sexta-feira, 10 de junho de 2022

[#905][ARC] STREET FIGHTER ALPHA 2 (ou "Street Fighter Zero 2" no Japão) [Fevereiro de 1996]


O Hadou. A energia da própria essencia vital transformada em arma. O golpe mais iconico do mundo, um golpe que não apenas tem a sua própria entrada na wikipedia ou seu lugar no imaginário popular, mas a sua própria música tema. Veja, não é o personagem que tem uma música própria, é o golpe.

Quando você ouve os primeiros acordes, não tem como não visualizar cada fibra do seu corpo ardendo em disciplina marcial, alma e movimento em um só.



E que atire a primeira pedra quem nunca tentou fazer o hadouken no chuveiro, não me olha assim que eu sei que você tentou sim.

Mas porque eu estou estou falando do Hadou, especificamente? Porque com o sucesso crescente da série THE KING OF FIGHTER'S 95 da SNK, a Capcom percebeu que só ficar "atualizando" Street Fighter anualmente não ia levar a lugar nenhum. Era necessário dar um foco para a série, dar algo para os jogadores se importarem, dar um tema a série.

Até então, Street Fighter era sobre um vagabundo andando por aí (Ryu) espancando pessoas aleatoriamente enquanto um vilão mal como um pica-pau (M. Bison) tentava dominar o mundo através de brigas de rua. O que não faz tanto sentido assim quando vc coloca dessa forma. Porém quando a concorrencia com a SNK apertou de vez, eles decidiram que precisavam aumentar o seu jogo não apenas pelo bem do videogame em si, mas para ter mais o que explorar em mídias relacionadas.


Isso quer dizer que a partir de Street Fighter Zero 2, SF passou a ser sobre a saga do Hadou.

Como eu disse, o Hadou é a essencia da própria alma humana convertida em arte marcial, mais comumente conhecida pela sua forma de ataque HADOUKEN.

Ao longo da história, muitos guerreiros dominaram essa tecnica e a utilizaram em incontáveis combates - porém diz a lenda que existe um clã que nasceu (ou adquiriu, dependen de quem conta a história) com uma conexão mais profunda com o Hadou. Esse clã adquiriu poderes de combate inimaginaveis, porém com isso descobriu uma verdade terrível: o Hadou é tão perigoso quanto é poderoso. Se alguém se aprofundar muito na conexão do Hadou, corre o risco de ser tomado pelo poder e se transformar em uma besta desumana de puro ódio e vontade de matar com suas próprias mãos.

O que, obviamente, deu merda quando esse clã treinava dois jovens na sua escola: os irmãos Gouki e Gouken. Gouken acreditava nos ensinamentos de seu sensei de usar o Hadou apenas para o desenvolvimento espiritual e marcial, enquanto seu irmão mais jovem e impulsivo acreditava que o Hadou deveria ser plenamente explorado e controlado - ele não apenas acreditava que você poderia controlar o Hadou ao invés de ser controlado por ele se você for forte o suficiente, e claro que ele se acreditava ser forte o suficiente.

O que, para surpresa de absolutamente zero pessoas, deu merda.


Gouki falhou em controlar o Hadou e foi possuído por ele, se tornando um demonio em forma humana. Ou como se diz em japonês, "Akuma". Akuma matou seu mestre, deixou seu irmão gravemente ferido e desapareceu em sua fúria.

Os anos se passaram e Gouken nunca mais ouviu falar do seu irmão. Eventualmente ele passou a criar um órfão que um dia fora deixado na porta do seu dojo, e como ele não sabia fazer outra coisa da vida decidiu treinar o garoto - que ele deu o nome de Ryu - na arte do seu clã.


Certo dia, Gouken acabou salvando um rico empresário americano que se perdeu nas montanhas do interior do Japão explorando o novo local para um resort. Gouken e o rico Sr. Masters acabaram se tornando bons amigos.

