quinta-feira, 16 de março de 2023

[#1071][Abr/97] GROOVE ON FIGHT: Gouketsuji Ichizoku 3


Quando eu escrevi sobre REVELATIONS SERIES: Persona, eu mencionei que em determinada dungeon vc entra e tem alguém jogando um jogo de luta da Atlus e que eu falaria sobre ele dentro em breve. O que eu falhei em lembrar na hora, no entanto, é que a Atlus já tinha uma franquia de luta estabelecida a essa altura, a série Gōketsuji Ichizoku.

EU NÃO FAÇO A MAIS REMOTA IDEIA DO QUE VC ESTA FALANDO

Você sabe, o jogo que foi lançado no ocidente com o nome (terrivelmente genérico) de POWER INSTINCT para o Super Nintendo.

NOPE. NADA AINDA.

... também conhecido como o jogo da velhinha beijoqueira ...

AAAAAAAAH ESSA SÉRIE, É VERDADE, A ATLUS TEM ISSO MESMO!

Abrimos com a intro cheia dos LSD, esse vai ser um dia daqueles...

Pois é. Na época em que STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR foi lançado, as coisas eram muito diferentes. Arcades estavam cheios de máquinas de Street Fighter. Páginas inteiras - as vezes edições inteiras - das revistas eram dedicadas à STREET FIGHTER 2: CHAMPION EDITION ou STREET FIGHTER 2 TURBO: Hyper Fighting ou qualquer patch de update que a Capcom estava lançando. Enquanto isso, as desenvolvedoras do mundo todo corriam em circulos desesperadas para capitalizar a febre lançando seu próprio jogo de luta 1 contra 1.

O problema era: como fazer seu jogo de luta se destacar? FATAL FURY introduziu dois planos de tela. ART OF FIGHTING tinha personagens enormes na tela e um sistema de zoom impressionante para a época. MORTAL KOMBAT tinha personagens digitalizados e muito sangue.

Power Instinct era simplesmente estranho. Eu quero dizer, muito, muito estranho mesmo. 

NÃO PODE SER TÃO ESTR...


ESPERA, ELA FEZ UM SOLO DE VIOLINO NO MEIO DO COMBO?

Viu do que eu to falando?

Conhecido como Gouketsuji Ichizoku (ou “A Família Gouketsuji”), Power Instinct foi a entrada da Atlus na tentativa de emplacar um jogo de luta e o que rola aqui é que... bem, não tem nada particularmente notável sobre a mecânica do jogo – posteriormente recursos como barras de especial e tag teams foram copiados de outros jogos conforme essas coisas viravam moda – e todo seu principal ponto de venda é um do elenco mais bizarros em qualquer jogo de luta de todos os tempos. 

Ao contrário de jogos como GALAXY FIGHT que desde o começo são bem cartunescos, Power Instinct tem um estilo de arte mais próximo dos jogos de luta da Capcom e SNK, e quase parece se levar a sério. Quase. A história é simples - a cada 10 anos, a família Gouketsuji realiza um torneio para determinar quem vai mandar no clã. Membros da família de todo o mundo vêm para participar e bater uns nos outros para reivindicar o título. Simples e elegante, eu te digo.

E agora que estamos todos a par do que é a série Gouketsuji, podemos falar sobre o quarto jogo da série (ou terceiro se vc considerar que um deles é apenas um patch de update), "A Família Gouketsuji 3: Na Vibe da Luta"

Depois de ficar BEM para trás dos maiores sucessos dos jogos de luta 2D mais populares da época (como o recem analisado THE KING OF FIGHTERS 97), a Atlus decidiu realmente abraçar o que a série faz de melhor: chamar atenção por ter personagens estranhos.


Isso quer dizer que aqui quase todo o elenco foi refeito, embora tambem tem que ser dito que os gráficos finalmente melhoraram e a jogabilidade foi melhorada para parecer menos clunky, resultando em um jogo muito mais suave. Mas não se engane, ainda é um jogo do qual não dá pra esperar muita coisa mecanicamente e se existem injustiças no mundo, que Gouketsuji seja uma série obscura e esquecida não é uma delas.

Isso sendo dito, vamos ver o jogo e...


Oh... Boob windows na tela inicial, a Atlus realmente decidiu aumentar as apostas nesse jogo, huh? Bem, se é assim que eles vão rolar daqui pra frente, me pergunto então como será a tela de seleção de personagens...


Oh... quero dizer... oh. Sério, Atlus? Serião mesmo? ESSA é a tela de seleção de personagens? Pq vcs não vão até o fim e colocam aquelas imagens de "em construção" dos sites do inicio dos anos 2000? Suponho que toda direção artistica foi gasta na boob window da tela anterior e que se foda o jogador para saber o que caralhas é um Remi ou uma Popura!

