Ultrahomem: Evolução Lutadeira é o MOBILE SUIT GUNDAM (a versão do Saturn, nesse caso) do Ultraman. Okay, meu trabalho aqui está feito, essa foi a review de hoje gente boa!
Seje como for, não é surpresa que cedo ou tarde os japoneses fariam uma reedição dos Ultraboys para o console mais quente da quinta geração. Verdade que os jogos de Ultraman raramente são bons, pra não dizer nunca, e se der mole eles descambam pro pavoroso de sofrimento e dor - como é o caso de Ultraman: Towards the Future. Ultraman Fighting Evolution, o primeiro jogo Ultraman totalmente 3D de todos os tempos, não é exceção.
Para surpresa de absolutamente zero pessoas, é o seu tipico jogo de luta abaixo da média que você encontra aos bazilhões no Nintendo 64. Se vc pensa em jogar esse jogo pelo seu gameplay, eu só tenho uma coisa a te dizer:
Ultrahomem não pretende, e honestamente sequer tenta, ser um grande jogo. Ou mesmo um mediano. A pergunta que calha ser feita, então, é perguntar qual é o propósito desse jogo? Pra que ele existe, afinal? Pra agradar os fãs de Ultraman, é pra isso que esse jogo existe. E quer saber? Honestamente, eu não acho que algum fã da franquia vai ficar desapontado com o que encontra aqui.
Ultraman Fighting Evolution é visualmente ótimo, especialmente pq ele se esforça para reproduzir fantasias de borracha dos anos 60/70 e isso é algo que o PS1 era perfeitamente capaz de fazer. Adicione a isso uma captura de movimento decente e temos que os bonecos parecem ter sido arrancados do show, com latex e tudo.
Ou seja, eles não se parecem tanto com heróis e monstros de dez andares de altura, mas sim com caras vestidos com latex e fantasias abafadas de borracha tentando agir como heróis e monstros de dez andares de altura. O que é todo o ponto que um fã vai querer ver em um videojogo, se é pra ser fiel ao material de origem! Então kudos onde kudos são devidos, os gráficos entregam o que eles tem que entregar.
O elenco de personagens também é altamente satisfatório se vc é um ultrafan: o jogo conta com três gerações de Ultrapeople presentes, na forma do clássico Ultraman e dos descendentes da TV Ultraseven e Ultraman Taro. Do lado dos vilões, temos os inimigos mais iconicos da franquia como o onipresente Alien Baltan com mãos de tesoura, o macaco louco espacial Dada, o grande dinossauro amarelo Eleking, o homem-lula Metron e o descolado robô espacial dourado King Joe. Quatro personagens secretos também estão à espreita, apenas esperando para serem encontrados.
Os golpes especiais, por outro lado, se permitm não ter são fieis a... uma série de TV dos anos 60... e são uma reimaginação com mais orçamento dos mesmos. O que dá um efeito bacana, tenho que dizer. Até mesmo os cenários de, embora não sejam particularmente originais, ficam bonitos em todo o seu esplendor poligonal. Na parte sonora, Ultraman Fighting Evolution soa tão bem para os fãs quanto parece visualmente, com efeitos de áudio retirados diretamente do show, incluindo os gritos de batalha roucos de Ultraman e a risada gutural de Baltan. A partitura musical também é fiel à série e tem reedições orquestradas dos principais temas da franquia - o que é um efeito muito bonito. Claro, para os padrões de hoje o som do PS1 não é exatamente filarmonico e cristalino, mas para 1998 era um puta presente ver essa porra remixada.
Com todas essas coisas feitas sob medida para encher os olhos e os ouvidos dos fãs de nostalgia e amor... bem, supostamente deveria ter um jogo aqui também, mas a grande verdade é que a jogabilidade em Ultraman Fighting Evolution é basicamente uma coisa que foi colocada na ultima hora apenas pq realmente era obrigatório ter.
É o típico combate um contra um, melhor de três, onde você usa socos, chutes, bloqueios, esquivas e arremessos para derrotar o outro cara antes que ele faça o mesmo com você. Resumindo, os desenvolvedores jogaram VIRTUA FIGHTER e fizeram o possível para emulá-lo apenas de olho.
Cada personagem possui uma série de sequências curtas de socos e chutes, além de alguns agarrões que causam mais dano quando encaixam. E meio que é até onde vai realmente. Ultraman Fighting Evolution não oferece nada em termos de mecânicas complexas de jogos de luta contemporaneos a ele. Nada de reversões aereas, contraataques, combos, juggling ou desperate moves. Nada do nada, apenas o basicão e tá mais que bom.
Bem, pelo menos o básico o jogo faz ... passavelmente. A detecção de acertos é aceitável, na melhor das hipóteses, e inconsistente ou até absurda, na pior. A resposta dos controles é lenta, mas então é suposto estar emulado monstros de 10 andares de altura, é passável.
Resumindo, a última razão pela qual você desejaria colocar as mãos neste jogo é pela jogabilidade. Se esse jogo fosse qualquer outra coisa que não uma franquia licenciada, eu recomendaria tacar alcool no CD e exorciza-lo na chama do Rio Ipiranga. Entretanto julgar esse jogo dessa maneira seria injusto, pq não foi para isso que ele foi feito.
Aqui que entra minha comparação com MOBILE SUIT GUNDAM do Saturn, pq a situação é a mesma: o jogo é absurdamente básico e dificilmente se qualificaria como um jogo do seu ano de lançamento. Porém o jogo foi feito para dar clipes de som do material original, animações e ver seus personagens favoritos na tela, é quase mais um CD multimidia para colecionador do que um jogo de verdade. Isso era verdade com MOBILE SUIT GUNDAM, e é mais verdade ainda para Ultrahomem Evolução Lutívora.
Então se você é fã de Ultraman e está disposto a aceitar um pouco de ação semi-senciente em troca de estar no controle de seus super-heróis e vilões japoneses favoritos, então esse jogo foi feito pra você. Para todos os outros mortais não tão fãs assim do alvirubro de latex... esse jogo meio que existe e é isso. Pouco surpreendentemente, esse jogo nunca foi lançado fora do Japão (embora esteja todo em ingles, vai entender) e é bastante fácil entender o pq.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 127 (Maio de 1998)
Edição 047 (Fevereiro de 1998)