Alguns anos depois, o Sr. Masters teve um filho que acabou se revelando por ter uma personalidade agressiva e temperamento problemático, de modo que ele enviou seu filho Ken para aprender artes marciais e sua disciplina com seu velho amigo Gouken. Dessa forma, Gouken acabou treinando esses dois garotos Ryu e Ken.

E tudo estava muito bem, até o dia que Akuma voltou para desafiar o seu irmão. Gouki e Gouken então lutaram pelo destino do Hadou, e nesse dia o mestre de Ryu e Ken perdeu sua vida. A essa altura Ken já havia voltado para os Estados Unidos para assumir os negócios da família, mas Ryu perdeu toda a família que ele jamais teve e passou a andar pelo mundo em busca de poder para um dia vingar o seu mestre.

Foi assim que Ryu e Ken voltaram a se encontrar, ambos participaram do primeiro torneio Street Fighter, literalmente um torneio aberto para lutadores de rua provarem suas artes porradeiras. Ryu entrou nisso para testar suas habilidades e se preparar para o grande dia, enquanto Ken frequentemente entrava em torneios desse tipo para desopilar sua vontade de socar pessoas - não é porque ele agora era um cidadão produtivo e de bem que ele não tinha mais as necessidades porradísticas da sua infancia.

A final desse torneio acabou sendo entre Ryu e o campeão mundial de Muay-Thai, Sagat (Ryu e Ken se enfrentaram nas semi-finais e Ryu venceu), e algo muito... peculiar aconteceu durante essa luta. Sagat massacra Ryu e de fato vence a luta, porém ele pode respeitar as habilidades e o espirito guerreiro do jovem. Então Sagat está ajudando Ryu a se levantar quando Ryu é tomado pelo espírito assasino do Hadou e possuído destroçou Sagat, abrindo seu peito com um shouryuken selvagem. Como a luta não havia oficialmente terminado, ainda que se aproveitando do fair play Ryu é tecnicamente o vencedor e campeão do primeiro torneio Street Fighter.

E esse é o ponto de partida da série Alpha, que são os jogos que se passam entre o primeiro torneio de Street Fighter e o segundo (ou seja, entre o primeiro e o segundo jogo). A vitória de Ryu no primeiro torneio tem diversas consequencias importantes para a série.

Em primeiro lugar, Ryu se torna uma celebridade no mundo das lutas e atrai todo tipo de maluco que passa a entrar nas lutas só pra testar sua sorte contra ele - incluindo uma fangirl que quer ser sua aprendiz.

Nem todas pessoas que tiveram sua atenção atraídas pelo evento do final do Street Fighter são colegiais fangirls, entretanto. M. Bison é um ditador do sudeste asiático que obviamente quer dominar o mundo. Veja, o negócio de Bison é que ele é o psiquico mais poderoso do mundo - tendo seu próprio exército de "bonecos", pessoas que sofreram lavagem cerebral para que ele possa transferir sua consciencia assim que quiser (como a Cammy, por exemplo). De qualquer forma, o que importa aqui é que ao saber da história do Satsui no Hadou ele fica muito interessado em adicionar uma nova fonte de poder aos seus e começa uma caçada para capturar Ryu e explorar esse novo poder.

O problema é que como Bison é um safado cachorro sem vergonha, ele tem todo tipo de treta na ficha dele e acaba arrastando junto pra essa história todo um mundo de gente que queria a cabeça dele em primeiro lugar - como a investigadora da Interpol, Chun-Li, que teve seu pai assassinado por Bison.

E essa é a coisa interessante a respeito de Street Fighter Alpha 2, porque ao contrário do jogo anterior essa prequel efetivamente coloca os personagens nos lugares que eles estão em STREET FIGHTER 2.

Ao longo desse jogo, por exemplo, Sagat reencontra Ryu e luta com ele novamente. E dessa vez vence, mas apenas pq Ryu estava se segurando com medo de repetir o evento do Satsui no Hado - uma vitória que não trás honra a Sagat. Ainda em choque por não conseguir recuperar sua honra, ele é derrotado por seu aprendiz Adon e perde até mesmo o título de maior lutador de Muay-Thai do mundo.

