terça-feira, 26 de abril de 2022

[#868][PS1/ARC] BATTLE ARENA TOSHINDEN 2 [Novembro de 1995]

Eu entendo a lógica dos jogos de luta e tal, mas preciso dizer que lutar de salto alto realmente parece um footing bem ruim

Toshinden 2 é uma continuação de jogo de luta, lançado um ano após o original. O que, se você é alguém que acompanha esse blog sabe o que isso significa. Mas como ninguém acompanha o blog, eu vou ter que explicar: é mais um daqueles jogos que é um "patch de update" vendido como continuação. O que significa que é essencialmente o mesmo jogo, apenas recebeu um tapa na pantera nos gráficos e algumas coisinhas no gameplay - tipo diferente do primeiro jogo, agora você pode atacar o oponente quando ele estiver no chão.

Coisas pequenas assim, sabe? É por isso que eu chamo esses jogos mais de "patches de atualização" do que continuações, porque se fosse hoje o videogame apenas baixaria a versão 1.1 do jogo automaticamente e a maioria de nós nem perceberia.


Pois bão, se não tem muito a falar do jogo em si - entrar em detalhes tecnicos de jogo de luta não é muito a minha coisa, então do que eu vou falar, exatamente? Ah, nada tema meu fleumático amigo, nada tema! Porque em 1996 foi lançado um anime para promover essa "continuação", feito por ninguém menos que a então pouco conhecida JC Staff - levaria um bom tempo para eles ficarem conhecidos por seus animes de nomes bastante... pecualiares... como "é errado tentar pegar garotas em uma dungeon?" ou "Você ama sua mãe e os ataques dela de dois hits?". Yeah...


Mas Toshinden, certo. A história dos jogos de Toshinden não é complexa... ou mesmo muito boa, mas vá lá: a organização conhecida como "A Organização" (eu não to zoando, esse é o nome em japonês mesmo) é tipo a Illuminatti que controla o mundo e um dos seus líderes, Gaia, decidiu sacanear seus coleguinhas fazendo um torneio de luta chamado Toshinden com o objetivo de recrutar os melhores lutares para seu exército pessoal e com isso tomar todo o controle da ORGANIZAÇÃO (puta merda, que nome) para si.

Como você pode imaginar a esse ponto, isso deu menos do que certo para Gaia e ele foi macetado na porrada no torneio, esse é o primeiro jogo de BATTLE ARENA TOSHINDEN.

O arcade foi distribuido pela Capcom, que não tava muito pra sutilezas...

No segundo jogo, que é basicamente a história do anime, os outros membros da ORGANIZAÇÃO (G-zuis...) decidem dar o troco em Gaia, que sumiu, e criam outro torneio com a esperança de atraí-lo porque é cientificamente comprovado que vilões de videogame tem um fraco por torneios de luta. A boa notícia é que o anime coloca mais esforço nesse plot para ele ter alguma sustancia, a notícia ruim é que isso não é dizer muita coisa realmente - com efeito, é dizer quase nada.

Com efeito, o anime de Toshinden coloca tão pouco esforço em qualquer coisa que hoje ele é lembrado apenas por ter sido o primeiro lançamento da US Manga Corps no ocidente. Sim, aqueeeeeele US Manga Corps, que passou na Manchete.


A US Manga Corps era uma distribuidora americana que arriscou a sorte tentando portar animes menos mainstream para ver se dava certo, as vezes chutando o pau da barraca com níveis de violencia e fan service que não existia similar na TV aberta até então com o modelo de negócios que ainda hoje é usado no Japão: passar o conteúdo censurado na TV aberta e vender os VHS (hoje Blu-Ray) com o conteúdo completo.

O bicho pegava, heim

Isso sendo dito, Toshinden... não foi o começo mais espetaculoso possível. O THEM Anime Reviews, que é um site que eu gosto das analises, rotulou este o pior anime que eles já viram até aquele ponto. Eita preula, agora caiu o forninho Giovanna... mas será que é mesmo?

... Uhh, eu não diria "O PIOR", mas sim, ocupa um lugar  bem baixo na lista de animes sem graça que eu já vi. Ou alto, estou confuso agora, mas isso é adequado: este anime é vago como o inferno de patinetes. Eu realmente odeio quando alguma midia, anime ou não, espera que você conheça a história de algo através de outras midias. Agora quando a própria midia original não tem essa história contada... aí fica dificil, né?


Vou ser bem sincero com vocês, nós perdiamos nossas merdas com essas aberturas usando imagens live action, parecia tão adultão e respeitável!

Porque sério, eu joguei os dois jogos de PS1 e não é como se houvesse uma narrativa neles, então a sensação de assistir esse anime é basicamente estar vendo a continuação de uma história que o começo não existe em lugar nenhum senão no manual do jogo... que beleza, né? E ainda sim o anime anime não apenas age como se você conhecesse muito bem a história de fundo de toda essa bagunça de um OVA, mas também assume que você conhece todos os personagens e qual é a história deles e a relação entre eles também. Mas que belezinha, heim?

