terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

[#818][MEGA] VECTORMAN [Outubro de 1995]

 Hoje... é dia de falar da Sega. Faz tempo que não tinhamos um desses, heim? Sempre é bom voltar as raízes, é o que eu digo. Seja como for, nossa história começa no final de 1994 quando todo mundo já se preparava para a próxima geração de consoles e a Nintendo chutou a boca da barraca com DONKEY KONG COUNTRY.

Para surpresa de todo mundo, do dia para a noite o Super Nintendo estava rodando um jogo em 3D super suavemente. Sim, é óbvio ululante que não é um jogo 3D rodando nativamente no Super Nintendo e que a Rare usou vários truques para fazer isso funcionar - no texto de DONKEY KONG COUNTRY eu explico melhor essa história. O que importa aqui é que, para quem olhasse, era um fodendo jogo fodelástico fodelando a fodelança toda. Quer dizer, sério:


Bom, mas isso todo mundo sabe. Então pq eu to falando de DKC? Bastante simples: em suas raízes, a Sega nasceu como a "opção do homem pobre" para o que a Nintendo fazia. Tinha Final Fantasy no Nintendinho? A Sega foi lá e fez PHANTASY STAR para o Master System. Mario? A Sega tinha ALEX KIDD. Zelda? GOLVELLIUS. Verdade seja dita, a especialidade da Sega não era apenas copiar a Nintendo: ela ripava tudo que podia e entregava uma versão de baixo orçamento.

Você queria um jogo do Robocop mas sem pagar a licença? E-SWAT: CITY UNDER SIEGE. Ou talvez você esteja afim de um jogo do Conan? RASTAN. Enfim, vc entendeu a ideia. Nos ultimos tempos - especialmente depois do fim dos dias do Master System e depois de emplacar um sucesso próprio com SONIC THE HEDGEHOG - a Sega meio que parou de fazer isso e passou a tentar suas próprias. Mas então voltamos ao sucesso fleumático rubicundo de DCK e a Sega decidiu que era hora de voltar as raízes e fazer o seu jogo pseudo 3D para manter o Mega Drive ainda respirando por aparelhos (pq eu não faço ideia, ao invés de só investir nos seu console novo, mas enfim...)


Seja como for, a Sega fez o que a Nintendo fez: chamou uma parceira de confiança, meteu grana e vamo que vamo. Só que no caso da Nintendo foi a Rare, e a Sega contratou sua velha parceira Blue Sky - mais conhecida por jogos como THE LITTLE MERMAIDJURASSIC PARK (aquele de jogar com o DINÓSCERO improvisado) ou SHADOWRUN.

E a Blue Sky entregou exatamente isso: tal qual DONKEY KONG COUNTRY, o jogo foi renderizado em 3D em supercomputadores e então esses gráficos foram convertidos em .jpg 2D e assim taí, um jogo que parece incrívelmente acima das capacidades do Mega Drive.

O quão acima dos limites esse jogo parece? Bem, pra começar o herói é composto por 23 sprites individuais movendo-se em conjunto, e tudo tem aquele brilho pré-renderizado que Donkey Kong Country tornou tão popular. Mais do que isso: os sprites do Vectorman são afetados por várias fontes de luz - obviamente que não iluminação em tempo real, assim como em DKC é um truque, mas impressionante do mesmo modo. 

Então de modo geral tudo é suavemente animado e alguns dos cenários são realmente bonitos. Meio simples, verdade, mas o pouco que eles fazem é bonito. Tudo isso com uma trilha sonora ... que não faz os seus ouvidos sangrarem, o que é mais do que se pode dizer da maioria dos jogos do Megão da Massa.


Nossa história aqui ... é basicamente Wall-E, só que 15 anos antes: a Terra está inabitável devido a poluição, de modo que os humanos picaram a mula e deixaram robos limpando a porra toda (aqui chamados de "orbots"). O que vai rolando até os orbots acharem uma bomba nuclear... e então por algum motivo conectaram ela no robo controlador... porque é algo que você faz ao encontrar uma bomba nuclear... e por algum motivo isso corrompe ele que começa uma rebelião das máquinas para quando os humanos voltarem... pq bombas nucleares são malignas e é algo que elas fazem.... aparentemente... caralho, nada disso faz o menor sentido... 


