segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

[#1408][Out/1999] TOMBA! 2: The Evil Swine Return


Vamos começar deixando uma coisa clara: "Tomba Exclamação Dois O Suino Maligno Retorna" é um jogo melhor que o primeiro TOMBA! - e tem um uso de exclamação mais estranho também, mas divago. Mas enfim, meu ponto é que se você jogou o original - ou leu minha review de TOMBA!, sabe exatamente do que estou falando. 

O resumo da ideia é que o primeiro jogo era uma bagunça caótica e peculiar, com algum level design de plataforma bastante bom apesar - ou talvez em razõa de - seus picos de dificuldade notórios que faziam você querer arremessar o controle pela sala. Quase dois anos depois Tomba! 2...

ENTÃO VOCÊ REALMENTE NÃO VAI COMENTAR?

E-eu não faria ideia do que você está falando, Jorge...

SÉRIO MESMO? 

Tá, eu tava tentando não falar disso, mas... que raios de cabógis é a capa desse jogo? Quer dizer, pq diabos a capa americana do jogo tem esse corpo masculino super definido com uma cabeça de cartoon? Eu realmente estou me sentindo em um club de strip onde o gogo boy tira toda a fantasia e fica só com a máscara, na verdade eu não consigo NÃO pensar nisso!

Quem achou que um jogo com gráficos super bobinhos cartunescos seria melhor representado por um homão da porra sensualizando na capa? Tá, eu entendo que deve ser o fetiche de alguem ou sei lá, mas é realmente distrativo de sobre o que o jogo é realmente!

Mas tá, agora que eu tirei isso do meu sistema, posso finalmente me focar em falar sobre o jogo... eu espero, pq aqueles peitorais desnecessariamente definidos da capa ainda estão me encarando enquanto eu escrevo esse texto...


Então, antes de ser interrompido por essa capa que parece saída de um manga de JOJO BIZARRE ADVENTURE, eu dizia que essa continuação, de muitas maneiras, suaviza as arestas ásperas do jogo anterior – e, por isso, sou genuinamente grato. É mais polido, mais equilibrado e, simplesmente... mais agradável de jogar. 

Mas aqui está o problema: embora seja, sem dúvida, uma melhoria, ele ainda não atinge aquele status de “clássico” que eu esperava. É como se tivessem tapado os buracos com areia, mas esquecido de repavimentar a estrada. Sim, a viagem ficou mais suave, mas você ainda não está indo a lugar nenhum revolucionário. Ou está? Agora que penso bem, talvez essa metáfora de estrada não tenha sido a melhor escolha...


Vamos começar com as coisas boas, porque há bastante o que amar aqui. O platforming em Tomba! 2 é genuinamente divertido, e um jogo ser gostoso de jogar sempre é um ponto crucial em videogames. Os controles são um tanto frouxos, mas têm um feeling único e controlável. As fases são vibrantes, cheias de personalidade, e a vibe de desenho animado de sábado de manhã está ainda mais desenvolvida.

Balançar em cipós, arremessar inimigos e usar todos aqueles gadgets estranhos e maravilhosos é tão divertido quanto sempre. Os power-ups, em particular, são o old school de plataforma que não se fazia mais nessa época. Há algo profundamente satisfatório em desbloquear uma nova habilidade e imediatamente causar estragos com ela. Seja usar uma roupa de porco-peixe para explorar áreas subaquáticas ou usar um hookshot para se balançar sobre abismos, o jogo constantemente introduz novas maneiras de manter a jogabilidade fresca e interessante.


E, claro, tem a questão da dificuldade. O primeiro Tomba! podia ser brutalmente punitivo às vezes, com picos repentinos que pareciam mais injustos do que desafiadores - posicionamento cretino de inimigos, saltos de fé, o pacote todo. Tomba! 2 corrige isso, oferecendo uma experiência muito mais equilibrada. Ainda é desafiador o suficiente para mantê-lo desafiado, mas nunca parece que o jogo está ativamente tentando fazer você sofrer. Isso torna muito mais fácil relaxar e aproveitar a jornada, o que é uma grande melhoria em relação ao seu predecessor.

QUE BOM ENTÃO QUE TOMBA! 2 É UM BOM JOGO DE PLATAFORMA DIVERTIDO!

Então... yeah... about that... Aqui é onde começo a me sentir um pouco... conflitado. Apesar de todas as melhorias, Tomba! 2 ainda não resolve o maior problema do primeiro jogo: ele é um ótimo platformer, mas um Metroidvania altamente questionável. Sim, o jogo tem um mundo interconectado, e sim, você volta a áreas anteriores para desbloquear novos lugares com suas habilidades novinhas em folha. Mas, nesse aspecto, tudo parece... mal cozido. Os itens e upgrades são distribuídos de um jeito que deixa a progressão pouco fluida, enchendo o jogo de momentos "pra onde eu vou agora?", especialmente depois que você dá a volta na ilha e desbloqueia todo o mapa.

