quarta-feira, 6 de abril de 2022

[#856][MEGA] SPOT GOES TO HOLLYWOOD [Novembro de 1995]


Os anos 90 tiveram muitas coisas acontecendo, e você com certeza já leu um milhão de artigos que lembram isso ou aquilo dessa décadas. No entanto, um dos acontecimentos mais salientes daquele período de tempo que eu frequententemente trabalho com isso por aqui foi a febre dos mascotes. Mas não apenas qualquer mascote, eles tinham que ser o mais anos 90 possíveis super descolados e tubulares dude, com óculos escuros e tudo.

Então todo mundo adorava, por algum motivo, a "atitude" do SONIC THE HEDGEHOG ou do CHESTER CHEETAH: TOO COOL TO FOOL... ou até mesmo a esquisitice de coisas tipo YO! NOI (ou os executivos achavam que todo mundo adorava). Como dá pra ver, terminada a primeira metade dos anos 90 (uau, já estamos em 96 hã?) e mascotes não é o que falta na minha vida. Isso sendo dito, tem um que eu particularmente gosto justamente pq ele não tenta demais, ele não é nada do tipo "olhem pra mim o quanto eu sou cool" nem nada, ele apenas é na dele. Praticamente um macho sigma dos mascotes, o sempre cool Pinta Maneira.

Em algum momento algum cara olhou para o ponto vermelho no logotipo da 7 Up e disse: “ei, e se essa coisa tivesse óculos escuros e tênis, é disso que as crianças gostam hoje em dia?” e Cool Spot nasceu

Já fazem quase dois anos e meio que eu escrevi o texto do COOL SPOT, e poucas coisas mudaram de lá pra cá: eu ainda não sei exatamente que gosto 7-Up tem (o refrigerante do qual Pinta Maneira é o mascote), e eu ainda acho o Pinta Maneira um bom mascote. 

E, verdade seja dita, seu jogo é razoavelmente bom também. Eu entro em maiores detalhes no texto daquele jogo, mas de modo geral seria um grande jogo se não tivesse a camera com zoom tão enfiado na raba (sério, 90% dos pulos nesse jogo são saltos de fé sem saber onde vc vai cair) e o limite de tempo em um jogo que é sobre coletar 90% dos itens da fase - e portanto, explorar a fase é uma bosta.

Bem, a boa noticia é que não são problemas tão sérios assim para arrumar e seria muito fácil fazer uma continuação mais melhor de boa e super supimpa. A noticia não tão boa é que isso não acontece nessa continuação... simplesmente porque eles jogaram tudo fora e fizeram um jogo inteiramente novo do começo e enquanto de fato o problema do zoom in aqui não existe mais... ele foi substituído por um problema deveras pior que esse.

Basta você ver uma única imagem do jogo para entender o que eu estou falando:

Um jogo de plataforma com visão isométrica. Um jogo. De plataforma. Com a camera atravessada desse jeito. Pra você calcular a distancia e pular. Esse é o jogo. Sério. Suponho que nada do que eu disser aqui REALMENTE vai expressar como eu me sinto, então eu gostaria de fazer minhas as palavras da música de encerramento de "Nier: Automata", The Weight of the World:

"I feel like I'm losing hope
In my body and my soul
And the sky, it looks so ominous

And as time comes to a halt
Silence starts to overflow
My cries are inconspicuous

Tell me God, are you punishing me?
Is this the price I'm paying for my past mistakes?"
Sério, eu já joguei alguns jogos com visão isometrica nessa carreira e que até mesmo tem sessões de salto como LANDSTALKER ou EQUINOX, como e enquanto não é meu tipo de coisa favorita, eu posso viver com isso. Agora Cool Spot conseguiu ferrar isso de verde e amarelo em um nível que minha nossa senhora vila penha integração guadalupe, eu não achei que seria possível.


Eu vou tentar explicar os controles desse jogo pra você: ao apertar para cima, Cool Spot anda para a diagonal superior direita. Direita faz ele andar para a diagonal inferrior direita. Baixo faz ele andar pra diagonal inferior esquerda e por fim esquerda faz ele andar pra diagonal superior esquerda.

Agora eu peço gentilmente que você imagine como é jogar um jogo de plataforma com esses controles. Você sabe, pular, atirar em inimigos, toda as coisas que um jogo exige que você faça em frações de segundos... com ESSES controles. Eu definitivamente não sei como o inferno deve parecer, mas tenho certeza que se mover lá usa esses exatos controles.


