. Ou então usar a engine de VIRTUA FIGHTER 2 para fazer clássicos dos beat'm ups, como o bom e velho suplex pile driver!


Yeah baby, é disso que estamos falando! Se não for para causar concussões irreversíveis nos inimigos eu nem quero começar o jogo! Bem, verdade seja dita eu estaria mentindo se dissesse que sei exatamente quais combinações de botões fazem o que EXATAMENTE, mas esse jogo tem tantos golpes diferentes que mesmo no final do jogo vc vai estar descobrindo novos movimentos que vão te fazer sorrir com a sua maluquice arcadiana. Da gud stuff.

Porém o moveset é apenas uma parte do jogo, o grosso mesmo da diversão vem da quantidade absurda de armas que você pega em cada tela do jogo. Sério, desde ALIEN VS PREDATOR
eu não via um beat'm up com tantas armas assim... com a diferença que aqui elas são bem mais variadas. Quer dizer, todo mundo espera as pistolas e metralhadoras, mas... e quanto a um relógio cuco por razão nenhuma?


OOOU THATS A LOT OF DAMAGE! Ou, você sabe, se você estiver realmente se sentindo com vontade de ser ignorante, tem sempre a opção desse trabucão do inferno que eu não sei o nome, mas que claramente foi desenhada para perfurar tanques ou abater helicopteros em pleno voo!


Outras armas improvisadas envolvem televisões e desodorantes (cujo spray na cara atordoa os inimigos, mas que pode ser convertido em um lança-chamas se vc pegar um isqueiro tb). 

Adicione a isso que não apenas as armas são divertidas de usar e sempre tem algo acontecendo na tela, como a hit detection é bastante satisfatória e sempre é gostoso meter a chapuletada nos nepomucenos que sequestraram a filha do presidente - o que, chamem-me de louco por pensar isso se quiserem, é meio que todo o ponto de um beat'm up, ser satisfatório de meter a porrada nos caras.

Outro movimento que eu não faço ideia de como faz, mas que é super legal, é que você pode prender os inimigos como um policial de verdade e eles saem da luta mesmo que ainda tenham vida sobrando

A estrutura do jogo é um pouco diferente do seu tradicional beat'm up, thou. Ao invés de limpar todos os inimigos da tela e receber uma mensagem de "GO" para avançar, o jogo é uma sequencia de salas fechadas. Depois de limpar uma sala dá uma cutscene e vc vai para a próxima sala fechada. Agora, tem uma coisa aqui: nessas cutscenes rola um quick time event, a invenção mais odiosa da história dos videogames... exceto que nesse caso aqui eu não odeio o QTE.

Pq? Ora, pq quando o jogo te pede para apertar um botão numa fração de segundo é para uma cena realmente estúpida como tudo mais nesse jogo!


Mano, do nada o nosso DETETIVE DINAMITE vem correndo e mete uma voadora com os dois pés na fuça de um cara que só tava passando no corredor! Até onde sabemos ele pode muito bem apenas estar indo beber água ou abrir um pacote de Tostiness sem ninguém pedir um pedaço, mas não, vc entrou  no caminho do nosso homem que morre duro, BAM, voadora na sua fuça!

Okay, eu ainda odeio QTE, mas se for para dar um clothesline em um cara que tá só passando no corredor sem desacelerar, eu posso viver com isso.


Vê, esse é o tipo de coisa que espero de um arcade: um jogo hilariamente divertido, rápido e que, acredite ou não, não tem os shenanigans habituais de arcade de tentar comer suas fichas como se a vida dele dependesse disso. 

Se a Sega aplicasse esse grau de competencia que ela tem nos arcades as outras areas da empresa, a história dos videogames teria sido MUITO diferente...


MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 114 (Abril de 1997)


Edição 115 (Maio de 19997)



MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 037 (Abril de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 017 (Abril de 1997)