Me ocorreu que esse jogo tem o subtitulo "Sarge Heroes" pq chamar de "Army Men 3D 2" ficaria meio esquisito |
Relendo meu texto sobre ARMY MEN 3D (parece que foi ontem, mas já fazem mais de 60 jogos atrás - o tempo voa quando estamos nos divertindo, huh?), eu reparei uma informação que naquele texto eu não chamei muita atenção, mas agora jogando esse jogo me caiu a ficha que isso é mais importante do que eu tinha dado valor inicialmente. E sim, Jorge, eu estudo antes de escrever esses textos - tanto as reviews e história de produção sobre ele, quanto minhas opiniões passadas sobre a franquia - não é apenas tudo tirado da bunda.
VOCÊ PODERIA TER ME ENGANADO SOBRE ISSO, SABE?
Enfim, a informação importante naquele texto é que entre 1998 e 2003 - quando a 3DO Company veio a falir - eles lançaram nada menos que 20 títulos de Army Men no espaço desses 5 anos. VINTE. EM. CINCO. ANOS.
Isso quer dizer que os jogos de Army Men não eram projetados, eles eram montados em uma linha de montagem sem alma. O termo "indústria dos videogames" não poderia ser usado mais literalmente do que aqui, Henry Ford teria inveja do que Trip Hawkins e seus executivos magia conseguiram aqui.
Isso sendo dito, eu suponho que já está bem claro que não dá pra esperar muita coisa realmente de Exército Homens: Sargento Heroís. Na verdade, recomendo que até esperar pouca coisa seja desaconselhado.
Bem, vamos começar pelo começo com algo positivo: a melhor coisa a respeito de AM:SH é, sem dúvida, seu tom. A mesma coisa que eu reclamei ontem mesmo em PERFECT DARK, aqui eles acertam e acertam bem. Sim, que entre para os anais da história dos videogames que em ALGUMA COISA Army Men é melhor que PERFECT DARK - se eu fosse um youtuber agora isso ia dar um corte altamente viralizavel.
Mas vamos lá, do que eu estou falando: esse jogo tem um que lembra um bocado os filmes da Dreamworks, em que a história se leva mais ou menos a sério pero no mucho e que se permite ter momentos completamente desnecessauros como esse na abertura em que a narradora está fazendo uma propaganda de guerra para mostrar o quão malignamente malignos são os soldados do exército castanho:
Uau, isso foi absolutamente desnecessário! Adorei! Ou então dialogos como:
- Você não pode ir lá, Sarge! É suicídio!- Coronel, "suicídio" é meu nome do meio! ... bem, na verdade era o nome do meio do meu irmão... aquele que morreu...
É tão estúpido e sabe que é estúpido, abraçando sua galhofice com todo vigor. A própria história do jogo abraça essa grande tolice, já que aqui acontece que o exército castanho está vencendo a guerra contra o exército verde porque eles conseguiram armas de destruição em massa contra as quais o exército verde não tem como lutar. Que armas são essas, vc pergunta?
A segunda coisa, e isso é meio que esperado essa época porém aqui realmente passa do ridículo, é que Sarge e a câmera têm duas agendas diferentes porque ao contrário de um jogo normal onde a câmera tenta ficar atrás de você enquanto você muda de direção, esta câmera gosta de seguir a direção a direção pra onde você virou e mostrar a cara do nosso herói. Só que piora: como você não tem um botão para controlar a camera realmente, o que você tem que fazer é parar completamente e mover SUAVEMENTE o analógico para que Sarge não decida disparar como se fosse a corrida de 100 metros nas Olimpíadas.
Ou entrar no modo Aim, onde sua velocidade de giro de repente se torna a de um sofá. Tudo isso apenas PARA ENXERGAR PARA ONDE VC ESTÁ INDO. Novamente, não era tão ruim assim em ARMY MEN 3D, que merda eles fizeram aqui?
Claro, a tendencia de Sarge de correr Forest correr como se não houvesse amanhã é um pouco diminuida pela miríade de objetos nos quais ele se enrosca. Pedras, árvores, troncos que chegam à altura do tornozelo e que você precisa estar precisamente de frente para passar por cima deles, mesmo uma fucking portas. Sim, este é um jogo onde passar por UMA PORTA ABERTA parece uma realização.
