A distribuidora brasileira Brasoft (caso o nome não tenha dado a deixa) pode não ter sido perfeita, mas uma coisa tinha que ser dita a respeito deles: eles não tinham medo de colocar a mão na massa e trabalhar.
E quando eu digo isso, eu quero dizer que eles podiam muito bem só se escorar em relançar no Brasil nos titulos consagrados e dar o serviço por encerrado (tipo MAGIC THE GATHERING ou os jogos consagrados da Lucas Arts), mas eles iam além: eles caçavam títulos bem mais alternativos e metiam dinheiro nele não apenas traduzindo e legendando, mas até mesmo dublando o jogo.
O quão alternativo, vc pergunta? Bem, que tal a adaptação em jogo da obra de Buichi Terasawa?
O FAMOSO ... QUEM?
Eu não disse que era alternativo? Eu realmente não sei como esse jogo chegou as mãos da Brasoft, mas o fato é que chegou, a Super Game Power deu uma página pra ele e aqui estamos nós. Vamos começar do começo então...
Buichi Terasawa foi um mangaka japonês que se destacou dos demais por um motivo bem pitoresco: ele acreditava que computadores podiam ser uma ferramenta para auxiliar a produção de mangas.
SIM, ISSO É ÓBVIO. NÃO É COMO SE ALGUÉM EDITASSE MANGAS USANDO PAPEL E FOLHAS TRANSPARENTES, NÉ?
Completamente óbvio. Hoje. Só que estamos falando dos anos 80 e enquanto todo mundo usava lápis e borracha para acertar as falas, corrigir pequenos detalhes e até colorir algumas partes, Buichi já usava seu bom e velho Apple II para fazer o trabalho pesado.
Minigame de servir chá, o sonho é real! Foi por momentos assim que eu comecei esse blog! |
Com o avanço da tecnologia, em 1992 o Buichão da Massa conseguiu realizar o seu sonho de longa data: produzir o primeiro manga 100% criado em computador. E esse viria a ser o nosso bom e velho Takeru.
NOSSA, O PRIMEIRO MANGA FEITO 100% NO COMPUTADOR, ISSO DEVE TER MUDADO AS COISAS!
Então... enquanto eu apenas posso imaginar que o processo de criação funciona diferente dadas as ferramentas que você tem a sua disposição, o que eu posso dizer é que para o leitor... esse novo tipo de manga é uma das coisas mais anos 80 que você verá na vida.
... e um minigame de memória com tentativas infinitas e sem limite de tempo, o sonho é real! |
E por anos 80, eu estou dizendo que esse manga faz um checklist em tudo que configura essa era dos mangas: protagonistas invenciveis que nunca realmente passam aperto ou sequer desarrumam o penteado, mulheres seminuas no melhor estilo pulp raíz e uma aventura com pouco papo e muita ação.
Nosso herói aqui, o personagem título Takeru, é um caçador de recompensas que além de ser mestre de inúmeras artes marciais ainda tem um poder bastante único: ele pode criar kanjis com suas mãos e disparar eles causando o efeito descrito.
Então se uma porta tá fechada, ele pode formar o kanji "abrir" e então comandar a porta a abrir:
É uma curiosidade interessante como legado de uma época, mas por si só não é um jogo particularmente incrível. Pra quem é fã do manga e sempre quis ver ele reproduzido com dublagem e (vagamente) animado suponho que seja interessante.
Para quem não é tão fã assim do material original (vulgo toda raça humana), entretanto, é apenas curioso ver breguice, minas sem calças e alguns puzzles bem basicões. Não é muito, mas é o que a casa oferece.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 040 (Julho de 1997)