E quando o anime decide te abençoar com alguma informação, ela é uma tijolada expositiva. Além de ter cameos de personagens dos jogos por razão nenhuma (sério, na batalha final eles apenas "aparecem pra ajudar" por motivo nenhum) e as que já tinham aparecido ... não é como se eu soubesse nada sobre eles realmente. Ah sim, olha lá o velho com as garras do Wolverine, a garota dominatrix que é o interesse amoroso...


Bem, não é como se essa galera importasse realmente, não é como se eles fizessem alguma coisa relevante também. Eles simplesmente lutam contra inimigos sem nome e sem rosto apenas para dar aos caras principais a chance de ir atrás dos vilões que tem nome. Eiji, um dos personagens principais, literalmente diz “Não temos tempo para lidar com esses buchas de canhão!”. Ah, ótimo, obrigado por me dizer que não há razão para dar a mínima para o que todo o resto dos personagens na cena estão fazendo...

E não é como se os personagens principais fossem muito melhores que isso, Eiji é um mestre em artes marciais e um cara legal e... bem, isso é tudo realmente. Eu sei que parece que eu estou esperando muito de um anime de jogo de luta, mas a coisa é que o anime tem que me dar ALGUMA coisa. Street Fighter, por exemplo, não precisa realmente fazer muita coisa: todo mundo conhece o Ryu, o Ken, a Chun-li, o Guile... só o personagem estar na tela já é autoexplicativo. Mas, saca só, Battle Arena Toshinden não é Street Fighter...



Outra adaptação de jogo pra anime que eu curti foi NIGHT WARRIORS: DARKSTALKER'S REVENGE, mas Darkstalkers tem personagens interessantes por natureza: Morrigan é uma sucubbus, Dimitri é um lord Vampiro cuzão, Anitta é uma menina creepy psíquica e Felicia é uma catgirl. Isso por si só é interessante, é diferente... mas novamente, Toshinden não é Darkstalkers também. Na verdade, tirando Sofia que se veste como dominatrix (por razão nenhuma, alias), todo o resto do elenco é super esquecível.

Por isso é importante que o anime me dê ALGUMA COISA sobre os personagens... mas nada. Bem, não NADA nada, a vilã Uranus é alguma coisa pelo menos. Não pq ela faz alguma coisa, ela é uma daqueles vilões que fala muito faz pouco e foge quando a coisa aperta, mas... alguém pode me explicar que porra é essa?


Parece que ela caiu no chuveiro, se enrolou na cortina do banheiro, haste da cortina e tudo, caminhou até o espelho e disse: “….Hm… ficou bom. Hora de ir trabalhar."

E olha ela de frente:


O vestido dela não tem top! Que look é esse? “Vestido Desconfortável Exibindo Seios Laterais Desconfortável pra Caceta”? Esse deve ser um dos designs mais idiotas que eu já vi em qualquer coisa...

Oh bem, ela tem que parecer melhor quando está preparada para a batalha, certo?


Tá, menos pior, mas ainda feio como o inferno. Duvido que ela seja capaz de se mover nessa coisa, considerando a forma como os protetores de ombro são projetados. Além disso, por algum motivo ela usa sutiã por cima da armadura... e em todos esses anos nessa indústria vital, é a primeira vez que eu vejo um negócio desses. Pra que ela usa sutiã por cima da armadura é... algo, definitivamente.

O outro vilão do anime, Chaos, é... bem, é esse cara:


Tá, não é tão rui...


...

G-Zuiz... vamos pular essa parte. Quanto a história, bem, ela é basicamente uma copia do filme animado de Street Fighter que saiu em 95: a organização do mal quer criar o robo supremo de combate, e ele estuda e desafia guerreiros para assimilar seus dados e evoluir. A diferença é que ao invés dos robos dos Bison, você tem esse cara aí de cima (sim, ele é o andróide que assimila os "dados" dos combatentes).

Por outro lado, eles tentaram também copiar a cena do chuveiro da Chun-Li com a Sofia, o que é uma boa ideia, mas a execução é meio qualquer nota. O que se aplica ao combate, também. As cenas de ação, embora não sejam particularmente chatas, também não são particularmente interessantes. Os golpes iconicos do jogo são tão sem inspiração que eu honestamente nunca seria capaz de diferenciá-los mesmo que eu fosse pago pra isso.


Olha, se você quer lançar um OVA que seja puramente uma propaganda de um jogo ou mangá ou qualquer outra coisa – fique a vontade. Diverta-se. Tem muitas vezes em que isso pode funcionar (como eu disse, eu gostei do OVA de Darkstalkers e mesmo o citado longa animado de Street Fighter é massa), mas você tem que dar alguma coisa pro publico: personagens, cenas de ação, história, ALGUMA COISA. Nesse caso nem mesmo a dublagem japonesa é algo mais do que "o cara entrou no estudio, pegou o contracheque e saiu".

Mas independente do que você fizer, o que você nunca deve fazer é esperar que seu público conheça toda essa porcaria que pode ou não ser explicada nos jogos. E nesse caso nem isso é.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 102 (Abril de 1996)


Edição 110 (Dezembro de 1996)

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 020 (Novembro de 1995)


Edição 024 (Março de 1996)


Edição 033 (Dezembro de 1996)


MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 007 (Março de 1996)


Edição 009 (Julho de 1996)


Edição 013 (Dezembro de 1996)