quinta-feira, 29 de setembro de 2022

[#989][Nov/95] CRITICOM

Criticom, huh? Vou ser bem sincero com vocês: a primeira vez que eu sequer ouvi falar desse jogo na vida... foi quando eu estava olhando a SGP para ver os jogos e tal, e eis que eu encontro na sessão "Tecnovacilo" esse jogo. Isso é bastante incomum, essa sessão normalmente é reservada a jogos antigos que são notoriamente ruins (mesmo que na época eles tenham dado aquela passada de pano na hora de fazer a matéria).

Sério, eu estou falando de petrobombas como RISE OF THE ROBOTSUNIVERSAL SOLDIER ou o tenebrível T2: TERMINATOR'S 2 JUDGEMENT DAY. Só jogo que você olha e diz "misericórdia, só Miyamoto na causa!"

Então é bastante incomum um jogo não apenas de PS1, como recem lançado estar figurando nessa sessão. Hã, ele deve ser realmente terrível mesmo, heim. Mas bem, talvez seja apenas um mal julgamento da SGP, o que outros reviews tem a dizer desse jogo?


Ao que minha reação, obviamente, foi:


Mas não são reviews ruins que me farão desanimar, e eu tenho que dizer que ao começar o jogo a primeira impressão que ele passa é... bastante boa, na verdade. 


A história aqui é que um imperador galáctico a la Duna/Warhammer 40k esta passando o termogenico em todo mundo com seu imperio imperialista, e o jogo abre com uma CG bastante legal mostrando o império tocando o terror. Com efeito, tão legal que me fez ponderar que esse poderia ser um bom jogo de ação, na real.


A parada aqui é que o que torna o imperador tão imperialista é que ele recebe seus poderes de um cristal místico/jóia do infinito chamado "Criticom". Tá, mas como isso é um jogo de luta e não uma batalha imperial pelo controle do universo? Pq o imperador bateu suas impero-botas e aí foi um barata-voa para ver quem poderia as mãos no Criticom e ser o novo (literalmente) pica das galaxias. Ergo, a sua boa e velha lutaria 1x1.

Hã, até onde jogos de luta vão não é tão ruim assim realmente. E fica melhor ainda pq a apresentação desse jogo é bastante interessante também. Não apenas os gráficos são totalmente okay para a época, como ao selecionar cada personagem rola uma cutscene em CG mostrando como ele entrou nessa parada. O que é algo que eu aprecio bastante, cutscenes era um tipo de sobremesa nos jogos de PS1, uma recompensa sempre bem vinda. Adicionalmente, cada personagem ter a sua intro é um sinal claro que os desenvolvedores estavam se importando com o jogo - o que é algo que sempre queremos.


Então até aqui estamos... surpreendentemente bem. A história é interessante, as CGs são maneiras, claramente houve um esforço dos desenvolvedores... vou te dizer, não parece tão ruim assim. A unica coisa que falta é efetivamente começar o jogo, mas pelo que eu conheço de videogames é muito raro um jogo ter uma queda de qualidade tão grande.

Na verdade, eu posso apostar com vocês que esse jogo não é tão ruim quanto dizem...


MINHA NOSSA SENHORA DA ESPADINHA DE LUZ TRANSGENICA, ESSES FORAM OS PIORES DEZ SEGUNDOS QUE EU JÁ TIVE EM QUALQUER JOGO DE LUTA EVER! COM EFEITO, FORAM UM DOS DEZ PIORES SEGUNDOS DA MINHA VIDA INTEIRA!

Sério, esse jogo é tão pavorosamente ruim que eu não sei nem por onde começar a explicar o que faz dele tão catastrógico senão gaguejar "tudo" em posição fetal. Mas eu vou tentar o meu melhor mesmo assim.

Vamos lá, pra começar a dificuldade desse jogo é tão injusta que faz THE LION KING parecer um passeio no parque. Primeiro, a inteligência artificial do inimigo é programada para sempre bloquear e só sai do bloqueio para fazer ataques especiais, começamos maravilhosamente bem. Fica mais incrível ainda pq esses ataques especiais são incrivelmente difíceis de evitar e se você falhar em bloqueá-los, o inimigo te derrubará.


Ai seu boneco leva dois dias para levantar e enquanto isso o cara continua te acertando caído. Não é raro portanto você perder lutas em que mal reagiu, você levou um golpe, caiu e a partir daí seu destino está selado de levantar apenas para ser derrubado de novo. É assim que Criticão rola...

