quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

[#819][SAT] CLOKWORK KNIGHT 2: Pepperouchau's Adventure [Novembro de 1995]


A Sega é inacreditável. Sério, inacreditável. E eu não digo isso de uma forma elogiosa, é que eles tomam umas decisões que não tem como acreditar mesmo. Imagine o seguinte cenário: estamos indo pro final de 1995 e o Saturn está sendo destruído no ocidente. Quem diria que lançar o seu console "de surpresa" - ou seja, sem suporte de lojistas, marketing e sem os desenvolvedores com jogos prontos - seria uma ideia ruim?

No texto do CLOCKWORK KNIGHT eu contei toda  história do catastrófico lançamento do Sega Saturn, mas o que importa é pra esse texto é que o Saturn deveria ter sido lançado em setembro, foi adiantado "de surpresa" na E3 pra sair em julho e causar geral (o que de fato causou, mas não da forma que a Sega esperava) e o que realmente importa é que até o final de novembro o Saturn tinha vendido menos unidades no ocidente nesses quatro meses "de adiantamento" (o console deveria ter sido lançado em setembro e saiu em julho pra pegar todo mundo "de surpresa") que o Playstation vendeu em um fim de semana. Quatro meses, um fim de semana. A coisa tava bem feia pra Sega.

Mas hey, nada como lançar um super jogo pra mudar isso, certo? Aquele titulo do balacobaco que vai vender seu console até para amishs, certo? E... espera, Sega... a ideia de vocês é lançar basicamente um DLC de CLOCKWORK KNIGHT

Pela capa europeia do jogo, dá pra ver que na versão americana eles tiraram o background dessa imagem e a fonte customizada para "ficar mais sério", because this is how Murica rolls

Mas minha favorita definitivamente é a capa japonesa, o quanto a princesa não está impressionada com o nosso herói

Sério, CLOCKWORK KNIGHT é o equivalente videogamistico de uma caixa de papelão molhado. Ele não fede nem cheira, não tem personalidade, não serve pra nada, meio que só está ali ocupando espaço. Esse jogo não é ruim, ruim... ele só não é ... nada, na verdade, é o mais basico do basico que você pode ter de um jogo de plataforma montado em cima da hora - com efeito, eu não duvido que esses programas de "faça seu jogo" com ferramentas extremamente rudimentares seria capaz de fazer CLOCKWORK KNIGHT

Como eu disse na época, CLOCKWORK KNIGHT seria um jogo completamente esquecível se fosse lançado no Master System, ser um dos titulos de lançamento do Saturn não é nada senão uma afronta - e um tanto de desespero, pq eles meio que não tinham muitos outros titulos para mostrar mesmo pq os jogos só ficariam prontos em setembro de 1995 - a data original de lançamento do Saturn. Então agora que todo mundo lembrou o picolé de chuchu que foi CLOCKWORK KNIGHT... você consegue imaginar que eu não tenho exatamente as maiores expectativas do mundo para uma continuação lançada menos de uma no depois. Pq a Sega tem um dom metafisico de fazer sempre as piores escolhas do mundo, é até impressionante.

Mas isso sendo dito... vamos lá, né? Não que qualquer um em qualquer multiverso se importe minimamente com Clockwork Knight 2, mas estamos aqui pra isso...

Bem, como eu disse CK2 é basicamente uma DLC do jogo anterior: mesmo jogo com novas fases - que é o que dá pra arranjar em menos de um ano, não tinha como ser diferente dadas essas datas que a Sega inventou. A noticia ruim é que sendo o mesmo jogo, ele não corrige nenhum dos problemas do jogo anterior: o pulo é meio floaty, seu boneco responde devagar para virar, a inércia é escorregadia (a famosa sindrome do "toda fase é um tipo de fase do gelo") e o mais importante de tudo, não tem nenhuma mecanica única e interessante. Então, em sua essencia é o mesmo jogo papelão molhado que vimos poucos meses atrás. 

A boa noticia é que enquanto o jogo em si não fede nem cheira, as novas fases dessa "expansão" são infinitamente melhores que o jogo anterior. Claro que ser "infinitamente melhor" do que um jogo que é o equivalente videogamistico de sopa de hospital não é algo que sequer eleve esse jogo a "bom", mas não tem como negar o upgrade.


Uma das partes mais interessantes de Clockwork Knight 2 é a interação com os objetos o cenário. Agora você pode abrir livros para esmagar os inimigos, usar sua keyblade em engrenagens para revelar caminhos alternativos que te permitem coletar colecionaveis nas fases - sim, agora o jogo tem colecionaveis, então se você ganhou esse jogo de presente e está preso com ele, bom, pelo menos alguma coisa você tem para fazer depois que zerar pela primeira vez. 

Outras coisas interessantes que acontecem é que no plano de fundo lançam ataques e até eles mesmos em você - e do mesmo modo, você pode pegar atalhos para trocar e ir para o plano do fundo da tela descer o laço nesses maníacos. 


Não fosse o bastante, Clockwork Knight 2 adiciona um pouco mais de variedade com fases de scroll automático - cavalgando seu garanhão Barobaro que funcionam como minecarts. Ninguém gosta muito de fases de minecarts, mas não é a pior coisa do mundo. Até porque vidas extras não são um problema nesse jogo (não é raro você terminar a segunda fase com mais de trinta vidas, sério), então as fases de minecart cheias de buracos traiçoeiros é... okay-ish.

Outra coisa que eu gosto nesse jogo é que seu tema é... eu ia dizer "melhor explorado", mas no primeiro jogo não é explorado at all. Agora você é um brinquedo em cenários diferentes pela casa com desafios correspondentes: isso quer dizer que você usa patinhos de borracha na fase do banheiro ou carrega usa um isqueiro para acender velas na biblioteca (na verdade dá até pra matar inimigos com a chama do seu isqueiro, e descobrir que dá pra usar objetos como arma sempre é legal). Okay, isso é interessante e definitivamente não dá pra chamar esse jogo da coisa mais genérica ever, então parabéns por isso.  Alias até as batalhas contra os chefes ficaram mais interessantes, a maioria passa por várias fases com padrões diferentes de ataque. Cool. 


Enfim, para minha grande surpresa Clockwork Knight 2 é um jogo bastante decente. Está longe de ser um clássico, mas é um jogo de plataforma sólido que cumpre a promessa do primeiro jogo e oferece aos jogadores de Saturno um razoavel jogo de plataforma old school. O que, na situação que o Saturno estava, era como passar um pano umedecido em uma artéria sangrando. 

Ainda sim é um jogo okay, cujo maior pecado realmente é carregar o fardo de ser a continuação de um dos jogos mais esquecíveis conhecidos pelo homem. 


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