quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

[#1404][Dez/1999] MARIO PARTY 2

Mario Party 2 é MARIO PARTY... só que 2. Sim, eu sei, eu sou um Xerox Rolmes, mas o que exatamente vocês esperam que eu diga? Lançado apenas um ano após o primeiro, essa sequência veio confirmar o óbvio: Mario Party estava destinado a se tornar uma franquia que continuaria por toda a eternidade. Já estamos no 15º jogo (Super Mario Party Jamboree é a entrada mais atuallançada em 2024), e eu já aceito que minha tataraneta jogará Mario Party 47 no holograma do Nintendo Switch 12.

Mas voltando a Mario Party 2, a Hudson Soft pegou o primeiro jogo, deu uma nova mão de tinta e, satisfeita com o trabalho, se deu um tapinha nas costas e suspirou aliviada por garantir mais um ano de comida na mesa sem precisar lançar Bomberman Kart. (Aliás, tenho quase certeza de que Bomberman Kart existe ou existirá em algum ponto, mas divago.)


Não me entenda mal — Mario Party 2 é um bom jogo. É legal. É o amigo que aparece na sua festa com um pacote de seis cervejas artesanais em vez seis latão de cerveja Polar quente. Você aprecia o upgrade, mas não é algo tão incrível que você lembrará no seu leito de morte. Por essa metafora de qualidade questionável, eu quero dizer que os tabuleiros têm temas divertidos e os minigames são melhores agora.  Tipo, BEM melhores. 

E por "minigames melhores" eu quero dizer que agora você não preciso mais explicar ao meu médico por que a palma da sua mão parece que entrou em uma briga de socos com um ralador de queijo e perdeu.

NOSSA, QUANTO DRAMA POR CAUSA DOS MINIGAMES DE GIRAR A ALAVANCA DO MARIO PARTY ORIGINAL...

Parece uma hipérbole maluca que eu inventaria, mas dessa vez não é o caso. A coisa foi tão séria que acabou nos tribunais, Jorge. Deixa eu contar a história toda: em 1998 a Nintendo decidiu que a melhor maneira de testar a resistência de um jogador não era por meio de plataformas complicadas ou estratégia intensa, mas por meio de dor física. Certos minigames, como o infame Cabo de Guerra, exigiam que os jogadores girassem o analógico do Nintendo 64 o mais rápido possível. Claro, ninguém com instintos de sobrevivência funcionais usava o polegar — não, todos nós imediatamente recorremos ao método testado e comprovado de girar com a palma da mão, esfregando nossas mãos no plástico como homens de cro-magnon tentando acender um fogo. O resultado? Bolhas. Muitas. Bolhas.


A coisa ficou tão ruim que o gabinete do procurador-geral de Nova York interveio após receber mais de 90 reclamações de pais, cujos filhos estavam andando por aí com as mãos machucadas como se tivessem acabado de capinar 80 hectares de terreno pedregoso no Acre. Algumas crianças supostamente até desenvolveram queimaduras de segundo grau com esses minijogos. Isso levou a um processo real contra a Nintendo, que, em vez de emitir reembolsos ou modificar o jogo, tomou a decisão mais Nintendo possível: distribuir luvas acolchoadas para qualquer um que solicitasse.

Sim, luvas. O tipo que você esperaria usar ao manusear produtos químicos perigosos, não ao jogar um party game com Mario e amigos. A Nintendo acabou pagando US$ 80 milhões em acordos, a maior parte dos quais foi para produzir e distribuir essas luvas mágicas antibolhas. A lógica era simples: não consertaremos o problema, mas aqui estão alguns equipamentos para você sobreviver a ele. O processo nunca resultou em um recall, mas assustou a Nintendo o suficiente para remover quaisquer minijogos que exigissem giros frenéticos do manípulo analógico de títulos futuros — que é como acabamos com Mario Party 2 sendo a primeira entrada não fatal da série.

Só posso imaginar a cena no tribunal:

Advogado: "Meritíssimo, as palmas das mãos do meu cliente parecem ter passado por um ralador de queijo."
Nintendo: "Mas são bolhas divertidas!"

 

Mas tá, agora que estamos todos armados e parapetados com nossas luvinhas gamers da Nintendo, corta para um ano depois e temos Mario Party 2 - cuja primeira e mais notável melhoria é, obviamente, o fim dos minigames de girar o analógico que causavam bolhas. Viva! Conseguimos! Paramos de nos aposentar por invalidez por causa de moedas virtuais! Isso por si só torna Mario Party 2 um jogo melhor do que o primeiro, embora seja como dizer: "Esta montanha-russa está mais segura porque finalmente removemos o fosso de jacarés famintos e com tétano". Uma mudança bem-vinda, sim, mas dificilmente algo que deveria ter sido um problema em primeiro lugar.

Dito isso, Mario Party 2 traz algumas coisas genuinamente legais para a mesa. Os tabuleiros agora têm temas, e todos personagens usam fantasias adoráveis ​​para combinar. Mario com um chapéu de cowboy? Ápice da moda. Luigi como um mago? Faz sentido. Peach como uma pirata? Você nunca roubará meu coração da Rosalina, mas aprecio a tentativa. Os minigames também são mais polidos, mais equilibrados e — ouso dizer — até justos às vezes. As vezes, porque isso ainda é Mario Party e se você não ficar tentado a usar o joystick do Nintendo 64 como arma branca para socar o maxilar do coleguinha, ele não estará fazendo seu trabalho.


A continuação também trás novas mecânicas, como itens, que adicionam um pouco de estratégia em vez de deixar tudo aos caprichos dos deuses cruéis e implacáveis ​​do RNG. Mas sejamos honestos: se você jogou o primeiro Mario Party, basicamente jogou Mario Party 2. Esta não é uma grande reinvenção do gênero de party game — é Mario Party: Patch Notes Edition. Ele apara as arestas, faz algumas mudanças de qualidade de vida e então encerra o dia. E embora isso seja muito bom, é mais uma atualização anual da franquia do que uma sequência revolucionária.

Não que o jogo PRECISASSE ser uma sequencia revolucionária, Mario Party é inegavelmente divertido, especialmente com amigos, e ter novos minigames sempre é uma coisa boa - especialmente os que não causam lesões físicas. Então o que rola aqui ainda é o bom e velho raguru: você vai rir, vai chorar, vai xingar as roladas de dados e vai jurar nunca mais jogar — até a próxima rodada começar. Porque esse é o jeito Mario Party de ser. Apenas... seja grato por, desta vez, não precisar de armadura de combate para sobreviver à experiência.


O primeiro Mario Party foi a pedra fundamental, o padrão ouro do que party games deveriam esperar ser — um padrão ouro caótico e cheia de bolhas, mas um padrão ouro mesmo assim. Ele apresentou ao mundo o melhor party game, onde amizades eram testadas, alianças eram forjadas e controles eram arremessados. Mario Party 2? É só mais disso, mas com roupinhas.

Veredito final: 7,5/10. É uma party, mas não é "A" party. E graças a Deus por esse processo, ou estaríamos todos aqui estocando luvinhas em quantidades industriais.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 144 (Outubro de 1999)


EDIÇÃO 148 (Fevereiro de 2000)


EDIÇÃO 149 (Março de 2000)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 072 (Março de 2000)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 043 (Agosto de 1999)


EDIÇÃO 054 (Fevereiro de 2000 - Semana 4)