segunda-feira, 2 de agosto de 2021

[ARCADE/SAT] NIGHT WARRIORS: Darkstalkers' Revenge (Março de 1995) [#737]

Nos encontramos nesse momento no ventre cálido do grande afã dos jogos de luta dos anos 90 (um genero que hoje é basicamente inexistente, salvo por duas ou três franquias). Eu nunca joguei tantos jogos de luta na minha vida, ao ponto que realmente me pergunto o que afinal diferencia o socador de pessoas A do socador de pessoas B.

E quer saber? Quanto mais eu jogo, menos eu acredito que o que define o que separa um jogo amado de um jogo esquecível é o gameplay em si. Quer dizer, claro que se o jogo for objetivamente ruim não tem santo que faça milagre (não tem como um RISE OF THE ROBOTS despertar nada senão ódio pela raça humana, isso é um fato). Mas se o jogo for minimamente arrumado, o gameplay é o de menos.

Taí MORTAL KOMBAT que não me deixa mentir. MORTAL KOMBAT nunca foi um jogo particularmente bom, como jogo de luta ele é meio troncho até e quando tentou se modernizar ter um gameplay melhor em MORTAL KOMBAT 3... não foi muito melhor que isso realmente.

Mas então o que diferencia um jogo de luta do outro? Aquilo que 9 em cada 10 reviews de jogos de luta dize que não faz diferença: conceito, background, personagens (não em um sentido mecanico). E de todos os jogos de luta da Capcom, que era a empresa que mais entendia isso, eu acho que nenhuma série executa melhor do que Darkstalkers.

Fanservice para todos os gostos ou seu dinheiro de volta

Nenhuma série tem personagens tão iconicos, tão únicos, tão você bater o olho e saber que está vendo Darkstalkers e isso faz diferença. Verdade que nada é perfeito e mesmo os Espreitadores Escuros tem personagens bem bosta que ninguém se importa com eles (sim Sasquatch, estou olhando pra vc) mas a real é que você só precisa de 3 ou 4 acertos realmente bons. As vezes nem precisa isso, chegar a isso já que todo mundo lembra do jogo da "velhinha beijoqueira" ... e bem menos gente lembra qual é o nome desse jogo (POWER INSTINCT, aproposito).

E eu acho que o anime criado para promover o segundo jogo de Darkstalkers ilustra bem isso. Embora talvez o mais irreal e exagerado de todos os jogos de luta (empatado apenas com Jojo's Bizarre Adventure), Darkstalkers sempre teve os personagens mais interessantes e a série de 4 OVAs tira total proveito disso.

Porém eis um problema inerente com essa série - com apenas quatro OVAs, como no mundo você vai seguir os eventos que cercam mais de uma dúzia de personagens e formar uma história coerente?

A resposta simples? Você não vai.

No episódio de hoje, lobisomem palestrinha chato da porra

O que o anime de Darkstalkers é pegar alguns dos personagens mais interessantes da série, os que tem mais potencial narrativo, e os elege como protagonistas. Claro, alguns desses "potenciais narrativos" envolvem uma catgirl que anda nua e quer ter um show, mas o mundo funciona de formas misteriosas.

Embora eu acho que o Victor e sua coisa de ser um constructo recem criado que não sabe nada sobre a vida, e acha que o seu criador não fala com ele pq está zangado com ele (ele esta morto, na verdade) daria uma boa história, eu totalmente entendo terem escolhido a catgirl.

Felicia está desapontada com a cotação do Dolar

De qualquer forma o meu ponto é que focar em menos personagens permite desenvolver o que eles tem de melhor, e o fato que eles tem algo de melhor para ser explorado depõe a favor desse jogo. Darkstalkers se passa em um mundo onde por algum motivo um eclipse se  instalou permanentemente sobre a Terra e nessa era de trevas todo tipo de tinhosidade sai dos bueiros enquanto as pessoas tentam seguir suas vidas tão normal quanto possível.