Para impedir essa poutaria selvagem, havia um orbot que estava fora da Terra na hora que o controlador tomou controle dos outros orbots. Pq nosso herói Vectorman estava fora da Terra? Bastante simples: pq o processo de limpeza envolve os orbots pegarem o lixo e desovarem pessoalmente no Sol... o que parece uma forma bem pouco eficiente de lidar com o lixo, quer dizer, que tipo de lixo se produz em 2049 que é mais energeticamente eficiente voar até o Sol do que fazer qualquer outra coisa custando 1/100000 da energia gasta? E pq o controlador só não controla o que escapou agora? Bombas nucleares só permitem dominar todas as IA uma vez? Taqueopareo, nada disso faz o menor sentido mesmo...

Seja como for, Vectorman agora vai metendo o pipoco em geral e é o que temos pra hoje. E contada a história, então vamos voltar a falar do jogo em si.


O problema é que como eu disse, a Sega é a versão do homem pobre do que a Nintendo faz. Nesse caso, por exemplo, o grande truque de DKC não são apenas os gráficos computadorizados (embora isso chame muita atenção), mas que a Rare usou os computadores termonucleares da NASA para calcular o peso e a física do jogo, fazendo com que a jogabilidade de DKC seja cristalina e perfeitolinda. Essa parte... não tem na versão da Sega.

O que quer dizer que apesar dos gráficos impressionantes, o gameplay em si... é apenas um jogo comum. Não é ruim, mas não é nada que você vá lembrar alguns minutos depois de terminar também. Como era bem tipico da Sega fazer, Vectorman foi feito para ficar bem nos anuncios e nas fotos de revistas, mas jogando... foda-se, você já pagou pelo jogo mesmo.


Em sua essência, Vectorman é um run-and-gun, um gênero que não é estranho ao Mega Drive - e que definitivamente é um genero representado por titulos bem mais memoráveis que esse como CONTRA: Hard Corps ou GUNSTAR HEROES

Aqui você controla o bot titular enquanto ele corre, atira e ... hã, tem pulo duplo e... é isso realmente. O jogo meio que é isso. Existem power-ups para coletar que vão te dar novas armas ou transformações especiais, mas elas duram tipo uns 30 segundos, então nem faz diferença. E talvez se inspirando em CONTRA III: THE ALIEN WARS, a maioria das fases usa visão lateral mas algumas poucas usam uma visão aérea. 

O jogo já é bem dificil, mas essas fases com visão de cima conseguem ser o puro suco de Satã porque você não consegue ver direito qual é a hitbox dos ataques já que a camera fica balançando pra lá e pra cá o tempo todo, então não tem como você desviar se não tem consegue ter noção da hora que vai tocar no seu quadrado

Vectorman é um sujeito bastante versátil graças ao seu salto duplo e capacidade de atirar em oito direções diferentes, versatilidade essa que não é tão comum nos jogos desse genero - em especial pulo duplo é algo bem raro nos run'n gun. Outra coisa que naõ é tão comum assim no genero ele aguenta levar alguns golpes antes de morrer. One hit kill é bem comum em run'n gun e eu fico feliz que eles não fizeram isso aqui...

... mas a um preço: esse jogo não tem continues, saves ou passwords. Perdeu três vidas, começa de novo - pq é claro que um jogo encomendado pela Sega tinha que ter essa vibe arcade papaficha, porque é o que a Sega acha que é legal.

As batalhas com chefes não são particularmente inspiradas, podemos dizer assim

Falando ainda da jogabilidade, Vectorman é um pouco escorregadio e difícil de se acostumar no começo. Os designs dos inimigos são bem sem graça e tudo leva muitos tiros para destruir. Os chefes são um pouco decepcionantes. Os níveis com visão de cima não funcionam tão bem quanto você gostaria, e os power-ups meio que não fazem diferença pq duram pouco. E, como dá para imaginar, é difícil e implacável demais para seu próprio bem.

Enfim, Vectorman é jogavel se você se acostumar com suas peculiaridades, mas não é sequer um dos melhores run'n gun do Mega Drive, quanto mais um jogo épico no geral. Um jogo que impressiona mais nas fotos que no jogo, feito sob encomenda para quem ficou só na vontade de jogar Donkey Kong Country. Ou seja, Sega segando raízamente.

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