domingo, 7 de dezembro de 2025

[#1614][Set/2000] SABAN'S POWER RANGERS: Lightspeed Rescue


Como você já deve ou não ter percebido a esse ponto, eu sou muito o que os cientistas chamam, usando um jargão estritamente técnico, de um weeaboo. E sempre fui — muito antes mesmo de descobrir que existia uma palavra especifica para "desenhos animados japoneses". Meus programas de TV favoritos quando criança eram os tokusatsu na falecida TV Manchete, especialmente Kyojuu Tokusou Juspion — ou "O Fantástico Jaspion", para os íntimos. E até hoje, mantenho que as lutas do Daileon estão entre as melhores batalhas de tokusatsu já coreografadas. Quer dizer, com que frequência você testemunha uma nave espacial se transformar num robô gigante só para dar um suplex em um kaiju, como se estivesse fazendo teste para o WrestleMania? Lembre disso para (o verdadeiro) Pacific Rim 2, Del Toro. De nada.

E claro que ajuda muito o Akira Kushida esmerilhando

Mas divago. Esse momento de nostalgia é relevante porque eu também cresci assistindo uma tonelada métrica de Super Sentai — sendo Choushinsei Flashman, o famoso "Comando Estelar" sendo meu favorito pessoal. E sinceramente, dá pra me culpar? Eles tinham armas únicas, trajes chamativos e, mais importante, um robô que usa a carreta de um caminhão-baú como armadura. Um caminhão. Como armadura. Isso aí é o ápice do encantamento infantil.

Eu sempre racho como o monstro olha pro tamanho da munalha do robozão e fica "Senhor, calma senhor, a gente pode conversar, também não precisa ser assim na violencia também, né..."

Então, quando eu assisti Power Rangers pela primeira vez em 1994, não foi exatamente uma experiencia chocante. Minha reação foi basicamente: "Ah, tá. É daqueles programas japoneses... mas trocaram o elenco não transformado por americanos porque os americanos são inseguros desse jeito". Na época eu usei uma expressão menos polida, temo dizer. Mas o ponto é que não ajudou em nada o fato de eu estar mergulhado — e quero dizer, numa profundidade nível Fossa das Marianas — na minha fase otaku hardcore, onde qualquer coisa que não fosse japonesa ia automaticamente para a lata de lixo do meu gosto refinado de dez anos.

Claro, eu nem era um pré-adolescente naquela época. Hoje, como um adulto plenamente funcional, amadureci imensamente. Agora eu acho que tudo é lixo, inclusive as coisas japonesas. É brincadeira. Sério. Não sou esse tipo de cara. Sinceramente, eu realmente tento ser positivo. Tento gostar das coisas, porque quanto mais coisas você gosta, mais coisas você tem que podem te fazer feliz. Certo? Então eu abordo tudo com a mente mais aberta possível —

— e mesmo assim, mesmo com uma mente mais aberta que a de um candidato à próxima reencarnação de Buda, ainda não consigo me forçar a gostar de Power Rangers.

Mas suponho que o dever chama, e ainda tenho que falar sobre isso. Então vamos ser rápidos.
Na verdade, não — 
Vamos fazer isso... na velocidade da luz.
Pegou o que eu fiz? Hein?
Hein?

sábado, 6 de dezembro de 2025

[#1613][Dez/1999] BOMBERMAN 64: The Second Attack!

"Bomberman 64: O Segundo Ataque" não é realmente o segundo ataque, considerando que esta é tecnicamente a terceira aventura estrelada pelo adorável terrorista favorito de todos no N64. Mas então, a Hudson Soft estava lançando tantos títulos de Bomberman naquela época que eu não posso culpá-los por perderem a conta e se esquecerem do BOMBERMAN HERO. Qualquer um que já jogou aquela coisa sabe que "esquecível" é seu nome do meio. Mas divago.

E já que estamos no tema de títulos enganosos, suponho que eu deva dizer que este também não é realmente Bomberman 64, porque não é a sequência dos sessenta e três jogos anteriores de Bomberman. Quer dizer... talvez seja? Eles ordenharam esse pobrezinho tão selvagemente que, na época em que o BOMBERMAN 64 original saiu, quele era o terceiro jogo do Bomberman lançado em menos de três meses. Se vacas produzissem jogos em vez de leite, a PETA teria uma conversinha com a Hudson. Enfim — onde eu estava? Certo. Mentiras. Enganação. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

[#1612][Out/1999] DRACULA: Resurrection

Somehow, Dracula returned.

