A review de hoje vai ser uma bem rápida. Basicamente, em algum ponto de 1999, a Namco decidiu que iria lançar sua franquia de luta mais bem vendido do Playstation - Tekken 3 - para o Playstation 2. Quer dizer, não é exatamente ciencia de foguetes aqui: Tekken 3 é o quinto jogo mais vendido da história do PS1, lançar um novo Tekken para o line-up do PS2 não é um salto de lógica muito selvagem.
A coisa, entretanto, é que Tekken 4 ficaria pronto apenas para 2001 e relançar Tekken 3 direto e reto seria bem palha. A alternativa foi então lançar um patch de update para Tekken 3, o que nos leva ao jogo de hoje: "O Torneio do Punho de Ferro 3 c/ Coisas Copiadas e Coladas de Tekken 1 e 2".
Falando tecnicamente, Tekken Tag Tournament é um spin-off não canônico da série principal de Tekken - o que é uma forma chique de dizer que em vez de prosseguir com o drama da família mais disfuncional da história dos videogames, o jogo apenas reúne todos os personagens de Tekken 1 a Tekken 3 em um único dream match. Não tem história, nem posicionamento na linha do tempo — apenas é o Mortal Kombat Trilogy de Tekken, com personagens copiados e colados, apenas com as adaptações necessárias para funcionar na engine nova.
Bem, para não ser injusto e dizer que o jogo não tem nada NADA de novo, é óbvio que o destaque é a mecanica do título: Tag Team 2v2. Só que diferente dos outros Tag Teams de luta da época, a coisa aqui é que o round termina se a vida de qualquer um dos membros da dupla chegar a zero - não é que "derrotou um, agora tem que acabar o resto", então cuidar pra isso não acontecer é o diferencial aqui.
E... é isso. Tirando essa novidade, o jogo é um update de Tekken 3 disfarçado. Em vez de arriscar a inovação, a Namco adaptou modelos de personagens, reutilizou animações e praticamente não alterou os conjuntos de holpes existentes. Personagens como Jun Kazama e Michelle Chang retornaram com o mínimo de esforço — às vezes parecendo mais re-skins do que lutadores completos. Mesmo a grande adição do jogo — a mecânica de duplas —, embora divertida, não aprofundou drasticamente o combate principal. Simplesmente reorganizou as peças.
A grande real atração de TTT, na minha opinião, é apenas ver engine atualizada que a Namco estava preparando para o PS2. A engine de TTT é bastante inferior ao que veriamos em Tekken 4 e mesmo aos outros jogos de luta da 6a geração que já existiam (como SoulCalibur e Dead or Alive 2), mas não deixa de ser uma curiosidade ver animações mais suaves e iluminação em tempo real.
Então é isso. A decisão da Namco de lançar Tekken Tag Tournament como título de estreia para PlayStation 2 não nasceu de ambição criativa nenhuma, foi uma jogada comercial para ter um título de lançamento no PS2 enquanto Tekken 4 estava em desenvolvimento.
Tekken Tag Tournament nunca teve a intenção de redefinir a série. Era um patch de update comercialmente seguro e visualmente impressionante, projetado para manter os fãs alimentados enquanto a Namco trabalhava na verdadeira sequência. E alcançou esse objetivo — vendendo bem, exibindo uma amostra do poder do PS2 (apesar dos personagens não terem final, o jogo salvar todos os replays das finalizações das lutas e mostrar todos no fim do jogo é uma exibição de memória que o PS1 jamais poderia sonhar) e proporcionando aos fãs a chance de jogar com qualquer personagem dos três primeiros títulos de Tekken, uma recapitulação com curadoria, iluminação aprimorada e um botão de tag. Divertido? Okay. Essencial? Nah. Visionário? Mas nem fodendo.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES EDIÇÃO 149 (Março de 2000)
EDIÇÃO 150 (Abril de 2000)
EDIÇÃO 151 (Maio de 2000)
EDIÇÃO 152 (Junho de 2000)
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER EDIÇÃO 063 (Junho de 1999)