No fundo do poço e sem honra, ele então aceita o convite de Bison de se tornar um dos seus generais e é por isso que Sagat é um dos chefões em STREET FIGHTER 2

Pode parecer bobagem em um jogo de luta, mas essa coisa da Capcom finalmente organizar toda história de Street Fighter nesse jogo e montar um cenário usando não apenas os dialogos mas quem são os chefes finais de cada personagem sempre foi uma das coisas que mais me fascinaram nesse jogo. Eu passava horas juntando os pedaços de informação espalhadas por todas gameplays (embora alguns personagens sejam só caras aleatórios participando de um torneio de luta mesmo), e é o que faz Street Fighter único pra mim.

De um ponto de vista tecnico, suponho que seja justo eu falar disso, SFA2 deu aos jogadores de Street Fighter Alpha exatamente o que eles queriam: mais personagens, mais movimentos e jogabilidade mais equilibrada. Sendo que os novos personagens incluem Gen do Street Fighter 1, Dhalsim & Zangief de STREET FIGHTER 2, e até mesmo um chefe de fase de FINAL FIGHT, Rolento. Além disso, todos que retornaram receberam algumas atualizações sólidas em seus movimentos e se tornaram ainda mais divertidos de usar no SFA2 - como esperado.

Em termos de apresentação, Street Fighter Alpha 2 supera o original em todos os sentidos imagináveis. Para começar, as cores estão mais brilhantes, os backgrounds mais bonitos e animados (com alguns com participações especiais de personagens épicos, tipo a Poison s2), e os movimentos especiais e faíscas de acerto são mais vibrantes. Coisas simples, como os medidores de energia são ainda mais atraentes aos olhos, e a arte do jogo está mais bonita do que nunca. 

O cenário do Guy tem quase todo mundo do Final Fight ao fundo, incluindo Haggar, Damnd, Abigail, Andore, Poison :wub e muito mais. Até o cachorro da da Bay Area está lá.

Mais importante que isso, agora cada personagem agora tem seu próprio cenário único (sem versões recoloridas baratas, como fizeram no jogo anterior), e as novas faixas de música são incríveis. É difícil encontrar um jogo de luta 2D com uma apresentação mais completa do que SFA2 em 1996.

Para encerrar, Street Fighter Alpha 2 é praticamente tudo que você pode esperar de um jogo de luta em 1996. uma grande lista de personagens, jogabilidade divertida com um sistema de combos flexível, uma abertura foda, uma direção de arte incrível, ataques especiais chamativos e muitas referencias para os fãs de jogos clássicos da Capcom. Todos esses elementos se juntaram em harmonia, tornando SFA2 um jogo de luta muito impactante e memorável para a época. 

Ainda na fase do Guy, apenas se um dos lutadores for mulher, observe o que Cody dá aquela secada violenta e depois a Jessica mostra que é filha do seu Haggar e não deixa barato!

E, particularmente para mim, o jogo que renovou o interesse em Street Fighter. Pra mim quando eu penso no melhor que Street Fighter pode ser, a imagem que me vem a mente é Street Fighter Alpha 2.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 102 (Abril de 1996)


Edição 105 (Julho de 1996)


Edição 107 (Setembro de 1996)


Edição 108 (Outubro de 1996)


Edição 110 (Dezembro de 1996)


Edição 111 (Janeiro de 1997)


Edição 112 (Fevereiro de 1997)

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 024 (Abril de 1996)


Edição 026 (Maio de 1996)

Edição 027 (Junho de 1996)


Edição 030 (Setembro de 1996)

Edição 031 (Outubro de 1996)


Edição 034 (Janeiro de 1997)


Edição 033 (Dezembro de 1996)


Edição 038 (Maio de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 011 (Setembro de 1996)


Edição 012 (Outubro de 1996)


Edição 013 (Dezembro de 1996)


Edição 014 (Janeiro de 1997)