terça-feira, 12 de dezembro de 2023

[#1198][Abr/98] BOMBERMAN HERO

Em setembro de 1997, a Hudson pegou todo mundo de surpresa ao lançar BOMBERMAN 64. Digo surpresa pq todo mundo e a mãe de todo mundo esperava que BOMBERMAN 64  fosse uma adaptação literal do bombardeiro branco, só que com gráficos 3D... e não era. Pelo contrário, ele foi um esforço genuíno da Hudson em fazer um jogo de plataforma 3D (bastante inspirado em SUPER MARIO 64, obviamente) que usa os movimentos iconicos do herói das bombas para fazer a sua própria coisa em três dimensões. É um joguinho simpático, eu gosto dele.

Aí apenas três meses depois,a Hudson soltou o jogo que todo mundo esperava que BOMBERMAN 64 fosse: BOMBERMAN WORLD, para o PS1. Esse sim é literalmente o jogo do Nintendinho, só que com gráficos 3D. Bem menos interessante no meu livro, mas enfim, esse jogo existe.


Só que a Hudson estava realmente com fogo na raba e outros três meses depois, lança um terceiro jogo do Bomberhomem inteiramente diferente. Sim, o terceiro jogo em três meses e pouco, e nenhum sequer reaproveita os assets e muito menos a engine do anterior. Então ou a Hudson tinha uma equipe de um bilhão de programadores trabalhando em regime analogo a escravidão pra fazer TRÊS jogos diferentes em pouco mais de seis meses...

... ou esse terceiro jogo vai parecer muito o terceiro jogo da franquia feito na base do crunch e privação de sono. Vocês tentem adivinhar qual foi o caso aqui.

Bomberman ou um pedido de socorro, vcs decidem

Nossa história de hoje história começa com a Princesa Millian e seu companheiro robô, Pibot, escapando de seu mundo natal, Primus Star. O Império Garaden, que recentemente invadiu Primus Star, está em seu encalço. Acontece que a princesa roubou um disco de dados que contém informações sobre... algo importante, tenho certeza, e o império o quer de volta. Ela é capturada, mas antes disso dá o disco a Pibot e o instrui a procurar a ajuda de Bomberman.

MUITO ENGRAÇADO, MAS ISSO É A HISTÓRIA DE STAR WARS. FALA DESSE JOGO.

Mas eu to falando desse jogo, eles plagiaram Star Wars na cara dura e foda-se because Bomberman. E basear um enredo em Star Wars não é apenas plágio, é plágio clichê! No final, suponho que seja inofensivo. Enfim, de qualquer forma, ninguém vai jogar este jogo pela sua história e, além disso, quem não ama Star Wars? Tirando a Disney de 2023, obviamente...


Onde eu estava? Oh, certo. A nave de Pibot cai, levando Bomberman a investigar e aprender sobre as atividades do Império Garaden. A partir daí, Bomberman e Pibot viajam de planeta em planeta tentando resgatar a Princesa Millian, mas ela é levada pelo império no último segundo. Enxágue e repita, pq se podemos plagiar Star Wars é claro que também podemso plagiar Super Mario Bros. 

Eu queria que a Hudson tivesse investido tanto no jogo como investiu nos seus advogados, mas divago, vamos falar do jogo então: Bomberman Hero é um dos títulos mais diferentes dentre de toda a franquia por ser o único que, acreditem ou não, Bomberman pula! Os barranquinhos de 30cm não mais zombarão de nosso Bomberamigo, pois agora ele pode pular sobre eles com a força de mil bombas! ... ou algo assim, eu só achei que seria legal dizer. 


Nosso herói agora também não apenas coloca bombas no chão, seu ataque padrõa é arremessar bombas com quem arremessa um celular depois de receber uma chamada cancelando suas férias quando sua passagem já estava marcada para São José dos Ausentes!

ISSO FOI ESTRANHAMENTE ESPECIFICO, TÁTUDO BEM?

... hã... prosseguindo, chutar bombas também se tornou uma habilidade padrão do nosso herói. Seja como for, nosso menino Bombelicia agora pula e arremessa bombas, yay. E até funciona, os controles respondem satisfatoriamente bem, então uma treta a menos no BO. Yay novamente. Tá, mas e aí, isso faz o jogo ser bom? 


Então, quanto a isso...