Mas vá bene, adelante... já que falamos disso, suponho que podemos começar a falar dos personagens desse jogo com sua garota-propaganda: Solis R80000. Solis, saiba você, é uma policial do ano 2115... porque sim, no ano 2115 as policiais vão usar boob window, apenas lide com isso... que descobre que alguém está viajando no tempo para eliminar grupos financeiros proeminentes no passado - o que inclui a familia Gouketsuji.


Sendo ela descendente dessa familia, ela então viaja no tempo para 2015 para participar do torneio e descobrir quem está tentando apagar a família!

MAS ESPERA... SE ELA É DESCENDENTE DA FAMILIA EM 2115 E ALGUÉM PRETENDE ACABAR COM ELA EM 2015, ISSO NÃO FARIA ELA SER APAGADA DA HISTÓRIA TAMBÉM?


Hã... err... então... olha, boobs! 

Seguindo adiante, temos Popura Hanakoji que é uma Magical Girl. O que quer dizer que ela tem várias transformações durante a luta e usa objetos fofinhos como bastão mágico/porrete.



TÁ, MAS O QUE UMA MAGICAL GIRL TEM A VER COM CONTROLAR A FAMILIA GOUKETSUJI?

Bem, nada realmente. Mas a Atlus queria colocar uma magical girl que se transforma e foi o que eles fizeram. Vc também se apega a cada detalhe, viu... Porém para não dizer que o jogo é sexista e não atende a todos os publicos, é claro que temos também boys magia. Como por exemplo o bad boy lider de gangue do Bronx, Chris Wayne!



ESSE É O LÍDER DE UMA GANGUE BARRA PESADA DO BRONX?

Ahã.

VESTIDO ASSIM?

E vc queria menos roupa? Vá lavar sua mente poluída, é totalmente assim que um líder de gangue do Bronx se veste! Se vc acha que isso é apelativo, então é pq não viu ainda Larry Light!



Como dá pra ver, Lauro Luz é um mecanico com abs que saiu diretamente de um filme pornô. Com efeito, muita única decepção com esse jogo é que seus ataques não são em camera lenta enquanto uma voz diz "UUUUUUHHHHH YEAAAAHHHHHH" enquanto suor másculo escorre por seus músculos definidos.

Porém se você acha que roupas de menos é o problema, temos então Hizumi Yukinoe!


HÃ, TÁ, ELE É UM NINJA, O QUE É QUE TEM DE INTERESSANTE?

Vê, essa é a coisa: Hizumi não é realmente um ninja. Ele é mais um otaku que acha que é um ninja pq assistiu anime demais e essa é a coisa dele nesse jogo. E vc achando que Naruto foi revolucionário em fazer otakus passarem vergonha...


SÓ TEM MALUCO NESSA PORRA...

Como dá pra ver, o elenco de "NA VIBE DA LUTA" (pouta nome de filme da Sessão da Tarde isso) é bastante colorido, tendo todo tipo de figura bizarra - como o cara que summona demonios de Shin Megami Tensei, a bruxa que tem uma nota musical de familiar ou o cara que luta com suas bolas balançantes penduradas...


... porém eu não poderia realmente terminar esse texto sem falar das personagens mais iconicas do jogo, que é a velhinha beijoqueira que dá uns chupão pra voltar a ficar jovem (chupa que é de uva, Genkai)... mas que agora participa do torneio junto com a sua irmã gemea.

POR JUNTO VC QUER DIZER FAZENDO UMA DUPLA?

Hã... não exatamente... 



SÉRIO QUE ELAS METERAM UM ELÁSTICO E LUTAM UMA NAS COSTAS DA OUTRA? SERIÃO MESMO?

E uma usa a outra como arma, sim. Groove on Fighting, senhoras e senhores.

O cara summonou o Beelzebub de MegaTen e foda-se (ou Beezlebum, segundo a versão americana de REVELATIONS SERIES: Persona)  

Groove on Fight é, sem dúvida, um jogo de luta sólido, mas a real é que não tem muito aqui que realmente chame atenção mecanicamente - mesmo que a jogabilidade tenha melhorado consideravelmente em relação aos outros jogos. Seria um jogo absurdamente esquecível (ainda que não necessariamente ruim), não fosse o seu elenco... colorido, vamos dizer assim.

Então pelo menos vale como curiosidade de ver que bizarrice a Atlus colocou nesse jogo agora, e o que eles estavam fumando na hora. Como esperado da Atlus!

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 041 (Agosto de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 021 (Agosto de 1997)