segunda-feira, 21 de junho de 2021

[SNES/MEGA] TRUE LIES (Fevereiro de 1995) [#710]

Eis um fato curioso para vocês quando eu era criança eu tinha um caderno de dicas para anotar os passwords, estratégias e dicas para os jogos, acho que todo mundo daquela época tinha algo assim. Só que eu sendo eu, eu fazia disso um ritual todo próprio fazendo um caderno com introdução, indice e tal - mesmo que ninguém fosse ler, eu gostava de fazer essas coisas organizadinhas.

PERCEBO QUE VOCÊ NÃO MUDOU NADA, ENTÃO

Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam iguais é o que dizem. Mas então, uma coisa que eu lembro é que eu fazia um breve sumário dos jogos inspirado em como a Ação Games fazia logo embaixo do box das notas, porque na época era o que eu conhecia na area. O problema é que True Lies é um jogo que eu não sabia absolutamente nada, na verdade eu nem sei pq coloquei esse jogo no meu caderno senão porque eu tinha muito tempo sobrando sei lá. Então o que eu escrevi sobre esse jogo foi algo como “tal como o nome diz, verdades mentirosas”. Até hoje eu não faço ideia do que eu quis dizer com isso, eu só não queria deixar o espaço em branco.

E agora esse pedaço da minha história está imortalizado para sempre na internet, pra vc ver como as coisas são. E por falar em como as coisas são, vamos dar uma olhada nesse que é um dos filmes de ação mais incomuns que eu poderia esperar. Mas vamos começar do começo...

Se você não contar Piranha 2: The Spawning (o que ele próprio não conta, porque foi demitido dois dias antes das filmagens), James Cameron dirigiu até hoje apenas sete filmes em quase quarenta anos de carreira, porém cada filme desses é plenamente memoravel e um sucesso estrondoso. Estou falando de filmes como Alien 2, os dois primeiros Terminators, Titanic, Avatar, o Segredo do Abismo. O que ele toca vira pilhas e pilhas de dinheiro. James Cameron só faz um filme quando está muito no tesão pra faze-lo.

Por isso mesmo quando JC decidiu que ia fazer um filme de ação bem açãozudo com a maior estrela de filmes de ação da decada, bem, isso pareceu estranho. James Cameroon faz muito poucos filmes pra fazer um filme aleatoriamente que já existem bilhões de filmes desse tipo. Então qual é a pegadinha aqui?

Harry Tasker é o paragão do herói do filme de ação macho alfa americano tradicional. Ele é super competente em seu trabalho, está pronto para ultra violencia furiosa que estoura a qualquer momento e é um passador de rodo com as mulheres. Na sequência de abertura do filme, Harry faz uma pausa em uma importante operação em uma festa glamorosa em Viena apenas para flertar e dançar um tango com a bela “bond girl” desse filme apenas porque ele pode.


Alias, diga-se de passagem, quando eu soube que esse filme era sobre um super espião smooth achei dificil associar com o Schwarzenegger, mas verdade seja dita ele naileia o papel de uma forma que eu realmente não esperava um cara daquele tamanho e com o sotaque puta carregado. Ele É de fato smooth e parece um super espião que sabe o que estão fazendo, veja só você. Eu diria que é a melhor atuação da vida do Arnoldão da Massa, alias.

A carreira do Arnoldão não foi marcada pela... sutileza de seus personagens, vamos dizer assim

Harry também tem um melhor amigo/sidekick engraçadalho e um chefe rabugento que relutantemente aguenta suas missões pouco ortodoxas porque ele entrega resultados. Para ser mais filme de ação cliché dos anos 90 só faltou mesmo ele ter um chefe de policia negro mandando ele ficar fora do caso.

Não parece muito um filme que o James Cameroon faria porque, como eu disse, existem 8 bilhões de filmes assim. What is the catch?

Nunca vi um segurança pedir o convite pra quem está de saída da festa, mas ok

Bem, a pegadinha aqui é que Harry não é só um super agente smooth sedutor, mas ele também é um péssimo pai e marido pior ainda. Ele mal presta atenção em sua esposa Helen (Jamie Lee Curtis, em uma performance que lhe rendeu um Globo de Ouro), e sua filha adolescente mal consegue suportá-lo (Eliza Dushku, mais conhecida como a Faith que aos 12 anos já tinha essa cara de “ai que saco cara” pela qual a conhecemos em Buffy ano depois). A dedicação de Harry ao seu trabalho glamoroso e emocionante vem às custas de sua família, que pensa que ele é só um representante de vendas sem graça. A trama do filme é que quando Harry suspeita de um caso de Helen, ele desvia recursos da agência e agentes para seguir sua esposa às custas de uma operação em andamento - fazendo com que os dois mundos colidam.

