segunda-feira, 23 de agosto de 2021

[SNES/MEGA] JUSTICE LEAGUE TASK FORCE (Junho de 1995) [#750]


Me diga se essa imagem é familiar: a Marvel descobriu uma nova forma de capitalizar em cima dos seus personagens e após alguns anos de tentativa e erro, criou um blockbuster que seria lembrado por anos a seguir... então a DC pensou "hey, a gente tem personagens também, vamos pular a parte de entender como eles chegaram onde chegaram pq isso demora e nós apenas queremos dinheiro... pq nós gostamos de dinheiro". Com resultados que você poderia esperar de algo feito sem entender porque foi feito senão pq pareceu um dinheiro fácil.

Então, isso te lembra alguma coisa?

Quase. Porque foi mais ou menos isso que aconteceu com os videogames nos anos 90: após testar as águas com diversas produtoras, a Marvel finalmente encontrou uma forma de transformar seus personagens em dinheiro de uma forma consistente e com grande sucesso. Estou falando, é claro, de X-MEN CHILDREN OF THE ATOM que não apenas foi um grande sucesso nos arcades da época, como até o dia de hoje é um dos grandes pilares dos jogos de luta sendo o jogo do qual evoluiu a série VS da Capcom.

Foi quando a DC viu que isso de VIDJIAGUEIMS dava dinheiro e pensou "hey, eu quero dinheiro com isso!" e encomendou um jogo de luta a quem estivesse passando. E eu quero dizer literalmente qualquer um mesmo, tanto que caiu nas mãos da Sunsoft fazer "X-MEN CHILDREN OF THE ATOM só que com a Liga da Justiça". Suponho que a escolha foi porque a Sunsoft já tinha alguma relação com a DC, tendo feito jogos de plataforma como BATMAN: THE VIDEOGAME e SUPERMAN. Hey, se vc fez um jogo de plataforma sobre alguns de nossos personagens então o quão dificil pode ser fazer um jogo de luta com outros? Quer dizer, é tudo videogame igual no fim dia, certo?


Yeah, right... mas aí você pode se perguntar o que caralhas a Sunsoft entendia de fazer jogos de luta e a resposta é muito simples: nada, rien, niente, zero, zilch, zip. De forma que eles dividiram o desenvolvimento com qualquer um que estivesse aceitando trabalho... como a Blizzard. Agora, o que a Blizzard possivelmente entendia sobre jogos de luta então? Ora, que pergunta! É claro que... menos ainda.

Mas eles entendiam de precisar pagar boletos, e por isso fizeram esse jogo para pagar as contas enquanto desenvolviam seu pet project WARCRAFT: Orcs and Humans. Com efeito, esse foi o último jogo feito pela Blizzard antes do grande sucesso de Warcraft de modo que depois disso eles não precisaram mais aceitar esses freelas só pra fechar o mês - o que quer dizer que todos os jogos que eles fizeram dali pra frente foi apenas jogos que eles realmente estavam com tesão de fazer.

O que definitivamente não é o caso nesse JLTF, pegar duas empresas que não tem experiencia NENHUMA com o genero e fazer qualquer coisa no atropelo só pq a Marvel tava fazendo e deu certo é a receita do desastre.

Esse é um dos cenários de jogo de luta mais legais, a Liga da Justiça quebrando o pau e os leopardos de boa na arvore aí só "oh, e esses cara heim?"

A boa noticia é que, devido a competencia dos envolvidos, não saiu nenhum desastre apesar de todas as bandeiras vermelhas levantadas. A noticia ruim é que o jogo não vai muito além de "não é terrível" também. Eu diria que não vai NADA além disso, na verdade.

Os controles da Força-Tarefa da Liga da Justiça não são horríveis, mas são um pouco desajeitados. O jogo é para um jogo de luta (especialmente um que foi criado a sombra do jogo de luta ultradinamico dps X-Men), mas para além disso, é difícil fazer golpes especiais corretamente. Isso quer dizer, os golpes especiais que existem porque, cara, são bem poucos.

Além disso, o jogo parece excessivamente difícil. Eu até reduzi a dificuldade, e JLTF continuou super dificil graças aos seus controls super lentos e movimentos que parecem funcionar em apenas 50% das vezes. Claro, a CPU não tem esse problema. Não, os adversários controlados por computador não tem problemas não apenas para executar movimentos, mas também para emendar combos implacavelmente. 


Bem, um bom cast de personagens poderia ter mascarado esse problema até certo ponto, já que as pessoas podem estar dispostas a jogar um jogo ruim se ela tiver personagens que eles gostam, mas esse não é o caso aqui. Acredite ou não, esse jogo conta com o estupendo número de SEIS personagens jogaveis, o que é um número completamente inaceitavel para um jogo lançado em 1995. SEIS cara, que jogo de luta tem SEIS personagens?

O elenco é o mais básico que você poderia espera: Superman, Batman, Mulher Maravilha, Arqueiro Verde, Flash e Aqua Man. O que é realmente uma pena, porque deixou de fora do jogo os personagens da Liga com potencial para golpes mais criativos como Lanterna Verde e o Caçador de Marte, restando basicamente personagens com ataques bem básicos de projeteis (o Aquaman dispara uma ondinha, o Super Homem dispara visão de calor, o Batman Batrangue, mas meio que tudo é a mesma coisa)


Não me interpretem mal, este jogo PODE ser divertido de jogar quando você tem dois jogadores humanos jogando, você estará em pé de igualdade sem a CPU barata descendo a lenha como se tivesse sido paga pra isso. Não compensa todas as deficiências do jogo, mas pelo menos torna ele funcional. Você consegue jogar, fazer os golpezinhos (as vezes), funciona porque no modo dois jogadores você não vai ficar meio minuto para disparar um Batarang enquanto seu oponente avança cerca de uma dúzia em três segundos. 

Os gráfico são passaveis, nada para escrever para a casa a respeito em 1995, com destaque para que o jogo representa bem os quadrinhos da época. Ou seja, é a maior quantidade de mullets por metro quadrado da história dos videogames.

Colocando assim até parece tentador chamar Justice League: Task Force de um fracasso espetacular, mas também nada é feito de forma comicamente ruins. Isso nos deixa com um jogo que é simplesmente ... esquecível, especialmente pelo potencial que poderia ser feito com um jogo de luta da Liga da Justiça. Tanto que muitos anos depois a Liga da Justiça teve o jogo que merecia, mas isso é história para daqui a algumas decadas...

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