Eu... eu não consigo sequer conceber qual foi o processo mental que levou a alguém achar que esses controles seriam bons para um jogo de plataforma. Sério, como alguém teve essa ideia, então outro alguém programou isso, um terceiro alguém testou e no fim todos acharam que tava bom. Como? Sério, apenas... como?

Bem, suponho que jamais saberemos. E o pior é que se não fosse a medonhice desses controles, Cool Spot 2 não seria um jogo ruim realmente. Isso é o pior, não é um jogo ruim tirando esse detalhe que é a coisa mais importante de qualquer jogo.


Em primeiro lugar, o jogo parece mais encantador do que provavelmente tem o direito de ser.

Todos os cenários, inimigos e ambientes interativos têm uma aparência simples, mas muito bonitinha. Enquanto alguns podem ser descartados como genéricos apenas pela descrição, o tipo de locais que Spot visita em suas missões parecem cenários de filmes de baixo orçamento, e isso é charmoso. 


Neste jogo, as fases são navios piratas, o fundo do oceano, mansões e castelos assombrados, porões de masmorras, naves espaciais, uma fase desnecessariamente dificil de carrinho de minas (depois de DONKEY KONG COUNTRY parece que todo jogo de plataforma tinha que ter uma) e até o próprio inferno.

O que tudo isso tem a ver com Hollywood e pq esse jogo se chama "Cool Spot goes to Hollywood"? Bem, eu acho que estes deveriam ser sets de filmagem, e Spot está gravando um filme, talvez? Ou ele ficou preso dentro dos filmes como em GEX? Não é como se o jogo tivesse história realmente, então o seu palpite é tão bom quanto o meu. 


Tem bem poucas referencias vagas a filmes reais (exceto por uma referência muito direta aos filmes do Exterminador do Futuro, mas só no último mundo), então o jogo também podia se chamar Cool Spot Goes to Random Places for No Real Reason.

Seja como for, as animações de Spot são fluidas e cheias de personalidade. Ele corre e pula e até faz uma caminhada "maneira” quando você o move pela tela. Também existem mini-"cinemáticas" para diferentes tipos de mortes, que são divertidas de assistir. E, claro, também existem algumas idle animations bastante radicais lançadas na mistura.


Ao longo do jogo, você coletará alguns itens sem sentido, o que é um aspecto de qualquer jogo que eu adoro. É bem parecido com o tipo de colecionável maluco que você esperaria encontrar em um Metal Slug, só que Metal Slug não tem um cachorro colecionável ouvindo música com seus fones de ouvido (ou tem? Descobriremos eventualmente). Então o visual do jogo é legal, os gráficos são gostosinhos e o senso de humor é okay...

... mas aí voltamos pro problema desgraçado da camera. Isso porque dada a nova perspectiva, o combate se torna uma dor enorme. Assim como o jogo anterior, os inimigos precisam de muitos golpes para morrer, e a maioroia deles só sofrerão dano se você atirar neles do lado de onde estão atirando em você. Ou seja, cada inimigo nesse jogo é um mini duelo, com a desvantagem que a camera faz com que onde você está mirando não seja totalmente claro. 


Pelo menos a maioria dos inimigos no jogo original eram gentis o suficiente para ficarem parados. Aqui, eles se movem tanto que você mal consegue acertá-los, ou começam a persegui-lo tanto que você mal terá a chance de acertá-los. Você também não pode tentar apenas passar pelos inimigos, porque alguns deles podem estar segurando os Cool Points que você precisa para passar de fase. Ou seja, a aventura nesse jogo é uma merda por causa dos controles e o combate é uma merda por causa da camera... e dos controles.

No geral, Spot Goes to Hollywood faz algumas coisas melhor que o jogo original, mas as coisas que realmente importam em um jogo são catastroficamente piores. É definitivamente um jogo mais ambicioso que o primeiro e dá pra ver que foi colocado mais esforço no level design para criar puzzles, lugares para explorar e uma ordem de fazer as coisas que tem que ser descoberta. Teria tudo pra ser facilmente um jogo 8 gigachads melhor... se não tivesse cagado fora do penico com a força de 1000 vulcões entrando em erupção.

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