sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

[#1027][Jan/97] SHINREI JUSATSUSHI TAROMARU

Hoje, falaremos do jogo mais raro da biblioteca do Sega Saturn. E quando eu digo que é o mais raro, eu não estou falando no sentido figurado:


Holy Guacamole, 13 quilo de picanha por esse jogo, isso que é realmente ser raro!

O motivo desse jogo ser tão raro não é muito complexo, entretanto: ele foi desenvolvido e publicado pela Time Warner Interactive Japan, que logo após a conclusão desse jogo decidiu que foda-se essa merda, to vazando dessa parada de VIDJAGAIMES. O resultado disso é que apenas 7500 cópias desse jogo foram produzidas, e de alguma forma uma delas caiu na mão da Super Game Power - logo aqui estamos nós.

A dificuldade em encontrar esse jogo (e logo seu preço), entretanto, não corresponde as expectativas que se deve ter dele. Quem paga quase 14k pra ter esse jogo na coleção está exclusivamente preocupado com a coleção, pq o gameplay em si... eh... melhor começar do começo.


Japão, um ASSASSINO PSIQUICO (sério, é isso que o nome do jogo significa) repousa no alto de uma torre. O que faz dele o pior guardinha noturno do mundo, e vc achando que no Japão não tinha essas patifarias do guardinha dormir no serviço...


Quando nosso herói se dá conta, a ... sei lá que porra essa mulher é, vou assumir que é uma princesa pq isso é um videogame... foi sequestrada. Eu acho, não é como se eu fosse fluente em kanji... ou em japonês em geral... ou sequer em português. O que eu não entendo é pq eles deixaram esse moedão junto com o bilhete anunciando o sequestro. Estariam os inimigos dizendo que não querem dinheiro, querem apenas amor sincero?

Maldito seja Timu Maiaru!


Okay, tenho que dizer que esse arrastão da geral dando com sebo nas canelas é particularmente engraçada... mas até onde eu consigo dizer, a história do jogo é só isso mesmo. Bem, é um arcade da Sega, não é como se história fosse...

NA VERDADE ESSE JOGO NUNCA FOI LANÇADO PRA ARCADE, ELE É EXCLUSIVO DE SATURN

Nani?! Bem, definitivamente não parece pq esse jogo tem MUITA cara de arcade. Desde as vozes digitalizadas super altas muito iconicas dos fliperamas (que podiam ser ouvidas do outro lado da galaxia), e a dificuldade que parece feita sob medida para comer o máximo possível de fichas no menor tempo possível. É realmente surpreendente que esse seja um jogo original de Saturn e não um port de arcade.


Por outro lado, meio que dá sim pra notar que esse jogo foi projetado direto para o hardware do Saturn, pq as texturas são bastante borradas e os sprites parecem pixelados, como se tivessem sido projetados para uma resolução mais baixa. Verdade que existem alguns efeitos bastante surpreendentes – os chefes multissegmentados podem não ser tão grandes quanto em Castlevania: Symphony of the Night (que saiu alguns meses depois de Shinrei Jusatsushi Taroumaru), mas eles são bem animados. E os efeitos de água são muito bons, o que é algo sempre muito dificil de fazer em videogames.

Mas bem, aspectos tecnicos a parte, vamos falar do jogo em si... que é uma ideia original, isso tem que ser dito. Taromaru é uma mistura entre MYSTIC DEFENDER ...


... e ALISIA DRAGOON.


Mas o que isso significa? O QUE ISSO SIGNIGIGICA!?!?!?

Significa que esse jogo é essencialmente um run'n gun que você tem que segurar o botão para carregar o poder do seu ataque (o ataque básico é bem fraco), como em MYSTIC DEFENDER, porém você não escolhe em quem atira e sim o jogo trava a mira automaticamente pra vc como em ALISIA DRAGOON.


Flutuando na frente do nosso herói tem que trava automaticamente no inimigo mais próximo, então tudo que você precisa fazer é apertar o botão (ou soltar o botão se o seu ataque estiver carregado) para atacá-los com fluxos de energia. Por um lado isso é útil, porque permite que você ataque os inimigos acima ou abaixo de você sem ter que pular ou descer para o nível deles. 

Por outro lado, o cursor de mira é extremamente caprichoso. Tem alcance limitado e nem sempre é totalmente claro quando algo está muito longe para atacar. Além disso, você não tem nenhum controle real sobre qual inimigo é o alvo, mas o pior problema mesmo desse jogo é que na maior parte do tempo a tela está cheia de inimigos e você só pode atacar um único inimigo por vez, o que faz com que esse jogo tenha a sensação que eu mencionei de ser um arcade para comer fichas - em especial pq o seu personagem é muito lento para desviar o seu ataque não ajuda a te defender, então ele tem muita cara de que certas partes não foram feitas para passar sem tomar dano. 


Para adicionar ofensa a injúria, muitos chefes também têm várias partes do corpo que podem ser alvo de ataque mas apenas uma é realmente um ponto fraco, então alguns chefes são frustrantemes pq vc tem que desviar das ondas de ataques deles e meio que torcer para o seu cursor travar na parte selecionavel certa. Adicione a isso que até mesmo os inimigos mais simples levam vários hits para morrer e que os chefes tem barras de vida absolutamente enormes... e temos um problema bem grande aqui na questão dificuldade. 

Para tornar o jogo mais dificil ainda, você também não se move quando está atirando,  o que dá ao jogo uma sensação frustrante de ser travado e vc é um alvo fácil sempre que atacar. Enquanto você pode tecnicamente concentrar suas rajadas psíquicas para atacar vários inimigos (como eu disse, bem parecido com MYSTIC DEFENDER), tem o fato que perde sua carga quando é atingido, te deixando na mão nas situações em que você mais precisa.



Além de seu ataque principal, teoricamente você também pode hipnotizar certos inimigos para lutar ao seu lado, semelhante aos jogos posteriores da série DARIUS. Essa é uma ideia incrível na teoria, mas na prática, funciona MUITO mais divertido em KIRBY SUPER STAR do que aqui. 

Apenas alguns tipos diferentes de inimigos podem ser recrutados – geralmente apenas sacerdotes voadores e algumas variações diferentes de ninjas. Você só pode ter um aliado por vez e eles geralmente não são muito agressivos. Eles apenas ficam parados e ocasionalmente atacam até que seu medidor de vida acabe. Você também pode fazer com que eles andem pela tela e causem dano por onde passam, que é realmente o único aspecto útil deste sistema. 


Como dá pra ver, Shinrei Jusatsushi Taroumaru sofre muito por causa da dificuldade e é o tipo ruim de dificuldade, a qual vc frequentemente não pode fazer nada a respeito já que seu personagem é lento para reagir e seu ataque faz pouco para te ajudar a se defender. Não fosse essa questão da dificuldade, entretanto, seria um uma excelente ode aos run'n gun dos 16 bits como SHINOBI. Seria, mas não é.

É um jogo que vale como curiosidade pq os chefes são interessantes, mas especialmente como objeto de coleção dado sua raridade. Jogar o jogo não é tão incrível quanto, e com certeza não 14 mil reais incrível.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 037 (Abril de 1997)