quinta-feira, 29 de junho de 2023

[#1135][Ago/97] TREASURES OF THE DEEP


Dizer que eu não sou um grande fã de jogos simuladores de naves seria a mãe de todos os eufemismos, a realidade é que eu acho eles terrivelmente chatos de se jogar. Veja, não é que eu tenha uma crítica técnica que queira descascar quem gosta e explicar pq eles estão vivendo errado, nada idiota assim, apenas eu não me divirto e isso é isso. E por essa razão eu não jogo simuladores nesse blog, simples assim.

Entretanto, todavia, porém, mas, contudo, a grande vantagem de ser dono do meu próprio blog é que eu literalmente faço as regras da minha cabeça, e posso abrir uma exceção quando eu achar conveniente. Como o caso de hoje.

Treasures of the Deep sempre foi um jogo que me causou muita curiosidade desde a primeira vez que eu vi ele na Ação Games tantos e tantos anos atrás. Pelo que eu vi na revista, não existia na época nada como ele e em certo sentido não existe ainda - talvez Subnautica chegue perto, mas não é bem isso.

Vendo o jogo finalmente em ação hoje, agora que eu entendo um pouquinho mais sobre videogames, eu não posso dizer que não existe nada como ele exatamente pq de um ponto de vista puramente mecanico, ele lembra muito DESCENT. Só que ao invés de uma nave que voa em 3D em tuneis em asteroides (portanto sem gravidade), aqui é no fundo do mar.


Só que essa mudança de cenário não é apenas uma troca de paleta de cores, a Black Ops (uma desenvolvedora jovem que tinha alguma experiencia com jogos de nave, como BLACK DAWN por exemplo) realmente se esforçou para tirar do PS1 tudo que podia para te vender a sensação que você realmente está no fundo do mar. E eu realmente acho que eles tiveram sucesso nisso, sabe?

O leito do oceano pode não ser tão bem iluminado e passar a sensação de desolação das fases do Maria Doria de TOMB RAIDER 2 Starring Lara Croftágua mas é tão convincente quanto poderia ser em um jogo de médio pra baixo orçamento em um hardware de 32 bits. Verdade que a sua draw distance é (realisticamente, verdade) baixa, mas o pouco que você pode ver ao seu redor é convidativamente calmo e repleto de cardumes de peixes exóticos e flora submarina que balançam bem com as correntes. 


Com efeito, as correntezas são parte do que fazem a experiencia de TodD funcionar. Quero dizer, enquanto não é realmente divertido ter o seu subzinho jogado de um lado pra outro sem vc ter muito controle pq levou uma bangornada de uma corrente de água subaquatica... vc está no fundo do mar, o que vc esperava? Então, é, eu diria que a sensação de imersão (viram o que eu fiz aqui, hã, hã?) realmente funciona.

Isso não é tudo que a Black Ops fez para te manter submerso na experiencia (ó eu de novo), entretanto. Basicamente o jogo funciona como qualquer jogo de navezinha e os controles não são realmente muito diferentes de DESCENT. Porém tem uns toques aqui e acolá que não te fazem pensar que esse jogo poderia ser intercambiado de imediato pelo espaço, como por exemplo o fato que o leito do oceano é repleto de vida marinha - algumas te atacam, algumas não - porém você não pode apenas sentar o dedo no gatilho.

Vc é multado se matar a fauna marinha, no máximo vc pode disparar redes (que tem munição limitada) para capturar espécimes raras para ganhar um dindim, ou apenas se livrar do tubarão que encarnou que ia te dar cabeçadas e drenar sua vida.

E dinheiro é uma coisa muito importante aqui, pq vc depende de comprar equipamento para fazer as missões. O jogo te dá um tirinho básico e é isso, qualquer outra coisa que vc quiser vai ter que comprar com seu rico dinheirinho ou torcer para os inimigos droparem - como misseis teleguiados, tanques de oxigenio extra ou mais redes, por exemplo.


Com efeito, a partir da quinta missão vc até precisa de um modelo especifico de submarino que custa um milhão e meio, então vc literalmente tem que voltar nas fases anteriores para grindar grana. E mesmo que não fosse isso, vc ia querer os subs mais caros pq eles não apenas aguentam mais dano como podem carregar mais peso, o que te permite levar mais munição e itens de recuperação. O que pelo menos não é tão terrível qual soa, dado que o jogo não é muquirana com te dar tesouros e o fundo do mar aqui tem mais moedas espalhadas que o sofá da sala. 

Ainda sim, não posso dizer que sou realmente fã da ideia de voltar para farmar dinheiro, não é que quebra o jogo nem nada e te dá um motivo real para explorar além da rota básica (ao que o mapa do jogo ajuda não apenas por ser útil, como ser divertido de completar... sim, eu me divirto completando coisas em jogos, me julgue). 


E o loop do jogo é esse basicamente, toda fase o jogo te dá uma missão (coletar um item especifico, destruir algo - como uma plataforma vazando oleo - ou alguém) que é decentemente marcada no mapa, e vc tem que coletar o máximo de dinheiro possível no caminho. Não é muito, mas o jogo te vende tão bem a experiencia de fundo do mar que é interessante o suficiente para justificar a existencia desse jogo.

O que é menos interessante, infelizmente, é a dificuldade do jogo já que os inimigos não são exatamente o que se pode chamar de justos aqui. Não apenas o seu sub é meio durango de manobrar (o que faz sentido com o cenário, diga-se), como infelizmente eles tem o hábito de atirar em vc antes que vc possa ve-los ou sequer apareçam em seu radar.

Com efeito, eu seria bem mais feliz se o radar fosse um pouquinho mais amplo já que ele só mostra coisas que já estão em cima de você - ou que pelo menos houvesse como comprar upgrades para isso antes da metade do jogo. Como não tem, a experiencia geral de combate é que você vai levar muito tiro sem ter a menor ideia de onde ou pq - ou mesmo sem poder fazer nada a respeito - e não posso dizer que isso soa como algo incrivelmente satisfatório de se jogar.

Mas então, eu preciso novamente lembrar que eu não sou nem o maior fã e muito menos o melhor jogador de jogos de navinha. Talvez para os amantes do genero a dificuldade que eu citei seja apenas algo esperado e até bom, eu sei lá. 

O que eu sei de facto, entretanto, é que Tesouros das Profundezas é um jogo bastante único e que entrega tão bem sua premissa quanto era tecnicamente possível fazer em meados de 1997. Apenas o fato de em nenhum momento eu ter pensado "é apenas um jogo de nave com outra skin" e sim ter comprado a ideia que ele se passa no fundo do mar já justifica a existencia do jogo em si.

O gameplay pode ser um pouco arcad-y demais pra mim, mas então eu não realmente costumo jogar e nem gosto desses jogos - e ainda sim achei interessante, para quem realmente gosta disso deve ser uma coisa estupelinda. Talvez a Ação Games tenha se empolgado um pouquiiiiiinho ao dar um "The Best Of" pra esse jogo, mas então eu não posso dizer que não vejo de onde isso veio.

E, bem, esse era o breve relato que eu queria trazer a respeito desse jogo que chamou minha atenção, voltemos agora a programação normal do blog!

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 123 (Janeiro de 1998)