terça-feira, 2 de maio de 2023

[#1100][Set/95] ASTERIX & OBELIX



 Jogo número MIL E CEM. Uau, mil e cem joguíneos, heim? Não é todo dia que se tem uma marca dessas, e para comemorar um número tão especial, um jogo igualmente único. E o que faz desse jogo tão único, vc pergunta?

em, se tem algo que não faltam nos anos 90 são jogos do Asterix. Com efeito, nesse blog eu já joguei 4 jogolitos do gaulês briguento (ASTERIX para Master System, ASTERIX para Super Nintendo que é um jogo diferente,  ASTERIX AND THE SECRET MISSION e ASTERIX AND THE GREAT RESCUE), sendo esse o quinto. E sabe o que todos esses jogos tem em comum? Em todos eles é muito raro, quando não inexistente, você jogar com o personagem mais iconico da franquia. Sim, não é todo dia que você tem a possibilidade de jogar com  nosso rotundo campeão Obelyx.


Sabe, sempre que você tem uma equipe de irmãos ou duplas dinâmicas de qualquer tipo, o membro coadjuvante dessa equipe está fadado a se tornar o azarão que uma grande parte da base de fãs irá abraçar e se relacionar mais do que o personagem principal. Com o tempo, vimos jogos com Luigi, Tails e Diddy Kong, que estabeleceram o fato de que os azarões têm uma base de fãs leais que apoiarão os jogos em que estrelam. Astérix certamente não é exceção a essa regra, e Obélix seria frequentemente citado como o personagem favorito entre uma grande porcentagem dos fãs. 

E embora ele de facto teve seu próprio jogo no Atari em 1984... bem, qualé gente, né? Então após muitos e muitos anos, finalmente temos um jogo com o personagem mais popular dos quadrinhos mais populares da Europa.


E esse jogo em particular é inspirado em uma das novels mais populares de Asterix, "Le Tour de Gaule d'Astérix" é definitivamente bom material para um videogame: após anos falhando em derrotar os gauleses, César decidiu construir apenas uma paliçada ao redor da pequena aldeia para mantê-los trancados e incapazes de interferir em sua invasão. Obviamente que Astérix e Obélix não levam isso de boa e decidem fazer de César de besta ao não apenas atravessar a barricada, como viajar por todos os países ocupados e mostrar pra todo mundo que o imperador romano é um cara de mamão. Ou seja, muitos cenários, aventuras, tudo perfeito para um dos últimos jogos de plataforma do Super Nintendo.

O que não é uma coisa ruim, pq a esse ponto a programação do Super Nintendo não era mistério mesmo para as desenvolvedoras europeias. Frequentemente eu falo nesse blog o quanto me assombram os pavorosos jogos europeus dos anos 90, mas a verdade é que a esse ponto de 1997 não tinha mais muito como errar. Mesmo para um jogo europeu.


Com alguns bonus inclusos a essa premissa, entre elas o mais notável é que a esse ponto os devs estavam confiantes o suficiente para fazer esse jogo ser coop de 2 players simultaneos e isso é algo que eu sempre posso respeitar. Asterix e Obelyx tem como única grande diferença entre eles o tamanho e a velocidade de seus movimentos e ataques, mas nenhum deles possui habilidades individuais. Ainda sim, o jogo funciona bem e o coop funciona também, o que é cool. 

Por outro lado, infelizmente, apesar de oferecer um modo funcional para 2 jogadores e gráficos bastante bem animados para o SNES (mesmo nessa época), a jornada até Roma não é uma particularmente suave. Os controles têm um input lag que não chega a quebrar o jogo, mas definitivamente não é algo muito divertido. Adicionalmente, o jogo mantém a irritante tradição dos jogos de Asterix de ter um ataque ridiculamente curto, o que torna acertar os inimigos sem ser acertado um desafio MUITO maior do que deveria ser.

Ei, eu disse que é um jogo europeu que funciona, isso já é algo impressionante por si só, eu nunca prometi que seria realmente divertido de jogar!


Para adicionar injúria a ofensa, pior ainda é que a maioria dos inimigos que você encontra pode te atacar a distância enquanto você tem que colar no pixel deles por causa do seu alcance bosta, então boa sorte mesmo ao tentar não tomar dano com isso. E para piorar ainda mais MAIS, Obélix também controla tão lento que, apesar de ser o personagem default e ser o personagem mais cool da série, não tem nenhuma real recompensa por jogar com ele, apenas punição. Ele sequer precisa de menos hits para matar os inimigos que o Asterix.

Afora isso, o jogo faz bem pouco de original realmente. Você pode pegar estrelas para ganhar pontos e, dependendo da sua escolha de personagem, também pode obter uma poção mágica/javali assado para invencibilidade temporária. Nada que você já não tenha visto desde literalmente o inicio dos jogos de plataforma com o Super Mario de 1985.


Se alguma coisa, o que diferencia este jogo dos outros é o grande número de estágios de bônus que você encontra, como jogar rúgbi ou correr nos jogos olímpicos. Embora a variedade teoricamente é cool, todos eles se baseiam na mesma mecânica que você já usa nos estágios normais, trata-se de pular e socar como você já faz no resto do jogo, então é meio que apenas outro tipo de fase. Não é horrivelmente executado e, para seu crédito, a maioria desses estágios funciona bem, mas eles simplesmente não oferecem o suficiente para evitar que o jogo pareça um pouco redundante se você já jogou qualquer outro jogo de plataforma.

Basicamente o level design de nível é tedioso, sem imaginação e muito linear. Você progride do início ao fim de uma fase, pulando e derrotando inimigos, subindo escadas e desviando de armadilhas no meio. Não é nada que você já não tenha feito dezenas, centenas de vezes (literalmente no meu caso) antes, e muito melhor. 


"Asterix & Obelix" é acima de tudo, um jogo licenciado sem alma. Não é um jogo particularmente ruim, só é desinteressante. Não que a a Infogrames tenha um histórico de correr risco com seus jogos licenciados (vide os SMURFS da via, por exemplo), e não é aqui que eles vão mudar isso. O resultado é um jogo de correr e pular que seria absolutamente esquecível não fosse seu modo de dois jogadores funcional. 

A menos que um dos dois morra prematuramente. Porque então você está sozinho novamente. Como na vida real.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 043 (Outubro de 1997)