Depois de comemorar o sexto aniversário desse blog com um dos melhores jogos de todos os tempos (FINAL FANTASY TACTICS)... e agora, José? Como voltamos a rotina? Como desenferrujamos esse longo hiato de mais de dez dias parado? Como seremos o que já fomos um dia?
Bem, eis o que faremos: depois de jogar um dos melhores jogos de todos os tempos... vamos jogar um dos mais medíocres! Isso! Um jogo tão blé, tão esquecível que mesmo os envolvidos em sua criação já haviam esquecido que fizeram ele no intervalo de tempo entre terminar de fazer o jogo e bater o ponto na saída do escritório!
OU, VC SABE, VC PODIA APENAS TENTAR JOGAR JOGOS BONS. É O QUE AS PESSOAS NORMALMENTE FAZEM, SABE?
Você tem cada ideia louca, Jorge! Não, hoje jogaremos Incantation!
A primeira coisa que vc tem que saber sobre Incantation é que esse é um jogo da Titus e... ei, Jorge, volta aqui! Calma, rapaz! Incantation foi feito tão tarde na vida do Super Nintendo que me surpreende que esse jogo tenha sido sequer lançado. Mas então é a Titus, é claro que se tinha uma oportunidade da fazer um dinheiro fácil com o menor esforço possível é exatamente isso que eles fariam!
Hoje, a Titus Interactive é conhecida por sua obra máxima de sofrimento e dor: Superman 64. Porém um fato menos conhecido é que antes disso, na era do Super Nintendo, ela não era uma editora muito ativa e lançou menos de 5 jogos no SNES até 1995. No entanto, em 1996, algo (infelizmente) mudou e eles botaram fogo no cabaré lançando um total de 6 novos jogos só naquele ano: Oscar, Whirlo, Realm, PRINCE OF PERSIA 2: The Shadow and the Flame, POWER PIGS OF THE DARK AGE e esse Incantation.
Tenho certeza de que não preciso dizer que é óbvio que eles escolheram quantidade sobre qualidade nos anos de crepusculo do Super Nintendo - com jogos que variam entre "certamente eu morri e estou sendo torturado no inferno" a "meh, ninguem liga que esse jogo existe". A boa noticia é que Incantation está mais no espectro "ninguém liga que esse jogo existe", eu certamente não aguentaria outro PRINCE OF PERSIA 2: The Shadow and the Flame.
A primeira vista, Incantation parece um jogo de plataforma totalmente okay. Os gráficos são bonitinhos... ou seriam para um jogo de 1990, mas enfim... e os controles respondem suficientemente okay. Meio "plataforma-europeu" demais para o meu gosto, mas okay. O real problema aqui mesmo é que Encantamento é muito repetitivo e simples para ser considerado sequer bom. Há uma razão para que esse jogo tenha definhado na obscuridade.
Nosso literal boy-magia aqui, Max, é um aprendiz de feiticeiro, mas em termos de gameplay sua varinha mágica é essencialemnte o mega buster do Mega Man. Bem, uma versão plataforma-europeia merda do bombardeiro azul, mas enfim. Só que ao contrário dessa série, no entanto, seu arsenal de tiros não é muito interessante... ou interessante at all. Você pode ter dois feitiços ao mesmo tempo que se combinam para criar seu ataque. Normalmente, este seria um sistema interessante com muitas combinações... só que não é o caso aqui.
Existem apenas 3 feitiços; fogo, bombas e mísseis teleguiados. As bombas têm um alcance tão curto que são inúteis e você não verá a arma teleguiada com frequência, de modo que 95% do jogo é usado apenas o fogo padrão de qualquer maneira. O único outro ataque que você possui é um pisar no chão usado para quebrar pisos e plataformas fracos.
E é isso. Imagine que você tem um clone pobre do Megahomem em que vc usa apenas o Mega Buster e nada tem muito peso e vc já visualizou como esse jogo rola. Adicione a isso um level design que varia entre o desinteressante e o "excuse-me what the fuck?" e voilá.
O objetivo de cada fase é encontrar 3 talos de trigo para pagar o pedágio que libera enfrentar o chefe do nível final e é aqui que entra a maior crítica a Incantation: esse jogo é terrivelmente chato. Mais da metade das fases são tão diretas quanto possível, não deixando espaço para exploração - o que faz com que coletar 3 folhas seja apenas burocracia.
Não que você tenha qualquer motivo para querer explorar as fases de qualquer maneira, as poucas que tem espaços abertos estão atoladas em plataformas ruins e detecção de acertos terrivel. Tentar descobrir o quão perto ou longe você pode chegar de um inimigo sem tomar dano é sempre uma variavel imprevisivel. Às vezes, metade do seu corpo pode tocar e não registrar, as vezes vc não precisa chegar tão perto assim para fazer Max tomar dano.
Só que eu tenho que enfatizar aqui que o que mata esse jogo é a sua repetição. Existem doze fases, mas a maioria dura menos de cinco minutos e cada cenário é reciclado duas ou três vezes seguidas, o que não é tão ruim à primeira vista, mas fica cansativo após menos de 10 minutos: em vez de criar um level design novo, eles simplesmente embaralharam os recursos e criaram uma pequena variação da fase anterior. Se me disserem que esse jogo foi programado por um script gerador aleatório em java, eu não ficarei surpreso.
Pior ainda são as lutas contra os mesmos chefes de esponja de bala 2 ou três vezes seguidas, pq eles usam o mesmo padrão de ataque todas as vezes! Sério, os caras nem sequer mudam os movimentos de um chefe para outro, estamos falando de niveis absurdos de CTRL+C CTRL+V nunca antes testemunhados na história dos videogames!
Dizer que Encantamento é "sem inspiração" é um puta dum eufemismo, consiste no essencialmente básico de um jogo jogável e nem um único passo além disso. Mas então, esse é um jogo da pavorosa Titus lançado para arrancar dinheiro de crianças quando ninguém com mais que 5 anos ainda se importava com lançamentos para o Super Nintendo. O jogo ser "apenas" chato é até surpreendente, eu esperava MUITO pior.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 040 (Julho de 1997)