A sensação que tive no primeiro jogo – e que continua aqui – é que Tomba! não sabe se quer ser um platformer linear ou um jogo de exploração aberta. Ele tenta fazer os dois ao mesmo tempo e acaba se perdendo no processo. Em um grande Metroidvania, encontrar uma nova habilidade é uma recompensa, um momento de estalo: "Ah, agora sei onde posso usar isso!". Isso é extremamente satisfatório. Já em Tomba! 2, a reação é mais tipo: "Ah, ganhei o pulo duplo... Onde mesmo isso vai me levar?". É funcional, mas falta a magia que torna o gênero tão especial.

E então temos as quests. Ah, as quests... O primeiro TOMBA! já tinha uma estrutura baseada em quests que, embora única, às vezes parecia desconexa. Tomba! 2 dobra a aposta nessa abordagem – e, de alguma forma, a piora. Agora, você não pode mais ver o objetivo da missão depois de aceitá-la, apenas ler o título. Ou talvez possa, mas de um jeito tão arcanico e obscuro que, depois de dez horas de jogo, eu ainda não descobri como.


Isso é um problema sério porque algumas missões têm nomes divertidos e diretos, mas outras são tão crípticas que, sem um detonado, você não faz a menor ideia do que deveria estar fazendo. Mais vezes do que não, você acaba correndo de um lado para o outro entre as áreas, tentando adivinhar o que o jogo quer de você. Parece que pegaram a estrutura de missões do primeiro jogo e pensaram: "Vamos tornar isso maior!" sem realmente considerar como torná-la melhor.

O design do mundo é outra área onde Tomba! 2 fica aquém. Não me entenda mal, é um mundo bonito, cheio de cores vibrantes e personagens excêntricos. Mas falta aquela sensação de coesão e propósito que torna os grandes Metroidvanias tão satisfatórios de explorar. Em jogos como SUPER METROID  ou Hollow Knight, o mundo parece uma entidade viva e pulsante, com cada área se conectando à seguinte de uma forma que parece natural e intencional. O mundo de Tomba! 2, em contraste, parece mais uma coleção de fases costuradas juntas - é como se tivessem construído um monte de fases divertidas de platforming e depois tentado colá-las em um Metroidvania sem realmente entender o que faz o gênero brilhar.

Yeah, um pouco mais de informação sobre as quests seria legal - você sabe, para o caso de você não ter memorizado todas as 138 quests do jogo

Então, aqui está minha opinião – algo que já sentia no primeiro jogo, mas que agora está completamente solidificado: Tomba! teria se saído melhor se tivesse abraçado totalmente sua identidade como um jogo de plataforma tradicional. A série tem um charme único, com seu visual colorido, humor bobo e mecânicas de plataforma criativas. Esses elementos brilham quando o jogo se concentra em oferecer fases bem elaboradas e desafios divertidos.

A tentativa de incorporar elementos Metroidvania, embora ambiciosa, acaba pesando contra a experiência. Em vez de tentar criar um mundo interconectado e complexo, Tomba! 2 poderia ter se beneficiado mais de uma abordagem linear, com fases individuais e cheias de personalidade. Assim, ele teria mais chances de se destacar como um platformer clássico, ao invés de ficar preso em um meio-termo que não satisfaz totalmente os fãs de nenhum dos gêneros.


O que nos leva à grande questão: para quem é Tomba! 2? (além de pessoas com mais habilidade que eu para decifrar esse combo de sinais de pontuação) Se você busca uma experiência Metroidvania profunda e recompensadora, vai acabar decepcionado. Se quer um platformer tradicional, vai se frustrar quando perceber que a exploração fica emperrada.

No fim das contas, Tomba! 2: The Evil Swine Return é um passo à frente em relação ao original, mas não exatamente o salto que precisava para se tornar um clássico. Ele continua preso entre dois gêneros sem se destacar em nenhum. Se fosse um platformer puro, teria sido excelente; se fosse um Metroidvania bem estruturado, também. Mas ao tentar ser os dois, acaba não sendo nenhum. Tomara que, se um dia tivermos um Tomba! 3, eles finalmente escolham um lado... Embora, a essa altura, é mais fácil ver porcos voando.

Entenderam? Porcos? Porque os inimigos do jogo são... É, eu sei, eu sou divertido em festas.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 144 (Outubro de 1999)


EDIÇÃO 149 (Março de 2000)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 070 (Janeiro de 2000)


EDIÇÃO 071 (Fevereiro de 2000)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 054 (Fevereiro de 2000 - Semana 4)