[#1123][Nov/96] DEAD OR ALIVE

Esse anuncio da contracapa promete!

O capítulo de hoje será (mais um) episódio na incansável corrida do ouro dos anos 90 onde cada desenvolvedora de jogos estava em uma busca desabalada para fazer um jogo de luta 3D para chamar de seu. Mais especificamente, hoje é o dia da Tecmo tentar a sorte com o seu jogo de luta. Você sabe, a Tecmo, os caras mais conhecidos por jogos de plataforma como NINJA GAIDEN ou de futebol/RPG (mas oi?) como CAPTAIN TSUBASA.

Agora, você pode se perguntar o que a Tecmo - que não tinha nenhuma experiencia em jogos de luta - pode trazer de novo a um mercado que já estava fervilhando de empresas querendo fazer o mesmo e tentar sua fatia da sorte nesse metier. E seria uma pergunta válida, já que a própria Tecmo estava se perguntando isso.

Então, além de tentar copiar VIRTUA FIGHTER, o que mais eles poderiam oferecer de novo para chamar atenção? A resposta a essa pergunta, saiba você, foi algo que eu encontrei logo no menu de opções do jogo:

É o que, meu amigo?

Então, eu queria dizer que existe um motivo maior e mais profundo nisso do que apenas meter uns peitão balançando para vender esse jogo... mas não tem. São as boas e jovens tetas poligonais indo para cima e para baixo violentamente a cada movimento... espera, o que?

Eu tenho sérias dúvidas se os peitos aqui serem feitos basicamente de gelatina é o resultado das limitações tecnicas do PS1 ou se apenas os caras da Team Ninja (a equipe dentro da Tecmo que fez esse jogo e eventualmente se tornou o seu próprio estúdio) não faz a mais remota ideia de como o corpo feminino funciona devido a falta de experiencia prática no assunto...

TAÍ UM JOGO QUE VOCÊ REALMENTE PODE SE IDENTIFICAR COM OS DEVS, HUH?

... mas o que eu sei, com certeza, é que o jogo implementou uma engine dentro do jogo apenas para gerenciar o chacoalhar dos magumbos. Verdade que isso não é absolutamente novo dos videogames, FATAL FURY 2 tem um conjunto completo de sprites de animação com o único objetivo de representar a peitulancia pra cima e pra baixo da Mai Shiranui, porém nenhum jogo antes tinha ido tão longe a ponto de ativamente programar uma mecanica dentro da engine do jogo apenas para isso.

Tá, tecnicamente falando, a animação de busto feminino foi feita antes em jogos 3D, se você prestar atenção pode ver que os peitos da Taki em SOUL EDGE (ou "Soul Blade" no ocidente) balançam com sua própria fisica. Porém se lá foi feito de forma extremamente sutil com o objetivo de dar realismo a movimentação da personagem, aqui Dead or Alive não tem a menor vergonha de enfiar as tetas na cara dos jogadores.

Porém se tetas tridimensionais chacoalhantes não são o suficiente para te vender o jogo, nada tema meu onanistico amigo! Porque a Tecmo foi um passo além e adicionou conteúdo desbloqueavel a esse jogo para manter seu interesse sempre vivo e saltitante (como determinada parte da anatomia feminina aqui).

Agora, um jogo careta e quadradão como TEKKEN 3 pode achar que é uma recompensa justa desbloquear novos personagens ou novos modos de jogo ao terminar o game, adicionando valor a experiencia pelo conteúdo extra. Não Dead or Alive. Certamente não Dead or Alive.

Aqui sua recompensa por terminar o jogo e seu incentivo para continuar desbloqueando novos conteúdos é aquilo que o jogo sabe que você quer, mesmo que você não saiba: roupinhas de fetiche para nossa heroína busticamente dotada. Sim, eu estou falando totalmente sério, você desbloqueia roupinhas sexys como conteúdo extra.

Roupa de colegial? Termine o jogo 4 vezes.

Roupa de coelhinha? Termine o jogo 8 vezes.

Roupa de farmboy? Termine o jogo 10 vezes.

Roupa de anjinha? Termine o jogo 14 vezes.

Mais uma vez, nada disso é invenção minha. Isso é Dead or Alive em toda sua glória e seduzencia de gráficos de PS1!

TÁ, EU ENTENDI ONDE ESSE JOGO QUER CHEGAR E QUAL O PUBLICO ALVO DELE, MAS... E O JOGO?

O que tem?

NÃO É SUPOSTO TER UM JOGO DE LUTA POR TRÁS DESSA PEITARIA TODA?

Aaaaah, sim, verdade. Um fato frequentemente esquecido é que, sim, de facto existe um jogo por trás do fan service de DoA e nem é um particularmente medíocre, saiba você. Pra começar, tem que a versão original de Dead or Alive no arcade foi lançada na placa Sega's Model 2 - que é a mesma placa usada para VIRTUA FIGHTER 2.