Com essas palavras amaldiçoadas – indiscutivelmente duas das três entre as três piores já proferidas em um roteiro de cinema – começamos nossa análise profunda de "Dracula: O Desmorrimento", uma sequência para o clássico de Bram Stoker entregue não pela literatura, mas por aventura point-and-click de 1999. E antes que você pergunte: não, esta sequência não foi escrita pelo próprio Stoker. A desculpa dele é que ele já estava morto há 87 anos quando este jogo foi feito – as pessoas inventam qualquer desculpa hoje em dia para evitar trabalhar, vou te contar...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

[#1611][Mar/1999] SILVER

Eu não posso estressar o suficiente o quão seminal FINAL FANTASY 7 é, não apenas para os RPGs, mas como para a história dos videogames. E eu suponho que a esse ponto eu nem preciso nem tentar, porque sério, se você é do tipo de pessoa que precisa que alguém explique o que FINAL FANTASY 7 significa, então você está lendo o blog errado. Agora que todos estamos na mesma página sobre que FF7 foi todo esse jazz, eu posso seguir com a explicação desse jogo aqui.

Isso pq em 1999 a Infogrames olhou para seu portfólio, coçou seu queixo francês, e disse à pequena equipe britânica da Spiral House: “Sacrebléu, me faz um daqueles Final Fantasy Sevens, oui?”. Os britânicos, sendo britânicos, provavelmente trocaram alguns olhares, terminaram seu peixe com fritas, enxugaram a gordura dos dedos e concordaram. “Aye, guv!” E assim, eles partiram para fazer seu próprio FF7.

E com isso eu quero dizer no sentido mais literal e superficial possível: um jogo com cenários pré-renderizados e o charme poligonal da era PS1. Ok, certo, os gráficos de Silver não são exatamente os braços 3D de Popeye e rostos em forma de toblerone invertido de 1997, mas a inspiração é tão na sua cara que você quase espera que o Cloud entre na tela e pergunte onde fica o reator mais próximo.

Mas eis a questão: embora a semelhança seja inegável, não consigo me livrar da sensação de que a Spiral House olhou para FF7 e não pegou muito bem a idéia da coisa. Eles viram a apresentação, os dioramas pré-renderizados brilhantes, o flare cinemático, e pensaram que era isso que tornava FF7 icônico. Gente… não me entendam mal – era realmente impressionante para 1997, mas em 1999 já era absurdamente datado e não é isso que faz o jogo ser referencia até hoje. E isso foi tudo que eles pegaram de FF7 realmente.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

[#1610][Jun/2000] FUR FIGHTERS

Você sabe qual é a pior coisa sobre gente chata? Eu vou te dizer: elas não têm absolutamente nenhuma ideia de que são chatas. Não é como se alguém acordasse, espreguiçasse, checasse a previsão do tempo e dissesse: "Sabe de uma coisa? Vou fazer alguém revirar os olhos com tanta força que eles vão se inverter igual um jackpot enquanto eu meto o papinho mais entediante que a humanidade já concebeu." Não. Ninguém planeja isso.

…Tá bom, algumas provavelmente planejam. Mas a maioria não! Elas apenas vagam pela vida sem perceber que sua mera presença está drenando a vontade de viver de todos ao redor. E porque elas não têm a menor ideia de que estão incomodando alguém, elas simplesmente continuam. E continuam. E continuam.

Bom, alguns jogos são exatamente assim também. Eles não são quebrados. Eles não são ofensivamente ruins. Eles nem são ambiciosos o suficiente para produzir um fiasco realmente impressionante. Eles simplesmente existem — indo e indo e indo em um estado de mediocridade agressivamente mediana. E quanto mais mundano, mais "não há nada de especial em mim" um jogo é, mais ele decide que a única compensação lógica é durar vinte horas. Porque se você não consegue inovar, pode pelo menos desperdiçar o tempo do jogador, certo?  Mas estou me adiantando. Você provavelmente nem sabe do que diabos eu estou falando ainda. Então vamos começar do começo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

[#1609][Out/2000] BATMAN BEYOND: Return of the Joker

Hoje é um daqueles dias. AQUELES dias. O tipo de dia em que você acorda, pensa nas coisas que tem pra fazer e, em vez de fazer uma escolha saudável para sua vida – como lembrar sua pele de como é a luz do Sol ou beber água –, decide lutar contra um dos fantasmas mais infames dos videogames. A Baba Yaga da quinta geração. Aquele que não devemos nomear sussurrado sempre que alguém menciona "beat'm ups" e "jogos licenciados" na mesma frase. Sim… hoje vamos mergulhar em Morcegohomem Além: Retorno do Coringa, o bobo, o palhaço, o Joker.