Só que o que já é muito ruim pela propria ideia da coisa fica ainda pior pq a câmera nesse jogo é a pior camera que eu já vi em um jogo de luta na vida. Não, é a pior camera já feita em qualquer jogo a qualquer momento da humanidade! Mas como você ferra a camera em um jogo de luta, é só mostrar DOIS bonecos, o quão dificil isso pode ser?


Bem, aparentemente... muito. Conforme os personagens andam para o lado em 3D, ela tenta se ajustar automaticamente de acordo com as posições dos personagens na arena. O problema é qu eela leva alguns segundos para ajustar corretamente e ela só se ajusta direito se você e seu rival ficarem parados na mesma posição por alguns segundos. Se isso não vai acontecer - o que NÃO VAI acontecer, é um jogo de luta e andar por aí é meio que o ponto da coisa - o que acontece é que a camera não setta direito e fica em um ângulo muito estranho onde você não pode se mover corretamente.

E a pior parte é que isso pode fazer os controles também podem inverter sem aviso prévio! Por exemplo, a câmera pode decidir se posicionar na parte de trás de qualquer um dos personagens e, dependendo da direção que a câmera tomou, ir pra frente pode ser tanto para apertar para a direita como apertar para a esquerda, apenas fica mudando! 


Alias falando em apertar botões, vamos falar sobre os controles terríveis desse jogo. Todos os seus ataques têm um lag considerável, algo que pode obviamente mata qualquer jogo de luta (na verdade isso não é bom em nenhum jogo, mas jogos de luta são particularmente sensíveis a timing)

O comando de bloqueio nesse jogo é bastante... peculiar. Para defender é preciso apertar pra trás, algo que é comum na maioria dos jogos de luta, mas o que é diferente aqui é que o jogo decide de acordo com o seu humor se você vai bloquear ou apenas dar um passo pra trás. E mesmo SE você bloquear, o jogo pode apenas decidir ignorar seu bloqueio e o inimigo ainda te acertar.


Os golpes especiais... são outra gracinha. Assim como RISE OF THE ROBOTS, você só tem dois movimentos especiais que podem ser executados pressionando R1 e R2 (pelo menos na versão de PS1 do jogo é assim), mas não apenas os golpes também são atrasados ​​em alguns segundos como... eu juro pra vocês... eles apenas esqueceram de programar o ataque do R2. Sério, os personagens tem apenas dois golpes especias E ELES ESQUECERAM DE PROGRAMAR UM DELES! O menu de opções diz que o R2 dá um ataque especial, apenas isso não está no jogo!

E mesmo que o golpe (o que eles não esqueceram) saia, vários dos golpes especiais vão de deixar caído se o adversário desviar. O pior é que não se restringe a apenas um ou dois personagens, varios dos ataques especiais tem esse problema.

Ah, e eu mencionei que apertar para trás para se defender as vezes faz seu personagem saltar para a morte? FANTABULOSO!

A hit detection é, obviamente, além de quebrada - não apenas por causa da IA ​​que pode te socar e derrubar mesmo enquanto seu personagem está bloqueando, mas também porque há momentos em que seu ataque passa direto pelo corpo do advrsário mesmo que vc esteja colado nele.

E não que isso seja relevante a essa altura, com tudo que esse jogo faz de errado, mas eu tenho que apontar que por alguma estranha razão o jogo não permite que você mude seu personagem quando você perde, mas você pode mudá-lo quando você ganha. Hã... why? Just... why?


Não existe muita documentação a respeito de Criticom por aí (basicamente pq ninguem se importa com ele), mas eu não ficaria surpreso em saber que houveram infinitos problemas no desenvolvimento desse jogo. Não é normal um jogo gastar tanto em cutscenes de abertura e até mesmo no cenário... e tudo mais no jogo simplesmente implodir. Ou foi uma crise braba... ou eles apenas fizeram o suficiente para enganar as pessoas até o jogo começar e então depois foda-se, já compraram o jogo mesmo então se fodam otários.

Seja qual for a verdade, o que importa mesmo é que Criticom é de fato um dos piores jogos de luta de todos os tempos. Acho que até o pior, do que eu consigo lembrar de cabeça aqui. Apenas... cara,  que coisa horrorosa...

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 033 (Dezembro de 1996)