sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

[#1032][Nov/96] VS COLLECTION


O fim da vida normalmente não é uma visão muito bonita. E por isso eu não quero dizer morrer lutando contra hordas de esquilos-licantropos-zumbis em chamas com uma metralhadora embaixo de cada braço, não é esse fim da vida que eu me refiro e sim natural da vida. Vc sabe, velhice, senilidade, incontinencia urinária, todos os sinais claros que o seu corpo já dobrou o cabo da boa esperança e vc tá só fazendo hora extra nesse mundo. É definitivamente uma visão triste.

E o mesmo vale para os videogames. Parece que foi ontem que o Super Nintendo era cheio de vida e energia, era um sonho, era o ápice da tecnologia. E agora, a esse ponto de 1997, olha ao que ele se reduziu. Essa figura triste que precisa usar fralda geriatrica e não tá só fazendo hora nesse mundo


Isso pq a esse ponto todas as desenvolvedoras de renome - incluindo a própria Nintendo - já saltaram dessa barca, nos deixando apenas com desenvolvedoras menores como a... eu não to zoando com vocês... Bottom Up.

Sim, esse jogo cheio de pássaros esféricos de várias cores, chega até nós graças a desenvolvedora VAMO ENTORNAR ISSO DAÍ! Esse é o nome deles. Vamo Entornar. Eu acho que diz bastante sobre o que podemos esperar, não?

Caso não esteja associando o nome a pessoa, a ENTORNADA é responsável por outros jogos como... hã... 64 Trump Collection: Alice no Waku Waku Trump World... e Onegai Monster...? Eu sei lá cara, não tem muito com o que trabalhar aqui. Mas o que importa é que no final de 1996 eles lançaram essa... coisa. E oh, uma coisa isso é. Quer dizer, basta olhar pra ele pra ver o quanto coisa essa coisa é!

SUAS DESCRIÇÕES ESTÃO MUITO TECNICAS HOJE, NÃO?

Ah bem, VS Collection é uma compilação de quatro minigames, todos apresentando esses meio pinguins/meio pseudo-tofu. As coisas. Cada um dos jogos é de um gênero diferente, o primeiro sendo o mais elaborado aqui: Tamago Pakkun é a interpretação dos ENTORNADORES para TETRIS ATTACK.


Ou seja, você tem que trocar os ovos de posição para eliminar conjuntos - como bom Tetris Like - só que funciona um pouco diferente de Tetris Attack: vc nao troca um ovo de lugar com o vizinho como se fosse Candy Crush, vc escolhe um ovo para puxar para si e então dispara ele onde vc achar melhor.

Parece um pouco confuso explicando, mas na prática... bem, é um pouco confuso até vc pegar a manha, mas depois disso não é ruim realmente. Como de costume, o objetivo aqui é fazer combões loucos com 4 peças ou mais para sacanear o jogo do coleguinha, o que é importante já que o jogo aceita até três jogadores simultaneos.

Honestamente é o melhor minigame do cartucho. O que não quer dizer grande coisa realmente.


O segundo minigame, Yukidama Poi Poi, é uma releitura de Balloon Fight só que com a skin de bolas de neve. Isso quer dizer que você tem que atirar bolas de neve no outro time e desvia para os seus caboclos não serem atingidos e... é isso realmente tudo que tem nesse minigame. Uma partida é melhor de três rodadas, mas provavelmente vc já vai estar entediado antes do final da segunda luta.

Doki Doki Race é o clone do homem pobre de SUPER MARIO KART. Mais precisamente, é um jogo feito por alguém que ouviu uma descrição superficial do jogo por alguém que não joga desde que ele saiu em 1992. 

Não é como se o mundo estivesse com escacez de clones de Mario Kart mesmo em 1997, mas suponho que não teria doído pelo menos colocar Power Ups... ou a chance de se recuperar na corrida caso você cometa um erro. Apenas como cortesia, sabe? Teria sido bacana.

E por fim, Toria Taaku é o avô pré-histórico de Smash Bros - o que foi uma surpresa, tenho que dizer. Só que sem poderes ou o sistema de peso, é apenas usar o seu bonequinho para tentar empurrar os coleguinhas para o buraco. 


Embora esse modo tenha potencial pra ser divertido no multiplayer - eu não saberia dizer pq isso exigiria ter o minimo contato com uma especie rara de ser humano classificada como "amigos" - eu preciso dizer que a ideia funciona muito melhor na teoria do que na prática já que o seu personagem controla como se fosse um Marea Turbo tentando subir uma lomba no barro. 

Algumas culturas consideram que ter a sensação que vc está no minimo controle do seu boneco é parte da diversão de um videogame, e se você é adepto dessa filosofia então temo que esse minigame não seja o ideal para você.


Com efeito, o único jogo que encontrei sem controles absolutamente pavorosos foi o Tetris-like: é bastante simples manobrar o cursor e o jogo faz o que você manda ele fazer, um conceito revolucionário. A luta de bolas de neve seria quase jogável, se houvesse um pouco mais do que fazer porque tudo o que você pode fazer é apertar o botão de disparar e manobrar para cima e para baixo.

Talvez eu tenha sido um pouco otimista quando disse que a corrida queria desesperadamente ser Mario Kart, os gráficos são quase idênticos ... mas os controles são péssimos também. Em sua defesa, porém, tenta inovar ao oferecer o poder de pular fora da pista e potencialmente cortar curvas - o que é bastante útil nesta pista em forma de estrela - mas se você pousar fora dos limites da pista , perde instantaneamente. Parece que eles não puderam pagar o cachê do Lakitu pra te pescar de fora da pista. 


E como eu disse, o battle royale não seria tão ruim se os controles não fosse tão horríveis para começar e a física conseguisse ser pior ainda. Tudo o que você pode fazer é pular e provavelmente errar em empurrar o colega, levando inevitavelmente à sua morte no vazio abaixo.

SUPER BOMBERMAN não é, mas pelo menos permite quatro jogadores.

E, depois de rodadas suficientes, este estranho baiacu alado que vomita projéteis aparece apenas pra mostrar o quanto ele não se abala com nada, mesmo os ataques de meteoros não o detêm.

Estranhos baiacus alados que vomitam projéteis não se importam com nada. Eu gostaria de poder dizer o mesmo sobre mim, baiacu alado, eu queria poder dizer o mesmo...

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 037 (Abril de 1997)