segunda-feira, 5 de junho de 2023

[#1120][Set/97] PANDEMONIUM 2

Lançado em outubro de 1996, o primeiro PANDEMONIUM! foi a tentativa da Toys for Bob (que hoje é mais conhecida por ser quem faz os Call of Duty: Modern Warfare para a Eletronic Arts) de tentar entender o que fazer com a tecnologia 3D em jogos de plataforma - calcando o que hoje é conhecido como "plataforma 2.5 D", um jogo feito em 3D mas que funciona como um jogo de plataforma 2D.

Mas a pergunta que realmente importa é... ficou bom? E a resposta é não. Mas também não ficou ruim. Entre todos os jogos de plataforma já feitos, certamente PANDEMONIUM! é um deles.

Apesar da sua falta de ambição, o jogo vnedeu bem o suficiente para sua publisher (a Crystal Dynamics) querer uma continuação. Ao que a Toys for Bob prontamente respondeu:


Quer dizer, tirando o gimmick da camera ser mais doida que o Batman de triciclo, não tem muito o que realmente tirar do jogo que é um jogo de plataforma tão simples quanto simples pode ser. Ao que a publisher então decidiu: "okay, eu faço eu mesma a continuação, o quão dificil pode ser?"

Agora, você pode se perguntar como fazer a continuação de um jogo de plataforma incrivelmente basicão (quer dizer, é literalmente só pular e ir pra direita)... e foi exatamente a mesma coisa que a Crystal Dynamics se perguntou. A resposta a que eles chegaram foi, obviamente, a resposta mais antiga da história da humanidade: dorgas. Muitas dorgas.

... espera, o que?


Então, vamos colocar que nada realmente mudou muito desde o primeiro PANDEMONIUM!: ainda é um jogo de plataforma 2.5D, você só vai para a direita ou para a esquerda enquanto a camera dá mil piruetas e faz requebradinha. A única grande diferença está no estilo de arte do jogo, a começar pelos personagens. 

O joker, o coringa, o palhaço Fargus está menos um bobalhão e mais... um piromaniaco psicótico because anos 90. Sério, contemplem seu olhar de "vou mijar na sua coleção de tazos enquanto você dorme!".

Enquanto isso, Nikki não é mais uma acrobata fofa, mas uma sedutora sexy deusa das baladas rave… tão bem quanto os gráficos de PS1 comportam essa ideia, isso é. Então, sim, os personagens receberam um banho de loja estilo anos 90 para ficarem mais "fodões" (argh), mas não é como se alguém se importasse muito com os personagens de PANDEMONIUM! em primeiro lugar, então whatever.


A mudança que chama atenção realmente é que o cenário do jogo não é mais a terra de fantasia genérica whatever e sim o mundo que você enfrentará só pode ser basicamente descrito como uma estranha viagem no LSD sem a menor conexão entre um nível e outro.

Sério, a Crystal Dynamics pegou os artistas conceituais que estavam de folga entre um Tomb Raider e outro, encheu eles de mescalina e o resultado foi esse:

E esse:


Enquanto isso, os desenvolvedores do jogo:


Então enquanto ver o quão trippy esse jogo pode ficar certamente é uma coisa que acontece nesse jogo... meio que só vai até aí também.

Em termos de jogabilidade, esse aqui continua a tradição do original de manter as coisas simples, já que não tem nada único realmente aqui para falar. Isso é literalmente "Correr e Pular: O Jogo". O que nem é mal feito nem nada, apenas... bem, é o mesmo que se fazia desde os tempos do Nintendinho com a diferença que mesmo os jogos de Nintendinho tentavam algo diferente para tornar o seu gameplay único. As vezes funcionava, as vezes não, mas ao menos eles tentavam. Pandemonium 2, por outro lado, se contenta em seu visual lisergico mesmo e é o que a casa oferece pro almoço, é o que tem.


Então realmente não espere nada além de pular de plataforma em plataforma, de corda em corda, evitando todos os tipos de perigos e coletando moedas para aumentar o estoque de vidas extras.

Dito isto, ao menos esse jogo tende a ser mais agradável do que o que veio antes. Para começar, os personagens controlam muito melhor, ou para ser mais específico, o salto duplo de Nikki agora parece mais natural, embora ainda não seja perfeito. No meu texto anterior do primeiro PANDEMONIUM! eu cheguei a fazer um gráfico do quanto o salto duplo da Nikki me incomodava, agora ele apenas não funciona as vezes mas okay.


Em segundo lugar, a câmera foi amplamente aprimorada desta vez, o que significa que os jogadores não podem culpar ninguém além de si mesmos, pois agora podem ver claramente o que está à frente e o jogo não tem mais saltos de fé. Na maioria das vezes, pelo menos.

Claro, existem algumas coisas extras que podem ser feitas aqui. Os dois protagonistas podem encontrar alguns power-ups, como a habilidade de atirar bolas de fogo, e alguns níveis podem ser um pouco mais enigmáticos, com alguns puzzles simples para poder avançar e assim por diante. Além disso, os dois personagens continuam diferentes com  Fargus tendo um ataque rolante (que funciona melhor que o anterior, felizmente) e um disparo de projétil mesmo sem power ups, enquanto Nikki tem um salto duplo... então, como antes, Nikki é a melhor escolha, já que a principal fonte de morte aqui não são inimigos, mas buracos já que a barra de energia é muito maior desta vez. 

O level design não é exatamente o que você pode chamar de equilibrado. Alguns níveis são muito melhores do que o resto, e alguns farão você procurar as passwords para pular ele para que você não precise jogá-lo nunca mais, como por exemplo os níveis de jogar com o tanque - que enquanto são criativos, também são nível BATTLETOADS de dificuldade. 

Enfim, essencialmente Pandemonium 2 é um jogo old school com gráficos chiquetosos de PS1. Sua filosofia é diretamente saída dos primeiros dias do Nintendinho: ele não mostra misericórdia, não se importa se você pode termina-lo ou não. No geral é uma dificuldade justa (ao menos o jogo não te rouba com mortes trapaceiras, ele é dificil pq é dificil mesmo). 

Se eu tivesse que apontar algo realmente único nesse jogo, seria que é estranho como você precisa de 300 moedas para ganhar uma vida extra e não apenas 100 como é a tradição desde os primeiros dias do Mario. Sim, é só isso, acharam que eu tava brincando quando disse que era um jogo velho no corpo de gráficos novos? 

Então, embora seja uma melhoria, Pandemonium 2 continua sendo algo que é apenas um jogo de Nintendinho em 3D. E nem é um dos grandes jogos de Nintendinho que estou falando, é dos beeeem marromenos mesmo.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 122 (Dezembro de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 020 (Julho de 1997)


Edição 025 (Dezembro de 1997)