Dentre toda miriade complexa de questões que são inerentes a este universo - desde as (atualmente) milimicroscopicas reações quanticas até os igualmente não menos incalculaveis grandes movimentos sociais de massa - existe apenas um número finito de questões sobre as quais você pode pensar durante a sua vida.
E se você é, como eu, uma pessoa atenta as questões que REALMENTE importam, deve ter selecionado questões como "hmm, o que será que aconteceu com os personagens de THE LOST VIKINGS após o primeiro jogo?".
EU NÃO ACHO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS SEQUER LEMBRA QUE A BLIZZARD FEZ ESSE JOGO. NA VERDADE A MAIORIA DAS PESSOAS HOJE EM DIA RARAMENTE PENSA NA BLIZZARD COM UM TODO, QUANTO MAIS SE PERGUNTAR O QUE FOI FEITO DOS VIKINGS PERDIDOS
Que bom que estamos todos na mesma página até aqui, meu Jorgético amigo imaginário. Mas então, THE LOST VIKINGS...
Insatisfeito com seu trabalho como domador sênior de ursos polares, Baelog - o Feroz, se candidatou para os Nordic Gladiators (essa é uma referencia obscura mesmo para quem viveu os anos 90, devo dizer) Nórdicos, mas desistiu enojado quando o impediram de levar as suas próprias armas.
Foi então que Baelog percebeu que tinha a responsabilidade de passar suas habilidades para a próxima geração de vikings. Ele criou a Escola de Pilhagem do Baelog, com uma grade de cursos populares focada em Pilhar, Saquear e Botar Fogo Nas Coisas. Ele se tornou famoso por toda a Escandinávia pelo seu excelente curso palestrado, com o título “Esmagamento de Geats em Três Passos Fáceis” ("Primeiro Passo: Escolha um Geat. Segundo Passo: Mire alto. Terceiro Passo: Esmague."). Ele então fez uma turnê promovendo seu livro “Espreitando o Geat Selvagem” e a continuação de tremendo sucesso, "O que É um Geat, Afinal de Contas?".
Olaf, o Rotundo, decidiu perseguir o seu sonho de se tornar um lutador de sumô e partiu em busca da Terra do Sol Nascente. Ele chegou até a Terra do Sol do Meio-Dia e decidiu voltar - não porque sua jornada era muito difícil, mas porque ele não encontrou lasagna em nenhum lugar após o Mediterrâneo. Então ele voltou timidamente para sua casa e para sua família e se dedicou a ensinar às filhas a arte da lutar com espadas, saquear, destruir e fazer um bom queijo de leite de cabra.
As suas duas filhas agora estudam na Escola de Pilhagem do Baelog - Olaf é particularmente orgulhoso da mais velha, Gerda, que chegou ao nível de Valquíria Honorária e consegue comer mais do que seu pai em qualquer dia da semana. Olaf apareceu em "Estilos de Vida dos Enormes & Barbudos" e está ocupado com um Combate de Frisbee, embora os vizinhos insistam que a ideia nunca vai alçar voo.
Por fim, a experiência de Erik - o ligeiro - no espaço sideral o deixou entediado com a vida na sua vila. Ele acabou entrando para a mística Ordem da Cabra de Montanha Saltadora, onde ele finalmente encontrou paz, sabedoria e aprendeu a comer uma lata de metal inteira. Na verdade, Erik esvaziou tanto a sua mente que ele então começou a perambular durante meses, atordoado e confuso, esculpindo fiordes de purê de batata e acreditando que era uma iguana.
Ele recuperou a memória depois de várias pancadas na cabeça que ele mesmo se causou enquanto tentava abrir uma lata de atum com cabeçadas: -- KANG! KANG! -- "Espere um momento! Eu não sou uma iguana!" -- KANG! KAANG! - "Eeei, eu sou Erik o Ligeiro!". Ele então roubou um navio e correu para a sua vila, onde ele foi calorosamente acolhido pelos seus irmãos... especialmente Olaf, que ficou muito contente ao descobrir que, no fim das contas, sua jornada não tinha sido a mais ridícula da história da vila.
HÃ, EU SEI QUE AS INTROS DOS SEUS TEXTOS SÃO USUALMENTE ALEATÓRIAS, MAS... VC ESTÁ APENAS JOGANDO PALAVRAS AÍ, QUE PORRA FOI ESSA?!?
