terça-feira, 12 de março de 2024

[#1251][Set/98] BUCK BUMBLE

Normalmente eu não jogo jogos de shmup, navezinhas ou simuladores similares nesse tipo por um motivo bastante simples: eu não acho esses jogos divertidos. Não é que nem que eu estou dizendo que eles são ruins ou algo do tipo, apenas eu realmente não tiro diversão nenhuma de jogos desse tipo.

Isso sendo dito, o jogo de hoje é um caso especial que eu PRECISO que falar a respeito e por um motivo bastante simples. Que motivo é esse, você pergunta? Bem, esse:

Mano, do nada, absolutamente DUNEIDA, a Argonaut Software me abre o dia já como essa PEDRADA na tela de Start. Sem nem bom dia, sem nem um "opa, firme?", nada. Só liga o aparelho e bam, esse tijolaço sonoro de altissima qualidade apenas pq sim!

Com efeito, não é exagero dizer que a música-tema do jogo é mais popular que o jogo em si e é muito mais provavel que você já tenha ouvido essa música em algum meme, porém ter realmente jogado o jogo as chances são muito menores.


Especialmente em um console não conhecido por sua paleta sonora (dado que música consome um espaço em cartucho que o Nintendo 64 certamente não tem sobrando), é inesperado que um jogo aleatório assim tenha a melhor música-tema da tela de Start da história dos videogames.

Isso sendo dito, deixando os memes e o batidão NERVOUSOR de lado, e o jogo? O que há por trás de Buck Bumble o jogo? Bem, a resposta curta para isso é que o que eu disse a respeito da Argonaut Software em CROC: The Legend of Gobbos: existe um motivo pelo qual a Nintendo meteu o pé na bunda da Argonaut depois de STARFOX, e esse motivo é que eles são medíocres. Não ruins, não terríveis, porém apenas dolorosamente medianos.

E isso é a maior coisa a respeito de Buck Bumble: ele é, acima de tudo, um jogo dolorosamente mediano.

A capa japonesa do jogo é nervosona, bro


Nossa história aqui se passa no futurista ano de 2010, quando uma fábrica de produtos químicos no interior da Inglaterra vaza conteúdos TÓCHIKOS, o que faz os insectos das redondezas sofreram mutações. O que faz com que vários tipos de insetos mutantes juntem e adotem o título de "Rebanho do Mal", o que como o nome sugere, quer dizer que eles não estão ocupados em acabar com a fome no mundo e sim em dominar o jardim - e eventualmente, o mundo dos insetos inteiro. 

Claro, vc pode argumentar que "o resto do mundo dos insetos" que não foi mutado pelo lixo tóxico não realmente ofereceria muita resistencia pq, vc sabe, são FORMIGAS contra VESPAS COM LASERS, então, é, eu não chamaria muito isso de desafio. Mas o que eu sei da vida realmente?


Seja como for, Buck Bumble é uma abelha que se voluntaria a fazer parte da resistencia... e aparentemente só ela, pq ninguem mais te ajuda nesse jogo... porém como faltam outros voluntários então o orçamento está sobrando, Buck Bumble recebe tecnologia ciborgue para combater o exercito de insetos do mal que odeia o bem e é aqui onde o pew pew pow pow rola.

Enfim, vc controla a cyberabelha e geralmente as fases se resumem a eliminar todos os inimigos da fase. Eventualmente tem uma fase ou outra você precisa destruir alvos táticos (como o lixo tóxico deu instalações militares aos insetos é algo que jamais saberemos, a menos que eles  tenham desenvolvido a propria tecnologia ao passo que eles sairam do nada a superar a gente em semanas),e de vez em quanto até mesmo carregar bombas de um lado da fase para outra sem ser atingido. 


Mas não conte muito com isso, pq 90% do jogo vai ser mesmo "derrotar todos os inimigos" e isso é tão repetitivo quanto a descrição parece. O que não é ruim, apenas REALMENTE repetitivo. Bem, ao menos não é ruim... kinda. 

O jogo controla bastante como STARFOX do Super Nintendo, em que você controla a nave e a mira com o mesmo botão e embora hoje seja impensável fazer isso sem usar dois analogicos separados (um para a nave, um para a mira), para a época era okay.

Quer dizer, mais ou menos okay pq os controles aqui são muito flutuantes para seu próprio bem. Sim, eu sei, você está jogando como uma abelha aqui e eu estava preparado para alguns controles escorregadios, mas não tanto assim. A retícula de mira é muito sensível, virar Buck Bumble e mirar nos inimigos é um exercício de frustração especialmente pq os inimigos não são particularmente grandes. 


Para adicionar ofensa a injuria, seus tiros básicos se movessem tão lentamente que vc não pode mirar onde os inimigos estão e sim onde eles estarão no ponto futuro, já que como eles se mexem até seu tiro chegar neles eles não vão mais estar lá. Pelo menos o resto das armas são mais fáceis de usar,  obviamente mais poderosas e os tiros tem menos delay, o que torna esse jogo mais jogável. O problema é que sua munição é limitada e que depende de vc achar o item, mas pelo menos dá pra fazer. Se dependesse apenas da sua arma básica seria uma bosta, felizmente esse não é o caso aqui.

