Eu vou dizer uma coisa pra vocês: eu gosto muito de jogos Olimpicos. A cada quatro anos o melhor do melhor do que o ser humano é capaz de fazer se reunem para ter o momento da sua vida. Anos de trabalho duro, de acordar as 5 da manhã para treinar, de viver com dor, de tentar todo e cada dia da sua vida ser o melhor que alguém pode fisicamente ser... tudo isso para esse momento de três semanas a cada quatro anos. É a receita para histórias do caralho, não?
Não sem razão, enquanto em qualquer esporte profissional quando um atleta vence ele comemora, faz um sambinha, dá um role com a galera, nas olimpiadas a reação mais comum é simplesmente desabar e chorar. Olimpiadas são uma coisa especial.
E entre essas, as Olimpiadas de 1996, em particular, foram um evento particularmente marcante pra mim: eu tinha quebrado a perna, de modo que minha já limitada gama de opções de entretenimento de moleque pobre dos anos 90 ficou menor ainda. E para piorar, ainda mais eram férias de inverno, então eu literalmente não tinha nada pra fazer a não ser assistir TV.
Por essa razão as Olimpiadas foram um grande evento pra mim porque era o que tinha. Verdade que a cobertura da TV era mediocre na época, ao contrário de hoje que temos uns 10 canais só de esportes cobrindo tudo o tempo todo, eu só tinha a TV aberta então... boa sorte com isso.
Na tela de Start/Options vc tem que esperar essa animação terminar antes de poder mexer o cursor, o que leva aproximadamente 10 segundos. Yesh, esse definitivamente é um começo pouco auspicioso... |
Esportes que não tinham brasileiros então, vixi... Seja como for, foi um grande acontecimento numa época que não tinha acontecimento nenhum na minha vida (eu tinha até um caderno de anotações com o quadro de medalhas e outras informações que eu conseguia reunir numa época sem internet).
Isso sendo dito, sim, eu sempre estive ciente de que fizeram um jogo de plataforma com o mascote das olimpiadas de 96. E embora eu tenha alugado o jogo das olimpiadas mesmo jogos de minigames não sendo minha coisa, eu nunca realmente me interessei pelas aventuras do nosso camarada Izzy. Enquanto em 1996 eu não saberia dizer o motivo exatamente, hoje (especialmente depois de 856 reviews) é bem fácil apontar o que tem de errado com esse jogo:
U.S. Gold. Esse pesadelo britanico (apesar do nome, ela não é americana - ela tem esse nome porque ela buscava trazer os melhores jogos da América para o Reino Unido, daí o nome "ouro estadunidense") é conhecida por causar terror no coração dos gamers por onde passa. INDIANA JONES AND THE LAST CRUSADE do Master System (aquele infame que o seu chicote tem munição), o port tenebroso de OUT RUN para Mega Drive que roda a 5 frames por segundo... a lista é longa, se tem esse selo dourado o terror é certo.
Então a esse ponto suponho que não é realmente estranho a U.S. Gold fazer um jogo caça-níquel do mascote das Olímpiadas pq isso vai vender não importa o quão ruim o jogo em si seja. E uma coisa que você nunca quer fazer com alguém que só se importa por vender por atacado é dizer que você pode fazer qualquer bosta que vai vender... e literalmente qualquer bosta eles fizeram. Verdade que a U.S. Gold tinha a filosofia de que o importa era o nome famoso e foda-se o jogo, mas taqueopareo, eu não achava que era possível tocar o foda-se a estes níveis...
No papel, Izzy é o jogo de plataforma mais plataformeiro que jamais plataformou: você tem um mascote, você pula, você coleta moedas, aqui e acolá você tem um power up. Como eu disse, plataforma em seu plataformest. O problema é que é um jogo de plataforma pela U.S. Gold, então de alguma forma ele consegue NÃO ACERTAR EM ABSOLUTAMENTE NADA. Sério, chega a ser poético como nada nesse jogo funciona. Senão vejamos a seguir.
Pra começar, o seu boneco pula. Certo... o problema é que ele só pula e deu. Não tem outro ataque, não tem itens, não tem nada, só pula na cabeça dos inimigos. Tá, certo, existem alguns jogos que são básicos assim e até mesmo jogos bons como SUPER MARIO WORLD ou DONKEY KONG COUNTRY. O problema é que existe uma pequeeeeeeena diferença entre a Nintendo e a U.S. Gold...
Então a primeira coisa é que a detecção de colisão nesse jogo é uma das coisas mais cagadas que eu já vi na vida. Você pula em cima do inimigo e qualquer coisa pode acontecer. Você vai tomar dano? O inimigo vai ser derrotado? Você vai apenas atravessar ele? Não tem como saber, o jogo é mal programado desse jeito!
Isso é completamente inaceitável para qualquer jogo em qualquer momento da história, mas em 1995 é absurda, duplamente, quadruplamente, dançutaplamente inaceitável! Mesmo para os padrões da U.S. Gold, como o simples ato de pular na cabeça dos inimigos consegue ser tão zoado?
Mas seguindo adiante, pular nos inimigos não tem só o problema do resultado ser uma bosta, tem um problema MUITO maior - não parecia ser possível, mas tem. Quer dizer, quando você pula... o que acontece é isso:
Jogos comuns se apegam a coisas triviais como você enxergar o seu personagem na tela, estamos falando aqui de gameplay olimpico revolucionário! |
Parece que eu to repetindo os GIFs, mas a verdade é que o jogo só tem três cenários: Grécia, Hades e Lua. Because Olimpiada. |
Vcs acham que eu tava de má vontade com o jogo, mas os power ups duram isso aí mesmo que vocês tão vendo |
Edição 067 (Setembro de 1994)