Eu não sei bem o que está faltando, mas a capa japonesa não passa sobre o que esse jogo é realmente

Então tanto visualmente como na sensação do gameplay, Dead or Alive quase parece uma sequência ou spin-off desse jogo, apenas que DoA é uma versão muito mais polida visualmente dado que foi lançado quase dois anos depois do jogo da Sega. Verdade seja dita, uma comparação mais adequada seria com VIRTUA FIGHTER 3 que saiu alguns meses antes desse jogo, e nesse sentido o jogo da Sega lava o chão com a qualidade gráfica desse aqui, tetas balançantes ou não.

Isso na versão de arcade, pq quando a Tecmo portou Dead or Alive para o PlayStation, bem, eles não portaram o jogo, mas praticamente fizeram uma semi-sequência. Os gráficos são ainda melhores do que no arcade, e para sua época Dead or Alive é um dos jogos de luta mais suaves e bonitos do PS1. Todos os cenários foram refeitos, assim como a trilha sonora foi toda refeita... incluindo a música mais pornô que você ouvirá sair de um PlayStation, completa com gemidos orgásticos e tudo.

Quero dizer, sério:

Porém se formos falar de gameplay em si, DoA pode não se diferenciar muito de VIRTUA FIGHTER 2 em movimentos dos personagens ou golpes especiais, mas isso não quer dizer que ele não tenha algo que o torne único e é aqui que entra a coisa que se tornou a marca registrada da série (além de... vc já entendeu a essa altura).

Eis como funciona: enquanto VIRTUA FIGHTER 2 tem um botão para defender, em DoA ele funciona um pouco diferente. Se você apertar para trás+defesa, ele realmente defende como em qualquer jogo de luta. Porém se você só apertar o botão, o boneco faz um movimento de contragolpe.

Funciona da seguinte forma: os contragolpes vencem os ataques normais, os ataques normais vencem um comando de agarrão e os agarrões vencem os contragolpes. Então o jogo (e toda a série até hoje) funciona sobre um sistema de pedra-papel-tesoura, onde existem três movimentos possíveis (ataque, agarrão e contragolpe) e depende de quem está usando o que quando os dois bonecos colidem. Se dois movimentos do mesmo tipo que se conectam simultaneamente irão afastar os dois personagens um do outro, sem causar dano.

Isso acabou gerando um jogo bem mais tecnico do que se poderia esperar dada sua... premissa... e com os anos foi refinando essa mecanica, tendo uma base de fãs tão dedicada a sua jogabilidade quanto as glandulas mamárias avantajadas. Tenho que dizer que essa parte me pegou de surpresa, eu não esperava ver algum esforço jogabilistico em um jogo que se vende basicamente pela apelação, porém aí está e isso não pode ser tirado dele: Dead or Alive é um jogo de luta bastante técnico, acredite você ou não.

E essa foi uma estratégia bastante inteligente do Team Ninja, no fim do dia. A sensualidade pode atrair jogadores, mas não demora muito para que eles perderem o interesse e voltem sua atenção para jogos bons. Colocar um sistema tecnicamente interessante por de trás dos magumbos aqui é o que evita que a segunda parte aconteça.

Mas tem mais do que isso, esse jogo oferece algo novo além do seu sistema de pedra-papel-tesoura? Honestamente, não. Essa "inovação" é a única disponível e, para ser honesto, não é suficiente para chamar esse jogo de uma obra prima

A ruína de Dead or Alive não são as bolas de basquete armazenadas nos sutiãs de suas moças, mas sim o quanto ele parece com um arcade de 1994. Em outras palavras, não há muito o que fazer aqui. Existe o torneio típico, que é desprovido de história e cut-scenes (essencialmente um modo Arcade), dois modos de sobrevivência, um contra-relógio, um modo de treinamento e, claro, Versus e Team Versus, mas isso é tudo.

Tá que nem todo jogo precisa ter outros jogos de jogo loucos como TEKKEN 3... mas então existe um motivo pelo qual as pessoas lembram de TEKKEN 3 até hoje e não do primeiro DoA. No fim do dia, Dead or Alive é rápido, divertido de jogar, fácil de aprender e... bem, tão sexy quanto podia ser com gráficos de PS1, mas é só isso.

Ao contrário das suas personagens femininas, o jogo não tem realmente muita carne em seus ossos para ostentar. Algo que seria expandido nas próximas iterações da franquia.

VOCÊ DIZ QUE VAI SER EXPANDIDA A JOGABILIDADE OU A OPULENCIA DO PLEXO FEMININO?

Sim.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 123 (Janeiro de 1998)