segunda-feira, 9 de agosto de 2021

[SATURN] ASTAL (Abril de 1995) [#743]

Eis aqui um jogo que eu tenho vividas memórias, apesar do fato que eu nunca tinha jogado ele. Isso porque eu lembro claramente da matéria na Ação Games mostrando uma imagem da cutscene anime-like desse jogo, e isso foi bem na época que eu a recem tinha descoberto que animes eram uma coisa e estava enlouquecido com qualquer coisa animezistica. 

Então esse é um dos jogos que eu estava esperando para jogar nesse projeto, terá essa espera de quase 30 anos valido a pena? É o que veremos a seguir.

Como de costume a capa japonesa é melhor, não que isso fosse muito dificil nesse caso...

Antes de falar sobre Astal, eu preciso te lembrar rapidamente da história da Sega, mais precisamente da E3 de 1995 e o lançamento do Saturn no ocidente. Eu contei mais detalhadamente essa história no post  sobre CLOCKWORK KNIGHT.

A parte que importa dessa história de desgraça e miséria foi que a Sega decidiu "secretamente" adiantar o lançamento do Saturn no ocidente de setembro para junho, mais especificamente "o Saturn está nas lojas... agora!". O que significa que todo mundo que DEVERIA saber disso foi pego com as calças na mão: lojistas e desenvolvedores de jogos igualmente - e ficaram bem pouco felizes com isso, por razões obvias.

Isso significa que muitos jogos que estavam sendo desenvolvidos para serem lançados em setembro foram rushados num desabalo desesperado para estarem disponiveis três meses antes, lançados ainda incompletos da forma que deu só pro Saturn ter algum jogo no seu lançamento americano. E eu não tenho duvida nenhuma que Astal é um desses casos, esse jogo FEDE a jogo lançado incompleto.


Olha essa abertura am slideshow e com uns filtros de Windows Movie Maker jogados em cima pra esconder as artes inacabadas,  se isso não um jogo lançado incompleto meu nome é Eustáquio Barbosa Neto e Sobrinho.

O que não deixa de ser uma pena, pq o jogo tem sim sua dose de boas ideias: o jogo começa com um prólogo explicando como o universo e seus personagens foram criados. Em suma, Astal foi criado para proteger Lida, uma criadora da vida. Aí um grande coisa ruim surgiu e para derrota-lo nosso menino Astal despirocou e destruiu a porra toda. Aí a deusa acordou do seu cochilo, só viu aquela zona toda e baniu Astal pra ele deixar de ser despirocado das ideias.

Para o seu crédito, o jogo não abandona a história conforme você avança e, na verdade, oferece uma narração completa da jornada de redenção de Astal de deixar de ser um abilolado das ideias e pensar antes de fazer as merdas... eu acho. É apresentado de uma forma tão superficial entre as fases através de slides narrados que eu apenas tenho uma leve noção que a ideia era essa, não dá pra dizer com certeza.


Yeah buddy, whatever you say.

E se você espera que a jogabilidade consiga ser melhor do que a história, então prepare-se para ficar desapontado com o jogo falhando em superar até mesmo essa barra que já é bem baixa.



Simplesmente, esse é um jogo de plataforma terrivelmente lento e enfadonho. Qualquer tentativa de velocidade é prejudicada por controles duros, lag nas ações e uma detecção de colisõa ridículas. Tudo isso conspira para criar um jogo lento que é pouco divertido de jogar.

Astal é um jogo de plataforma que falha nos aspectos básicos de um jogo de plataforma, mas isso seria de alguma forma relevável se o jogo apresentasse algumas ideias interessantes como mecanicas de jogo... o que não é o caso aqui. Esse é um jogo perturbadoramente simplista até mesmo se fosse um jogo de Mega Drive, mas como um jogo de Saturn é inacreditavel. 



Você literalmente anda alguns centímetros, joga de lado um porco cristalizado (?) ou um coelho cristalizado (??), anda de novo, joga outro inimigo, anda, joga, ad nauseam infinito. Não estou nem simplificando demais a mecânica de jogo, é assim que a maior parte do jogo flui, e pior, essas fases geralmente duram cerca de 2 minutos. Existem alguns segmentos de plataforma, mas também são terrivelmente básicos... quase como se a equipe não soubesse ainda trabalhar com o Saturn mas tivesse que lançar sem poder arriscar mais que o básico do básico porque o console foi adiantado e pegou todo mundo com as calças na mão.

Astal teve muitos adversários em seu lançamento: o lançamento fracassado do Saturn nos Estados Unidos, quase zero de publicidade fora de reviews revistas de jogos, uma caixa feia sem título no painel lateral (sim, até a caixa do jogo foi lançada incompleta) e ser um jogo de plataforma em 2D. 


Não que que ter gráficos 2D seja uma coisa terrível, na verdade, foi um dos primeiros títulos mais bonitos do Saturn - embora eu não goste do design do personagem, ao que ele se propõe a fazer ele faz bem. O problema é que a esse ponto quase tudo que podia ser feito com jogos 2D de plataforma meio que já havia sido feito.

No texto sobre GUNNERS HEAVEN eu falei sobre como um dos maiores acertos de Steve Race foi fincar o pé de que o Playstation não teria jogos de plataforma 2D na América salvo raras exceções porque eles não podiam se dar ao luxo de passar a sensação de "ah, é basicamente a mesma coisa que eu já jogo a anos, apenas um pouco mais bonito" e Astal ilustra isso perfeitamente.

Nem mesmo o modo para dois jogadores salva o jogo, já que a implementação é bem fraca. Basicamente eles tentaram fazer um SONIC 2 em que o segundo jogador pode controlar o sidekick... exceto que se fizer isso o sidekick ganha uma barra de vida e se ele morrer a fase volta pro começo. Sim, claro, vamos apenas copiar o pior coop da história dos videogames que é BATTLETOADS, o que possivelmente poderia dar errado?!


Alias apenas a titulo de curiosidade, a forma troncha que você tem que habilitar o modo de dois jogadores no menu de opções em uma opção que não parece relacionada mostra como isso foi apenas um afterthough. Ou, mais provavel, uma feature prevista para estar no jogo mas que foi socada de qualquer jeito por causa do lançamento tosco do Saturn.

Ao menos na versão japonesa este jogo faz algum sentido como algo exclusivamente voltado para crianças pequenas, já que vc pode tomar 5 hits e tem continues infinitos. No entanto, na América a Sega simplesmente negou o único demográfico que poderia estar remotamente interessado neste jogo ao mudar o jogo para apenas 3 hits e nenhum continue.

Enfim, esse é mais um dos jogos feitos na correria para o lançamento americano do Saturn, na mesma leva que CLOCKWORK KNIGHT - outro jogo rushado de plataforma 2D. Porque a Sega já não tinha arranjado problemas o suficiente para si mesma a essa altura do que tentar seguir fielmente os passos do 3DO com o Saturn, né?

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 093


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 012


Edição 016


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 003