Okay, vamos começar esse texto deixando uma coisa bem clara para garantir que todos estejamos na mesma página, okay? Então lá vai: Destrega é uma grande tolice. Não existe outra forma possível de descrever esse jogo como qualquer coisa que senão isso, uma grande e enorme tolice.
Agora que esclarecemos nossos parametros, podemos começar do começo.
Tecnicamente, Destrega é um jogo de luta, embora se vc quiser classifica-lo como beat'm up (de 1x1) não estaria errado. Com isso eu quero dizer que os personagens andam pela arena em todas as direções e quando estão perto eles se socam (mais precisamente, um botão de soco, botão de chute e botão de magia) e quando estão afastados eles soltam magia.
Vamos lá: na vida real, eu não tenho sentimentos muito fortes a jogos de pedra-papel-tesoura. Quer dizer, whatever man, quem caralhas tem problemas com pedra-papel-tesoura? Agora pedra-papel-tesoura em videogames, yeah, vc pode dizer que eu tenho um problema com isso.
Suponho que eu não preciso colocar algo completamente fora do controle do jogador não é o elemento mais divertido da história dos videogames. Tipo, vc tem 1/3 de chance de ganhar e nada que vc possa fazer taticamente a respeito disso, é apenas aleatoriedade e foda-se vc. Definitivamente não soa como diversão no meu livro.
A razão pela qual estou falando sobre esse não-jogo é que, essencialmente, Destrega é CONSTRUÍDO sobre esse conceito. Com efeito, como dá pra ver acima, eles se orgulham tanto disso que colocaram como uma coisa awesome na contracapa do jogo, porque obviamente que qualquer um vai ver escrito "estratégia baseada em pedra-papel-tesoura" e pensar "YES! FUCKING AWESOME! FINALMENTE O JOGO DE LUTA BASEADO EM PEDRA-PAPEL-TESOURA!". Sim, certamente
Você tem três tipos de magias, que correspondem a um botão e são sinalizados pelo personagem dizendo uma determinada frase: um ataque rápido (quadrado, “Tidu”), um ataque forte (triângulo, “Est”) e um ataque espalhado (círculo, “Foh”) - usar qualquer ataque consome um terço desse medidor.
A mecanica do combate, como eu disse, se baseia na base de pedra-papel-tesoura, então Tidu vence Est, Est vence Foh e Foh vence Tidu se as magias se chocarem. Sabe, eu totalmente consigo ver os caras da Koei na sala do cafezinho dizendo "as crianças vão ficar totalmente "uou, seu foh venceu meu tidu, eu totalmente deveria ter usado Est!" e vai ser moh da hora!". Sim, eu acredito que na cabeça deles isso fazia sentido.
Considere também que não existem combos ou outros ataques especiais, então essa mecanica das magias jokenpo é meio que tudo que há para fazer no jogo. É isso ou ir pra cima e jogar um beat'm up... que é até okaym a hit detection não tem muito problema realmente... mas você consegue ver porque esse jogo não é nada senão uma grande tolice.
Explico, quando eu vi na capa do jogo "estratégia baseada em pedra-papel-tesoura", eu imediatamente tive flashbacks do Vietnã ao lembrar de KARATEKA. Se passaram sete anos e eu ainda tenho pesadelos com o sistema de combate baseado em pedra-papel-tesoura em um beat'm up, então eu realmente esperava muito pior que isso.
A coisa é que, na experiencia que eu tive com o jogo, sua principal mecanica é usada menos vezes do que você esperaria. Como eu disse, uma grande tolice. Explico: os cenários são realmente interessantes e possuem vários objetos que influenciam no deslocamento. Influenciam tanto que na maior parte do tempo o jogo é sobre usar o cenário para bloquear os disparos, duas magias se chocarem em campo aberto - e daí usar o sistema jokenpo - não é algo tão recorrente.
Isso faz dele quase um jogo mais de tiro do que de luta realmente, pq as magias importam mais pelo caminho que a magia faz do que pelo tipo dela realmente - como cada um dos tres tipos de magia dispara em uma rota diferente para cada personagem, então vc usa de acordo com o que vai pegar no inimigo.
Então quando você começa a jogar, realmente parece uma grande mudança em relação ao seu jogo de luta padrão - e até é. Mas demora menos de uma luta pra você começar a perceber que além de tentar fazer o seu tiro pegar no inimigo e evitar que o dele pegue em você, não tem realmente nada que diferencia uma luta da outra.
E pior ainda, os mesmo se aplica aos personagens porque, além das diferenças dos caminhos que as magias fazem, os personagens desse jogo são essencialmente iguais. Pior ainda, embora algumas fases do jogo sejam bastante bem desenhadas, com uma boa quantidade de paredes para se esconder e coisas do gênero, a maioria delas é simplesmente sem graça nenhuma.
Se parasse por aí, Destrega seria um jogo tolo plenamente esquecível. Uma briguinha de arena meio boba, mas vá lá, não é o fim do mundo. Uma mistura de POY POY com DRAGON BALL Z: SUPER BUTOUDEN, se preferir. Porém se parasse por aí isso seria apenas uma tolice média, e eu disse que esse jogo é uma GRANDE tolice.
O que significa que é hora de falar da história do jogo. O que rola aqui é que existe uma raça de seres chamados ‘Strega’ que chegou a um país pequeno e pobre chamado Zamuel há 1000 anos atrás e, com eles, trouxeram dons mágicos e tecnologia para presentear humanos comuns para que eles tivesse acesso a esses mesmos poderes.
