quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

[#825][PS1] DRAGON BALL Z: Ultimate Battle 22 [Julho de 1995]


Suponho que você possa imaginar que a esse ponto eu não tenha mais muito o que falar de Dragon Ball Z nos videogames, porque só nesse projeto já são quatro jogos onde pelo menos três são apenas versões do mesmo jogo. Isso pode parecer um problema... embora não para a Tose (a subsidiaria da Bandai que fazia os jogos Super Butouden), que previu que em 27 anos eu teria esse problema e decidiu facilitar a minha vida dando o que falar desse jogo.

Isso porque quando o Playstation saiu no Japão, é óbvio que a Bandai se sentiu profundamente motivada a fazer uma versão dos jogos Super Butouden para o novo console - obviamente a motivação sendo:


Então como não pode deixar de ser, a Bandai chutou  a porta da Tose e mandaram eles fazer uma versão de DBZ para PS1. E, fazendo uma conta de padaria chegaram a conclusão que caberia 22 personagens no CD - daí o nome do jogo, e não é pq é o jogo número 22 de DBZ... embora o número não deve ser muito longe disso, se contar os jogos de Nintendinho que nunca foram lançados fora do Japão.

Tudo muito bom, tudo muito bem... só um problema, um pequeninho problema quase imperceptível: o hardware do Playstation é muito diferente do hardware do Super Nintendo (uau, temos um Xerox Rolmes aqui, hã?)... e eles não faziam a mais remota ideia de como trabalhar com o console da Sony.



O resultado é um dos jogos mais amadores que eu já vi na vida, no Playstation é definitivamente um dos piores jogos de luta ever e isso não é pouca monta - especialmente nessa época, em que você chutava uma arvore e caia dois ou três jogos de luta programados numa calculadora de camelô.

Pra começar, os gráficos são... estranhos. A mistura de gráficos 2D com cenários girando em 3D é esquisita não é ruim per se, mas você definitivamente esperaria melhor do console. Com efeito, os jogos de Super Nintendo - especialmente os de Dragon Ball feitos pela mesma Tose - são muito mais bonitos e bem definidos. Mas va lá, não é lindo mas não é por isso que dá pra sacrificar o jogo...

Uma curiosidade é que o jogo tem 5 personagens secretos acessíveis apenas com código... que vem no manual do jogo. Sério, pra que não apenas colocar no jogo então se o código já tá no manual? Suponho que as capas com o nome Ultimate Battle 22 já tinham sido impressas e eles não queriam ter que mudar pra Ultimate Battle 27


... exceto que esse é o melhor aspecto da coisa toda. Daí pra frente é só ladeira abaixo.

Pra começar, TODOS os ataques especiais, e eu digo todos mesmo, são basicamente o mesmo sprite. Não importa se você usa o ataque especial do Goku, Vegetta ou Androide 16, é o mesmo golpe. Sério, imagine uma versão de Street Fighter onde todas as magias de todos os personagens fosse hadouken... é isso, só que pior porque mesmo o ataque "especial" é pouca coisa diferente da magiazinha normal que você lança apertando O. O dano causado também é imperceptívelmente parecido, de modo que usar ataques especiais na verdade é PIOR porque o seu personagem perde tempo fazendo a gesticulação.


Eu vou repetir: fazer ataques especiais é pior que o ataque normal, não tem vantagem nisso. Nosso jogo de luta, senhoras e senhores! Parabens a todos os envolvidos!

Mas okay, digamos que você decisa resolver esse problema não usando magias e apenas luta de socos e chutes... resolve?


Lembra que eu disse que a Tose não entendia chongas do hardware do Playstation? Então, fazer um jogo de luta funcional já é dificil quando você sabe o que está fazendo, imagine agora tateando no escuro. Claro, em um mundo ideal a Bandai daria tempo para os desenvolvedores aprenderem o sistema antes de sair fazendo jogos a moda louca, mas então...


O resultado é, como eu tinha dito antes, um dos jogos mais mal programados da história do Playstation que roda a ESSA velocidade:


Esse GIF não está rodando em camera lenta. Bem, ele está, mas eu quero dizer que essa é a velocidade normal do jogo!

Então você tem esse jogo que as magias são um saco de estrume, o combate corpo a corpo são essa desgraça que você tá vendo acima... que tal adicionar telas de loading entre cada luta como se o jogo que demoram tanto estivesse sendo escrito a mão? Sério cara, nem no Sega CD (que usam leitores de CD de 1991) demorava tanto um loading, o que é assinatura esculpida em carrara de um jogo mal programado.



E tudo isso pra jogar um modo contra o computador que não tem história. Não que mude a vida de alguém recontar pela bilhonésima oitava vez a história de DBZ, mas assistir umas cutscenes em anime não tiraria pedaço, né?

Enfim, esse é o DBZ 22 é um jogo em que o Kamehame Ha é isso:


... enquanto eu preciso lembrar a vocês que o jogo da mesma Tose no Super Nintendo feito TRÊS ANOS ANTES era isso:


Mais uma vez, parabéns a todos os envolvidos. Fazer um jogo ruim é uma arte, e vocês são fucking Salvador Dali.

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