O resumo do jogo de hoje parece mais um daqueles casos em que palavras foram jogadas aleatoriamente juntas, mas eu juro pra vocês que é tudo verdade. Eu digo isso pq em 1997, alguns ex-funcionários da SNK e da Atlus fundaram um novo estúdio para publicar jogos, publicaram um único jogo e então o mesmo se esvaneceu no ar como lágrimas na chuva.
ISSO NÃO É PARTICULARMENTE ESTRANHO
Não é essa a descrição do jogo, Zé Bocó. A descrição do jogo é a seguinte: é um jogo de luta, onde os poderes dos personagens vem de stands atrás deles exatamente como em JoJo's Bizarre Adventure. Só que ao invés de serem baseadas nas cartas de tarot (que é quando as stands começaram a ser usadas na parte 3, depois essa regra foi deixada de lado), elas são furries.
Então, sim, se você achava que o que faltava na sua vida era uma versão furrie de Jojo... bem, com certeza tem toneladas de r34 disso na internet... mas se o que faltava era especificamente um jogo de luta de Jojo furrie, esse é o nosso jogo de hoje.
Só que fica mais estranho que isso ainda.
Rabbit é um jogo japonês mas que tem uma forte influência chinesa – com efeito, o título do jogo é escrito usando ateji (kanjis especificos para representar palavras de outras linguas), o que faz o logotipo parecer chinês, e quase todos os caracteres têm nomes chineses.
E O QUE É ISSO TEM DE ESTRANHO?
Não é como se Japão e China tivessem as melhores relações ever. Imagine um jogo brasileiro temático sobre argentinos, só que ao invés da rivalidade futebolistica Brasil-Argentina temos pelo menos mil anos de guerra, genocidio e todo tipo de crime hediondo entre esses vizinhos. Não é realmente surpresa pra ninguém que esse jogo flopou severamente no Japão e a Aorn foi de base logo em seu primeiro jogo, especialmente quando o jogo não é terrível.
Mas bem, seja lá por qual razão existe um jogo de luta inspirado em Jojo só furrie e chinês (eu disse que a descrição pareciam palavras geradas aleatoriamente), vamos então a melhor parte do Rabbit (além da pixel art) que é o seu peculiar elenco de de personagens. Aqui estão alguns dos meus favoritos:
Stand User: Edinho
Stand Animal: Pecari (também nunca tinha ouvido falar, é um tipo de javali).
Embora o jogo não afirme isso categoricamente, me parece bastante claro que Edinho é o filho ilegítimo de Kim Jong-un e Kim Jong-il. Além disso, como você pode ele também é um membro orgulhoso da comunidade de bebês adultos. Quando não está quebrando crânios, Eddy ganha a vida como um imitador de Elvis. Essa última parte eu não inventei, isso é do jogo mesmo. Sim, é um bebê imitador de Elvis, claro que é, como não seria...
Stand User: Hou-en
Stand Animal: Lobo
Hou-en já foi ator na ópera chinesa, mas ele cantando pareciam uivos que acabou despertando o seu espirito animal lobo. Agora ele é um Juggalo profissional (para quem não sabe, juggalo é um estilo que leva o Joker um pouquinho a sério demais) que mata crianças com a ajuda da sua stand que parece saída de um cartoon do Tex Avery, Fleabag
E sim, Juggalo Culture é realmente uma coisa no mundo real, ainda estou assimilando essa parte.
Stand User: Egith
Stand Animal: Boi
Egith é um wrestler gay que nas horas vagas também é um assassino profissional, e que usa o dinheiro dos assassinatos para administrar um orfanato. Sério, não estou inventando isso, eu nem conseguiria inventar algo assim mesmo que eu quisesse.
Stand User: Yu-Lan
Stand Animal: Raposa
Yu-Lan é uma prostituta carente que luta drunken boxing. Taí uma combinação de palavras que eu nunca achei que diria na vida, quando mais resenhando um jogo de 1997. E claro que sua stand é a raposinha sexy com cheiro de baunilha, pq alguém tem que vender para os furries, né?
... mas sério, uma prostituta carente que luta drunken boxing?
E, bem, enquanto dá pra ver que conceitualmente o jogo é repleto de momentos "que porra eles fumaram" assim, o lado ruim é que essa criatividade não chega até o gameplay. Enquanto o jogo não é ruim por nenhuma medida, ele não faz nada realmente diferente de qualquer outro jogo de luta 2D da época.
Comandos com hadouken e shouryuken no controle, ataques especiais, um sistema simples de combo, um sistema simplório de armas, o velho raguru de sempre que você poderia esperar em um jogo de luta nessa época.
De único ÚNICO mesmo, Coelhão da Massa tem apenas duas coisas. Uma é que no modo single player ao derrotar um oponente você fica com a Stand Animal dele, e pode usa-la (ou seja, usar os ataques especiais dele). Isso lembra um pouco o sistema de roubar jóias de MARVEL SUPER HEROES, mas não existe nada 100% como isso nos jogos de luta (ate pq esse sistema de stands só aqui e em Jojo, que será lançado um ano depois).
A outra coisa que faz esse jogo realmente único é que, bem, por alguma razão a versão de Saturn desse jogo tem por default o zoom super aumentado estouradaço e você tem que entrar nas opções e baixar o zoom para 100%. Pq o zoom apenas não começa em 100% é o verdadeiro mistério aqui.
E como as pessoas não pegam um jogo esperando ter que mexer em uma opção pra fazer ele parecer normal, é muito comum não realizar o quanto esse jogo é bonito e bem animado. Os personagens ficam um pouco pixelados às vezes quando a câmera está dando zoom, mas não é tão perceptível quanto WAKU WAKU 7 ou outros jogos que usam a mesma técnica.
Outra coisa diferente nos gráficos é que eles puxam levemente mais para o cartoon do que para o anime realmente, o que é algo pouco esperado em um jogo japonês. Ainda sim, não é nada que particularmente valha uma recomendação dado que naquela época saia um jogo de luta exatamente assim por atacado e outro por varejo toda semana.
Os gráficos são fofinhos (na verdade mais fofinhos do que fan service, apesar da premissa de furries), mas não é nada que justifique mais do que um "hã, tá" ao jogar algumas partidas desse jogo.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 044 (Novembro de 1997)
MATÉRIA NA GAMERS
Edição 021 (Agosto de 1997)