E, com efeito, a variedade de armas aqui é até impressionante. Você tem onze armas diferentes, mas não todas ao mesmo tempo: em cada fase você tem armas especificas para aquela fase, o que dá um feel diferente a cada fase pq pelo menos vc vai querer ver que armas novas vai ter lá.

Minhas armas favoritas são os mísseis stinger (assim como em METAL GEAR SOLID, você controla o missil manualmente depois que dispara) e o spray shot, mas certamente tem alguma coisa pra todo mundo. Ainda sim, eu realmente gostaria que sua arma padrão fosse mais útil, ou que a munição fosse tão abundante que o uso dos outros tiros não exigisse tanto gerenciamento. Adicionalmente, o fato de você jogar como uma abelha e não ter ataque de ferrão é esquisito. Quero dizer: pra que fazer Buck Bumble falar sobre insetos se você não pode, você sabe, lutar como um?

ABELHAS NÃO LUTAM COM O FERRÃO, ELAS SÓ PODEM DAR UMA FERROADA NA VIDA PQ MORREM DEPOIS

Ah sim, Jorge, estamos falando de um jogo sobre ABELHAS CIBORGUES MUTANTES lutando pela dominação do mundo, mas na biologia do ferrão o jogo decidiu ser realista? Porra véi! Mas enfim, a parte de atirar é mais ou menos passável, não é bom booooooom, mas não é a pior coisa do mundo tb.


O que, definitivamente é a pior coisa do mundo é o level design. A liberdade de voar parece incrível nos primeiros minutos, mas não demora muito pra vc perceber que o céu tem um teto de limite de altura e as fases não tem muita coisa nelas realmente, sendo basicamente sandbox vazias.

Porém o que realmente te fode a vida de verde e amarelo nesse jogo é a draw distance que é realmente curta. Colocar neblina no horizonte para disfarçar que o console não tanka criar objetos muitos longe era algo comum em jogos da 5a geração (mais no PS1 do que no N64, mas ainda sim), porém aqui nunca parece que você consegue ver o suficiente à frente. Eu não sei se é a velocidade de deslocamento ou o que, mas isso não é um problema que eu tive em jogos de N64 até então.

A neblina é um grande problema para o motor gráfico do jogo, mas não é o único problema gráfico que Buck Bumble tem. O modelo do próprio Buck Bumble é ótimo, bem projetado e animado... só que por alguma razão estranha ele não colide com os inimigos. Isso é outra coisa que eu não lembro de ter visto em um jogo antes, vc apenas atravessa os inimigos... okay? Mas então é um jogo de navinha, "bater" nos inimigos não é uma coisa que acontece tão frequentemente de qualquer modo


O cenário parece bom à distância, mas as texturas aqui são realmente borradas. Normalmente eu gosto dos graficos do N64 mesmo que o console tenha uma coisa de encher de tudo de blur (na época eles achavam mais bonito do que deixar os pixels aparecendo como era no PS1), mas aqui parece que a grama e o mundo inteiro está coberto de vaselina. A taxa de quadros também é meio irregular e quando as coisas ficam caóticas fica meio difícil dizer o que está acontecendo na tela.

Porém talvez a maior decepção do jogo é a sua trilha sonora. Depois da POUTA PEDRADA que é a música da tela de Start, é bastante decepcionante que o resto da músicas do jogo seja no máximo esquecível. Frequentemente nem chega a isso.


Enfim, Buck é um jogo de tiro decente, mas nada muito além disso e balança entre o okay e o não okay. O modelo do personagem é bonito, o resto do mundo não é. As armas coletaveis são okay, a arma básica não é. O radar funciona bastante bem, o level design é tedioso pra caceta. E assim vai.

Se alguma coisa, pelo que esse jogo deveria ser lembrado é pelo modo Buzz Ball no multiplayer que é essencialmente um bisavô do Rocket League: você e um coleguinha usam as armas para empurrar a bola pro gol. É incrivelmente básico e se a Argonaut tivesse abandonado a ideia do jogo de navinha e focasse nesse modo - dando a ele mais opções, recursos, power ups e variedade - teria entrado pra história.

Mas então, não é como se a Argonaut fosse conhecida por nada senão mediocridade - especialmente sem o Miyamoto dando toques, como foi o caso de STARFOX - e suponho que um jogo de navinha medíocre esteja de acordo com o esperado. Provavelmente se eles tentassem fazer um jogo do Buzz Ball, ele seria medíocre. No geral, Buck Bumble não é ruim, mas não é muito divertido.

Agora que a música da tela inicial é uma paulada, isso é.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 136 (Fevereiro de 1999)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 056 (Novembro de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 036 (Dezembro de 1998)