Porque se você já ouviu falar algo sobre esse jogo, provavelmente ouviu que é pior que câncer. Na bunda. Do seu cachorrinho. E eu sei que essa é uma escalada anatômica muito específica para um videogame, mas essa é a reputação que essa coisa cultivou ao longo de duas décadas de memes, reviews revoltadas no youtube e trauma de infância.

Mas… é realmente tão ruim assim? Um jogo pode realmente ser tão desgraçadamente pestilento arruaceiro gato polar assim? É o que vamos descobrir hoje… Embora eu não tenha certeza do porquê eu quero descobrir. Minhas escolhas de vida são altamente questionáveis, para dizer o mínimo. Mas enfim! Vamos começar com uma pesquisa básica: qual versão eu devo jogar? Este é um lançamento multiplataforma, afinal de contas, e certamente uma delas deve ser… menos pior? Eu então perguntei isso ao Google, e essa foi a resposta que obtive:

…Ah.
Jesus no pogobol...
Isso é sério? A "melhor" versão é a do Game Boy Color? Um portátil pouco mais poderoso que um Nintendinho? As versões de PS1 e N64 são piores que algo que rodaria em um Phantom System?

... eu só me fodo nessa merda mesmo, viu... 

domingo, 30 de novembro de 2025

[#1608][Dez/1999] TRANSFORMERS: Beast Wars Transmetals


Eu já fiz uma review bem longa falando sobre TRANSFORMERS: Beast Wars Transmetals, tanto o desenho animado quanto o jogo de N64 que era quase insofrível. Recomendo que você leia a review anterior se quiser entender mais sobre Beast Wars — ou, como era chamado no Canadá, Beasties Transformers (não me peça para entender o que se passa na terra das Cabeças Saltitantes, muito xarope de mapple syrup no sangue faz coisas estranhas a uma nação, suponho).

Hoje, vamos mergulhar em Beast Wars Transmetals para o PS1 — ou, como meu cérebro insistia em chamar até eu assistir o desenho, "TransMedals". E eu vou abrir dizendo que esse aqui é diferente. Em vez de um jogo medíocre de luta 2D (os personagens eram modelos 3D, mas se moviam apenas pra frente e pra trás), o PS1 nos dá um jogo medíocre de arena completo onde você pode se mover pra cima, pra baixo, pros lados… basicamente em qualquer direção que não seja "para longe deste jogo e de volta pra minha cama". Infelizmente não posso me mover nessa direção, e você também não. Estamos nessa juntos. Avante.

Então vamos direto ao ponto:
Transformers Beast Wars Transmetals no PS1 é um bom jogo de Transformers? Não.
É um bom jogo de luta? Também não.
É pelo menos melhor que a versão do N64? Bem, aí sim. 

sábado, 29 de novembro de 2025

[#1607][Out/2000] MEDAL OF HONOR: Underground

Há não muitos meses atrás, eu escrevi a review sobre a entrada mais bem-sucedida de Steven Spielberg na história dos videogames. Embora eu recomende fortemente a leitura da minha análise de MEDAL OF HONOR, também sei que você provavelmente não vai – então eis a versão resumida. Depois de filmar "O Resgate do Soldado Ryan", Spielberg ainda estava na pilha de contar histórias da Segunda Guerra Mundial. E, enquanto ele não é exatamente o maior fã do mundo de sequencias (algo que THE LOST WORLD: Jurassic Park provou muito bem), ele também é um nerdão de videogame como qualquer um de nós. Então, ele apresentou à DreamWorks a ideia de usar seu know-how cinematográfico para criar um videogame mais realista, mais pé no chão e mais respeitoso com a era do que o típico jogo de tiro de videogame costumava ser.

E ele não estava brincando. Ele queria o pacote: trilha sonora orquestrada, um veterano de verdade como consultor histórico, ambientes meticulosamente pesquisados, armas com coice e cadencia de tiros historicamente acuradas, comportamento inimigo que pelo menos tentava ser realista dentro das capacidades do PS1… todo aquele jazz. O resultado, MEDAL OF HONOR, foi uma obra-prima que empurrou os videogames um passo para frente enquanto mídia narrativa – não servindo como fantasia de poder adolescente, mas sim usando a tecnologia para criar uma experiência atmosférica e historicamente embasada. Não vou me alongar muito mais sobre o MEDAL OF HONOR original – até porque o que importa aqui é o que aconteceu depois.