Então, por incrível que pareça dessa vez a culpa não é minha: essa intro é literalmente a tradução do manual do jogo, que por uma combinação de drogas que jamais poderá ser replicada novamente sem danificar o tecido espaço-tempo, é uma mistura de editorial da Super Game Power com Como Treinar seu Dragão (a série de livros que é uma das coisas mais épicas e engraçadas ever, mas por algum motivo a Dreamworks não usou NADA dela senão os nomes dos personagens e olhe lá... mas isso é uma outra discussão).
Sério Blizzard, eu sei que nessa época vocês estavam num afã criativo, mas... que porra foi essa? Bem, isso faz tanto sentido quanto lançar um jogo para Super Nintendo em fevereiro de 1997 e então apenas dois meses depois fez um remake do jogo com gráficos pré-renderizados porém mantendo as mesmas exatas fases para os sistemas da geração atual. Nada disso faz o menor sentido realmente.
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Sério, o jogo foi lançado assim para SNES... |
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... e então recebeu um remake apenas DOIS MESES DEPOIS para PS1/Sat/PC |
... mas bem, fazendo sentido ou não, o fato é que esse jogo existe e por isso vamos falar sobre os "Vikings Perdidos 2: Um trocadilho com uma a expressão que não tem equivalente em portugues então a tradução literal não faria sentido nenhum".
O conceito básico de jogo é o mesmo do primeiro jogo. Você tem três personagens, cada um com habilidades únicas e seu objetivo é alternar entre eles para coletar três itens na fase e então ir até a saída. Via de regra o jogo é mais puzzle do que ação, então é mais sobre posicionar seus personagens nos lugares certos e usar suas habilidades com seu próprio timing do que microgerenciar enlouquecidamente um jogo de plataforma com três personagens ao mesmo tempo. Tudo funciona praticamente da mesma forma que no primeiro jogo, embora haja algumas coisas novas: todos os vikings têm novas habilidades, além de dois personagens novos: um dragão e um lobisomem.
Erik pode dar saltos duplos para alcançar lugares altos e quebrar blocos, além de poder nadar debaixo d'água, o que é especialmente útil porque os outros vikings não podem. Baleog trocou seu arco e flecha por um braço biônico, que ele pode usar para atingir inimigos e pegar coisas a distancia, além de poder se balançar através de buracos. Olaf é o que tem mais habilidades: ele pode se encolher para caber em pequenas passagens, tem o escudo para bloquear projeteis e planar e, como não pode faltar piada de peido nos anos 90, seus peidos o propelem através de buracos e quebram o chão. Você sabe, because anos 90.
Fang, o lobisomem, pode atacar a curta distância com suas garras, e ele tem o salto de Erik. Só que ao contrário de Erik, ele pode realizar um salto de parede muito estilo
MEGA MAN X. Scorch, o dragão, pode voar para cima, embora ele se canse rapidamente, e ele também pode atirar bolas de fogo de longo alcance.
A grande real diferença aqui é que como são 5 personagens jogaveis e apenas três usados em cada fase, o jogo vai embaralhando os times e com combinações diferentes a cada fase isso mantém as coisas novas e interessantes - ao contrário do primeiro jogo que são os mesmos três personagens em toda e cada fase do jogo.
Os novos movimentos e os novos personagens são legais, mas algo sobre eles parece um pouco... desinspirado. Tem mais de um personagem cuja habilidade é pular, ou tem mais de um personagem cuja habilidade é atacar, teria sido bom vejo algo um pouco mais especifico. Os novos poderes dos Vikings, especificamente, parecem muito mais específicos em seu uso do que os antigos. "Se você ver esse tipo de obstáculo, use este Viking”. Não que o primeiro jogo tenha não faça isso, mas aqui parece um pouco mais blatante sobre isso.
Enfim, essa continuação não é um jogo ruim em comparação com seu antecessor, mas o problema é que sem a novidade do conceito parece apenas... bem, uma continuação do primeiro jogo, dã. Tipo um pacote de fases extras, alguns poderes novos, remixes dos puzzles antigos. Para quem gostou do primeiro jogo o suficiente para querer mais fases, esse jogo é ideal. Para a maioria das pessoas é apenas "tá, okay, Lost Vikings 2" exatamente como você esperaria.
Não que alguém devesse esperar outra coisa, pensando sobre isso...
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 038 (Maio de 1997)
Edição 042 (Setembro de 1997)
MATÉRIA NA GAMERS
Edição 020 (Julho de 1997)