quarta-feira, 17 de agosto de 2022

[#952][Ago/96] TOBAL No 1

Uma sacada interessante aqui é que a contracapa americana é a capa japonesa do jogo, achei bem bacana isso

Como estava o cenário dos jogos de luta 3D no meio de 1996? Bem, nas palavras do grande filosofo de nossos dias:


VIROU PASSEIO, AMIGO! Aparentemente todo mundo e a mãe de todo mundo estava tentando a sorte com a nova modinha da praça, da mesma forma que todo mundo tinha tentado com os jogos de luta 2D após o boom de STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR e é claro que a esse ponto a Square-Enix que era uma das maiores empresas do Japão não ia ficar fora dessa.

Então é claro que eles também tentaram um jogo de luta 3D para chamar de seu. O que nos leva a ser o número 1 de Tobal!

Okay, pequena história para você antes de começarmos: você sabe por que as pessoas se lembram desse jogo? Você sabe a REAL razão pela qual as pessoas, principalmente na versão ocidental, lembram deste jogo? Por causa disso:


Essa coisinha chamada "Square Preview" é um disco demo que vinha junto com esse jogo. Que demonstração, você pergunta? Apenas Final Fantasy 7. Você sabe, um dos maiores e mais amados RPGs de todos os tempos? Aquele pequeno joguinho que foi o primeiro a ter um orçamento de mais de 100 milhões de dolares e é um pilar na história dos videogames por inumeras questões que serão abordadas dentro em breve nesse blog? Já ouviu falar? 

Pois é, achei que sim.

O CD vinha com demo de Final Fantasy 7, Final Fantasy Tactics, Bushido Blade e do novo Saga Frontier. Pacotaço de lançamentos da Square para o PS1

Agora, certo, não é justo dizer que Tobal No.1 não vendeu COMPLETAMENTE nas costas da demo de Final Fantasy 7, mas vamos ser honestos aqui… se esse jogo vendeu mais de 600.000 cópias baseado apenas no jogo, então pelo menos umas 500.000 pessoas são muito malucas porque esse jogo NÃO é um vendedor de 600.000 copias por merito próprio. Então definitivamente dá pra dizer que a Square trouxe as armas pesadas aqui, lançar o jogo com uma demo de Final Fantasy 7 era uma fodenda coisa...

Agora o jogo Tobal em si, bem, suponho que eu precise falar sobre ele... Bem, vamos ser claros aqui: esse não é um jogo terrível, mas não é exatamente o tipo de jogo de luta que incendiaria o mundo ... ou sequer faria você se sentar e prestar atenção.


O jogo se passa no mundo de Tobal, onde o governante do reino anunciou um torneio de luta para descobrir quem merece os direitos de um minério que pode ser usado como fonte de energia. Não parece a estratégia mais comercialmente sábia do universo, mas o que eu sei realmente? Seja como for, alienígenas, humanos, e vários seres inominaveis se reúnem para se lutar entre si e, claro, ganhar o grande prêmio de ser o melhor lutador de TODA A GALÁXIA... suponho. Eu não sei, todos personagens tem sempre o mesmo final recebendo um troféu e É ISSO.

O que é um final bem bosta, se quer saber minha opinião, pq até STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR conseguiu ter finais individuais para seus personagens em um jogo 5 anos antes, então como eu disse isso é meio bosta.


Deixando os finais de lado, vamos falar da jogabilidade em si e é aqui que Tobal No 1… realmente fode tudo. Quero dizer, é um jogo bem medíocre. O jogo em si corre tão poucos riscos que ele tem mais em comum com SONIC THE FIGHTERS do que é salutar recomendar, frequentemente vc se pergunta se isso é um jogo pronto ou apenas uma tech demo da Square aprendendo a trabalhar com a engine 3D. Se eu tivesse que apostar meu dinheiro, apostaria no segundo.

Há muito pouco no jogo que envolve o jogador no que está fazendo, um dos maiores problemas é a falta de qualquer impacto por trás dos ataques dos personagens. Vc vê os bonecos se socando, mas não tem nada particularmente satisfatório nisso. Apenas meh.


Em termos de personagens, sua maior qualidade e problema é o mesmo: o character design do jogo é Akira Toriyama, aquele tiozinho famoso por desenhar gônadas draconicas. Ter o mais bem sucedido mangaka de todos os tempos desenhando seus personagens não é algo que pode ser considerado ruim, mas vamos ser sinceros: o range de personagens que o Toriyama costuma desenhar não é muito variado realmente. Então espere um Goku com outro cabelo, uma Bulma, o Andróide 16... você sabe, o velho rugaru de sempre do Toriyama.

Os controles não fazem muito favor ao jogo realmente também. O jogo tem botões de ataque no triângulo, quadrado e x, e o botão círculo não faz nada. Até aí isso é normal, o problema é que você defende com R1 (como em Mortal Kombat) e você PULA com L1. VOCÊ PULA. COM L1. O botão circulo não é usado, mas colocaram o pulo na porra do L1. Parabéns Squaresoft. Para-bains. 


A câmera consegue fazer menos favores ao jogo ainda, pq ela tem essa sensação sei lá, de frouxidão, como se estivesse balançando de um cabo de aço. Geralmente ela fica muito longe dos personagens para que pareçam muito pequenos, ou demora tanto para se centrar que as lutas geralmente ocorrem em posições aleatórias na tela. 

Eu meio que consigo imaginar alguém usando uma camera á manivela ou algo assim e constantemente tentando dar corda gritando “espere um segundo… espere…. espere... espere... peguei i-oh, eles mexeram, espere um segundo... espere... espere... quase lá...". PORRA DE CÂMERA PARA DE SER CUZONA!


E eu suponho que eu devo mencionar o fato de que o Quest Mode existe. Sim. Há um modo de aventura action RPG pavoroso, onde você escolhe um personagem, anda por "masmorras" precárias e mal texturizadas - com efeito, as masmorras mais sem graça da história da humanidade - e pega vários itens ao longo do caminho tentando acabar com tudo que se move. É terrivelmente chato.

E eu não quero nem falar sobre quando eles colocam buracos pra vc pular... vamos apenas dizer que personagens de jogos de luta EM UM JOGO DE LUTA não foram feitos para pular buracos como o Mario, okay?


Então temos os controles bizarros do jogo com o sistema de luta sem brilho, e uma seleção de personagens que realmente oferece quase nenhuma variedade entre os próprios personagens realmente não acrescenta nada à experiência. 

É um jogo profundamente entediante que potencialmente poderia ser bom... só que esse potencial está tão perdido e fragmentado que é realmente difícil saber o que fazer com ele. O design dos personagens precisaria de um pouco mais de esforço. Os cenários precisariam de um pouco mais de esforço. A música, a luta, os controles, a história, toda a coisa toda precisaria de mais trabalho para funcionar.

Eu sei que isso é dito bastante, mas não tem como não encerrar dizendo que esse jogo é mais uma demo de $40 de Final Fantasy 7 que veio com um minigame de luta grátis. Um bem mais ou menos.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 108 (Outubro de 1996)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 028 (Julho de 1996)

Edição 031 (Outubro de 1996)

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 009 (Maio de 1996)


Edição 012 (Outubro de 1996)