“Eu vi o filme como um Anti-James Bond, um reallity-check da fantasia uber-masculina”, Cameron disse certa vez sobre o filme e é um take bastante interessante. Como seria uma realidade em que o James Bond tivesse uma vida de verdade, alternando ter uma familia com suas aventuras fantasiosas? Agora esse é um take curioso para um filme de ação, e eu entendo pq James Cameroon abraçou o projeto.

No filme, Harry sabe como lutar e como enrolar as pessoas. Mas quando ele descobre que sua esposa pode estar o traindo, ele retorna à sua confortável persona de agente secreto, tratando-a mais como uma suspeita do que como uma parceira. Usar os recursos de agente secreto para espionar a vida pessoal da esposa de Harry é usado no filme como comédia, e não deixa de ser interessante realmente, mas ao mesmo tempo também é uma expressão de suas limitações como pessoa (e por tabela do herói de filme ação tipico, se eles existissem mesmo). As cenas são engraçadas, mas ao mesmo tempo mostram como Harry não está equipado para lidar com a honestidade e a franqueza que vem com um relacionamento adulto.

Bill Paxton é o detentor da incrível marca de já ter sido morto pelo Titanic, pelo Predador, por Aliens e pelo Terminator. 

Ironicamente, o homem que Helen está cogitando adultério é um revendedor de carros usados chamado Simon (Bill Paxton em um dos raros filmes que ele não morre), que está fingindo ser um espião para impressioná-la (Simon ainda leva o crédito por algumas das façanhas de Harry que ele viu no jornal). Harry é um espião que finge ser um vendedor e corre o risco de perder sua esposa para um vendedor que finge ser um espião. O homem que Helen quer é o homem que Harry está escondendo dela. Você entendeu a ironia a este ponto.

Mas ao contrário do James Cameroon disse, True Lies não é filme anti-herói de filme de ação, ele apenas argumenta que o tipo de personagem é falho e incompleto. Harry não está errado ou é mau por querer ser um herói, o seu erro é simplesmente não compartilhar sua paixão com sua esposa. A fantasia adolescente do James Bond precisa crescer.

Mas antes que ele possa fazer isso, é necessário que haja um clímax emocional e é aí que todo o filme se desenrola. Harry e seu amigo usam os recursos da agência (em cenas genuínamente engraçadas, diga-se de passagem) para interromper o flerte e sequestrar Helen e a interrogar como uma prisioneira da forma que Dick Chenmey gostaria que fosse. Ela fica sozinha em uma sala, em um banquinho sem costas para descansar e uma luz forte no rosto, enquanto Harry se senta em uma cadeira confortável do outro lado de um espelho bidirecional, com seu amigo ao seu lado. Eles estão cercados por máquinas que lêem todas as reações de Helen e falam em microfones que distorcem suas vozes. É uma expressão da desigualdade de seu relacionamento; Harry a conhece, mas ela não sabe nada sobre ele.

Agora ESSE é o Arnoldão que eu conheço

Curtis é incrível na cena do interrogatório. Ela começa assustada e confusa e então, quando questionada sobre seu casamento, torna-se carinhosa e emotiva e, finalmente, quando se cansa dessa palhaçada, torna-se irritada e desafiadora. Aqui, Harry, o espião e herói de cenas de ação, vê o que é a verdadeira força. Helen está completamente exposta e vulnerável, mas ela supera seu medo e se defende. Schwarzenegger também é ótimo nessa cena, ele vai da indignação moral (como Helen ousa me trair) ao choque e arrependimento (minha esposa está infeliz e insatisfeita e eu não tinha ideia). Uma trama sobre sua dor e raiva passa a ser sobre o reconhecimento de seus próprio fracasso como marido.

E é nesse ponto que as coisas ficam... estranhas. Harry reconhece que Helen quer uma vida emocionante como a dele, então ele tenta dar a ela uma "missão" que envolve ir a um hotel chique e fazer um strip-tease para uma figura sombria (que seria o próprio Harry, mas é claro que ela não sabe disso) para plantar uma escuta em seu telefone. Como na cena do interrogatório, Curtis faz um excelente trabalho de transição, desta vez de uma dona de casa reprimida desajeitada para uma espiã elegante e poderosa ao longo da rotina. Ela é o contraponto perfeito ao Bond de Schwarzenegger; você pode sentir o controle da cena mudar de Harry para Helen, conforme ela descobre uma parte ousada e excitante de si mesma que ela nunca soube que existia.


Tudo faz sentido, Harry aprende uma lição e Helen percebe que ela é muito mais forte do que ela imaginava... exceto que quando você pensa de verdade sobre isso, é uma cena horrível, na verdade. Quando você pensa sobre isso, é uma sequência em que um homem sequestra sua esposa e a força a trabalhar como stripper. Eu entendi que o ponto do filme é ser uma metáfora para o casamento e sobre como Harry aprende a se abrir e compartilhar sua vida com Helen, e é verdade que em nenhum momento o filme sugere que Harry está certo no que ele está fazendo.

