Eu vou te dizer o seguinte: no dia que eu assumir o controle do destino do mundo e iniciar uma ditadura democracia direcionada, eu vou chamar os caras da Vic Tokay para ser o meu departamento de relações interiores afim de garantir que todas as provincias do meu império tenham boas relações diplomáticas umas com as outras.
Porque sério, se os caras conseguiram convencer alguém a pagar por uma continuação de CRITICOM, não existe NADA que eles não consigam resolver na conversa. Todas questões etnicas, comerciais e religiosas que levam a conflitos? Larga na mão desses caras.
Quem consegue fazer um CRITICOM 2, consegue fazer qualquer coisa. Mas vamos começar do começo...
Pra quem não lembra (e não quer clicar no link), CRITICOM é o pior jogo de luta de todos os tempos. Eu to falando sério, não tem uma ÚNICA coisa naquele jogo que funcione, dos comandos a camera, tudo é um poço de sofrimento e dor do qual NADA se aproveita. Eu to falando muito sério, em 147 jogos de luta que eu joguei nesse blog até agora, NADA é mais catastrófico do que CRITICOM.
Então imaginem minha surpresa ao descobrir que esses nepomucenos lazarentos pneumáticos realmente fizeram um CRITICOM 2! E pior ainda, um CRITICOM 2 no Nintendo 64! Você sabe, o console conhecido por seus jogos de luta absurdamente atrozes como WAR GODS, é uma combinação bolada por ninguém menos que Satanás usando microssaia em pessoa.
Eu não sei que pacto arcano eles fizeram pra convencer a Vic Tokai a colocar dinheiro em uma continuação disso, provavelmente algo envolvendo sequestro de familiares e sacrificio de animais, mas sei que a publisher apenas exigiu que o jogo não se chamasse CRITICOM 2 pq... sério, vc precisa de um motivo pra querer o máximo de distancia possível daquele desgraça do inferno?
Ergo, eis Dark Rift... que se passa no mesmo universo cinemático de CRITICOM. Kudos pela ambição dos caras, isso tem que ser dito, porque além desse o futuro jogo de luta Cardinal Syn também se passa nesse mesmo universo.
Nossa história aqui é que alguns anos após a poeira baixar da batalha pelo CRITICOM e um novo imperador do império imperial galactico ter sido definido, por acaso foi encontrada uma falha no espaço-tempo - a tal Dark Rift do título. Esse Dark Rift é uma junção do nosso plano de realidade com a Dark Dimension (da onde vem os demonios) e a Light Dimension (da onde vem os seres de luz), e o tal cristal CRITICOM que da poderes ao imperador da galaxia não é nada senão um fragmento desse dark rift.
Se apenas uma lasquinha deu poderes ao imperador da porra toda, logo, começa uma porradaria pelo controle do Dark Rif e eis o nosso jogo. Assim como no jogo anterior, o cenário definitivamente não é o problema aqui e até muito bom.
Então, temo ter chegado a essa parte, jogar o jogo é o problema aqui?
Olha, pode ser pq eu ainda estou profundamente traumatizado por CRITICOM (e estarei até o último dos meus dias, e mesmo após isso talvez meu fantasma volte para assombrar reviews de internet) e não é como se o N64 passasse uma energia muito boa nos seus jogos luta, mas eu estava preparado para o pior, MUITO PIOR.
Isso quer dizer que Dark Rift é um jogo bom? Não, nem a pau. Mas nem fodendo por uma miçanga molhada que esse jogo é bom. MAS contudo todavia entretanto, não é tão ruim assim também. Ele até tem algumas qualidades, saiba você.
O jogo ter investido em captura de movimentos foi uma das coisas que deu certo aqui |
Pra começar, os gráficos são realmente interessantes, isso tem que ser dito. O personagem Morphix, por exemplo, tem um efeito sobre a tele que parece estar constantemente em movimento e isso é algo que você não veria o PS1 ou o Saturn sendo capaz de rodar algo assim, então os gráficos realmente chamam atenção no bom sentido.
Mecanicamente, esse jogo é a versão do homem pobre de SOUL EDGE (como inúmeros jogos de luto estavam tentando ser após o grande sucesso do jogo da Namco) com cada personagem em Dark Rift tem sua própria arma única. Era essa tendencia de ter jogos de luta baseados em armas e aqui não é exceção: o citado Morphix, por exemplo, utiliza transformação do seu corpo em arma (tipo o T1000) que é bastante interessante.
De modo geral não é nada absurdamente criativo ou inovador, porém tem que ser dito que não é ruim realmente. E eu preciso ressaltar que dizer "não é ruim" para a a sequencia de CRITICOM é algo que eu não esperava dizer nessa vida.
Ao contrário da maioria dos jogos de luta, os combos de Dark Rift (e a maioria dos movimentos especiais) não são muito difíceis de executar. A maioria não requer memorização e pode ser descoberta simplesmente jogando. Por exemplo, um combo legal pode ser iniciado com algo tão simples quanto atacar duas vezes, horizontalmente uma vez, depois verticalmente mais duas vezes. Esses movimentos são executados normalmente durante o jogo e não tem nada fora da casinha juntar eles organicamente. Vários golpes são são dois toques pra frente e um dos botão, o que torna as coisas bem simples.
Só que apesar da jogabilidade fácil de Dark Rift, o jogo em si é bem dificil especialmente pq defender é bem difícil. Isso essencialmente pq desviar de golpes usando o C direito é bem pouco intuitivo, até pq a localização do botão no controle não ajuda muito. Felizmente a configuração dos botões pode ser alterada, então isso não é a pior coisa do mundo.
O real problema aqui é que os golpes especiais não são muito eficientes e o jogo depende muito dos ataques fisicos dos personagens, o que dá uma vantagem bem grande aos personagens grandes e com maior alcance. Se vc não for um desses, vai ser meio duro chegar no adversário para conseguir atacar.
Então embora Dark Rift tenha gráficos maneirinhos para o N64, falta algo especial para ele ser um jogo de luta que chame atenção. Não tem nada fundamentalmente errado com o jogo, apenas uma combinação de pequenas coisas como os problemas de bloqueio/vantagem dos personagens grandes citados anteriormente que deixam um gosto meh em Dark Rift.
Uma dessas pequenas coisas é a falta de voz no jogo. Eu entendo que o espaço em cartucho é limitado e som é uma das coisas que mais come espaço, mas não deixa de ser estranho que os próprios personagens nunca falam, e as animações de vitória são acompanhadas por gruinhidos esquisitos tipo " Huh, ha, huh!". O narrador não anuncia cada luta (na verdade, ele fala muito pouco), e o jogo é estranhamente silencioso para um jogo de luta.
Enfim, o jogo é impressionante como sucessor CRITICOM o jogo é impressionante por não ser uma pilha de miséria e desgraça, mas para além disso não tem muito realmente nesse jogo nem para bom, nem para ruim. Não é nada de outro mundo que fãs de jogos de luta possam gostar de Dark Rift - esse é um jogo okay, não bom o suficiente para vc lembrar dele mas nada pavoroso também.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 040 (Julho de 1997)