Isso leva a um cenário curioso que se permite ser medieval e moderno ao mesmo tempo, dependendo do que a história precisa, sem parecer gratuito ou forçado. Eu diria que o setting funciona bem. E enquanto os Darkstalkers estão cuidando das suas vidas (ou pós-vidas, em alguns casos), uma entidade cósmica galatica decide passar por aqui para encontrar um desafio a altura ao ponto que todo mundo tem que parar o que esta fazendo para lidar com isso.

Dimitri, o poderoso vampiro de pijamas

Assim Dimitri que passou os ultimos mil anos ploteando voltar para o Inferno e dominar a porra toda depois de ter sido exilado na Terra justamente em ter feito isso tem que parar seu ataque para lidar com fucking aliens. Ou Felicia que só queria fazer seu show de catgirls e é interrompida por isso, que espécie de monstro atrapalha um negócio desses, véi?

Acho que só Morrigan que está de boa, já que a coisa dela é que ela é uma succubus que está entediada de sua vida como concubina do senhor do inferno Belial e as vezes vem pra Terra escondida ver se algo interessante está acontecendo. E de fato estava, olha só.

Catgirl marombada, temos

Como o anime foi criado para promover o segundo jogo, a partir da metade ele se foca mais em apresentar os novos personagens introduzidos nesse jogo: Donovan Braine (e sua sidekick menina creepy from h311 Anitta) e Lei Lei... que a Capcom da América acho que ia ser um nome que não pegaria e decidiu mudar seu nome para Hsien-Ko. Eu nunca conheci uma única pessoa que soubesse pronunciar isso.

Se juntando ao cast dos Darkstalkers, temos Donovan é um caçador de Darkstalkers quando na verdade ele próprio é half-capiroto, lutando contra as trevas como forma de lutar contra a capetosidade dentro de si. O que ajuda na sua busca por humanidade foi justamente ter encontrado uma menina com poderes psiquicos Carrie-like, e que é toda sequelada porque ela viu coisas. Coisas, eu digo.


Lei-Lei e sua irmã Lin-Lin são filhas de uma feiticeira que se sacrificou para salvar sua vila da última era de trevas, ao preço de ter sua alma perdida dentro das próprias trevas. Para resgatar a alma de sua mãe, elas usam o que sabiam de magia, Lei-Lei se torna uma jiang shi (um tipo de vampiro/zumbi do folclore chinês) e sua irmã se transforma em um talismã para que Lei-Lei não perdesse o controle de si para as trevosidades.

Claro, nenhum desses plots é profuuuuuuuundamente desenvolvido pq afinal é um anime de 4 OVAs, mas eu achei bem feito o suficiente e, mais importante, me fez conhecer os personagens o suficiente para eu me importar com eles no jogo, o que é justamente o ponto da coisa toda como eu discorri no começo.

Anitta representando um brasileiro sendo assaltado no exterior, bitch please

Verdade que ajuda que as cenas sejam bem executadas e bem animadas, embora todos podemos reclamar da falta de uma luta entre a succubus e a catgirl... por razões academicas, claro. Night Warriors é bastante assistível e, embora talvez possa ser incompleto como uma história ao não resolver todos os pontos propostos, ainda é muito divertido de assistir - especialmente se comparado ao desenho animado incrivelmente estúpido e mal executado americano de Darkstalkers. 

Mas okay, agora que eu já passei uma ideia do quanto o anime reforça o ponto de vender o conceito dos personagens do jogo e essa parte é o que realmente importa no fim das contas, o que eu posso dizer do jogo em si então?

Não muito, realmente. Já que Darkstalkers: Night Warriors Revenge não é uma continuação e sim mais um daqueles "patches de update" que a Capcom adora fazer. Foram adicionados os dois caçadores de Darkstalkers (Donovan e Lei-Lei) e daí o nome, mas meio que é isso.

Afora isso foram dados pequenos toques na jogabilidade e gráficos, mas nada que você já não esperaria de um patch. As maiores contribuições dessa versão do jogo são realmente a introdução de dois personagens que se tornaram iconicos na série, e um anime promocional que acabou se revelando melhor do que teria o direito de ser.

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