Além disso, durante o jogo, você também tem que fazer coisas como acionar uma alavanca para abrir um portão. Infelizmente, o botão de ação também é o botão de pular, então se você não estiver no pixel certo, você acabará pulando como um macaco com a cabeça pegando fogo, literalmente sete ou oito vezes antes de encontrar o pixel correto.
Mas calma que piora. Esse jogo é tão ruim que seria difícil jogar no vácuo, sem inimigos… mas é claro, existem inimigos. Você tem mira automática, pelo menos teoricamente, pq você vai perder muito tempo, munição e energia esperando a mira automática travar nele, o dobro de tempo se eles estiverem atrás de uma pedra ou tronco. Você também pode tentar mirar manualmente, mas boa sorte com isso pq seus tiros raramente vão onde vc está mirando.
Mais uma vez, eu tenho que dizer: não era tão ruim assim em ARMY MEN 3D, que merda eles fizeram na engine desse jogo?
Na versão de N64 as caixas de presentes genéricos foram trocadas por caixas de Nintendo 64, isso é legal... quase tão legal quanto ganhar uns 15 Nintendo 64, como essa familia |
Bem, pelo menos esse jogo não é mais dificil do que poderia ser pq a IA é propensa a peidos mentais onde um inimigo vai ficar lá parado olhando pra você boa parte do tempo... embora eu não ache que eu devesse comemorar a IA não funcionar, né?
E isso são apenas inimigos comuns, pq todos os antigos deuses e os novos te ajudem se você encontrar o Cara Lança-Chamas e os tanques. Escusado será dizer que a chama é o inimigo mortal dos homens do exército de plástico, por isso logicamente faz sentido que o lança-chamas seja uma arma altamente destrutiva. Exceto que aqui, basicamente, se você for atingido pelo lança-chamas, você pode simplesmente pausar e reiniciar o nível, porque mesmo com uma barra de vida cheia, você provavelmente está morto. E antes que você diga, não, você não pode pular na água para se apagar, porque a água é ainda mais mortal para você do que o fogo. Isso faz todo o sentido, afinal não é como se os seus personagens fossem BONECOS DE PLÁSTICO QUE BOIAM NA ÁGUA ou algo assim, né?
Falando nisso, vamos falar sobre o seu arsenal... é incrível. Basicamente, tudo se resume à bazuca, ao rifle com o qual você começa e todas as outras merdas que o jogo é muito desajeitados ou muito mesquinho com a munição para serem úteis. O Sniper Rifle poderia ser útil, mas você nunca vai ter, a metralhadora que não atingiria o ar se você apontasse para o céu, o lança-chamas com o qual você provavelmente acabará se matando no processo, minas que você planta e imediatamente se explodirá com elas porque eles não têm tempo de ativação e elas vão detonar se você der um passo à frente depois de colocar uma, e um punhado de outras armas que você nunca usará e apenas ocuparão espaço entre as duas armas úteis.
Agora, a esta altura, você pode estar dizendo: “Tudo bem, tudo isso parece uma bosta, mas é pelo menos uma bosta bonita?” ea resposta é, obviamente, não. Não, não é. Graficamente, é um jogo bem mediocre para 1999 e mais medíocre ainda para a versão de Dreamcast.
E eu preciso tambem mencionar a animação “owie” que Sarge tem toda vez que leva um tiro, o que faz com que você não consiga revidar se tomar um tiro. Se você tomar tiro de metralhadora, o que é a arma padrão do inimigo, seu boneco vai ficar preso no quadro de animação de "owie" e já eras. Cinema absoluto.
Tipo, eu sei que esses jogos de Army Men foram feitos em condições de trabalho que fazem os porões de criancinhas chinesas da Nike parecer a legislação trabalhista da Finlandia, afinal são 20 jogos em 5 anos, mas eu honestamente não esperava que fosse tão miseravel. Meu medo é que as coisas só piorem daqui pra frente, pq eu não consigo sequer imaginar o quão ruim deve ser o jogo 18 ou o 20 dessa sequencia.
Que o molde plástico tenha piedade de todos nós.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 142 (Agosto de 1999)
EDIÇÃO 159 (Janeiro de 2001)
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER