quinta-feira, 14 de abril de 2022

[#859][SNES] FINAL FIGHT 3 [Dezembro de 1995]

Final Fight e sua tradição de capas totalmente excelentes, como aqui que por algum motivo o Guy parece um cara que só entrou na rua errada e não faz ideia do que tá acontecendo, ou a Lucia fazendo sua melhor cara de megera louca

Nos anos 90 a Capcom tinha o modus operandi de fazer um jogo realmente bom - colocar genuíno esforço e qualidade nele (o que eles tinham de sobra), e então depois disso explorar sua engine já pronta anualmente lançando "patches" na forma de continuações que não são novos jogos, e sim o mesmo jogo com pequenas atualizações e novas fases. O que hoje seria um season pass, mas na época só lançando um jogo novo mesmo. Mas suponho que depois de 16 versões de STREET FIGHTER II e mais de 10 Mega Mans eu não realmente precise explicar isso, é como a Capcom rola.

Então para surpresa de absolutamente zero pessoas, eu poderia encerrar essa review já agora dizendo que Final Fight 3 é só um patch de atualização de Final Fight 2, ou seja é essencialmente o mesmo jogo com pequenos upgrades e novas fases... o que em um beat'm um quer dizer basicamente novos cenários de fundo, ja que a jogabilidade é sempre a mesma.

Porém como aqui a gente faz as coisas direito, nós vamos ao encontro do mais forte!

Alguns meses após os eventos de FINAL FIGHT 2, Metro City pode finalmente respirar aliviada: a gangue Mad Gear foi realmente derrotada e ninguém mais é louco de tentar aterrorizar uma cidade onde o prefeito é... esse cara:

Porque alguém fez como missão da sua vida encher o saco de uma cidade cujo prefeito tem coxas do tamanho de toras de eucalipto é algo que jamais saberemos exatamente, mas seja qual for a razão da existencia da Mad Gear, é bem pouco inesperado que eles não existam mais. Paz, certo?

Então, não. Com a derrocada da Mad Gear, as outras gangues da cidade começam uma guerra entre elas já que a gangue alfa foi pro vinagre. Novamente,  eu queria lembrar que vocês estão guerreando pra ser a gangue líder de uma cidade cujo protetor é, novamente, ESSE cara:

Sério que vocês estão guerreando pra serem os top dog marginais dessa cidade?


Bem, seja como for... 


Assim sendo, o prefeito Hagar chama seu velho parça ninja Guy, sua top detetive e... um cara que aparece do nada, mas diz que quer ajudar a bater em bandidos por motivo nenhum e isso é algo sempre bem vindo em Metro City.


Isso sendo dito, vamos falar do jogo em si. Que não, não tem um golpe do Hagar enforcando alguém com o seu rabo de cavalo. Mas voltando ao assunto, 95 foi um ano pesado em sequências para a Capcom - como de costume - com Mega Man X3 (que é o próximo da lista), MEGA MAN 7STREET FIGHTER ZERO e Breath of Fire 2 foram lançados nesse ano e assim sendo Final Fight 3, como eu disse, é mais uma das sequencias da linha de montagem da Capcom. 

Isso não quer dizer que o jogo seja ruim, longe disso, mas no final de 95 beat'm ups já estava a meio passo da extinção e acho que ninguém estava desesperado por uma terceira viagem a Metro City. A noticia boa é que, ao contrário de  FINAL FIGHT 2 que é basicamente o mesmo jogo original de 1989 com novos gráficos, aqui a Capcom colocou algum esforço em atualizar sim a série. A notícia não tão boa é que eu não diria que o esforço foi suficiente, mas o que vale é a intenção... eu acho?



FF3 tem gráficos melhores, como esperado, mas a parte realmente importante é que o sistema de luta foi aprofundado incluindo agora comandos de jogo de luta (tipo dar hadouken no controle mesmo) e as fases tem caminhos ramificados que levam a finais diferentes até. Não que STREETS OF RAGE 3 já não tenha feito isso um ano antes, mas hey, antes tarde do que mais tarde.

