Ao longo de todos estes anos nessa industria vital, a Team17 se tornou o padrão ouro a ser alcançado quando se fala de party games para curtir com toda a galera.
VOCÊ QUER DIZER OS CARAS QUE FIZERAM ULTIMATE BODY BLOWS?
Erros foram cometidos, Jorge. A verdade é que após uma série de jogos altamente questionáveis, eles acharam o seu filão com o primeiro WORMS e posteriormente Overcooked, o que eu considero até hoje party game mais divertido que eu já joguei.
Mas divago, o ponto é que WORMS foi lançado em 1995, era uma ideia absolutamente charmosa: minhoquinhas cartunescas em um combate por turnos, onde vc usava um cenário destrutível e tiros com física para explodir os coleguinhas. Se tornou imediatamente um clássico clássico nos PCs, ostentando a não pouco impressionante marca de 25 jogos lançados no intervalo de 21 anos entre 1995 e 2016 (depois disso a Team17 se focou em ser uma publisher e tirou o pé da produção de Worms, com apenas um único jogo depois disso, Worms Rumble em 2020).
Então com tantos jogos lançados ao longo dos anos, você pode justamente imaginar que eles são essencialmente patchs de atualização, mantendo o mesmo jogo base e apenas adicionando novas armas, novos mapas - e as vezes polindo mais a física. O que está totalmente correto, a imensa maioria dos jogos de Worms são isso daí mesmo.
Isso sendo dito, existe um jogo em particular dessa sequencia que não é apenas lembrado, como mantido vivo não apenas por updates da comunidade, como a própria Team17 passou DEZ ANOS atualizando e lançando patches para ele. Armagedão dos Minhocos se tornou o paragon do que a franquia Worms deveria se tornar, e hoje veremos o porque.
Vamos então começar pelo começo: Worms Armageddon não reinventou a roda, não é uma fórmula nova. É o mesmo festival caótico de destruição em 2D, baseado em turnos, mas agora com a Team17 tirando os pesos das pernas e dizendo "tá bom, vamos as ganha agora".
A principal mudança no jogo é que a Team17 mudou do "realismo militar" para "full Looney Tunes". Seus minhocos ainda tem bazucas, metralhadoras e granadas, mas ao arsenal foram adicionadas muitas tolices cartunescas como a Super Sheep (sim, é literalmente uma ovelha que sai voando pela tela), Banana Bombs, Concrete Donkeys e literalmente uma arma do Armagedom que transforma o cenário em um final de filme do Michael Bay. Não é que o WORMS original fosse um jogo super sério nem nada, mas foi só agora que eu senti que eles finalmente se permitiram meter o pé na jaca com as grandes tolices.
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A física foi bastante polida, especialmente a parte de destruição do cenário, ampliando as estratégias de guerra. Os jogadores hardcore de Worms que você encontra na internet costumam se dividir em duas facções, como normalmente é o caso na internet, mas aqui existem aqueles que adotam o que é chamado de "estilo de jogo furtivo", e suas partidas giram em torno de cavar o terreno em busca de segurança, se esconder, plantar minas e, em geral, ser muito furtivos; esses são conhecidos como os Darksiders. Há também aqueles que se consideram corajosos e leais, os Lightsiders, que nunca se acovardam com medo de mísseis e sempre lutam bravamente até o fim!... e sim, o fandom de Worms costuma ser bem passional...
A outra grande mudança na jogabilidade é que cordas ninja para dar mais mobilidade aos seus minhocos irem full Attack on Titan, o que quer dizer que você pode se mover como um Homem-Aranha pelo mapa dropando bombas e tiros — se você for bom, porque a manobrabilidade disso é mais complicadinha.
Outra coisa que eu achei que WORMS sempre tinha feito, mas eu descobri que começou só agora foi que vc pode personalizar suas minhocas, dar a elas sotaques (variando de valentões escoceses a nerds de voz esganiçada), bandeiras, lápides e acessórios únicos. O que ajuda até a lembrar quem vc é, pq o multiplayer foi expandido para até seis times lutando entre si, o que significa nada menos que até 48 minhocos se minhocando no mapinha (e como todos membros de um time agem ao mesmo tempo, não aumentou tanto assim a demora de turnos de 4 times para 6)
Porém o que talvez mantenha o jogo como o favorito dos fãs e o sinonimo de MINHOCOS até hoje, é seu robusto e impressionantemente customizavel editor de níveis. Lançado quase 20 anos antes, Worms Armageddon simplesmente envergonha Super Mario Maker sobre o que dá pra fazer na criação de cenários. Não é apenas sobre mapas e texturas, a construção de mapas te dá controle total sobre as configurações de regras personalizados, desde que tipo de armas são utilizadas mas até mesmo segundos individuais e configurações de potência/munição/atraso e muito mais.
Quer dizer, que outro jogo no mundo te permite fazer ESSE mapa:
Ou ESSE:
Essa liberdade de customização engajou tanto os jogadores que a Team17 manteve o jogo vivo por mais de uma decada, encerrando seu suporte com patches e conteúdo apenas em 2010. Porém nem isso é o fim da história, pq depois disso eles contrataram dois dos mais famosos modders da cena, que atendem pelos nicks de Cybershadow e Deadcode que até hoje continuam trabalhando no jogo, corrigindo bugs e adaptando para os sistemas mais modernos.
Então embora dá pra dizer que esse jogo seja a experiencia definitiva de Worms, tambem não tem como dizer que ele é perfeito e a maior critica que cabe a esse jogo é o modo single player: a IA não permite uma experiencia muito divertida, dado o quanto ela é roubada. Espere que o computador acerte arremessos no pixel preciso do outro lado do mapa com uma regularidade de um fucking sniper todo turno - simplesmente não tem graça jogar devido a ausencia de falibilidade.
Mas então, a sensação é que o modo singleplayer nunca foi uma feature planejada para esse jogo de qualquer forma, como se tornou a assinatura da Team17 esse jogo vive e morre pelo seu multiplayer - e isso ele faz melhor do que qualquer jogo da franquia, e dos jogos em geral. Quando você vê que as entradas mais recentes da série Worms têm menos jogadores (ou até mesmo nenhum) em comparação ao WA, você começa a entender que tipo de legado do qual estamos falando.
Então Worms Armageddon não é apenas uma sequência — é Worms: The Final Cut. Pegou tudo o que funcionava no original e adicionou o poder da toonforce, abraçando de vez todas as tolices de desenho animado.
Não é perfeito. A IA raramente erra um tiro, e o modo single player está lá principalmente para te ensinar o tutorial e só. Mas como uma celebração de tudo o que tornou Worms tão bom? Esta é a versão que enterrou todas as outras.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 149 (Março de 2000)
EDIÇÃO 056 (Março de 2000 - Semana 2)