Zamuel se tornou uma nação rica e prospera... o que obviamente significa que seus habitantes humanos começaram a ficar gananciosos, usando os dons ganho pelos Strega para conquistar as terras vizinhas em uma sede sem fim de poder. O mundo inteiro se uniu contra Zamuel, e apesar de não ter o mesmo nível de tecnologia, os Strega viram os filhos da puta que Zamuel se tornou e decidiram ajudar o resto do mundo nessa guerra - o que fez Zamuel ser derrotada após uma terrivelmente sangrenta guerra.
1000 anos se passaram e o mundo praticamente esqueceu desses dias sombrios. O imperador atual de Zamuel, no entanto, se tornou obsecado pela história do seu país e agora quer não apenas desenterrar a tecnologia perdida e usar seus poderes para reiniciar a campanha de dominação mundo. Adicionalmente, ele também está caçando os descendentes dos Strega para impedir que eles atrapalhem os planos de Zamuel como aconteceu mil anos atrás.
E olha, para ser honesto, esse é um enredo bastante razoável. Esse é um enredo que funciona bem, e funciona melhor para um jogo de luta. Tem o chefão final bem definido (o Imperador, obviamente), tem seus asseclas que caçam os Strega, muitas pessoas anti-Strega envolvidas e os próprios Strega. Funciona exatamente como deveria e realmente parece que pode levar a algo realmente bom. Podemos ter um bom modo história aq-
Uadãfãqui is that?!? Em primeiro lugar, pq o audio desse jogo foi gravado no banheiro? Sério, acho que esse é o audio pior gravado até hoje nesse blog, e isso quer dizer alguma coisa - mesmo os finados jogos em FMV do Sega CD soavam infinitamente melhor que isso, pq um jogo de PS1 parece que eles tão usando canos de PVC como microfone está além de mim explicar.
Porém a qualidade do audio é o menor das questões aqui quando comparado com O QUE os personagens estão falando. Se não foi o Tommy Wiseau que escreveu esse jogo eu sou um Fiorino com escada no teto, isso é o que precisa ser dito sobre isso!
Mas vocês não precisam tomar a minha palavra sobre isso, vejam com seus próprios olhos e ouçam com seus próprios ouvidos:
O modo campanha desse jogo tem aproximadamente uma hora de duranção, e eu juro pra vocês que é uma hora disso que vocês viram. Cortes de camera que parecem saídos de Kung Pow, as mesmas pausas constrangedoras entre as falas, as mesmas atuações repletas de emoção, os mesmos dialogos mais constrangedores da história, enfim vocês pegaram a ideia.
Eu juro pra vocês que eu passei a uma hora de campanha desse jogo com um sorrisão no rosto, pq é tudo tão ruim, tudo tão brega que é absolutamente maravilhoso! Quero dizer, sério:
É tão ruim, eu quero dizer tudo MESMO a respeito desse modo história é tão ruim que é uma das melhores coisas que eu já vi na vida! Koei, um conselhor de coração, na amizade mesmo: esqueçam esse jogo de luta medíocre que vocês montaram e se foquem exclusivamente de fazer uma visual novel dessa perola, pq isso é pura arte!
Destrega não é nem perto de ser o pior jogo de luta de todos os tempos, com efeito ele é sequer um jogo de luta ruim RUIM, ele é apenas incrivelmente medíocre. Agora experimente o modo história e seus ouvidos começarão a sangrar, é aqui que a magia realmente está. Sinceramente, quem fala da dublagem de MEGA MAN X4 e CASTLEVANIA: Symphony of the Night... está mais do que certo... mas ainda sim, a dublagem de Destrega é uma coisa além.
Honestamente a pior dublagem que eu já ouvi na vida, com dubladores medíocres gravando com o que parecem ser os equipamentos mais baratos concebidos pelo homem - a combinação dos campeões. A melhor descrição que eu posso fazer é estar ouvindo um personagem falar enquanto está passando um fax, e de alguma forma ele soa como se estivesse tentando gritar em um corredor vazio. É uma coisa inacreditável.
Eu gosto de como os cortes de cena tem o logo do jogo pra dar um ar de ABSOLUTE CINEMA |
Adicione a isso então uma direção que eu não tenho como acreditar que não é nada senão uma paródia (embora o jogo seja todo sério) porque apenas Kung-Pow e filmes spoof assim usam esse tipo de cortes de camera e escolhas de dialogo, e temos a maravilhosamente pior coisa na história das cutscenes até hoje.
Se apenas o combate em si não fosse tão... meh. Como uma experiência para dois jogadores, Destrega pode ser divertido brincando de pegar com o coleguinha, mas como uma experiência para um jogador a luta se torna um jogo de gato e rato, onde as combinações de personagens não precisam ser levadas em consideração e os jogadores basicamente correm pelo terreno na tentativa de aproveitar um momento livre entre os ataques inimigos.
Ainda sim, não dá pra dizer que Destrega é um jogo esquecível. Certamente não pelos motivos que seus criadores tinham em mente, mas sim por todos os motivos errados que são os certos no fim do dia.
A minha única questão é da onde eles tiraram "Destrega", esse nome que parece a versão maligna do Lego? Quer dizer, mais alguém além de mim acha isso, né?
NÃO, CARA, É SÓ VOCÊ MESMO
Suspeitei desde o principio, a história da minha vida. Mas que Destrega é nada senão uma grande tolice, isso é.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 134 (Dezembro de 1998)