Vamos colocar assim: não é como se os níveis em si fossem mal projetados no sentido que tem algo fundamentalmente errado com as fases, apenas... eles são tão desinteressantes que é realmente dificil você se importar com o que está jogando. Na maioria das vezes, as fases consistem apenas em correr em linha reta, saltando ocasionalmente através de buracos. 


O que, novamente, não é uma coisa ruim e tudo funciona como deveria funcionar e isso sequer seria um problema ... se estivessemos falando de um jogo de Nintendinho de 1985. Para um jogo de 1998, meio que é um problema não ter uma única coisa que realmente se destaca. A única coisa que vc tem para fazer na maioria das fases, além de ir para a direita, é tentar coletar 100% em um nível (isso significa matar todos os inimigos e coletar todas as joias e poderes). O que, com níveis tão monótonos, não é surpreendente como tudo fica cansativo e o jogo parece 5x mais longo do que ele realmente é (não em um bom sentido). 

Ah, e acumular 200 joias sem perder uma vida dá a você uma barra extra de energia, o que leva de cinco a seis fases para conseguir isso... só que por algum motivo o save do jogo não registra sua barra de energia (ou nenhum power up, na verdade), então se vc der load vc perde todo progresso. Simplesmsente delicioso, caras, delicioso...


Ah, a propósito, seus power-ups consistem em poder arremessar mais bombas em sequencia, mas como atirar uma bomba onde outra já explodiu detona ela (mais perto de vc) e assim sucetivamente, arremessar mais de uma bomba rapidamente geralmente cria uma onda de choque que acaba te acertando. Às vezes você consegue detoná-las remotamente, mas apenas para aquele nível especifico. Seja como for, meu ponto é, não espere muito dos power ups aqui - e eu digo isso no sentido de não espere usa-los mesmo.

De volta aos níveis, a maioria deles consiste apenas em uma linha reta. Alguns poucos tem um pouco mais de exploração que vc precisa coletar 4 cristais amarelos para destrancar uma porta, mas a maioria deles só apresenta realmente os seguintes desafios: não cair nos buracos e tentar ficar acordado, e alguns só têm este último. 


Bomberman tambem recua alguns metros quando é atingido por qualquer coisa, incluindo suas próprias explosões. E sim, pessoal, esse é o verdadeiro desafio do jogo  – garantir que você não se machuque ou se mate com suas explosões... o que é uma coisa bem bomberman, tenho que ao menos dar isso a eles.

Pra não dizer que o jogo não faz nada NADA de diferença, uma fase por mundo Bomberman pode se transformar em diferentes veículos e o jogo funciona essencialmente como um shmup... mas meio que passa tão rápido que eu não consideraria isso um ponto de venda para o jogo. Quer dizer, parece incrível nas propagandas, eu suponho, mas não espere mais do que poucos minutos disso realmente.

No que diz respeito a parte gráfica, o jogo está no mesmo nível da maioria dos jogos mediano da época, e a natureza simplista do design de Bomberman funciona bem com as limitações gráficas. Os ambientes transmitem muito bem o clima pretendido em sua maior parte, mas raramente têm muita personalidade. Ou alguma. Na parte técnica é que verdadeiros problemas aparecem: o framerate cai frequentemente, especialmente quando há múltiplas explosões na tela, o que, considerando que é um jogo de Bomberman, é meio que o tempo todo.


Então como eu disse, esse jogo é perfeitamente jogavel – em pequenas doses. Depois de jogar algumas fases e terminar uma seção de um planeta, é melhor você salvar seu progresso e desligar o jogo apenas para voltar no dia seguinte para fazer a mesma coisa. Devido a sua natureza repetitiva o jogo fica entediante quando jogado por mais do que alguns minutos e começa a parecer mais uma tarefa que você precisa tirar do caminho porque ninguém mais fará isso por vc. Ainda sim o jogo é esse, enxague e repita até que suas mãos estejam calejadas.

E como dá pra ver, não é um jogo que eu realmente me apaixonei - a única coisa realmente positiva sobre este jogo é a trilha sonora se você está buscando por jazz em midi... por alguma razão. É um jogo de plataforma 3D funcional, mas não mais que isso realmente.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 128 (Junho de 1998)

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 048 (Março de 1998)

Edição 051 (Junho de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 031 (Junho de 1998)