Com efeito, no momento em que fica sabendo do caso, seu choque e fúria pela esposa são repelidos por Albert, que diz: “O que você esperava? Helen é uma mulher de carne e osso e você nunca está lá". Então embora o filme não foi feito para você torcer por Harry, as cenas são claramente dirigidas para você deve pelo menos rir.

E eu não preciso dizer o quanto isso é... errado.

Eis um filme que tenta ao mesmo tempo ser ação brucutu, um drama sobre relacionamentos e comédia Sessão da Tarde

Talvez se True Lies tivesse sido um filme mais cinico desde o início, poderia ser mais natural um twist tão sombrio. Mas Cameron não quer abrir mão nem do feeling de filme de ação fantasioso sobre matar 50 bandidos sem nome dizendo frases de efeito e nem de querer ser um filme sobre evolução dos personagens. E tal qual a premissa do filme, uma hora esses dois mundos precisam colidir. Claro, quando Helen finalmente descobre que seu marido a está enganando, sua primeira reação é dar um soco no rosto dele. Mas isso acaba ficando de lado logo em seguida e é assimilado mais como “ah, que danadinho esse Harry e suas travessuras!”, e em poucos momentos eles inevitavelmente se unem, matam os bandidos e salvam o mundo.

True Lies é um filme interesante sob muitos aspectos. Tem um tema interessante (embora eu ache essa discussão sobre adultério de uma primitividade que casa melhor a um macaco do que um ser humano adulto, o twiste de "e se o herói de filme de ação tivesse uma vida comum entre um martini e outro" é interessante), é bem escrito (eu gosto de como o filme não esquece que Harry abandonou sua missão para fazer suas merdas e mais tarde isso volta para morder a bunda dele), é bem atuado (é o melhor e mais complexo papel de Schwarzenegger de muitas maneiras) com grandes cenas de ação e as boas e velhas piadinhas que você poderia esperar dos anos 90. 

Mas mais importante que isso, tem um take interessante sobre as limitações da masculinidade e a necessidade de comunicação aberta em um relacionamento. Mas há dez minutos ali no meio que são simplesmente irredimíveis. O que o torna especial e único é também o que o torna difícil de assistir. Não é um filme ruim, mas é difícil chamá-lo de bom - o que é uma pena, porque muito dele realmente funciona. 

Ah esses terroristas, sempre hilários

Hã, e eu não reclamaria muito se ele tivesse tipo pelo menos uns 20 minutos a menos, mas então eu também não sou tão fã de cenas de ação assim também, tem isso também. Não que as cenas de ação não sejam até criativas, como a perseguição a cavalo no meio da cidade, mas meio que não é muito a minha coisa realmente.

No fim o que pode ser dito a respeito desse filme é que ele é mais complexo do que você poderia esperar (nem sempre de uma forma positiva, mas ainda sim)... e é claro que um filme sobre o cotidiano de casado de um herói de filme de ação seria o material perfeito para ser adaptado para um jogo de videogame de 1995 para pré-adolescentes! Espera, o que?!

... e se isso é uma adaptação de um filme, então quer dizer que... oh não, não, isso não, tudo menos isso, não não não...


NÃO, ESSE NÃO É UM JOGO DA OCEAN.

Ufa...

É UM JOGO LJN


MAS NÃO REALMENTE, ELE É APENAS DISTRIBUIDO PELA LJN, ELE FOI FEITO POR OUTRA EMPRESA

Ufa...

É FEITO PELA BEAM SOFTWARE, OS MESMOS CRIADORES DE HORRORES COMO - BLADES OF VENGEANCE E THE TICK


Pq, Jorge? Apenas... pq?

Mas sim, esse jogo tem a faca e queijo na mão pra ser um show de bosta: jogo baseado em filme, distribuido pela LJN e feito por uma empresa com um grande histórico de horror. Portanto não é grande surpresa realmente que esse jogo...


... não é tão ruim quanto você poderia esperar, na verdade. Por incrível que pareça. Na verdade, sob muitos aspectos esse jogo é bom até.

Como você pode esperar (ou ao menos deveria), esse jogo abandona totalmente a coisa do drama familiar do filme e se foca apenas no Arnoldão sendo full commando aqui. Bilhões de caras maus, armas, pipoco comendo. Exatamente como Deus queria que fosse quando inventou a Aústria.

O jogo começa com nosso herói Harry Tasker se infiltrando na festa na Suíça, onde ele precisa obter algumas informações sobre os bandidos de um computador. Em jogos modernos, isso exigiria que você usasse uma mistura de movimentos furtivos e de submissão não letal para conseguir o que precisa. Porém, aqui (assim como no resto do jogo), você simplesmente atira em uma tonelada de pessoas enquanto civis aleatórios circulam pelo local. Você pode até matar alguns civis se quiser, embora matar três deles encerre o jogo e o mande de volta ao início.