Não quer dizer que FF3 não tenha suas próprias ideias, e boas ideias saiba você - algumas até que eu gostaria que fossem usadas por outros jogos do gênero... se o genero não tivesse morrido, mas divago. Um desses recursos realmente legais é que você pode jogar coop... sozinho! Parece tão simples, mas até agora ninguém nunca tinha tido a ideia de fazer um jogo de dois players onde o seu parceiro é controlado pelo jogo. É tão simples quando você pensa sobre isso, e é tão legal não jogar sozinho mesmo que você não tenha com quem jogar que é realmente surpreendente que ninguém nunca pensou nisso antes!


Para os forever alone como eu, é realmente ótimo. Claro, verdade que a CPU não é muito inteligente (não sabe usar itens nem continues, ou mesmo ataques especiais por exemplo), mas ela sabe se defender. Eu adoraria ter visto jogos futuros (mesmo de outros generos) expandirem essa ideia, mas não é uma moda que pegou.

Falando no combate, ele recebeu atualizações que já deviam ter sido implementadas ainda no FF2: além da rodada normal de combos de soco e agarrões, você pode correr. Oh, aleluia irmão, você pode finalmente correr! Dashing não só aumenta a velocidade do jogo, mas também pode levar a uma série nova de combos. 



Os agarrões também melhoraram, o que sempre é legal. Mais opções se abrem quando você agarra por trás e conforme você tenta combinações de botões diferentes. E, claro, a coisa que é mais famosa nesse jogo que todo mundo tem golpes especiais ativados com comandos de Street Fighter e o jogo tem até um medidor de Super! 

Infelizmente essa atenção não foi colocada os inimigos, e a Skull Cross Gang aqui parece que tem os mesmos 5 recrutas clonados infinitamente - e pior que isso, nenhum deles é a Poison. #xatiadu. Para adicionar ofensa a injuria, todos os inimigos agem basicamente igual então o jogo fica tedioso muito rápido já que vc parece estar lutando sempre contra o mesmo cara só que em 5 conjunto de sprites diferentes. É realmente uma pena que um sistema de luta tão bom seja amplamente desperdiçado em inimigos feitos na preguicinha e que mal revidam.

Metro City pode ter um problema recorrente com gangues de punks, mas não tem do que reclamar do transporte publico: olha o tamanho desse onibus!

Pare diminuir um pouco o tédio, quase todos os níveis têm várias rotas que levam a fases e chefes alternativos. Alguns deles estão até escondidos que você precisa quebrar itens especificos do cenário para achar - e as rotas alternativas levam a vários finais que levam em conta alguns fatores, como configuração de dificuldade, rota tomada e personagem. 


Final Fight 3 foi bastante brutalizado pela crítica na época, no final de 95. O jogo foi criticado por estar desatualizado, fora de sintonia com os tempos e não oferecer nada de novo. O que não é 100% correto, mas eu entendo o sentimento. O problema é mais que a esse ponto beat'm ups meio que já deram o que tinha para dar, e o sistema de franquia anual da Capcom não fazia nenhum favor ao genero realmente.

É um jogo okay para o que eles propõe a fazer, os movimentos especiais são maneiros, ter o modo 2 players com a CPU controlando o outro jogador é definitivamente algo que eu queria que tivesse pego. Mas tirando slowdowns quando tem muitos inimigos na tela (sério Capcom? Slowdowns em 1996 praticamente? Começaram ontem nesse negócio?) Final Fight 3 é um beat'm up okay. 

Embora eu ache que para um jogo já do começo de 96, apenas "okay" não é mais suficiente e definitivamente está faltando algo especial. Mas até onde beat'm ups vão, é passável.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 018 (Setembro de 1995)


Edição 022 (Janeiro de 1996)

MATÉRIA NA GAMERS
Edição 007 (Março de 1996)