Porque, é claro, existe um "depois". 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

[#1606][Nov/2000] BLADE


O movimento pelos direitos civis do final dos anos 60 e sua explosão total nos anos 70 trouxeram — não sem uma quantidade bastante grande de sangue — não apenas o fim de algumas práticas segregacionistas verdadeiramente estúpidas, mas também uma evolução há muito devida para a sociedade como um todo. E embora as coisas hoje estejam longe de ser perfeitas, acredite em mim: costumava ser muito, muito pior.

Mas este não é um blog de estudos sociais; é um blog sobre a minha esmagadora solidão—... perdão, cultura pop. Isso, cultura pop. E, claro, a mudança social não apenas alterou leis e a vida quotidiana; ela mudou o entretenimento também. Com maior inclusão social e direitos civis há muito negados (e é ofensivo que isso sequer precisasse ser "conquistado" em pleno século XX), as comunidades negras começaram a exigir representação no entretenimento também. Elas queriam se ver na tela como heróis. Heróis descolados, poderosos, estilosos. A ascensão das heroínas negras levaria um pouco mais de tempo, mas o desejo por negros fodões já estava lá.

E quando essa nova geração de artistas negros ansiosos para contar suas próprias histórias colidiu com executivos — criaturas sem alma que se importavam apenas com uma cor acima de tudo, o verde das notas — algo inevitável aconteceu. Quando Hollywood percebeu que o dinheiro dos negros era tão verde quanto o de qualquer outro, isso deu origem a um dos subgeneros mais icônicos da decada: a blaxploitation.

Capa Européia do jogo

Heróis negros com armas grandes, pegando geral, frases de efeito e um punhado de movimentos de kung-fu para dar um clima. Era um movimento construído sobre atitude — às vezes empoderador, às vezes questionável, às vezes ambos ao mesmo tempo. Agora, eu não sou qualificado para fazer um grande julgamento moral sobre se a blaxploitation foi "boa" ou "ruim". Essa conversa é maior do que eu, e, sinceramente, é complicada. Sim, esses filmes deram aos personagens negros agência e espaço para serem protagonistas — mas eles também criaram uma fornada totalmente nova de estereótipos próprios, especialmente quando as mulheres estavam envolvidas. Mas novamente, essa discussão está muito acima da minha folha de pagamento.

O que está dentro da minha capacidade, no entanto, é falar sobre o legado. Porque a estética blaxploitation rapidamente se tornou o modelo sempre que os artistas de quadrinhos queriam introduzir um "personagem negro maneiro". E esse legado nos leva direto para 1973, para um certo quadrinho da Marvel que deixaria uma marca muito maior do que qualquer um esperava. Mais precisamente: The Tomb of Dracula #10.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

[#1605][Jun/1999] INCREDIBLE CRISIS


Jorge! Daipinchi! Estamos em uma crise!

[AH NÃO. VOCÊ JÁ FEZ ESSA PIADA NÃO UMA, MAS DUAS VEZES COM DINO CRISIS E DINO CRISIS 2. NÃO FOI ENGRAÇADO DA PRIMEIRA VEZ, NÃO FICOU MAIS ENGRAÇADO NA SEGUNDA E ACHO QUE ATÉ VOCÊ CONSEGUE VER UM PADRÃO AQUI]

Não, é sério! Esta não é uma crise qualquer. Não é nem uma crise do tipo "tranquei meu carro com as chaves dentro" ou "o leite venceu ontem e eu bebi msmo assim".
Não, meu amigo. Estamos em uma… CRISE INCRÍVEL!

[... MEU ÚNICO ALÍVIO É QUE EU VOU TER 3 ANOS INTEIROS DE DESCANSO ANTES QUE ELE FAÇA ESSA MESMA PIADA DE NOVO EM DINO CRISIS 3...]

Veremos a respeito disso, Jorge. Veremos a respeito disso...

Mas o que veremos hoje é uma relíquia realmente bizarra da era do PS1 — o tipo de jogo que normalmente nunca sai traduzido no ocidente. Só que esse, de alguma forma, chegou às praias americanas, provavelmente por causa de um naufrágio e uma matilha de golfinhos super instruídos que decidiram traduzir esse jogo... tá, essa piada não está indo a lugar nenhum. Vamos adiante.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

[#1604][Dez/2000] 7 BLADES


Uma das coisas que eu mais gosto nessas reviews é que elas me forçam a aprender constantemente que eu não sabia antes. O que, você sabe, é meio o que "aprender" significa... mais de 1600 reviews e eu ainda sou um mestre com as palavras. Mas sério—tem algo genuinamente gratificante em usar esses joguinhos velhos e bobos como desculpa para esbarrar em assuntos que eu não fazia ideia que não apenas existiam, como descobrir que eles foram um grande acontecimento em sua época.