quinta-feira, 30 de junho de 2022

[#915][3DO] CAPTAIN QUAZAR [Fevereiro de 1996]


Meu amor, olha só hoje o "The Best of" não apareceu
É o fim da aventura do 3DO na Terra

Sim, meninos e meninas do meu Brasil baronil, esse é o último jogo de 3DO que será analisado nesse blog. 35 jogos analisados, nenhuma grande memória senão um port de STAR CONTROL 2 de PC, não se pode dizer que a jornada louca de Tip Hawkins para ganhar muitos dinheiros sem ter que dividir com as desenvolvedoras de hardware realmente deixará saudade.

Sabe, o que frequentemente se diz na internet é que o problema do 3DO foi o seu preço e isso simplesmente não é verdade. Sim, claro que um preço de lançamento de 600 dolares em 1993 era fora da realidade, mas a grande verdade é que no ponto em que o Saturn e o PS1 sairam o preço do 3DO já estava completamente normalizado, na verdade bem mais barato até.


Então o problema não era o preço realmente e sim... cara, já viu os jogos dessa coisa? Na melhor das hipoteses, em seus dias realmente bons, em seu melhor o 3DO era apenas... eh, meh. Como esse jogo que fecha a aventura 3DOtica nesse blog, por exemplo.

Captão Quasar começa muito forte, verdade seja dita, oferecendo o que os anos 90 tinham de melhor a oferecer: um hip-hop brega, a marca registrada de uma época - legado do imortal Vanilla Ice... alias, já que estamos aqui para o funeral do 3DO não ir full crazy e compartilhar o grande icone da época que o criou?


Eu diria que vai ser muito dificil explicar os anos 90 para os aliens, pq eu estava lá e ainda sim tenho dificil de acreditar que isso aconteceu realmente... mas onde eu estava? Ah sim, Captain Quasar, mestre do hip hop intergalactico!


Okay, eu tenho que dizer que esse humor faux-Douglasaddanico é bem legal e a estética de herói All-Mighty ficou divertida na apresentação do jogo - com direito a coisas como nosso herói mandar um "ahã" de Gastão convencido quando vc pausa o jogo. Então a abertura vá lá, tem seu charme brega e a apresentação do jogo tá redondinha. Isso é um bom sinal, né?


Oh my fucking god...

Então, como você pode ver pela imagem acima, o jogo de despedida do 3DO é um Top Down Shooter... ou pelo menos você veria se a camera não estivesse engajada em uma missão de vida ou morte de te fazer devolver o seu almoço. Uau, começamos bosta, uma salva de despedida digna do 3DOzão, heim?

Bem, quando a camera não está girando como o pião da casa propria, esse jogo é essencialmente uma versão do homem pobre de DESERT STRIKE. A mecanica é a mesma, as armas funcionam do mesmo jeito, a camera é a mesma... só que ao invés de um helicoptero Apache AH-64 da morte e destruição você tem esse cidadão aí que é o produto de uma noite de amor tórrido entre o Buzzlightyear de TOY STORY e o Gaston de THE BEAUTY AND THE BEAST.


O que pelo lado bom, vc não tem mais que se preocupar com combustível já que o Capitão aqui é movido apenas pelo amor a sua propria queixada, o lado ruim é que esse jogo é uma versão estremamente ruim de DESERT STRIKE.

O principal problema aqui é que a camera é socada em um close epidermico do nosso herói, então não dá pra ver muito a frente enquanto você avança - o que é uma tecnica consagrada da Sega, esses zooms do capeta fazem o jogo parecer muito bonito de se ver em fotos de revistas e na loja, mas é uma bosta de jogar. A única forma de avançar nesse jogo é andar atirando, pq se vc andar com o peito aberto os inimigos já vão estar com tiros de fora da tela esperando por você.


O que, eu suponho que não precise dizer a esse ponto, não dá pra fazer pq a munição é limitada. Então ou você avança atirando enquanto tiver munição pra isso e quando acabar a munição você tomou no cu, ou você avança de peito aberto e toma tiro até embaixo da lingua.

Ah sim, suponho que você também pode dar dois passos e voltar só para visualizar se o caminho tá livre para avançar, mas não apenas andar assim é um puta saco como também...


Oh deus essa camera...

Ok, caras, eu entendi. Vocês jogaram DESERT STRIKE e pensaram "esse jogo é muito metódico e lento, e se a gente fizer uma versão turbo no crack desse jogo pra ser muito radical irado of doom!". É um pensamento que eu posso entender, mas talvez eles queiram considerar que DESERT STRIKE foi feito desse jeito por uma razão. Pq o resultado aqui definitivamente não é divertido.


A apresentação é toda bonitinha, atirar nos inimigos é satisfatório, destruir o cenário sempre é legal (achei muito bom que se você não tiver as chaves vc pode apenas abrir caminho a bala pelas paredes)... mas nada disso adianta se apenas navegar pelo jogo é sofrimento, dor e enjoo. A parte do enjoo é particularmente indesejavel de se ter no seu jogo, diga-se de passagem.

E... é isso. Como diria o grande poeta T.S. Eliot, é assim que o 3DO termina. É assim que o 3DO termina. É assim que o 3DO termina. Não com uma explosão, mas com um "meh...".

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 027 (Junho de 1996)