Antes de prosseguirmos, há alguns detalhes que quero destacar que aparecem ao longo do jogo. Em primeiro lugar, o sprite de Arnold é bastante bom para um um videogame de 16 bits de 1995, eles realmente fizeram um ótimo trabalho.

A outra coisa que chama atenção neste jogo se destacar é a quantidade bastante copiosa de sangue no jogo. Quando você atira em alguém - e como você pode imaginar, esse é o ponto todo da coisa - eles esguicham sangue como se estivessem em um filme do Robert Rodriguez. E isso apenas sua pisola.

Atire em um cara com a espingarda e ele cai em uma poça de sangue. Tem também um lança-chamas que você pode usar ... Bem, você provavelmente pode adivinhar o que ele faz. A violencia é bem animada e torna matar bandidos divertido, jogar o jogo é satisfatório e isso é uma coisa que eu tendo a considerar importante nos jogos antes deles decidirem que videogames teriam sentimentos e sei lá mais o que. Vivemos em dias estranhos, eu te digo.


A única reclamação que tenho sobre esse aspecto é que as granadas não fazem a vítima pretendida explodir em uma massa disforme de partes do corpo. Mas posso entender porque os fabricantes não quiseram fazer isso.

Os controles também são bons. As respostas são ótimas e tudo funciona como deveria, eu não tenho reclamações neste departamento. Jogos de ação desse tipo são baseados em esquivar rapidamente e despachar inimigos em um movimento fluido, algo que True Lies faz não apenas direito, mas é realmente gostoso meter pipoco nos bonequinhos. Então é um jogo que parece visualmente legal, os controles respondem legal e o level design... é bastante certinho também.

As fases aqui são labirintos vagamente baseados nos cenários dos filmes, mas não é nada particularmente criptico ou bubsesco. Navegar pela fase e achar a saída flui naturalmente, não é nada que se diga "minha noooooossa é um level design do John Romero isso", mas o jogo flui direitinho sim. Com efeito, até mesmo as fases do tipo "encontre X itens para sair", que é algo que eu abomino nesse tipo de jogo... não é a pior coisa realmente.


Acho que ajuda muito que os inimigos não respawnem, não apenas porque isso seria uma filhadaputagem mor, como então você consegue se orientar pela fase com isso. Onde não tem bonequinho metendo chumbo em você é pq vc não foi ainda, bastante simples na realidade. Então eu diria que o level design aqui é bastante ok também.

A única coisa que desabona esse jogo realmente, e não é uma coisa nada pequena é que... bem, alguns jogos são dificeis como ter um perfil no Tinder usando a foto "Daquele que Não tem Vida". Outros são quase impossíveis. E existe True Lies. Embora os primeiros dois ou três níveis comecem razoavelmente administráveis, não demora muito para que a curva aumente e você acabe morrendo repetidamente a cada inimigo porque caso eu não tenha deixado claro o suficiente, esse é um dos jogos mais dificeis da biblioteca do SNES e isso quer dizer alguma coisa.

Não apenas os inimigos espalham tiros pela tela como se fosse um shmup bullet hell programado por um japonês muito doido do saquê, como frequentemente os tiros vem até de fora da tela fazendo com que esse jogo lembre muito SMASH TV (que curiosamente também é baseado em um filme do Arnoldão).



Entretanto ao contrário do que normalmente acontecia na época, esse jogo é dificil mas eu não diria que ele é injusto. Ele é dificil porque ele é dificil mesmo e não porque os programadores estavam brincando de se esconder atrás de uma porta e gritar "AHÁ TE PEGUEI!". Eu preferia que o jogo não fosse desse jeito, e certamente me divertiria mais se não o fosse, mas como diria a grande sabedoria da máfia "It is what it is".

O que realmente funciona melhor em True Lies é sua violência pura e irrestrita. As granadas enviam as vítimas a 3 metros de altura enquanto o sangue é derramado e os corpos queimam. É um ótimo jogo para jogar depois de um dia difícil de trabalho, já que poucas coisas satisfazem como encher bastardos de azeitona à queima-roupa com uma espingarda, seguido de assar alguém vivo. Ou seria, se esse jogo não fosse tão dificil. Atrapalha muito que os inimigos sempre parecem saber onde você está, mesmo que não possam vê-lo. Eu entendo que programar linhas de visão seria complicado nessa época, mas não é como se já não tivesse sido feito antes e eu acho que já daria uma tremenda ajuda.

Se não fosse por esse único problema, seria um jogo perfeitamente agradavel e top tier. Bem, isso e não ter um um strip-tease da Jamie Lee Curtis em 16 bits, falta isso também.

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