terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

[#1057][Abr/97] TOBAL 2


Esse não é um take particularmente original sobre o assunto, e certamente já foi repetido o suficiente por diversas pessoas - inclusive eu na época, mas TOBAL No 1 é essencialmente lembrado como o jogo que você comprava o demo de FINAL FANTASY 7 e vinha de brinde um jogo de luta... um não particularmente incrível, mas então todo mundo só se importava mesmo com o "CD Bonus" que vinha com a demo de FF7.

TOBAL No 1 nem é um jogo particularmente ruim, apenas é incrivelmente medíocre em tudo que ele faz ao ponto que nenhum juri do mundo te condenaria por esquecer que ele existe no intervalo de tempo entre parar de jogar e chegar até o console pra desligar ele.

Mas hey! Sabe o que TOBAL No 1 precisa? Quer dizer, REALMENTE precisa?

ALGO DIGNO DE ATENÇÃO EM QUALQUER CAMPO POSSÍVEL?

BOLOQUES, eu te digo! O que ele precisa é uma continuação lançada apenas 8 meses depois! Pq é  claro que é isso que vai fazer essa franquia decolar!

... VOU DAR UM CHUTE LOUCO AQUI, MAS ARRISCO DIZER QUE ESSE FOI O ÚLTIMO JOGO DA SÉRIE, NÉ?

É, foi. Pouco surpreendente, huh?


Com efeito, é tão pouco surpreendente que esse jogo sequer foi lançado fora do Japão. Na época a Square tinha um contrato com a Sony para publicar seis jogos de PS1 no ocidente, e eles sabiamente decidiram não gastar um slot com um jogo (não que eles não pudessem negociar um novo contrato, mas essas coisas dão trabalho e custam não pouco dinheiro) que eles sabiam que o anterior tinha vendido apenas por causa da demo de FINAL FANTASY 7. E errado não tá, realmente.

Agora, o curioso a respeito disso é que para um patch de update lançado apenas seis meses depois de um jogo que ninguém se importava em primeiro lugar... olha, o jogo até que melhora as coisas. 


MELHORA O SUFICIENTE PRA ALGUÉM SE DAR AO TRABALHO DE SE IMPORTAR COM ELE?

Também não vamos exagerar, né Jorge? Mas que é melhor, é. Com efeito, no Japão o jogo não apenas vendeu decentemente como foi um dos oito jogos a receber o Diamond Award da Famitsu em 1997. E olha que a Famitsu é chata pra caceta. Então isso quer dizer que esse jogo merecia melhor sorte do que recebeu?

Decidam por si mesmos:

Uma luta entre um personagem típico de um jogo de luta e um grande lagarto azul. O lagarto azul spamma o mesmo ataque repetidamente e empurra o outro lutador para fora do ringue. O jogo então reproduz alguns dos momentos mais irados da história do PS1. Tobal 2.

Dá pra dizer que a DreamFactory tomou algumas decisões ousadas com seus jogos de luta, e a que eles fizeram para Tobal 2 foi ter 200 personagens jogáveis. Sim, 200, o que na época levou o jogo para o Livro dos Recordes (atualmente o título pertence a Fire Wrestling Pro Returns, com 327). Porém o truque aqui é mais simples do que parece: um dos modos de jogo é um RPG bastante básico, e vc pode capturar os monstros das dungeons para usar como personagens jogaveis.

Então se você sempre quis tirar todos os monstros de um RPG tradicional e colocá-los em um jogo de luta bem básico, Tobal 2 é o jogo para você. Tem esqueletos, magos, fantasmas, lulas flutuantes gigantes, furões gigantes , macacos gigantes, ursos, toneladas de robôs diferentes, um chocobo da série Final Fantasy (completo com música tema), muitas coisas que parecem blocos devido a baixa quantidade de poligonos do PS1 (espera, isso descreve quase todos personagens) e até um sósia do Mokujin de TEKKEN 3

E por capturar eu quero dizer ao bom e velho estilo Pokemão mesmo: vc enfraquece eles na porrada, então captura arremessando um cristal neles. O que é uma coisa curiosa a se ter em jogo de luta, mas eu ainda acho que não compensa 6 horas de andar em masmorras vazias repetindo os mesmos movimentos de novo e de novo.


Se eu descrevi o "Quest Mode" do primeiro TOBAL No 1 como o RPG mais chato do mundo, bem, esse é o segundo. O que é melhor que ser o primeiro, então yay, evolução! ... mas ainda acho chato pra porra.

A real grande evolução do jogo, na minha opinião, é que o sistema de agarrões foi todo retrabalhado. Os controles foram simplificados e agora todos os arremessos podem ser evitados - o timing varia conforme o personagem, mas você geralmente tem tempo para reagir (ao contrário do primeiro jogo). Depois de agarrado, você pode acertar o inimigos várias vezes e, se o oponente não bloquear, eles fica tonteado e vulneravel a novos ataques, o que também pode ser counterado.


Na verdade, eles meio que exageraram um pouco nas opções defensivas e em uma partida de alto nível proplayer, o grappling às vezes se transforma em uma dança absurda de reversões de vaivém que passa um bom tempo intercalando entre ação e reação sem causar danos a ninguém envolvido.

O que a Dream Factory percebeu que tinham se empolgado, ao ponto que eles incluíram um vídeo tutorial explicando as principais mecânicas. O que está em japonês, mas valeu a intenção, eu suponho. Tem que ser dito também que o training mode está mais completo e tem até videos de proplayers experientes explicando como jogar o jogo.


No fim do dia, Tobal 2 é exatamente o que você poderia esperar de uma continuação de TOBAL No 1 feita em seis meses. Os gráficos estão melhores, mas nada radicalmente louco (os personagens agora tem texturas, bem vindos a 1993, Tobal!), a jogabilidade está melhor, mas nada absurdo também (e o jogo definitivamente parece lento comparado com os outros jogos de luta da época), o quest mode está levemente melhorado (embore eu ache que continua chato pra porra) e os personagens desenhados por Akira Toriyama... ainda são os 6 únicos personagens que o Toriyama sabe desenhar.

Quer dizer, se ele não aprendeu a desenhar outros personagens em 40 anos de carreira, não ia ser em seis meses que veriamos algum milagre, né?

Entre os monstros que vc pode pegar nas dungeons estão o Chocobo, o Mokujin e o avatar que o Akira Toriyama usava na época. Porém, como você pode imaginar, a imensa maioria dos "200" personagens usam o mesmo esqueleto, só mudando a skin

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 117 (Julho de 1997)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 036 (Março de 1997)


Edição 040 (Julho de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 016 (Março de 1997)


Edição 019 (Junho de 1997)


Edição 020 (Julho de 1997)